Aranha elogia Sheik por futebol de 600 mil e não vê absurdo em queda do SP
Alexandre Praetzel
A Ponte Preta abre hoje as oitavas-de-final da Copa Sul-Americana, enfrentando o Sport, em Recife. Será mais uma tentativa de buscar o primeiro título da sua história. Ao mesmo tempo, o time não descuida do Brasileiro, onde tem 28 pontos, dois acima do Vitória, 16º colocado na classificação. O blog entrevistou o goleiro Aranha sobre o momento da Ponte, a pressão por uma conquista, a disputa com o São Paulo e a presença de Emerson Sheik no elenco. Confira.
Pelos jogadores que a Ponte tem, é correto afirmar que não tem como o time ser rebaixado?
Ninguém pode cravar isso, né. Mas a gente tem caminhado bem. Durante o campeonato inteiro, a gente não entrou em momento algum na zona de rebaixamento. Isso é muito importante. Se a Ponte fizer o dever de casa, as coisas continuam tranquilas. Eu acho que é bom quando o treinador tem muitas opções para usar no elenco. Então, as vezes acaba faltando isso para a Ponte. A Ponte tem um grupo de bons jogadores, mas a gente sabe que tem momento que alguém vai machucar, sentir uma lesão, tomar cartão, estar mais cansado. É bom você ter mais peças à altura para repor. Mas a gente está sendo feliz, no critério de contratações da Ponte. São jogadores que brigam bastante o tempo todo, que têm qualidade e isso tem nos mantido vivos no campeonato.
É difícil disputar o Brasileiro com a desvantagem financeira e estrutural, em relação aos maiores adversários?
É bem complicado. A Ponte, graças a sua diretoria, tem feito um trabalho muito bom. Isso não é da boca para fora. Tem salário em dia. É uma obrigação? É, mas a gente sabe que alguns clubes não procedem assim. Tem um CT bom, estádio bom. Agora, não estamos em nível de disputar em igualdade com as outras equipes como São Paulo. Mas a gente conseguiu o empate, contra muito mais torcedores e num gramado rápido, onde o São Paulo está acostumado a jogar. Isso é de se exaltar.
A cobrança por um título atrapalha demais? Todos carregam isso?
Com certeza. Quem assimila o que é a Ponte Preta, quem está aqui há mais tempo, sabe que esse peso a gente carrega, sim. Estivemos próximos várias vezes de conseguir, mas não foi esse ano. Quem sabe o ano que vem, a gente consegue tirar esse fardo aí e aliviar essa pressão e a Ponte possa dar mais um passo. Que venham mais investimentos para que a Ponte tenha maiores chances durante o campeonato.
Você acha que o São Paulo vai cair? Hoje, parece ser um concorrente direto da Ponte.
Eu não sei se é um concorrente direto, hoje, porque a gente tem uma certa distância(28 pontos contra 24). Vamos jogar em casa, a gente tem tudo para poder fazer o dever de casa, que é o que todo o clube pensa, sem desmerecer ninguém, mas quando o time joga em casa, se espera vitória e trabalha-se para isso. Mas eu acho que, como outras grandes equipes do futebol já caíram para a Série B, isso mostra o equilíbrio do campeonato. Não seria nenhum absurdo, se isso vier a acontecer com o São Paulo. Lógico, que entristece o torcedor, a gente que gosta de futebol, sabe da grandeza desse clube, do que representa. Não é bom para o nosso futebol, para o nosso país, para aquele que gosta de ver um grande jogo, um grande espetáculo, não é legal. Mas o futebol é assim. As vezes, você tem tudo certo e as coisas não acontecem.
Emerson Sheik tem sido importante, depois de estar livre no mercado? Você concorda?
Concordo. Vem vindo muito bem. Como eu disse, a Ponte tem um orçamento curto para fazer esse tipo de contratação. A gente sabe que existe o respeito de um jogador com o outro, quando ele tem bagagem, história no futebol, quando ele é conhecido, isso atrai torcedor. A garotada gosta mais do clube e os adversários respeitam. Ele está jogando em alto nível, não está “roubando” como a gente diz, na gíria do futebol. Está jogando com prazer, se dedicando muito. Com certeza, é um jogador diferenciado e talvez, em outra circunstância, a Ponte não teria dinheiro para contratá-lo. Então, ele veio, está jogando futebol para quem ganha 500, 600 mil.
Depois do confronto com o Sport, a Ponte recebe o Atlético-GO, sábado, pelo Brasileiro. Todos consideram a vitória fundamental, para escapar um pouco mais da ameaça de rebaixamento.