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Guto Ferreira confirma contato do Corinthians, sem evolução nas conversas
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Alexandre Praetzel

Guto Ferreira confirmou que foi procurado pelo Corinthians, nos últimos dias. Não houve evolução nas conversas entre a diretoria corintiana e o empresário do treinador, Adriano Spadotto. Guto está satisfeito no Bahia, mas não descarta o Corinthians, em outra oportunidade. O técnico levou o Bahia de volta à Série A, em 2017, e promete buscar resultados maiores à frente da equipe. Leia abaixo a entrevista exclusiva concedida ao blog.

Corinthians

“O Corinthians até procurou meu representante, mas eu tenho contrato com o Bahia. Houve procura, mas não houve evolução nas conversas”.

Pensou em trocar de time

“Quem não quer trabalhar num clube como o Corinthians? Mas eu tenho um compromisso com o Bahia. Não é só questão de eu querer, estou feliz no Bahia. Tenho identificação grande com o torcedor e também aspiro um dia trabalhar no Corinthians. Isso passaria por uma série de situações e acabou não evoluindo”.

Bahia

“Tivemos um projeto que iniciamos no meio do ano. Primeiro estágio era o acesso e o objetivo foi alcançado mesmo com todas as dificuldades em pegar o time no meio da competição. Agora, existe um planejamento dentro da Série A, onde temos o objetivo de fazer um ano de 2017 bom e vamos trabalhar por esses objetivos”.

Competitividade

“Nós estamos trabalhando para montar um time competitivo. Se não for competitivo no futebol mundial, não se estabelece. Tem muita gente trabalhando para termos um time assim. Têm jogadores que o clube está procurando renovar e também contratar. Tudo são passos. Em se tratando do Bahia, o torcedor quer sempre o melhor e nós também. Temos estágios a serem percorridos e o mínimo é permanecer na Série A. Depois, estando bem, o objetivo é chegar mais longe, dentro de um processo evolutivo. Vamos estruturar a equipe. Tem duas competições regionais onde o Bahia tem que trabalhar bem”.

Estudar ou não como técnico

“Eu acho que cada um faz as suas escolhas. Vou responder com uma frase que me marcou: Você faz suas escolhas e as suas escolhas fazem você. Para aqueles que pensam que não precisa estudar, eles devem ter uma linha de pensamento e alguma diretriz. Não estou buscando nenhuma receita de bola, não. Vou lá ver o que está sendo diferente. Vou conhecer estrutura física, pessoal, parte de mídia, marketing, como se realiza o jogo e o futebol, o que ocorre dentro e em que condições está acontecendo. Fui lá observar. Não fui para me pós-graduar. Sempre se assimila alguma coisa. Quero estudar e aprender sempre. Quem sabe desta maneira consigo com o exercício da prática, gerar uma teoria com uma base de prática mais qualificada”.

Preconceito com futebol nordestino

“Não vou falar em resistência da mídia. O Bahia teve uma repercussão importante na Série B. O Bahia busca se reorganizar a cada dia, com mais crescimento. Me impressiona a participação dos torcedores nos jogos, famílias dentro dos estádios. Não há violência na torcida. Estou falando do Bahia. Não posso falar pelos outros. À medida que os resultados vão sendo alcançados, a repercussão vai aumentando, não importa onde você esteja trabalhando. Logicamente, o eixo Rio-SP repercute mais pelos principais meios de comunicação. Algo normal”.

Pronto para time grande

“Eu acho que o Bahia já é em termos de pressão e tamanho em torcida e massa associativa. Pode não estar entre os 12 grandes, mas é bicampeão brasileiro. Estou pronto sim. Não tenho medo. Vamos trabalhar muito, buscar mais e mais conhecimento para conseguir atingir objetivos ao final de cada temporada. É uma responsabilidade muito grande, mas não tenho medo”.

Não ter sido ex-jogador atrapalha

“É um ser humano igual aos outros. Não dificulta em nada. Se for ver esse lado, tenho dois auxiliares ex-jogadores que participam de toda a integração de trabalho. Acho que as linhas de pensamentos, onde existem acadêmicos muito bons profissionais que conseguem transformar teoria em prática. Existem medianos e ruins. Há ex-jogadores com posturas acadêmicas e são qualificados e outros que não conseguem ter comando. São tantas características para ser tornar um treinador com resultado final, isso que teria que ser debatido. Quais esses perfis? Liderança, postura, conhecimento. Uns mais teóricos e outros mais práticos. O que vale é a capacidade, independentemente de onde ele vem”.

Viagem à Alemanha

“Fiquei 17 dias por lá, agora em dezembro. Assisti três jogos da primeira e um jogo da segunda divisão. Jogo muito intenso, alinhado, muito tático. Os caras não ganharam a Copa à toa. Você vê muito planejamento de anos para cá. A Bundesliga, dentro do trabalho de formação, as academias são classificadas em uma, duas e três estrelas. As cotas de TV são repassadas para esta academia, de acordo com tua classificação. Ano a ano tem uma fiscalização da Confederação em cima de predicados e resultados. O que mais impressiona é a questão cultural, como todos exercem as funções. Não há interferência externa. O Hoffenheim, por exemplo. Tem um CT só para Sub-12, 13 e outro CT para 13, 14 e 15 com três campos e prédio de cinco andares com toda estrutura. Tem um outro CT para 17, 18 e 19 e um outro para Sub-23 e time principal. Tem treinamento até de visão periférica, para aprimorar reflexo e escolha rápida. Uma arena para 32 mil pessoas. O técnico tem 29 anos e o diretor esportivo, pouco mais de 30. O Hoffenheim seria a Chapecoense, aqui no Brasil, pelo tamanho, estrutura e repercussão”.

Aos 51 anos, Guto Ferreira tem contrato com o Bahia, até dezembro de 2017. A multa rescisória é de R$ 1 milhão. Guto surgiu no futebol trabalhando na base de São Paulo e Inter. Treinou Inter, Ponte Preta e Chapecoense, até chegar ao Bahia, entre outras equipes.


Milton Mendes defende estudos e aprendizagem na Europa
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Alexandre Praetzel

O futebol brasileiro entrou em debate sobre a capacidade dos técnicos. Alguns ex-jogadores acham que a competência pode vir pela experiência e vivência na carreira. Outros entendem que o estudo de outros treinamentos e formas de atuar é importantíssimo para a afirmação de um profissional. Milton Mendes encaixa-se no segundo grupo. Em entrevista exclusiva ao blog, Milton defende novas ideias e aprendizados na Europa, onde tem residência, desde 1987. Leia abaixo.

Pouco tempo nos times

“Não penso que tenha ficado pouco tempo nos clubes. Se você perceber o meu currículo, verá que eu tenho feito trabalhos bons e com bom prazo, como no Paraná, onde saí por conta das dificuldades financeiras. Mas nos demais, como Ferroviária, Atlético-PR e Santa Cruz, tive trabalhos importantes e com conquistas. Ficamos por períodos normais para o padrão brasileiro diante das dificuldades de cada clube. Assim é o futebol no Brasil. Por ordem natural das coisas, houve trocas, mas só vejo como trabalho mais curto o do Japão, já que realmente não consegui uma boa adaptação. Portanto, as trocas são normais, apesar de não concordar e ter projeto para pelo menos, dois anos. Mas no Brasil é mais complicado, Penso que a mentalidade dos diretores está mudando e logo teremos clubes que conseguirão levar até a maturidade plena, um projeto a médio e longo prazo”.

Modelo de jogo

“Você não pode taxar um modelo. Isso vai pelos jogadores que tens. Eu prefiro o 4-2-3-1. É um esquema de muitas variantes e que pode fazer com que o modelo mude dentro do jogo, conforme o adversário. Este é o que eu mais gosto, mas é utópico sem conhecer o elenco, as opções nas categorias de base. O clube precisa apresentar os seus objetivos e analisar se as condições que oferecem são compatíveis. A partir daí, organizar-se e cumprir as etapas necessárias para se alcançar os objetivos propostos”.

Qual o grupo de técnicos onde se encaixas

“Me coloco no grupo de técnicos que estuda e gosta de auxiliar e ver o progresso dos atletas, equipe e Clube. Gosto que meus atletas saibam e entendam o porquê de cada treino, seus deveres táticos, para que possam cumprir suas funções baseados não em ordens e sim em entendimento da parte tática individual e da equipe. Me considero um técnico preparado para o diálogo e que evolui em cada trabalho que fiz. Quero dar o melhor para o futebol e penso estar numa condição de igualdade com todos, tendo ideias e conceitos europeus (onde fui formado), mas sem esquecer a realidade brasileira. Prática a teoria se completam e sou desta opinião sempre”.

Técnico brasileiro está desatualizado

“Não penso que esteja desatualizado. Acha que falta oportunidade ao treinador brasileiro de ver novos cenários. Eu tenho contato de gente diferente, estando aqui na Europa, posso sempre trocar experiências. Estou para ir ao Monaco do treinador Leonardo Jardim e aprendi muito também com profissionais no Japão. São todos capazes, mas nosso curso de treinadores no Brasil precisa melhorar e dar legitimidade aos que estudam. Isso fará com que nossos treinadores se aperfeiçoem, já que na maioria são todos muito bons. Vendo novas metodologias e experiências, todos evoluem”.

Projeção para 2017

“Quero estar num clube que me possibilite colocar em prática um trabalho moderno, integrado e apoiado por todo o departamento de futebol profissional do clube. Que priorize a formatação e estabilização de um modelo de jogo e suas variantes, a ascensão e afirmação de jovens valores das categorias de base. Obviamente que estes objetivos estão diretamente ligados a três fatores:

– Planejamento coerente com a realidade do clube;

– Cumprir à risca o planejamento;

– Ter o tempo de acordo com o planejado para se alcançar os objetivos propostos.

Estes seriam sonhos para meu futuro clube.

Metodologia de trabalho

“Tenho como objetivo construir uma relação sólida com os atletas baseada em confiança e respeito mútuo, formando um grupo forte e participativo. Quero ter e proporcionar a todos os atletas do grupo, novos conhecimentos e experiências que sejam marcantes e importantes para o crescimento profissional de cada um. Considero fundamental ouvir e estimular o diálogo com todos porque sempre será mais fácil e rápido implantar uma metodologia de trabalho com sucesso, tendo total apoio e entendimento das obrigações, deveres e direitos de cada atleta e integrantes da comissão técnica. Cito como exemplo o depoimento de um atleta do Santa Cruz, que disse que voltou a ter vontade de jogar futebol porque tinha liberdade para participar e auxiliar nas decisões, entendendo e aceitando bem o que era trabalhado nos treinamentos, possibilitando um melhor desempenho nos jogos”.

Residência na Europa

“Resido na Europa desde 1987. Encerrei lá minha carreira de atleta e iniciei a de treinador. Sempre que tenho um intervalo no trabalho entre um clube e outro, procuro recarregar as baterias, trocar experiências, observar jogos e treinos de vários clubes em diversos países, buscando me atualizar com profissionais que trabalham com diversas metodologias, o que me permite extrair muitas novas ideias para adaptar a realidade do meu próximo trabalho, sempre buscando melhorias. Também penso ser importante ter um comparativo do nível em que me encontro em relação ao que vem sendo trabalhado nos principais centros de futebol do mundo, conhecer estruturas dos CTs. Exemplifico através do recente estágio que fiz com Jorge Jesus no Sporting de Lisboa, visita que farei na próxima semana para conhecer estruturas de dois clubes chilenos, assistir treinos e jogos, além de projetos para estar acompanhando Leonardo Jardim no Mônaco e Diego Simeone no Atlético de Madrid”.

Milton Mendes está com 51 anos. Encerrou sua carreira como jogador em 2000 e tornou-se treinador no mesmo ano. Em 2016, comandou o Santa Cruz, conquistando o Campeonato Estadual e a Copa do Nordeste.

 


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