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Arquivo : técnico

Milton Mendes defende estudos e aprendizagem na Europa
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Alexandre Praetzel

O futebol brasileiro entrou em debate sobre a capacidade dos técnicos. Alguns ex-jogadores acham que a competência pode vir pela experiência e vivência na carreira. Outros entendem que o estudo de outros treinamentos e formas de atuar é importantíssimo para a afirmação de um profissional. Milton Mendes encaixa-se no segundo grupo. Em entrevista exclusiva ao blog, Milton defende novas ideias e aprendizados na Europa, onde tem residência, desde 1987. Leia abaixo.

Pouco tempo nos times

“Não penso que tenha ficado pouco tempo nos clubes. Se você perceber o meu currículo, verá que eu tenho feito trabalhos bons e com bom prazo, como no Paraná, onde saí por conta das dificuldades financeiras. Mas nos demais, como Ferroviária, Atlético-PR e Santa Cruz, tive trabalhos importantes e com conquistas. Ficamos por períodos normais para o padrão brasileiro diante das dificuldades de cada clube. Assim é o futebol no Brasil. Por ordem natural das coisas, houve trocas, mas só vejo como trabalho mais curto o do Japão, já que realmente não consegui uma boa adaptação. Portanto, as trocas são normais, apesar de não concordar e ter projeto para pelo menos, dois anos. Mas no Brasil é mais complicado, Penso que a mentalidade dos diretores está mudando e logo teremos clubes que conseguirão levar até a maturidade plena, um projeto a médio e longo prazo”.

Modelo de jogo

“Você não pode taxar um modelo. Isso vai pelos jogadores que tens. Eu prefiro o 4-2-3-1. É um esquema de muitas variantes e que pode fazer com que o modelo mude dentro do jogo, conforme o adversário. Este é o que eu mais gosto, mas é utópico sem conhecer o elenco, as opções nas categorias de base. O clube precisa apresentar os seus objetivos e analisar se as condições que oferecem são compatíveis. A partir daí, organizar-se e cumprir as etapas necessárias para se alcançar os objetivos propostos”.

Qual o grupo de técnicos onde se encaixas

“Me coloco no grupo de técnicos que estuda e gosta de auxiliar e ver o progresso dos atletas, equipe e Clube. Gosto que meus atletas saibam e entendam o porquê de cada treino, seus deveres táticos, para que possam cumprir suas funções baseados não em ordens e sim em entendimento da parte tática individual e da equipe. Me considero um técnico preparado para o diálogo e que evolui em cada trabalho que fiz. Quero dar o melhor para o futebol e penso estar numa condição de igualdade com todos, tendo ideias e conceitos europeus (onde fui formado), mas sem esquecer a realidade brasileira. Prática a teoria se completam e sou desta opinião sempre”.

Técnico brasileiro está desatualizado

“Não penso que esteja desatualizado. Acha que falta oportunidade ao treinador brasileiro de ver novos cenários. Eu tenho contato de gente diferente, estando aqui na Europa, posso sempre trocar experiências. Estou para ir ao Monaco do treinador Leonardo Jardim e aprendi muito também com profissionais no Japão. São todos capazes, mas nosso curso de treinadores no Brasil precisa melhorar e dar legitimidade aos que estudam. Isso fará com que nossos treinadores se aperfeiçoem, já que na maioria são todos muito bons. Vendo novas metodologias e experiências, todos evoluem”.

Projeção para 2017

“Quero estar num clube que me possibilite colocar em prática um trabalho moderno, integrado e apoiado por todo o departamento de futebol profissional do clube. Que priorize a formatação e estabilização de um modelo de jogo e suas variantes, a ascensão e afirmação de jovens valores das categorias de base. Obviamente que estes objetivos estão diretamente ligados a três fatores:

– Planejamento coerente com a realidade do clube;

– Cumprir à risca o planejamento;

– Ter o tempo de acordo com o planejado para se alcançar os objetivos propostos.

Estes seriam sonhos para meu futuro clube.

Metodologia de trabalho

“Tenho como objetivo construir uma relação sólida com os atletas baseada em confiança e respeito mútuo, formando um grupo forte e participativo. Quero ter e proporcionar a todos os atletas do grupo, novos conhecimentos e experiências que sejam marcantes e importantes para o crescimento profissional de cada um. Considero fundamental ouvir e estimular o diálogo com todos porque sempre será mais fácil e rápido implantar uma metodologia de trabalho com sucesso, tendo total apoio e entendimento das obrigações, deveres e direitos de cada atleta e integrantes da comissão técnica. Cito como exemplo o depoimento de um atleta do Santa Cruz, que disse que voltou a ter vontade de jogar futebol porque tinha liberdade para participar e auxiliar nas decisões, entendendo e aceitando bem o que era trabalhado nos treinamentos, possibilitando um melhor desempenho nos jogos”.

Residência na Europa

“Resido na Europa desde 1987. Encerrei lá minha carreira de atleta e iniciei a de treinador. Sempre que tenho um intervalo no trabalho entre um clube e outro, procuro recarregar as baterias, trocar experiências, observar jogos e treinos de vários clubes em diversos países, buscando me atualizar com profissionais que trabalham com diversas metodologias, o que me permite extrair muitas novas ideias para adaptar a realidade do meu próximo trabalho, sempre buscando melhorias. Também penso ser importante ter um comparativo do nível em que me encontro em relação ao que vem sendo trabalhado nos principais centros de futebol do mundo, conhecer estruturas dos CTs. Exemplifico através do recente estágio que fiz com Jorge Jesus no Sporting de Lisboa, visita que farei na próxima semana para conhecer estruturas de dois clubes chilenos, assistir treinos e jogos, além de projetos para estar acompanhando Leonardo Jardim no Mônaco e Diego Simeone no Atlético de Madrid”.

Milton Mendes está com 51 anos. Encerrou sua carreira como jogador em 2000 e tornou-se treinador no mesmo ano. Em 2016, comandou o Santa Cruz, conquistando o Campeonato Estadual e a Copa do Nordeste.

 


Mattos escolhe Eduardo Baptista. Técnico busca liberação da Ponte Preta
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Alexandre Praetzel

Alexandre Mattos recebeu carta branca do presidente Maurício Galiotte e escolheu Eduardo Baptista como novo técnico do Palmeiras. Entre Palmeiras e o treinador está tudo acertado para um contrato até dezembro de 2018.  Falta Eduardo definir sua saída da Ponte Preta, acertando ou não o valor de uma multa rescisória. O Palmeiras não pagará nada.

Mattos está apalavrado com Maurício para uma renovação de contrato com o Palmeiras por mais um ou dois anos, mas ainda não assinou.

Eduardo Baptista está com 46 anos e treinou Sport e Fluminense. Chegou à Ponte Preta no início do Brasileiro deste ano. A Ponte Preta já está sondando técnicos no mercado. Marcelo Cabo, campeão da Série B pelo Atlético-GO, e Sérgio Soares, ex-Ceará, foram comentados.


Palmeiras tenta Eduardo Baptista para novo técnico
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Alexandre Praetzel

Depois de Roger Machado acertar com o Atlético-MG e Abel Braga fechar com o Fluminense, o Palmeiras tenta agora contratar Eduardo Baptista, técnico da Ponte Preta. O treinador agrada à diretoria e renovou contrato com o clube campineiro, recentemente.

Eduardo Baptista está com 46 anos e fez bom trabalho no Sport, em 2014 e 2015, com 127 jogos. Passou pelo Fluminense com apenas 26 partidas e chegou à Ponte Preta, no início do Campeonato Brasileiro.

Há 30 dias, o blog entrevistou Eduardo Baptista. Acompanhem algumas idéias do treinador.

Pronto para comandar um time grande ou a passagem pelo Flu deixou dúvidas

”Eu aprendi uma coisa com meu pai. Trabalhei dez anos ao lado dele e fui criado por ele. Nessa profissão, você não pode ter dúvidas. Tudo o que eu faço no meu dia-a-dia, as decisões que eu tomo, a decisão de ter ido para o Fluminense, sempre foi com muita certeza, muito medido, ciente do que poderia acontecer. Então, se tiver um convite de um time grande e eu aceitar, é porque eu fiz um planejamento, fiz a minha programação, estudei a equipe que eu vou. Sei onde vou pisar. E no Fluminense eu fiz tudo isso. As coisas não deram certo. O que me acalenta é que está lá um treinador, que é uma das minhas referências, principalmente pelo seu estilo ofensivo e conduta. E as coisas também são difíceis. Eu vejo o Fluminense com os mesmos problemas de quando eu estava lá, em fevereiro. Naquela época, tinha um mês e meio só de trabalho e as coisas não aconteceram. Às vezes, foge um pouco do treinador, mas tudo o que eu queria fazer lá, o que eu acho certo, eu fiz. Coloquei minhas idéias em prática, estávamos conseguindo um trabalho. Por muito pouco, não chegamos a uma final de Copa do Brasil, perdemos para o Palmeiras nos pênaltis. Foi um trabalho que não deu certo, mas eu coloquei meu modelo de jogo, fiz experiências com Fred, Ronaldinho Gaúcho. Foram as melhores possíveis, principalmente com Fred, um cara excepcional, que me ajudou demais e eu respeito. Virou um amigo pessoal meu. Simplesmente as coisas não deram certo porque não eram para dar. A gente ainda vê o Fluminense com dificuldades também, os mesmos problemas que eu tinha, o Levir está encontrando lá”.

Modelo de jogo e trabalho

”Meu modelo de jogo é muito parecido com o que o Tite colocou. Eu já tenho uma filosofia, desde o Sport, em 2014. Nós jogávamos com esse mesmo estilo apoiado, num 4-1-4-1, ora 4-3-3, mas sempre com uma trinca no meio. Jogava com Diego Souza, Rithely como primeiro e Danilo fazendo o terceiro homem, com uma chegada à frente, com um centroavante, ora fixo, ora flutuante e dois atacantes de velocidade pelos lados, também chegando à frente ou fazendo um apoio pelas beiradas, fazendo uma triangulação. Meu modelo é muito parecido com o que o Tite está tendo sucesso na Seleção Brasileira. Você pode ter uma chegada com mais gente à frente, uma formação de triângulo pelos lados, uma chegada na área com três jogadores, no mínimo. É um sistema bem parecido. Eu fico contente que é um modelo que eu já venho trabalhando, desde 2014, e a gente tem conseguido bons resultados. Conseguimos no Sport, estamos conseguindo na Ponte Preta e a gente tenta melhorar a cada dia, inovar, trazer coisas diferentes na maneira de marcar, jogar, mas sempre com a filosofia na hora de jogar, você ter um apoio pelas beiradas porque hoje os times jogam muito fechados por dentro e quando você defende, uma compactação no meio porque é onde o jogador brasileiro tem a criatividade. Você trava esse meio e joga o adversário para o lado, onde a gente procura roubar essa bola e jogar e sair pelo mesmo local. O modelo de jogo é esse. De trabalho, a gente procura sempre jogar, colocar a bola no chão, passe para frente, agressividade, explorando o talento do jogador brasileiro. Defensivamente, tentar diminuir os espaços, principalmente, na região central do campo. Tem que dar liberdade também. Se compara muito o futebol brasileiro ao europeu. Para o brasileiro, você tem que dar um pouco de liberdade a mais do que você dá ao europeu. O europeu não tem o talento, não tem o drible, a ginga, aquela saída inesperada que o brasileiro tem. Eu procuro não podar. Tem uma disciplina, mas na hora de jogar, tem uma liberdade criativa para um espaço para o jogador criativo pensar e tomar as decisões. O jogador brasileiro tem isso que ninguém tem. Por isso, os times das ligas européias estão lotados de jogadores brasileiros”.


Milton Cruz elogia Ceni como técnico, mas pede calma no início do trabalho
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Alexandre Praetzel

Milton Cruz foi funcionário do São Paulo por mais de 20 anos. Neste tempo, tornou-se grande amigo de Rogério Ceni  e participou das gestões vitoriosas dos títulos nacionais e internacionais. Com toda sua experiência no futebol, Milton acredita que Rogério Ceni tem um perfil bem definido para ser treinador.

“O Rogério jogou muito tempo e viu o jogo lá detrás. Sempre enxergou as partidas muito bem e isso foi uma grande vantagem para ele. É estudioso e acho que tem tudo para dar certo. Mas é claro que é preciso ter um pouco de paciência, no início. As funções são diferentes. Uma coisa é jogar, outra é comandar”, afirmou, em conversa com o blog.

Milton define também qual o técnico em que Rogério Ceni pretende se espelhar, começando no tricolor. “Acho que é o Osório. Quando o Osório veio para o São Paulo, Rogério sempre me disse que gostava muito do estilo dele. Jogar para frente, buscando o ataque”, ressaltou.

O colombiano Juan Carlos Osório ficou pouco tempo no São Paulo, mas sempre foi admirado pelos jogadores. Após atritos com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar e um convite da Confederação Mexicana, preferiu sair para dirigir a seleção nacional. Milton Cruz virou seu homem de confiança no clube. Deixou o São Paulo, com a chegada do ex-diretor Luiz Cunha ao departamento de futebol, em março deste ano.


Rogério Ceni e o pensamento mágico são-paulino
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Alexandre Praetzel

Rogério Ceni pretende ser técnico do São Paulo em 2017. O presidente Leco abriu esta possibilidade, admitindo que a idéia é interessante, com Rogério podendo ficar seis meses ou seis anos no cargo. O mandatário tricolor sabe que não será uma aposta simples, apesar da idolatria da torcida e da aura de “mito” que carrega o ex-goleiro.

Particularmente, vejo como um pensamento mágico. A chance de dar certo é igual a de treinadores disponíveis no mercado como Roger Machado, Abel Braga, Vágner Mancini e outros mais experientes. Claro que Rogério é um grande profissional e obcecado por trabalho, vitórias e títulos.

Agora, começar logo no primeiro time tricolor, vejo como um risco desnecessário. Tudo porquê a cultura diretiva brasileira se baseia no resultado. Uma sequência de derrotas abala o maior ídolo de qualquer clube, no Brasil. Dirigentes não aguentam tamanha pressão e fecham os olhos e tapam os ouvidos para grandes nomes da história.

Falcão, Figueroa e Fernandão no Inter. Zico no Flamengo. Renato Portaluppi e De León no Grêmio são exemplos que eu me lembro, onde as diretorias não pensaram duas vezes, antes de dispensá-los. Acho que Rogério Ceni poderia ser um bom nome para as categorias de base e depois, naturalmente, assumir o elenco principal, com lastro e experiência. Afinal, estamos cansados de ouvir de ex-jogadores que a função de técnico é muito mais difícil de assumir.

A torcida estará ao lado de Rogério Ceni, que será muito maior do que qualquer direção. Suas entrevistas e seus treinos diários vão repercutir bem mais do que muitas decisões da cúpula são-paulina. Suportar a perda de espaço na mídia e administrar a vaidade de ficar em segundo plano, também serão desafios dos dirigentes amadores tricolores. Vamos aguardar os próximos capítulos.


Eduardo Baptista vê Seleção com modelo de jogo adotado por ele em 2014
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Alexandre Praetzel

Eduardo Baptista é apontado como um dos bons treinadores da nova geração. Aos 46 anos, o filho de Nelsinho Baptista renovou contrato com a Ponte Preta, admitindo a pressão sofrida para conquistar o primeiro título da história do clube. Em entrevista exclusiva ao blog, Eduardo também falou sobre a busca por novas idéias e seu modelo de jogo, parecido com a Seleção Brasileira. Acompanhem.

Pronto para comandar um time grande ou a passagem pelo Flu deixou dúvidas

“Eu aprendi uma coisa com meu pai. Trabalhei dez anos ao lado dele e fui criado por ele. Nessa profissão, você não pode ter dúvidas. Tudo o que eu faço no meu dia-a-dia, as decisões que eu tomo, a decisão de ter ido para o Fluminense, sempre foi com muita certeza, muito medido, ciente do que poderia acontecer. Então, se tiver um convite de um time grande e eu aceitar, é porque eu fiz um planejamento, fiz a minha programação, estudei a equipe que eu vou. Sei onde vou pisar. E no Fluminense eu fiz tudo isso. As coisas não deram certo. O que me acalenta é que está lá um treinador, que é uma das minhas referências, principalmente pelo seu estilo ofensivo e conduta. E as coisas também são difíceis. Eu vejo o Fluminense com os mesmos problemas de quando eu estava lá, em fevereiro. Naquela época, tinha um mês e meio só de trabalho e as coisas não aconteceram. Às vezes, foge um pouco do treinador, mas tudo o que eu queria fazer lá, o que eu acho certo, eu fiz. Coloquei minhas idéias em prática, estávamos conseguindo um trabalho. Por muito pouco, não chegamos a uma final de Copa do Brasil, perdemos para o Palmeiras nos pênaltis. Foi um trabalho que não deu certo, mas eu coloquei meu modelo de jogo, fiz experiências com Fred, Ronaldinho Gaúcho. Foram as melhores possíveis, principalmente com Fred, um cara excepcional, que me ajudou demais e eu respeito. Virou um amigo pessoal meu. Simplesmente as coisas não deram certo porque não eram para dar. A gente ainda vê o Fluminense com dificuldades também, os mesmos problemas que eu tinha, o Levir está encontrando lá”.

Comparações com Nelsinho atrapalham ou não

“É inevitável. Meu pai é um nome muito forte no futebol brasileiro, no Japão. Trabalhei no Sport, onde meu pai é considerado o treinador do século, num clube centenário. Então, é um nome muito forte. Estou na Ponte Preta hoje, onde ele começou aqui, tem uma história maravilhosa aqui como jogador e treinador. As comparações são inevitáveis, mas não me incomodam porque é um cara sensacional, taticamente é um dos três melhores que eu já conheci na atualidade, desta turma da geração dele. Tem uma leitura de jogo, um intervalo de jogo sensacional. Um cara que eu aprendi demais, me inspirei. O Eduardo vai crescendo. Isso não me incomoda. É um prazer porque é um cara sensacional. Ser comparado a ele é algo muito bom. Todos os clubes que eu enfrento, por onde ele passou, todos os funcionários vêm até mim dar um abraço, falar do bom caráter dele e do bom trabalho onde ele passou. Isso tem muito mais o lado positivo porque eu trabalhei dez anos ao lado dele, convivi com vitórias, derrotas, com felicidades e tristezas. Aprendi demais, principalmente, as tomadas de decisão, a parte tática. Até hoje, discutimos muito. Ele é um cara aficcionado por futebol e sempre me puxa. Quando tem jogo da Champions League, ele pede para eu ver e a gente discute depois. Então, ser filho do Nelsinho, é você ter um professor, mestre, dentro de casa. Me ajuda demais e não me atrapalha, em nenhum momento”.

Pressão por um título na Ponte Preta é igual num time grande 

“A Ponte Preta vive uma situação de não ter ganho título. O rival tem título brasileiro e a pressão aqui é grande para disputar uma Libertadores, ganhar um título. Você briga no campeonato paulista com times que têm um aporte financeiro muito maior. Times com R$ 10 milhões de folha salarial, enquanto a Ponte Preta tem um folha de R$ 1,8 milhão. Então as coisas se tornam difíceis. A pressão é grande. Você luta com todas as suas armas, mas é difícil. A gente busca e a pressão aumenta a cada ano. Mesmo você fazendo uma campanha como a Ponte Preta faz e chegar em oitavo lugar, não é bem visto aqui em Campinas porque o título é cobrado. No time grande, você tem a pressão e alto orçamento. Você pode buscar dois jogadores de altíssimo nível para cada posição. Mesmo com a pressão, você tem armas para lutar. A Ponte Preta vive essa pressão. A gente tem que buscar jogadores no mercado. No segundo semestre deste ano, acertamos em 100% as nossas contratações. Deu tudo certo, por isso, uma boa campanha. Nós perdemos bons jogadores por não conseguir cobrir ofertas de times maiores. A pressão é maior ou igual a um time grande, só que às vezes essa luta é desleal”.

Modelo de jogo e trabalho

“Meu modelo de jogo é muito parecido com o que o Tite colocou. Eu já tenho uma filosofia, desde o Sport, em 2014. Nós jogávamos com esse mesmo estilo apoiado, num 4-1-4-1, ora 4-3-3, mas sempre com uma trinca no meio. Jogava com Diego Souza, Rithely como primeiro e Danilo fazendo o terceiro homem, com uma chegada à frente, com um centroavante, ora fixo, ora flutuante e dois atacantes de velocidade pelos lados, também chegando à frente ou fazendo um apoio pelas beiradas, fazendo uma triangulação. Meu modelo é muito parecido com o que o Tite está tendo sucesso na Seleção Brasileira. Você pode ter uma chegada com mais gente à frente, uma formação de triângulo pelos lados, uma chegada na área com três jogadores, no mínimo. É um sistema bem parecido. Eu fico contente que é um modelo que eu já venho trabalhando, desde 2014, e a gente tem conseguido bons resultados. Conseguimos no Sport, estamos conseguindo na Ponte Preta e a gente tenta melhorar a cada dia, inovar, trazer coisas diferentes na maneira de marcar, jogar, mas sempre com a filosofia na hora de jogar, você ter um apoio pelas beiradas porque hoje os times jogam muito fechados por dentro e quando você defende, uma compactação no meio porque é onde o jogador brasileiro tem a criatividade. Você trava esse meio e joga o adversário para o lado, onde a gente procura roubar essa bola e jogar e sair pelo mesmo local. O modelo de jogo é esse. De trabalho, a gente procura sempre jogar, colocar a bola no chão, passe para frente, agressividade, explorando o talento do jogador brasileiro. Defensivamente, tentar diminuir os espaços, principalmente, na região central do campo. Tem que dar liberdade também. Se compara muito o futebol brasileiro ao europeu. Para o brasileiro, você tem que dar um pouco de liberdade a mais do que você dá ao europeu. O europeu não tem o talento, não tem o drible, a ginga, aquela saída inesperada que o brasileiro tem. Eu procuro não podar. Tem uma disciplina, mas na hora de jogar, tem uma liberdade criativa para um espaço para o jogador criativo pensar e tomar as decisões. O jogador brasileiro tem isso que ninguém tem. Por isso, os times das ligas européias estão lotados de jogadores brasileiros”.

Não ter sido jogador atrapalha no vestiário 

“É importante ter sido jogador, que viveu experiências e sentiu o calor do jogo. É um peso grande. Eu estive 20 anos dentro do vestiário, vendo o lado da comissão técnica, onde eu participei de decisões das mais variadas possíveis, momentos de vitórias, derrotas e você acaba aprendendo, tomando suas lições, criando a sua metodologia. Trabalhei com grandes treinadores. Nelsinho por quase dez anos, Geninho, Vágner Mancini, treinadores da nova geração também, onde tentei tirar o melhor deles. Ver o quê eles faziam de melhor, onde era o forte deles e tentei trazer para o meu dia-a-dia. Não joguei, mas tive essa vivência. Eu acho que isso é importante. Hoje, nós temos dois grandes treinadores mundiais: Guardiola, que foi um grande jogador e é um grande treinador e Mourinho, um cara ganhador e que era preparador físico, assim como eu. A grande diferença de você ter sido jogador ou ter vivido como eu vivi, independe. Eu acho que vale, se qualquer um desses lados estudar, procurar aprender, se especializar, coisas novas, se atualizar. Sou um cara que leio demais, faço meus cursos. Estou terminando meu nível A dentro da CBF. Sou instrutor da CBF para cursos de formações de treinadores para o nível B. Sempre procuro aprender e ajudar outros profissionais que também estão surgindo. Esse estudo qualifica o treinador. Lógico que se ele foi atleta, dá uma qualidade melhor. Se ele tiver a vivência que eu tive, dá um suporte muito bom. O importante é que ele estude, se atualize, se prepare, esteja aberto a coisas novas, estar pesquisando a Europa, Ásia, interior do futebol paulista, nordestino, antenado com tudo o que está acontecendo. Simplesmente, ter sido jogador ou ter uma vivência de 20 anos de vestiário, não te credencia a ser um grande treinador. O que vai te credenciar é tudo isso mencionado, mais uma especialização, estudo. Tem que buscar a preparação diária porque as coisas são novas, os jogadores são mais inteligentes, intelectualmente falando, do que eram há dez anos atrás. A evolução psicológica é uma realidade de uma nova geração e você tem que estar antenado a isso. Isso faz um grande treinador”.

Eduardo Baptista teve destaque no Sport, em 2014, começando sua carreira de treinador. Depois, passou pelo Fluminense, antes de chegar à Ponte Preta. O time é décimo lugar na Série A do Brasileiro com 45 pontos. Enfrenta o Sport, quinta-feira, em Recife.


Ricardo Gomes e a crueldade dos são-paulinos
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Alexandre Praetzel

O São Paulo enfrenta o Fluminense, nesta segunda-feira, ameçado de rebaixamento no Brasileiro. Uma derrota deixará o tricolor com 36 pontos, um à frente do Vitória, 17º colocado. Se houver o resultado negativo, o culpado por esta situação já foi escolhido por muitos são-paulinos: Ricardo Gomes.

O treinador teve um AVC, em 2011, e ficou com pequenas sequelas. Nada que o limitasse a comandar uma equipe, mesmo com a pressão diária que esses profissionais sofrem. Ricardo estava bem no Botafogo. Vinha iniciando uma recuperação do alvi-negro e recebeu o convite para retornar ao São Paulo. No clube carioca ele tinha toda uma estrutura montada para desenvolver o trabalho e o respeito pela sua limitação. Ricardo topou o desafio, acreditando que voltaria ao São Paulo de 2009, multi-campeão, organizado em todos os setores e sem intrigas políticas.

Foi apresentado pelo presidente Leco como um amigo e com um contrato por tempo indeterminado. Ledo engano. Não foi aceito da forma esperada pelo grupo de atletas e pegou um grupo com vários componentes pouco comprometidos e dando de ombros para a situação preocupante. O que aconteceu? Estourou na conta do treinador. Chiliques e críticas das mais desumanas contra sua capacidade física e verbal, pela afasia que o acomete, admitida e revelada pelo próprio Ricardo.

A maioria dos são-paulinos quer um técnico que fique berrando e gesticulando à beira do campo. Ricardo não fazia isso e não fará. Não é milagreiro com um time medíocre e um grupo com opções carentes. A responsabilidade pela sua contratação é da DIREÇÃO. Mas o crucificado já foi determinado e será dispensado, se o São Paulo perder.

Torço por Ricardo Gomes. Um sujeito do bem e que tem encarado todas as perguntas e questionamentos com clareza e sinceridade, sempre de cabeça erguida. Algo que dói na mente perversa de muitos “seres” humanos. Torcedores ou não.


Oswaldo de Oliveira é bilhete lotérico do Corinthians em ebulição
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Alexandre Praetzel

Oswaldo de Oliveira volta ao Corinthians por uma preferência pessoal de Roberto de Andrade. Em 2013, após a saída de Tite, Roberto já queria contratar Oswaldo, mas perdeu a escolha para o presidente Mário Gobbi, que trouxe Mano Menezes, na ocasião. Com isso, Roberto deixou o departamento de futebol corintiano. Agora, aproveitou que tem a caneta e definiu o retorno do técnico.

Como repórter, acompanhei mais próximo o trabalho de Oswaldo no Santos e Palmeiras nos dois anos anteriores. Foi vice-campeão paulista em 2014 e 2015, perdendo para o Ituano e para o Santos, respectivamente. Foi dispensado do time da Vila Belmiro por divergências com a diretoria e caiu no Palmeiras pelo mau início do Brasileiro. Houve legados pequenos e nada que fosse muito destacado, ao contrário do trabalho no Botafogo, em 2013, quando foi campeão carioca e levou o time à Libertadores da América.

A rejeição ao nome de Oswaldo é gigantesca na torcida, sócios e conselheiros. Isso é um problema para o presidente. Na primeira série de derrotas, todo o conflito virá à tona. É assim no futebol brasileiro, infelizmente. Particularmente, acho um bilhete lotérico. A chance de dar certo é pequena.

Oswaldo gosta de jogadores experientes e já não tem a mesma paciência em lidar com os jovens. O Corinthians terá um grupo limitado em 2017, devido a situação financeira difícil e o trabalho do treinador será triplicado. Taticamente, o Corinthians foi muito forte nos últimos anos, característica bem diferente das formações de Oswaldo.

É um resgaste do passado, por um profissional campeão em 1999 e 2000, mas dispensado em 2004. Aos 65 anos, talvez Oswaldo tenha seu maior desafio da carreira, dirigindo um Corinthians em ebulição. A conferir.

 


Milton Cruz recusa contrato de dois meses com o Sport
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Alexandre Praetzel

Após perder Oswaldo de Oliveira para o Corinthians, o Sport Recife está atrás de um novo treinador. A diretoria tentou contratar Milton Cruz, ex-jogador do clube e ex-coordenador técnico do São Paulo.

“O pessoal do Sport me ligou, mas quiseram fazer um contrato de dois meses porque haverá eleições em dezembro. Aí não dá. Quero algo que eu possa trabalhar com tempo”, afirmou Milton Cruz, em conversa com o blog.

Milton Cruz espera por propostas para iniciar sua carreira como treinador. No São Paulo, comandou o time ocasionalmente, levando o tricolor à Libertadores da América, no Brasileiro de 2015.


Muricy só volta ao futebol como Coordenador técnico e cita força do Fla
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Alexandre Praetzel

Muricy Ramalho não quer mais ser treinador de futebol. Aos 60 anos, pretende retornar como coordenador técnico, numa função mais executiva num vestiário profissional. Em entrevista exclusiva ao blog, Muricy falou sobre isso, São Paulo e futebol brasileiro. Acompanhem abaixo.

Situação do São Paulo

“Ela ainda não é tão complicada assim. Preocupa um pouco porque faltam dez jogos. Pode também melhorar porque aumentaram as vagas para a Libertadores da América. É uma loucura isso porque pode estar mal e depois crescer bastante. Acho que a situação ficou mais complicada pelas trocas de treinadores. Nunca encontraram uma filosofia de trabalho e os treinadores sentiram muito isso”.

Política interfere no desempenho e vestiário

“Eu acho que não. O CT é longe do Morumbi. As pessoas discutem a parte política no Morumbi. Há algum tempo acontece no São Paulo, mas não atrapalha não. Os jogadores e funcionários do São Paulo têm total liberdade para fazerem o trabalho no CT. Não interfere não”.

Executivo é importante

“Eu acho que tem ser o Coordenador técnico. Uma pessoa que entenda bastante de futebol. O método desta pessoa é para ajudar na montagem do time, nas contratações. Tem que ser uma pessoa que seja próxima do técnico e que conheça bastante o mercado do futebol. É essencial num time de futebol. Lá fora é normal, até com ex-jogadores, aqui ainda existe só em alguns clubes e ainda na teoria, porque na prática mesmo quem resolve são os presidentes”.

Momento dos Técnicos brasileiros

“Eu acho que melhoraram bastante, depois da Copa do Mundo, porque foram muito criticados. Pós-copa ninguém servia para nada. A diferença para os treinadores de fora não é muito grande. Eles são mais organizados. Nós temos muitos problemas ainda na gestão. Temos que profissionalizar. Os clubes que estão liderando o Brasileiro estão provando isso. Não pode ficar nas mãos de amadores, como acontece no Brasil”.

Quem ganha o Brasileiro

“Está muito equilibrado. Se o Flamengo voltar para o Maracanã, tem uma chance grande porque tem um time muito forte e se preparou bastante, além da força da torcida. Os torcedores compraram a idéia da organização e da estrutura e voltaram a acreditar num futebol mais organizado. Está economicamente estável. Acredito que o Atlético está com problemas no elenco com machucados e convocados. O Palmeiras está muito bem faz tempo. Contratou bem e profissionalizou a gestão. Por isso, está brigando pelo título também”.

Volta ao futebol

“Acho que não. Estou feliz assim. Difícil retornar como técnico. Estou muito bem na parte física. Pode ser por um período curto, participando de alguns programas, comentando alguma coisa. Num futuro mais para a frente, posso retornar como coordenador técnico que faça o meio-campo entre elenco e diretoria. Acho que isso será um caminho dos clubes e nesta função, eu poderia voltar”.

Muricy Ramalho treinou o Flamengo neste ano, mas se desligou por ordens médicas. Nos últimos dez anos, conquistou quatro vezes o Brasileiro por São Paulo e Fluminense e foi campeão da Libertadores da América, Recopa Sul-Americana e Paulista pelo Santos.