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Grêmio é favorito contra o Barcelona. Luan sobra entre os semifinalistas
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Alexandre Praetzel

O Grêmio é favorito para passar pelo Barcelona de Guaiaquil, nas semifinais da Libertadores da América. Digo isso pelo grupo de jogadores que o Grêmio montou, talvez o melhor dos últimos dez anos, quando disputou a decisão em 2007, perdendo para o Boca Juniors-ARG.

É verdade que o time teve queda de produção, desde que Luan se machucou e ficou ausente por mais de 30 dias. Priorizou a Libertadores em vários momentos e perdeu a grande chance de disputar o título brasileiro em igualdade com o Corinthians, com uma equipe superior. Agora chegou a hora da verdade para o tricolor. Renato Portaluppi foi campeão da Copa do Brasil no ano passado, mas não conseguiu levar o Grêmio ao bicampeonato, parando no Cruzeiro, nas semifinais da atual temporada. Armou um time com um futebol vistoso e competente, até a metade do ano. Aí, parece que as ideias estagnaram. Pedro Rocha foi negociado com o Spartak da Rússia e o Renato demorou para encontrar um substituto ideal. Apostou em Fernandinho e a configuração tática ficou mais próxima da anterior.

Com Luan recuperado, parece que os próprios companheiros também retomaram a empolgação e os bons desempenhos. O Grêmio poderia jogar o melhor futebol do Brasil, mas foi ao Equador sem essa condição porque sofreu com o calendário nacional. Ainda assim, é superior ao Barcelona. Em 180 minutos, tem bola e time para eliminar os equatorianos, mesmo que o adversário tenha passado por Palmeiras e Santos, decidindo fora de casa.

Marcelo Grohe; Edilson, Geromel, Kannemann e Cortez; Michel, Arthur, Ramiro e Luan; Fernandinho e Barrios é a formação gremista. Todos os titulares presentes e um banco reforçado com Cícero, jogador acostumado a grandes confrontos e vice-campeão com Renato, no Fluminense, em 2008.

Renato foi o maior jogador da história do Grêmio. Ganhou a Libertadores e o Mundial em 1983 e foi vice-campeão da América, em 1984. Amadureceu como treinador e afastou um pouco a fama de boleirão. Mas ainda é contestado e sabe que um título continental pode transformá-lo em grande nome durante muitos anos. Parece que esse é o momento.


Corinthians perdeu a pegada e virou um time previsível, apesar da liderança
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Alexandre Praetzel

Escrevi aqui neste espaço, ontem, que o Corinthians entraria em campo pressionado pela primeira vez no Brasileiro, contra o Botafogo, no Rio de Janeiro. Líder com 59 pontos, o time de Fábio Carille sentiu a chegada próxima de dois rivais na classificação. Uma diferença que chegou a 12 e 14 pontos para Santos e Palmeiras, hoje caiu para seis pontos, com 24 a disputar e o confronto direto com o Verdão, em Itaquera.

Assisti atentamente ao jogo diante do Botafogo. O Corinthians teve alguns lampejos de qualidade, mas se mostrou bem distante do organizado conjunto do primeiro turno. A equipe perdeu a pegada e a recomposição rápida, características recentes muito fortes dos jogadores. Hoje, o Corinthians parece desgastado e previsível. Leva contra-ataques aos montes, com defesa exposta e meio-campo aberto, algo impensável anteriormente. É verdade que teve um pênalti a seu favor, não marcado pela arbitragem, mas em nenhum minuto foi superior ao Botafogo.

Relaxamento, falta de foco, soberba? Acho que não. O Corinthians chegou ao seu limite técnico. De um elenco limitado tecnicamente, que crescia com um jogo coletivo consistente, começou a padecer porque não conseguiu novas táticas e ideias, quando os adversários passaram a neutralizá-lo. E nomes normais, que viveram ótimas fases num time organizado, voltaram à realidade e caíram de produção, assim que começaram os tropeços. Óbvio que a vantagem ainda é boa. A questão é se o Corinthians irá conseguir administrá-la corretamente. Pegará Ponte Preta fora e Palmeiras, em casa. Poderá começar o confronto em Campinas, apenas três pontos à frente do Santos, que pega o São Paulo, sábado. Tudo é projeção, é verdade, mas o momento corintiano inspira cuidados. E isso se vê e ouve nas declarações de Carille.

Afinal, se o Corinthians perder o título mais ganho da história do Brasileiro, certamente se tornará também o maior vexame do nosso futebol interno. O que era inatingível, virou possibilidade, faltando oito rodadas.


Corinthians e Botafogo. Primeiro jogo com o líder mais pressionado
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Alexandre Praetzel

O Corinthians vive seus primeiros momentos de pressão no Campeonato Brasileiro. Entrará em campo nesta segunda-feira, sabendo que não pode perder para o Botafogo, tumultuando a campanha incontestável na competição.

Depois que fez 47 pontos em 57 disputados no primeiro turno, o Corinthians ficou tão distante de seus adversários, que parecia imbatível. Se falou até em título invicto, antes de perder para Vitória e Atlético-GO, duas equipes na zona de rebaixamento. Agora, parece que o Corinthians perdeu o encanto. Os números do segundo turno são ruins com três vitórias, três empates e quatro derrotas. Doze pontos ganhos em 30 disputados. A queda de produção do time é real e Fábio Carille não criou alternativas para a forma de jogar, já manjada pelos outros participantes.

Acho que o Corinthians será campeão e só depende de si. Até um empate será um bom resultado, subindo a vantagem para sete pontos, com 24 a jogar. O confronto será bem interessante porque o líder quer convencer e manter a tranquilidade diante de uma equipe muito comprometida, que busca a vaga direta para a Libertadores da América, em 2018.

Cássio; Fagner, Pedro Henrique, Balbuena e Guilherme Arana; Gabriel, Maycon, Rodriguinho e Jadson; Romero e Jô. Esta formação já foi considerada a melhor do Brasil. Eu nunca achei isso, mas a eficiência apresentada foi absurda. O coletivo sempre foi muito forte, superando as deficiências técnicas. Quando o conjunto não resolveu mais, a falta de qualidade apareceu com clareza.

Repito: o Corinthians só depende de si, mas nunca, em nenhum instante, entrou em campo enxergando os rivais logo atrás. Sempre tem a primeira vez. Resta saber se o Corinthians vai se abalar ou seguir sua caminhada tranquila rumo ao sétimo troféu de campeão. O Brasil estará de olho.


Inter voltará para a Série A. Time e elenco precisam de reforços
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Alexandre Praetzel

O Inter estará de volta à Série A do Brasileiro. Abriu dez pontos para o quinto colocado e cinco para o segundo, faltando sete rodadas para o fim da competição. Veremos em qual rodada isso irá se confirmar. Não fez mais que a obrigação. Começou de maneira irregular, com muitos altos e baixos, achando que atropelaria os adversários. Iniciou sua afirmação mesmo, nas últimas quatro partidas do primeiro turno, quando não saiu mais do G4.

O time é superior aos demais, tecnicamente, mas foi sofrível em algumas partidas. Fez apenas um ponto em seis disputados contra o Boa Esporte, por exemplo. Ainda passou dificuldades diante de CRB, Luverdense e Paysandu. Terá que ser reforçado para a Série A, em qualidade e quantidade. Do elenco atual, podemos fazer algumas observações.

-Danilo Fernandes é bom goleiro, mas demonstrou momentos de insegurança e até desatenção em alguns jogos. Acho que deveria ter uma sombra mais experiente, tipo Fernando Prass;

-Os laterais Cláudio Winck e Alemão gostam só de apoiar. São frágeis na marcação e não inspiram confiança. No lado esquerdo, Uendel é titular absoluto. Carlinhos não acrescenta. O jovem Iago deve ser o reserva imediato;

-Os zagueiros Victor Cuesta e Klauss podem seguir normalmente. O argentino mostrou que foi um bom reforço. Danilo Silva, Ernando, Léo Ortiz e Tales, são todos médios para baixo. Reservas e olhe lá;

-Rodrigo Dourado fez um campeonato muito bom, mantendo sua boa média. Charles serve para elenco. Edenílson precisa ficar. Camilo é bom jogador. Eu renovaria com D'Alessandro, mas sem deixá-lo como dono do time. Valdemir e Juan são apostas a longo prazo. O setor de meio-campo é o que mais precisa de reforços;

-No ataque, tentaria incluir Sasha em alguma troca. Tem mercado e interessados no centro do país. Pottker e Leandro Damião foram bem. Nico Lopez pode evoluir mais. No restante, Carlos, Diego e Joanderson, não mostraram muita coisa, quando escalados. Joanderson merece mais tempo.

Guto Ferreira é bom treinador e vai permanecer. O desafio será fazer o Inter não sofrer nem ameaça de rebaixamento, em 2018. Será obrigado a manter a equipe sempre entre as dez primeiras, para o pesadelo não voltar. É assim que funciona no futebol brasileiro, infelizmente. Afinal, historicamente, Inter e Grêmio se repetem em todos os títulos e derrotas e o Grêmio já caiu duas vezes para a Série B.


Santos, Modesto Roma Jr., Levir e um dia para esquecer
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Alexandre Praetzel

A sexta-feira do Santos foi cômica, para não dizer desastrosa. Levir Culpi e o elenco retornavam de Recife, após mais uma atuação fraca, e a diretoria definia a demissão do técnico nos bastidores. Levir caiu por algumas horas porque o presidente Modesto Roma Jr. e seus conselheiros de ''gestão'' estavam certos de que isso era o mais correto, tanto que Modesto não garantiu o treinador em nenhum momento, em entrevista coletiva pela manhã.

Sites e jornalistas de vários veículos cravaram a demissão do treinador, também porque o assessor de Levir, Adriano Rattman, publicou a saída do seu cliente na sua página do Facebook, escrevendo que Levir estava saindo com 60% de aproveitamento. Falei com Adriano e ele me respondeu que postou o texto, após ver as notícias divulgadas pela imprensa.

No meio da tarde, com a chegada da delegação ao CT Rei Pelé, jogadores pediram a Modesto para manter Levir. Sensibilizado, o presidente decidiu atender o pedido do grupo, esquecendo as más atuações da equipe nos últimos jogos e as declarações sem nexo do comandante do time. Modesto preferiu ser político, mas mostrou também grandes doses de amadorismo, brincando com a situação no pátio do CT, com atletas e Levir assistindo a tudo. Foi uma várzea, com respeito a ela mesma. O executivo Dagoberto dos Santos parecia não entender o que estava acontecendo. Modesto ainda lembrou do Dia do Fico(Dom Pedro I em 09 de janeiro de 1822) para perguntar a Levir, se ele permaneceria. O treinador, com sorriso amarelo, entrou na brincadeira.

Modesto é bonachão e cordato com as pessoas e jornalistas, mas parece não enxergar a grandeza do Santos com determinados atos. Era a hora de trocar de técnico. Foi político e sabe que a situação ficará insustentável, se o Santos não derrotar o Atlético-GO, neste domingo. Ainda relevou as pichações de ''torcedores'' nos muros do CT contra alguns atletas, tratando o assunto como democrático.

Parece perdido com a situação financeira delicada do clube e pensando apenas na reeleição. O Santos tinha tudo para encostar no Corinthians, mas faltou diretoria, claramente. Deixaram tudo na mão de Levir e as chances de título estão escorrendo pelos ralos. Uma pena. O Santos é muito, muito grande, para passar por tanto constrangimento num intervalo de 12 horas. Se terminar entre os quatro primeiros, tem que levantar as mãos para o céu.


Jogadores do Palmeiras apoiam efetivação de Valentim
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Alexandre Praetzel

Os jogadores do Palmeiras querem a efetivação de Alberto Valentim como técnico, em 2018. O blog apurou que o grupo de apoio é liderado por Edu Dracena, Fernando Prass, Moisés e Dudu. O atacante, inclusive, deixou sua opinião bem clara sobre o assunto, antes do jogo contra a Ponte Preta, acreditando que Valentim merece uma oportunidade.

Na diretoria, a questão ainda é debatida. Se o time continuar ganhando e incomodar o Corinthians, na reta final do Brasileiro, Valentim pode receber o aval de Galiotte e Mattos. Há a possibilidade de um pacto entre as partes para que o interino confirme sua eficiência com a sequência de bons resultados, confirmando, quem sabe, sua permanência no cargo de treinador.

Valentim é muito respeitado pelo elenco e há quem diga até que ele é muito amigo dos atletas, o que poderia atrapalhar uma efetivação. Mas se o trabalho for competente e houver a comprovação de que as coisas mudaram para muito melhor, Valentim ganhará crédito. As duas vitórias consecutivas com bons desempenhos do time, animaram bastante.

Com a renovação de contrato de Mano Menezes com o Cruzeiro, as chances de Valentim aumentaram bastante. Sem Mano, o Palmeiras não tem plano B imediato, abrindo a porta para segurar Valentim. Tudo vai depender dos próximos dias, dentro e fora de campo.


Victor Luís deixa futuro indefinido entre Palmeiras e Botafogo
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Alexandre Praetzel

O Palmeiras pode ter o retorno do lateral Victor Luís, em 2018. O jogador tem apresentado bom desempenho pelo Botafogo, emprestado até dezembro, mas tem contrato com o Verdão até o fim de 2019. Em entrevista exclusiva ao blog, o jogador deixou o futuro aberto, esperando o entendimento entre os dois clubes. No Botafogo, Victor é titular. Confira a seguir.
Qual a razão para teres virado destaque do Botafogo, na lateral-esquerda?
Acho que o grande segredo de tudo foi o ambiente. Me deixou com a cabeça leve. A evolução veio também com a sequência que eu tive. Como jogador, atuando contra grandes times. Foi o amadurecimento do dia a dia, esse foi o grande segredo.
Como defines Jair Ventura? Ele é o grande técnico do futuro no Brasil?
Com certeza. É um cara que tem a mente muito nova, colocando o que ele conhece sobre futebol. Estudado, amigo dos jogadores, tem o grupo na mão. É o técnico do futuro do Brasil.
O que faltou para o Botafogo ganhar um grande título em 2017?
Acho que nós fizemos o que poderíamos como jogadores e com todo o staff. Nós estamos dando o melhor, não pensamos em priorizar só um campeonato, mas sempre procuramos dar o máximo em todos os campeonatos. Não largamos o Brasileiro e ainda temos oportunidade de brigar em cima. Focamos sempre em dar o melhor. Nós precisamos disso, mas estamos na briga e isso nos deixa feliz.
Qual tua ideia sobre 2018? Ficas no Botafogo ou voltas para o Palmeiras?
Essa pergunta sempre respondo da mesma maneira. Não sei o que pode acontecer porque o Botafogo tem a opção de compra. Então fica entre as duas partes. O jogador é o que menos tem o poder. Tem a relação entre os clubes e será decidido entre eles, para definir meu futuro. Deixei na mão deles porque tenho certeza que estarei num grande clube, independentemente do lugar.
Pode acontecer uma troca entre os dois clubes: você e Gatito?
Sinceramente, não sei. Desconheço. Até mim não chegou nada de uma possível troca. Está na mão dos dois clubes. Realmente não chegou nada a mim sobre isso.
Faltou paciência do Palmeiras para você ser titular do time?
Olha, acho que eu não era totalmente maduro ainda. Além de ser um mau momento de 2014, nós da base, João Pedro, Renato e Nathan, não escolhemos momento para subirmos. Na medida do possível, por ter acabado de subir e ter assumido a responsabilidade de ter jogado partidas importantes e manter o Palmeiras na Série A, nos colocou no cenário e trouxe amadurecimento, mas foi um pouco difícil estar jogando naquela situação. Em 2015, vi que não teria muitas oportunidades, preferi ser emprestado para ganhar experiência em outro clube. Fui para o Ceará e cresci como jogador e homem. Foi assim em 2016 e 2017. Me sinto bem melhor como jogador e pessoa e aprendi muito.
O que será decisivo para você definir teu futuro, por favor?
Acho que não tem porque ter pressa. São dois grandes clubes, não falo isso para fazer média. Realmente, deixei nas mãos dos clubes, mas quero ter a oportunidade de estar atuando e jogando. A realidade é essa, é o que eu realmente sinto,  independentemente onde for. Tenho a tranquilidade de trabalhar num lugar excelente.

Botafogo voltou a ter um pensamento grande e o respeito de todos os adversários?

Acho que esse crescimento que tivemos, as pessoas voltaram a respeitar mais o Botafogo. Isso foi mostrado e conquistado com dedicação, trabalho, respeito da diretoria e staff de todo o Botafogo. Fazendo nossa parte, conquistamos o respeito a partir do trabalho de todos no clube.

Aos 24 anos, Victor Luís já fez 76 jogos e dois gols pelo Botafogo, nas duas últimas temporadas. Em 2015, emprestado ao Ceará, disputou 27 partidas e marcou três gols.

Ontem, o Botafogo empatou com o Avaí, em Florianópolis. Tem 44 pontos, na sexta colocação do Campeonato Brasileiro. Segunda-feira, recebe o Corinthians, no estádio Nilton Santos.


A tristeza em ver o abismo do futebol europeu sobre o nosso. Outro esporte
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Alexandre Praetzel

Todos que me acompanham sabem que gosto muito de futebol, principalmente, o futebol bem jogado. Não sou resultadista e gosto de observar o trabalho dos profissionais, antes de tirar conclusões precipitadas. No momento, sou um crítico do futebol brasileiro. A bola está sendo mal tratada. Contamos nos dedos, quantos jogos muito bons, conseguimos ver em 2017. E aí me deparo com o que acontece na Europa. É outro esporte.

Óbvio que o abismo financeiro entre os continentes nos transformou em exportadores de bons pés de obras, enquanto ficamos com o restante. Mas nessas ''sobras'', há gente boa e sempre vai haver porque ainda conseguimos produzir em quantidade, mesmo com as más e péssimas gestões e interesses na base e nos times de cima.

Agora, dá um desânimo comparar um grande europeu com um do mesmo porte no Brasil. Ontem, parei para ver Manchester City e Napoli, pela Champions League. Ainda, acompanhei Real Madrid e Tottenham também. Napoli e Tottenham são médios europeus, mas surrariam qualquer gigante brasileiro. Não só pelos nomes, mas muito mais pelas formas de atuar, com desenhos táticos bem desenvolvidos em relação aos trabalhos dos nossos treinadores.

Ah, mas eles têm os melhores à disposição, é o papo diário por aqui. Nem sempre. Vemos times pequenos com propostas de jogo, dentro das suas condições técnicas, muito superiores a grandes da Série A. Paramos no tempo. Paulo Autuori falou aqui neste espaço que o futebol jogado no Brasil é fraco. E está coberto de razão. Quem não enxerga isso, está na contramão da história.

Por exemplo, depois do banho europeu, fui ver Boa Esporte e Inter, pela Série B. Uma pelada do tamanho do Rio Grande do Sul. O Inter viajou de voo fretado, teve uma semana para treinar e mostrou um futebol de quinta categoria. Tem um elenco com folha salarial de R$ 7 milhões e tinha obrigação e elenco para derrotar o Boa, que não treinou de sábado até segunda, indo direto para o jogo. Estou falando de um dos 12 grandes brasileiros. E surgem desculpas de todos os lados. Nossos técnicos não apresentam nenhuma novidade. Há um protecionismo aos atletas, que desempenho hoje não faz muita diferença. O que importa é o ponto ganho. É muito pouco.

Vi e convivi com ótimos jogadores e dirigentes, mas é preciso um debate geral sobre o futebol que se pratica nos primeiros escalões. Se não, nossos campeonatos perderão interesse, cada vez mais. E isso passa necessariamente pela CBF, exclusivamente preocupada com a Seleção Brasileira.

Mas será que os presidentes dos principais clubes estão preocupados? Eles ficam nos cargos durante seis anos, no máximo. Jogam tudo por títulos, mas lavam as mãos quando questionados sobre o modelo atual. Em 2018, o calendário começa dia 17 de janeiro, com os Estaduais, em meio à Flórida Cup, pré-Libertadores e Libertadores da América. Em São Paulo, a Federação convenceu os dirigentes com gordas cotas de transmissão e ninguém critica o aperto de datas. E assim segue, com um declínio técnico ano a ano e com a maioria dos futebolistas culpando o imediatismo, as análises da imprensa e a pressão dos torcedores nas redes sociais. Não enxergam o problema num todo.


Autuori reclama do futebol jogado no Brasil: “temos de parar e refletir”
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Alexandre Praetzel

Paulo Autuori não é mais técnico de futebol. Transformou-se em um gerente-executivo para coordenar e apoiar os trabalhos das comissões técnicas do Atlético-PR, em quatro categorias. Autuori entende que é uma função nova, mas totalmente distante de negociações e envolvimento com contratações. Em entrevista exclusiva ao blog, Autuori valoriza demais a gestão do Atlético-PR, prevê um futuro de protagonismo para o clube paranaense e critica os rumos do futebol brasileiro, longe do bom momento da seleção brasileira. Confira a seguir.

A qualidade duvidosa dos times brasileiros lhe incomoda, principalmente, no Campeonato Brasileiro?

Ano passado, mesmo fazendo uma boa campanha, eu cansei de falar que o campeonato estava em um nível para baixo. Aí as pessoas, infelizmente, criticam. É hora de nós fazermos uma auto-análise e vermos né. Então, a responsabilidade ela tem que ser compartilhada e nós temos a nossa. Não dá para se esconder disso. Não dá para as partes ficarem jogando, sacudindo a água do capote, umas para as outras. Temos, de uma forma geral, parar e refletir e pensar que o futebol brasileiro não é seleção brasileira, que está fazendo um excelente trabalho pelo ótimo e a excelência do Tite, inteligência dele de saber utilizar os jogadores de fora. Então, os treinos dele são nos clubes, trabalha com conceitos atuais. Esses jogadores já sabem exatamente aquilo que devem fazer porque fazem nos seus clubes. Então, é mérito total do Tite, mas o futebol brasileiro não é a seleção brasileira. Nós temos muitos problemas aqui, temos que parar, refletir, pensar. Agora, isso é uma responsabilidade de todos.

Essa função de diretor-executivo está lhe agradando?

Não, eu não sou diretor-executivo. Eu trabalho junto com as comissões técnicas Sub-15, Sub-17, Sub-19 e profissional. Eu não quero, não participo de negociações, né cara, não tenho essa figura. Não é para mim, é uma coisa que eu, particularmente, não quero fazer, deixei isso claro. Então, é muito mais na parte técnica, o que tem a ver com o futebol, aplicação naquilo que a gente entende que deve ser no clube, como um todo.

Foste convidado pelo Atlético-MG? Não tem nada?

Não, não. Não tem nada, Fico feliz porque não estou nem um ano nessa função. Acho que é a necessidade que tem de pessoas que são do futebol, que já estão no futebol, vivenciaram muitas situações positivas, negativas, que têm a ver com a gestão de pessoas, de saber lidar. Acho que é uma função carente no futebol brasileiro, estamos confundindo isso com diretor-executivo, é uma função completamente diferente de gerência, muito mais abrangente do que aqueles que têm que estar próximos, facilitando o trabalho dos técnicos, porque tudo cai no trabalho dos técnicos. Então tem que ter alguém que possa dar a cara também e dizer, pera aí a culpa não é do técnico não, se é dele, é minha também, entendeu. É isso que eu tento fazer, exatamente aquilo que sentia falta e que todos os técnicos brasileiros, no fundo, sentem.

Técnicos tiveram tempo para trabalhar na parada das eliminatórias e os times pioraram, na maioria. Isso incomoda também?

Eu acho que aí, nós temos que fazer uma reflexão mais profunda. Eu te digo isso pelo seguinte. Você joga, joga, quando você tem uma semana ou dez dias cheios, dois dias é para você recuperar da quantidade de jogos que se teve, na primeira semana livre que se teve. E ao aproximar o jogo, na véspera você não faz muito. Não vamos dizer que em sete dias, você vai ajeitar, entendeu? E a outra coisa é a falta de rotina de você ter uma semana toda. Então, há uma necessidade grande de dar uma relaxada em relação a sequência de jogos que é a realidade, na maior parte do calendário brasileiro. A partir do momento que isso for uma constante ao longo de todo o campeonato, só agrupar em alguns momentos como acontece na Europa, porque às vezes muita gente fala, lá na Europa também se joga. Se joga, mas você sabe exatamente onde esses jogos irão se acumular e você se prepara minimamente, para isso aí. Então, é uma análise profunda, é isso que a gente precisa, refletir com todos os segmentos do futebol. Não é que um tenha razão, outro não. E a gente fica brigando entre nós. No fundo, como é que o espetáculo fica? Fica desta maneira que está com cada um tentando passar uma imagem que não é o responsável e deveríamos todos com humildade, refletir. Uma coisa para ficar muito clara. A Alemanha sempre foi muito vitoriosa em relação a clubes e seleções e parou para refletir. Pera aí, cara. Mesmo ganhando títulos, não é assim que a gente quer. E por que a gente não faz a mesma coisa? Porque somos arrogantes , não temos a humildade necessária de entender. Nós queremos dizer a Venezuela não é nada. Comparar com a gente? É covardia comparar com a Venezuela. Tem que comparar a Venezuela com eles mesmos. Estou dando apenas um exemplo. Então, eles evoluíram porque a comparação é deles com eles mesmos. Então, a gente tem que comparar conosco mesmo, o que fazemos hoje e o que fizemos ao longo da nossa história.

O ex-presidente Petraglia disse que em dez anos, o Atlético será campeão do mundo. O Atlético ainda é um time médio? Falta alguma coisa?

Quando ele falou, ele falou claramente que quer preparar a equipe para poder estar envolvida na disputa por um título mundial. E isso aí é um desafio com essa excelência que o clube tem em termos de infraestrutura, organização e metodologia, é fazer o futebol do clube ser feito com essa excelência. Mas isso é muito complicado, é um processo. Até porque as equipes do Atlético sempre se caracterizaram por jogar defendendo e saindo. E agora a ideia, de trabalhar o futebol todo, é para ter uma equipe que possa ter o controle do jogo, ser protagonista e não ser coadjuvante. Esse é o grande desafio dos profissionais que lá trabalham e da gestão. A gestão é exemplar. Eu posso assinar embaixo que é a melhor que eu já vi, em relação a trabalho. Em 20 anos, deixou de ser praticamente um clube de bairro para ter hoje um patrimônio espetacular, o único clube que tem uma arena própria. Amanhã, posso sair do Atlético, mas vou continuar falando exatamente isso. O futebol brasileiro precisa de gestões dessa maneira. O que se passa dentro de campo, aí é jogo de futebol, é outra situação.

Fabiano Soares foi uma indicação tua?

Fabiano é um treinador que foi bem na Europa e eu estou, como estava para o Eduardo Baptista, por isso me afastei um período do clube, porque acho que você deve começar e acabar um ciclo. Depois, se analisar e ver se foi bom ou se foi mau. Acho que isso não acontece no futebol brasileiro. Então, desde que o Eduardo assumiu, eu falei: na hora que ele saísse, eu sairia. Foi o que eu fiz, né. Saí, fiquei fora, tive alguns convites, o próprio presidente Petraglia e o presidente Salim souberam, alguns clubes entraram em contato com eles. Não havia motivo para eu sair do clube, estava bem, apenas em uma situação, prometi a mim mesmo quando eu estivesse nessa função, se o técnico saísse, eu sairia também, porque acho que é uma covardia jogar a culpa sempre nos técnicos.

Paulo Autuori está com 61 anos e treinou o Atlético-PR, em 2016. Mudou de função e apoiou a chegada de Eduardo Baptista, saindo do clube, quando Eduardo foi dispensado. Voltou em seguida, em um acordo com a diretoria. Como técnico, foi campeão brasileiro pelo Botafogo, ganhou duas Libertadores da América por Cruzeiro e São Paulo e foi campeão mundial interclubes pelo tricolor, em 2005.


Destaque do Bahia, Zé Rafael admite que seria bom atuar no futebol paulista
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Alexandre Praetzel

Zé Rafael, meia do Bahia, tem mostrado qualidade, defendendo o time no Campeonato Brasileiro. Aos 24 anos, tem sido monitorado por grandes clubes do Brasil. O blog apurou que Zé Rafael já teve seu nome citado no Palmeiras, Corinthians, Santos e Inter. O jogador bateu um papo rápido com o blog. Acompanhem a seguir.

Você está sabendo do interesse de três grandes de São Paulo no teu futebol?

Não, eu acho que isso são especulações que saem aí na mídia, né. E não dá para falar muito, antes do campeonato acabar. Eu acho que, minha cabeça também está no Bahia, tenho ainda contrato para cumprir. Antes do fim do campeonato, até agora não deram certeza de nada. Só especulação mesmo, continuar trabalhando para que as coisas possam acontecer no futuro.

Bahia é uma marca do futebol brasileiro, mas jogar no futebol de São Paulo, seria muito bom?

Ah, sem dúvida. Acho que é o maior centro do nosso futebol brasileiro. Então, tem que pensar mesmo duas vezes, se tiver oportunidade. Apesar do Bahia ser uma grande equipe e ter me dado essa oportunidade, a gente sabe que o futebol é muito dinâmico e passa rápido, então não tem muita escolha.

Zé Rafael tem contrato com o Bahia até dezembro de 2019. Revelado pelo Coritiba, nunca teve grandes chances na equipe. Apareceu bem no Londrina, na Série B do Brasileiro, em 2016. Fez 42 jogos e oito gols. No Bahia, disputou 51 partidas e marcou cinco gols.

Na Série A, o Bahia chegou a 35 pontos, na décima colocação, após derrotar o Corinthians por 2 a 0, em Salvador.