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São Paulo. Em dez anos, de referência a clube igual aos outros
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Alexandre Praetzel

Estou na mídia esportiva de São Paulo, desde 05 de julho de 2007. Quando cheguei, enxergava o São Paulo como o maior Clube da América do Sul. Era campeão brasileiro e conquistou o bicampeonato com facilidade, naquele ano. Em 2008, bateu tricampeão, no final do ano. Então, de 2005 a 2008, foram três brasileiros consecutivos de pontos corridos, uma Libertadores, um Mundial Interclubes e um Paulista. Titulos buscados com gestão de futebol, coerência nas contratações e valorização dos profissionais.

Dez anos depois, o São Paulo mudou para pior de maneira impressionante. E acompanhei tudo. Não sou dono da verdade, mas posso listar algumas coisas que ajudaram nessa queda brusca e no jejum de troféus.

-Em 2009, o ex-presidente Juvenal Juvêncio deu um “golpe” no Conselho Deliberativo e ganhou de presente um terceiro mandato. Vários conselheiros apoiaram. Foi péssimo para o clube e vemos consequências até hoje. Tive oportunidade de dizer isso ao ex-presidente, na ocasião;

-O São Paulo não tem renovação de dirigentes. 124 conselheiros vitalícios dão as cartas e definem os rumos são-paulinos. Mudaram o estatuto com a promessa de profissionalizar as diretorias, mas os resultados são pífios. A oposição é fraca e inconsistente;

-O São Paulo era referência por saber contratar e ter se adequado mais rápido às mudanças da Lei Pelé. Contratava com critério e antecedência, sempre com time e elenco fortes. Hoje, contrata a rodo. Vários nomes chegaram e saíram, sem dar resposta e retorno ao São Paulo;

-Havia uma comissão técnica fixa com profissionais de altíssima qualidade. Na falta de resultados, a culpa caiu sobre eles. O São Paulo virou um moedor de técnicos. Nem Rogério Ceni aguentou;

-Uniformizados ganharam espaço. O São Paulo se gabava de não ceder às pressões. Só discurso. Hoje, a diretoria é parceira dos torcedores. Subsidia ingressos e abre as portas do CT, para constranger atletas e funcionários. Como se isso fizesse o time vencer. Falência diretiva;

Agora, Muricy Ramalho virou solução. Conversei há 15 dias com Muricy. Se prontificou a ajudar, mas deixou claro que não ocuparia cargo nenhum. Será uma espécie de consultor, próximo a Dorival Jr. Se ele não conviver com os atletas, pouco adiantará. O próprio Muricy é contra palestras motivacionais e auxílios de psicólogos. Acho pensamento mágico.

Acredito que o São Paulo precisa trabalhar e jogar bola. Dorival Jr. pode deixar o time mais forte defensivamente e mais competitivo. O fundamental é terminar em 16º lugar. Do jeito que está, nada indica que isso irá acontecer. Ah, e silêncio não traz futebol. De uma hora para outra, as entrevistas viraram culpadas. Tudo é um problema, menos os dirigentes. E eles não olham para eles mesmos.


Só a força da torcida, não salvará o SP. Time não reage na pressão
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Alexandre Praetzel

Estive no Morumbi para acompanhar São Paulo e Ponte Preta. Novamente, a torcida tricolor deu um show, apoiando o time, durante os 90 minutos. O São Paulo fez um bom primeiro tempo e mereceu a vantagem, com bonito gol de Hernanes, cobrando falta. A Ponte Preta não ameaçou em nenhum momento.

No segundo tempo, quando o São Paulo fez 2 a 0, em gol de Bruno Alves, na falha do goleiro Aranha, o jogo parecia liquidado. Comentei com um colega, que o resultado poderia determinar a saída de Gilson Kleina, pressionado na Ponte. Afinal, o São Paulo estava encostando na própria Ponte Preta, na parte de baixo da classificação.

Aí, num lance, tudo mudou. A Ponte descontou no pênalti cometido por Jucilei e cresceu com a expulsão do volante. Com um a mais, a Macaca tomou conta da partida e transformou o Morumbi num cenário de apreensão e temor para os são-paulinos. O empate parecia questão de tempo e chegou com cabeceio fatal de Léo Gamalho. Antes, o centroavante já tinha exigido grande defesa de Sidão.

O resultado acabou sendo justo pelo que as duas equipes fizeram, quando tiveram oportunidades. Agora, com dez, Dorival Jr. demorou a recompor o meio-campo e ficou sem velocidade para o contra-ataque. Marcinho entrou, quando Gomez deveria ser o escolhido, para fortalecer a marcação e impedir o domínio da Ponte. O São Paulo ficou acuado e não teve saída de jogo.

Já vi grandes times serem rebaixados e o São Paulo mostra sinais claros de queda. A equipe tropeça contra concorrentes diretos e é forçada a buscar pontos diante de adversários muito mais qualificados. Hernanes carrega o São Paulo nas costas e os demais parecem anestesiados em momentos de pressão.

Para piorar, a troca de farpas entre Rodrigo Caio e Cueva, só revela como o ambiente interno não é legal, mesmo que Dorival e Hernanes tenham minimizado o episódio. Nestas horas, bons jogadores viram mais ou menos e os razoáveis se transformam em ruins. Fato é que o São Paulo luta, corre, mas empaca no Z4. Tem time para não cair, mas outros também tinham e foram rebaixados. Parece que chegou a hora do tricolor. Só a força do torcedor, não salvará. A ver.


Renan Ribeiro admite situação incômoda do SP e silencia sobre renovação
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Alexandre Praetzel

O São Paulo tem um confronto direto na luta contra o rebaixamento na Série A do Brasileiro, neste domingo. Enfrenta o Bahia, na Arena Fonte Nova, em Salvador. O tricolor tem 19 pontos na 17ª colocação contra 20 pontos do Bahia, uma posição acima na classificação. O blog entrevistou o goleiro Renan Ribeiro sobre o momento delicado do São Paulo e o apoio do torcedor, para ajudar o time sair da situação incômoda na tabela. Confira a seguir.

A luta contra o rebaixamento vai até o fim do Brasileiro? Dá para resumir desta maneira?

Claro. Desistir nunca. A gente sabe que não vem passando um bom momento. Viemos de um grande jogo no Rio de Janeiro e acabamos não fazendo um bom jogo contra o Coritiba. Mas, na situação que o São Paulo se encontra, o árbitro ainda marca um pênalti daqueles..No meu ponto de vista, nem dentro da área foi e se houve contato, não foi suficiente para marcar nenhuma falta, nenhuma penalidade. Uma vergonha, né. Mas, a gente tem que trabalhar, unir nossa equipe, unir as forças e o torcedor vir com a gente porque só desta maneira que a gente vai conseguir sair desta situação.

Você concorda que o segundo turno sempre é mais difícil que o primeiro, no Brasileiro?

No meu ponto de vista, eu não consigo pensar nessa situação. Eu consigo pensar jogo a jogo, independentemente se já vai virar o turno, a gente tem que saber que terá um grande jogo contra o Bahia, onde a gente pode fazer um bom resultado e pensar um jogo de cada vez, para a gente não ficar pensando lá na frente. Eu acho que a gente tem que fazer de cada jogo, uma decisão, porque só dessa forma que a gente vai conseguir sair dessa situação.

O torcedor compareceu em mais de 50 mil, nos últimos dois jogos, no Morumbi. Isso pode fazer a diferença?

O torcedor são-paulino está de parabéns por conseguir colocar esse número dentro do Morumbi. Sabemos que quando o Morumbi está lotado, eles fazem total diferença, como fizeram para a gente. Agora, cabe a nós como jogadores, procurar fazer o melhor de cada um para sair dessa.

Como está tua renovação de contrato com o São Paulo?

Cara, acho que isso aí, é melhor não falar.

A diretoria ofereceu um novo contrato de cinco anos para Renan Ribeiro e não pretende aumentar valores. O goleiro recusou, num primeiro contato, e não quis se pronunciar a respeito do assunto, apesar da insistência do blog.


Rogério Ceni é igual aos outros. Depende de resultados para se manter no SP
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Alexandre Praetzel

Rogério Ceni é um dos maiores nomes da história do São Paulo e reverenciado por sócios, torcedores e dirigentes. Mas essa idolatria ganha recesso, quando os resultados não aparecem dentro de campo. Não é uma análise simplista. A cultura resultadista brasileira funciona assim e pode transformar grandes ídolos em simples seres mortais. E não será diferente com Rogério Ceni.

O dia-a-dia do treinador é visto como muito bom, com a busca pelo aprimoramento técnico e tático do elenco. As atuações recentes contra os Atléticos não foram ruins. No entanto, duas derrotas e o tricolor despencou na classificação, ficando um ponto à frente da zona de rebaixamento.

Qualquer presidente de clube brasileiro começa a Série A, olhando para a parte de baixo da tabela. O principal sempre é estar longe da 17ª colocação e próximo dos 45 pontos, para depois relaxar nos gabinetes. O São Paulo já viveu situação parecida em 2013 e não hesitou em demitir Paulo Autuori, com dois meses de retorno ao Morumbi.

Eu acho que não tem que mudar, mas as informações vindas de bastidores, indicam que nem Rogério Ceni vai aguentar, se o São Paulo entrar no Z4, após a rodada de domingo. O jogo diante do Fluminense virou uma decisão para Ceni. Mesmo que o planejamento da direção seja péssimo e o São Paulo mude a fotografia em meio ao campeonato, pela segunda vez consecutiva. Isso é debate para nós.

Leco não pensará duas vezes em demitir Ceni, para tentar salvar a gestão. Afinal, o São Paulo nunca caiu, mas já viu outros caírem, com o mesmo discurso. Rogério Ceni está na berlinda, definitivamente.


Clemer vê queda do Inter como anunciada e quer D’Alessandro de volta
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Alexandre Praetzel

O ex-goleiro Clemer foi ídolo do Internacional de 2002 a 2009. Ganhou seis campeonatos gaúchos, Libertadores da América, Mundial de Clubes, Recopa Sul-Americana e Copa Sul-Americana. Trabalhou com vários técnicos e depois tornou-se funcionário do clube, treinando times da base. Clemer lamentou demais o rebaixamento colorado e comentou as causas do insucesso, fazendo também uma projeção para o retorno à elite, em conversa exclusiva com o blog. Leia abaixo.

Rebaixamento do Inter

“Vejo com muita tristeza, mas uma morte anunciada. Todos nós, praticamente com o decorrer do ano, das coisas que estavam acontecendo, a gente já previa uma situação ruim no final de ano. Isso nos deixa tristes, mas sempre com a esperança, com essa nova diretoria, o time voltar à primeira divisão. Fazer um grande trabalho e voltar tudo. Eu acho que o clube vai se fortalecer mais, o torcedor vai abraçar ainda mais o clube porque sabe que esse clube é de uma grandeza que não pode estar nesse tipo de situação, não pode passar por isso. A gente só fica triste por tudo que foi feito, por tudo que foi avisado e parecia assim que as pessoas achavam que isso não iria acontecer. Infelizmente, aconteceu. Agora, é levantar a cabeça, os dirigentes que assumirem, o torcedor abraçar, que eu sei que sempre vai estar junto e a gente fazer de tudo para que o Inter possa voltar para a primeira divisão e buscar títulos importantes”.

Soberba da diretoria

“Não sei se a palavra certa seria soberba, mas eu acho que as apostas, as convicções, foram muito erradas dentro do planejamento do Inter. Eu acho que houve muita demora para que essa percepção pudesse acontecer. Deixaram para as últimas rodadas do campeonato, coisas que tinham sido avisadas há muito tempo. Todo mundo comentava, todo mundo falava. Mas não conseguiram assimilar esse tipo de situação que poderia acontecer. Isso ocasionou nessa situação do Internacional”.

Inter terá dificuldades na Série B

“Só história, estrutura e camisa não bastam não. O Inter terá que fazer um time muito competitivo, principalmente, estudar bastante as contratações que irão fazer. Jogadores tecnicamente bons e que tenham muita experiência nesse tipo de situação porque todo mundo sabe que não é fácil, haja vista o Vasco, que já vem pedalando há muito tempo, quase não classifica na última rodada onde tinha uma vantagem muito grande e essa gordura foi sendo tirada no final da competição. O Inter tem que se estruturar bastante, ter bastante informação sobre esse tipo de competição, que é uma coisa nova para o Inter. Eu acredito que com esse pensamento, o Inter possa sair dessa situação incômoda que está hoje”.

Ídolos deveriam ser chamados

“É difícil para eu falar em meu nome. As pessoas que tenham muito conhecimento nesse tipo de competição. Não adianta o Inter fazer um time de primeira divisão para jogar uma segunda, que é uma situação diferente. Eu acho que a característica do time, jogadores, elas têm que ser diferentes, de acordo com a segunda divisão, apesar do Inter ser grande, não ser um time de segunda divisão, mas que tenha que brigar com um time competitivo, com jogadores que saibam jogar a segunda divisão para que isso possa fazer a diferença para subir. Esse é o meu tipo de pensamento. Não adianta contratar jogadores que são tops da primeira divisão, que é uma competição totalmente diferente, são viagens desgastantes. Tem que ter jogadores cascudos que já tenham essa característica de ter jogado e vencido essa competição. É por aí que o Inter tem que começar”.

D’Alessandro é o nome certo para liderar o Inter

“D’Alessandro é o nome certo porque primeiro, é um atleta que é ídolo, você não está buscando um jogador diferente de uma outra situação. D’Alessandro é do clube. Ele é um ídolo e tem liderança. Já começa por aí. Ah, se o D’alessandro jogar 45 minutos, 60 minutos, tenho certeza que ele vai fazer a diferença”.

Carreira como técnico

“Meu último clube foi o Sergipe, onde nós fomos campeões. Fizemos um trabalho muito bom lá. Hoje, estou com uma comissão técnica, eu, o Rubens Cardoso e a gente está sempre se atualizando e esperando uma oportunidade para gente trabalhar de novo”.

O Inter terá nova diretoria, a partir de janeiro. Marcelo Medeiros foi o presidente eleito com 94% dos votos de sócios do clube. Roberto Mello será o diretor de futebol e Antonio Carlos Zago, o novo treinador.


Clubes prometem proteção à Chape. Quero ver para crer
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Alexandre Praetzel

A tragédia com a Chapecoense abriu os corações dos dirigentes brasileiros em prol do clube catarinense. Surgiram vários discursos e entrevistas com medidas de ajuda e apoio ao co-irmão. Empréstimo de atletas e salva-guarda de três anos à Chape contra o rebaixamento na Série A.

Acho tudo isso válido e interessante, mas quero ver para crer. A união dos dirigentes brasileiros é pedida e solicitada há anos, no futebol brasileiro. Os clubes têm a força, mas parece que nossos mandatários não ligam para isso.

Vejam a Primeira Liga. Um movimento pequeno que recebeu aplausos e elogios pela tentativa de ser independente da CBF. No entanto, por rusgas sobre cotas de TV, já entrou em crise, com as saídas de Coritiba e Atlético-PR. O próprio mentor, Romildo Bolzan Jr., jogou a toalha, após tantas discussões em detrimento do bem comum.

Claro que agora é um sentimento diferente, com o lado humano superando qualquer situação. Só que muitos ainda colocam o lado torcedor na frente de outras convicções.

Se a proteção à Chapecoense passar no Conselho Técnico da CBF, serei o primeiro a bater palmas. Agora, conhecendo os comandantes do futebol brasileiro, é preciso esperar também por São Tomé. Ver para crer.


Inter. Tenha vergonha e respeite o futebol
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Alexandre Praetzel

Acompanho o Inter como jornalista desde 1993. Entrevistei vários dirigentes, técnicos e jogadores. E lamento que o clube esteja vivendo sua pior gestão, dentro e fora de campo. O presidente Vitório Píffero e sua diretoria envergonharam sócios e torcedores e criaram adversários reais e virtuais, nos últimos dias. Nunca houve tanta torcida contra como agora. Consumidores do futebol, opinião pública e redes sociais querem a desgraça do time, por atitudes e declarações inexplicáveis.

Píffero apoiou o grupo de atletas, na tentativa absurda e vergonhosa de não entrar em campo, na última rodada do Brasileiro. Aproveitaram a situação em meio a um momento de consternação geral pela tragédia com a Chapecoense. Ora, sejam homens. Trabalhem em silêncio e vão cumprir suas atividades. Respeitem a comunidade colorada e o esporte. Se forem rebaixados, voltem em 2018. Gigantes de vários países já disputaram a segunda divisão e não deixaram de existir, voltando tão fortes como antes.

Jogaram a toalha, sem entrar em campo. Sentimento real de luto ou uma oportunidade para escapar da queda? Deixaram a dúvida no ar com um discurso vazio e sem noção e se declararam incompetentes para ganhar do Fluminense e secar o Sport. O Inter merece cair pelo desempenho técnico sofrível na temporada. Agora, abrir mão de tentar se manter na Série A, corretamente e esportivamente, é uma mancha definitiva nos 107 anos de história.

 


Corinthians e Inter. Futebol e ódio nesta segunda-feira.
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Alexandre Praetzel

Corinthians e Inter se enfrentam nesta segunda-feira e será bem mais do que um jogo. O Corinthians ainda luta por Libertadores da América e o Inter joga sua última cartada no desespero para não cair.

Estou há nove anos e meio em São Paulo e cobri o rebaixamento do Corinthians para a Série B, em 2007, e o título da Copa do Brasil de 2009 sobre o Inter. Escuto de todos os corintianos, quando se referem ao Inter: “eles vão pagar o que fizeram com a gente em 2007, entregando o jogo para o Goiás e ajudando a nos rebaixar”.

Os corintianos dizem que o falecido Fernandão fez um acordo com o Goiás, seu ex-clube, para o Inter perder e prejudicar o Corinthians. O técnico Abel Braga comandava o Inter e nega este fato, veementemente. Esta versão virou verdade para os corintianos, apesar dos desmentidos.

A relação é de ódio entre as torcidas e já chegou aos gabinetes. Os dirigentes não se suportam. O asterisco no título brasileiro de 2005 do Corinthians e o pênalti escandaloso de Fábio Costa em Tinga, não marcado pelo árbitro Márcio Rezende de Freitas, também são lembrados pelos colorados.

O DVD divulgado pelo ex-presidente Fernando Carvalho na semana decisiva da Copa do Brasil de 2009 é visto como chacota pelos torcedores. Na ocasião, Carvalho mostrou um dossiê com erros de arbitragem a favor do adversário. O Corinthians foi campeão e não perdoa Carvalho até hoje.

Logo mais, será uma disputa fortíssima. É verdade que são outros jogadores e personagens, mas as histórias serão retomadas nos vestiários. O Corinthians buscará vingança e o Inter o último suspiro para lutar contra uma queda inédita. Tomara que fique tudo dentro de campo, num jogo limpo e competitivo.


Carvalho admite conflitos de interesses com trabalho no Inter e futebol
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Alexandre Praetzel

O Inter pode ser rebaixado para Série B do Brasileiro, pela primeira vez na história. O time gaúcho é o 17º colocado com 38 pontos e luta contra Vitória, Coritiba e Sport, faltando 12 pontos a disputar. O blog conversou com o ex-presidente Fernando Carvalho, o maior dirigente de todos os tempos do Inter, segundo vários sócios e torcedores colorados. Carvalho viveu situação parecida e difícil em 2002, quando o Inter escapou na última rodada, após vitória sobre o Paysandu, em Belém, e contando com uma combinação de resultados de outros adversários. Voltou ao Inter, mesmo trabalhando com um Fundo de Investimentos no futebol e admitindo conflitos de interesses. Leia abaixo.

Arrependido por ter retornado ao Inter

“Não, não estou arrependido. Só aceitei porque a dificuldade era muito grande e estamos trabalhando para conseguir manter o Clube na primeira divisão, com essa mesma dificuldade. Eu não costumo me arrepender das coisas que faço. Posso depois lamentar alguma coisa que deveria ter feito diferente, algum caminho mal escolhido, mas agora não é hora de pensar nisso”.

Consequências para o Clube e dirigentes com um possível rebaixamento

“Não quero pensar nessa hipótese. Estamos trabalhando para não sermos rebaixados. Já estivemos, em algumas oportunidades anteriores na nossa história, próximos do rebaixamento e conseguimos sair. Eu prefiro imaginar que o Internacional vai sair dessa situação difícil”.

Como acreditar num time que ganhou apenas dez jogos em 34 disputados

“Eu acredito porque vi as partidas que jogamos contra Atlético-MG, Santos, Flamengo e até mesmo contra o Palmeiras, que nós perdemos. A equipe tem bons jogadores que estamos tentando reagrupar, remobilizar e, com isso, tenho certeza que vamos conseguir ter atuações de nível alto, que nos permitam vencer os adversários”.

Soberba da diretoria atrapalhou o Inter

“Não vejo que tenha havido soberba. As pessoas acreditavam naquilo que estavam fazendo. Muitas coisas acabaram não dando certo, mas o que temos que pensar é para a frente, positivamente, em motivar a torcida e fazer o torcedor colorado acreditar, para que a gente consiga sair dessa situação muito difícil. Qualquer outro inventário que a gente deva fazer, fica para depois que terminarmos todo esse episódio”.

Interfere na escalação do time

“Eu nunca interferi na escalação, em relação a qualquer treinador. Acho que o treinador é quem tem que definir as questões da equipe e ao dirigente cabe dar condições ao elenco e à comissão técnica de desempenhar os seus trabalhos”.

Conflitos de interesses como dirigente e trabalhando para um Fundo de Investimentos no futebol

“É um conflito de interesses e a primeira pessoa a destacar isso, fui eu, no dia em que aceitei o convite do presidente Píffero. Entretanto, estamos vivendo um momento atípico, um estado de emergência, e por isso eu concordei e me afastei momentaneamente dos meus compromissos com o Fundo. Seria incompatível eu trabalhar no que faço e seguir no Clube. Não seguirei, em hipótese alguma, depois que terminar essa empreitada para a qual fui convocado pelo clube como um todo, pelo presidente e pelos órgãos da entidade. Repito, é incompatível e fui o primeiro a declarar isso”.

Modelo de gestão está falido no Brasil com amadores

“Os clubes chegaram até aqui, a maioria com mais de 100 anos de atividade, sendo dirigidos por “amadores”. Acho que a vida nos propõe sempre avanços a uma forma de gestão com profissionais e com os “amadores”, principalmente na gestão das questões políticas do clube. Sempre vai ser a melhor forma de administrar um clube de futebol do tamanho do Inter, dos clubes de massa do país. Acho que um caminho importante que nós deveríamos seguir para esses clubes, seria remunerar os dirigentes, prevendo isso no estatuto. Quem está dizendo isso é alguém que não vai mais voltar a trabalhar executivamente, nem vai mais ser candidato à presidência. Acho que, para o futuro de todos os clubes, a profissionalização com os próprios dirigentes seria o melhor caminho”.

Situação financeira do Inter é dramática

“Não. A situação do Inter é difícil, mas não dramática. O Clube tem todas as condições de levar adiante seus projetos e ser competitivo na sequência da sua história”.

Carvalho presidiu o Inter de 2002 a 2006. Nas suas gestões, o Inter conquistou a Libertadores da América, Mundial de Clubes e quatro títulos estaduais. Para escapar do rebaixamento, o Inter ainda enfrentará Ponte Preta e Cruzeiro em casa e Corinthians e Fluminense, fora.


Ceará se declara ao Inter e vê time na final da CBrasil e sem rebaixamento
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Alexandre Praetzel

O Inter abre as semifinais da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, contra o Atlético-MG, no Beira-Rio. Em condições normais, seria um momento de comemoração, mas o Inter luta ainda para escapar do rebaixamento à Série B do Brasileiro com 37 pontos, na 15ª colocação. O blog conversou com o lateral Ceará, campeão da América e do Mundo, em 2006, sobre essas duas situações e as causas que levaram a equipe a enfrentar dias difíceis, recentemente.

Por que o Inter chegou nesta situação complicada no Brasileiro

“Na verdade, o Inter se colocou nesta situação devido aos maus resultados acumulados, durante várias rodadas. Foram 14 ou 15 rodadas sem vencer e isso acarretou neste momento, nesta situação que nos encontramos. Você ficar tanto tempo assim sem vencer um jogo, é muito difícil. Para qualquer outra equipe seria uma situação bem complicada. O ponto positivo é que a equipe começou nesta descendente, quando estava ali em primeiro lugar, no topo, e depois começou com os maus resultados. Mesmo ficando tanto tempo sem vencer, ainda a gente conseguiu não se afundar tanto e tendo possibilidade de sair desta situação adversa, tanto é que nós estamos fora da zona de rebaixamento, no momento, com possibilidades concretas e palpáveis de deixarmos esta zona da degola e nos distanciarmos cada vez mais. Então, é focar realmente no que vem pela frente e esquecer as coisas ruins que passaram. Infelizmente, a gente não poderá mudar o passado. Estamos olhando para a frente para que a gente possa mudar o futuro, que são os jogos que virão para que o Inter permaneça na primeira divisão”.

Pressão maior sobre Ceará e Alex pelas vitórias no clube

“Eu e o Alex temos uma história vitoriosa no clube. A minha primeira passagem foi vencedora com três conquistas relevantes como Libertadores, Mundial e Recopa Sul-Americana e o Alex esteve presente nessas conquistas e voltou em outros momentos. Realmente, é uma história gratificante. Porém, a pressão é distribuída, mesmo que não seja de uma forma igual, mas é uma pressão coletiva e nós por sermos mais experientes e por termos histórico positivo no clube, a gente se pressiona demais. Nós atletas, temos auto-análise, nos pressionamos e cobramos por rendimento dentro ou fora de campo, no vestiário. Então, nós tentamos ser participativos de uma forma mais assídua nos bastidores para que o coletivo, os jogadores, de uma forma geral, estejam aptos para jogar, dando o melhor de cada um. Nos sentimos nessa responsabilidade de contribuirmos tanto dentro de campo com nosso talento e fora com experiência e comando, com a experiência que a nossa carreira nos concedeu”.

Inter tem time para ganhar a Copa do Brasil

“Nós temos um elenco qualificado. Já demonstramos isso nas duas etapas anteriores da Copa do Brasil contra Fortaleza e Santos. Mesmo tendo jogado a Copa do Brasil e, paralelamente, os jogos do Brasileiro, nem por isso a equipe teve uma perda de rendimento. Pelo contrário, houve um período que a equipe cresceu de uma forma geral. Começou a demonstrar um pouco de confiança e conseguiu os resultados positivos. Então, dentro desta perspectiva, do momento atual da equipe, nós acreditamos que temos qualidade no grupo para conquistarmos a Copa do Brasil e iremos em busca disso. Os jogadores que entrarão em campo neste jogo contra o Atlético-MG, certamente vão se doar ao máximo com o objetivo de vencer e fazer um grande jogo para tentarmos passar à final, algo que faz um bom tempo que o Inter não disputa, desde que foi campeão, em 1992, e vice, em 2009. Nós queremos continuar marcando história no clube e se Deus quiser, com mais uma conquista significativa”.

Dez anos depois, principais mudanças para melhor ou pior no clube

“Depois de dez anos da minha primeira passagem, a primeira mudança foi o tamanho que o clube alcançou em nível de estrutura, respeito dos adversários, a grandeza que o clube tomou nacional ou internacionalmente, isso é notório e foi a grande mudança depois das conquistas, que eu tive o privilégio de participar. Outra coisa é a montagem de equipe. Hoje, o clube tem muito mais recurso para montar uma equipe qualificada. Financeiramente, tem mais respaldo para cumprir com seus compromissos e lutar com outras equipes do Brasil por um jogador ou outro e muitas vezes, ganhar essa concorrência. É relevante e importantíssimo para um grande clube que quer realmente conquistar títulos. Negativo, não vejo nada importante. Obviamente, que todo crescimento exige que todos os departamentos acompanhem esse crescimento e o clube cresceu, então os departamento precisam estar à altura do clube. Isso é uma exigência que o crescimento traz para o clube, funcionários. É o que tem ocorrido. Uma vez que os títulos nacionais e internacionais não aparecem, existe a cobrança muito grande, segundo o tamanho da instituição. A pressão e a cobrança exagerada por título é o ponto negativo que a gente vê. Então, são esses dois lados da moeda que eu destacaria”.

Permanece no Inter na Série A ou B

“Eu tenho convicção de que permanecerei no clube. Tenho contrato até o final de 2017 e fiz esse contrato com a perspectiva de permanência. Eu não cogito a possibilidade de rebaixamento. Eu creio que o Inter permanecerá na Série A e eu estarei com o Inter porque o meu coração está inclinado para ele, não só na questão profissional, mas realmente a paixão. Tenho a paixão por esse clube, sou torcedor do Inter e permanecerei, independentemente, das circunstâncias, situações favoráveis ou não. Vou cumprir o meu contrato e pretendo encerrar minha carreira aqui no clube. Não sei quando isso acontecerá, mas no tempo oportuno, adequado, eu vou encerrar minha carreira. Pretendo e creio que isso vai acontecer aqui no Internacional”.

Ceará está com 36 anos e voltou ao Inter, no início do segundo turno do Brasileiro, contratado do Coritiba. Sua permanência só ocorreu, após a chegada de Fernando Carvalho à diretoria, impedindo a saída do lateral, depois de ter sido reprovado nos exames médicos com um problema muscular leve. Até hoje, Ceará é lembrado pela grande atuação contra o Barcelona, marcando Ronaldinho Gaúcho, na final do Mundial de Clubes, em 2006.