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Adilson Batista: “Cometi erros. Fiz o serviço sujo no Corinthians em 2010”
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Alexandre Praetzel

Adilson Batista surgiu como um dos bons treinadores do futebol brasileiro. Ex-jogador de qualidade e vencedor, Adilson perdeu um pouco de espaço no mercado, depois de algumas escolhas erradas. Seu currículo mostra trabalhos em grandes clubes como Grêmio, Cruzeiro, Corinthians, Santos, São Paulo e Vasco. Se destacou no Cruzeiro, com o vice-campeonato da Libertadores, em 2009, e dois títulos de campeão mineiro. Em entrevista exclusiva ao blog, Adilson avalia o momento dos treinadores brasileiros, os critérios para aceitar um convite e a disputa por uma vaga. Acompanhe a seguir.

Por que tu estás fora do mercado?

Primeiro, opção. Fazendo cursos, media training, coaching, liderança, gestão, curso na Universidade do Futebol. Fazendo licença A, Terminal Pro. Viajando também. Fui para vários países. Fui para Flórida Cup observar times da Alemanha. Agradeci alguns convites, quase acertei com alguns clubes. Às vezes, acontece de você ficar parado por opção. Já cometi erros e não quero repetí-los.

Que erros foram esses?

Vários. Assumir clubes em meio à temporada, com elencos diferentes do meu pensamento, em anos de eleições. Ir para clubes com rejeição. Faltou um pouquinho de carga de trabalho, o que pode dar um pouquinho a mais para um grupo que não é acostumado a isso. Erros todos temos e cometemos. Cabe não repetí-los.

Qual a ideia de um trabalho ideal?

Iniciar uma temporada num clube estabilizado com estrutura que tenha qualidade, ambição, bons jogadores. Fiz esse trabalho. Se você pegar, desde quando comecei, subi o Mogi Mirim com 64 equipes, fui campeão. Depois, no América-RN, Avaí, quase subi. Fiz bons trabalhos no Grêmio, Jubilo Iwata do Japão. Fiz ótimo trabalho no Cruzeiro e só lembram do Cruzeiro. No Santos, perdi um jogo e me mandaram embora. As passagens rápidas pelos três grandes de São Paulo, me marcaram negativamente. No Santos, não deixaram eu trabalhar. No São Paulo, empatei demais. Pós Muricy, ninguém teve sequência. No Corinthians, peguei um reflexo. Quem montou aquele time foi o Mano. Eu botei o Ralf, adiantei o Paulinho. Só que eu errei na carga de trabalho num grupo que não tinha característica para aquilo. Minha ideia era um time mais rápido. Eu fiz o serviço sujo no Corinthians. Teve que perder para o Tolima para ver que as coisas estavam dando errado. Trouxe o Thiago Heleno e isso mexeu com alguns que estavam algum tempo ali. Eu queria um zagueiro com maior recuperação e mais rápido. Se fosse hoje, eu não traria.

Qual o critério principal que um dirigente deve ter para contratar um técnico?

São vários. Comando, liderança, trabalho, currículo, experiência, metodologia. Hoje tem que ser multidisciplinar. As vezes, tu nem tens a possibilidade de ser entrevistado. Não tem que ir atrás de torcida. Quem tirou o Mano da Seleção? Foram as redes sociais. Infelizmente, tem muitos dirigentes vendo isso.

Existe união entre os treinadores? A gente vê que a categoria reclama muito, mas um cobiça o cargo do outro.

Eu acho que vejo hoje os profissionais se equiparando, se atualizando, buscando conhecimento, se comunicando, tendo respeito, valorizando a profissão. Não estou vendo ninguém esperando o colega cair. Olha a Chapecoense, vários recusaram. A gente tem que ter um pouco de critério, calma. Quando saí do Cruzeiro, Cuca foi na minha casa. Perguntou várias coisas. Quando assumi o Joinville, perguntei várias coisas para o Hemerson Maria. Hoje está havendo respeito com uma geração nova. Tem 100 profissionais fazendo curso. Em julho, mais 100. Mas só tem 20 nas Séries A, B, C. Fernando Diniz, por exemplo, não está trabalhando. O mercado é restrito mesmo. A gente perdeu um pouco de força lá fora. Pela própria Copa do Mundo. O leste europeu ganhou espaço porque os técnicos são mais baratos. Tem muita gente boa no Brasil. A gente tem que andar junto.

Adilson está com 49 anos. Seu último trabalho foi pelo Joinville, em 2015.


São Paulo. Em dez anos, de referência a clube igual aos outros
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Alexandre Praetzel

Estou na mídia esportiva de São Paulo, desde 05 de julho de 2007. Quando cheguei, enxergava o São Paulo como o maior Clube da América do Sul. Era campeão brasileiro e conquistou o bicampeonato com facilidade, naquele ano. Em 2008, bateu tricampeão, no final do ano. Então, de 2005 a 2008, foram três brasileiros consecutivos de pontos corridos, uma Libertadores, um Mundial Interclubes e um Paulista. Titulos buscados com gestão de futebol, coerência nas contratações e valorização dos profissionais.

Dez anos depois, o São Paulo mudou para pior de maneira impressionante. E acompanhei tudo. Não sou dono da verdade, mas posso listar algumas coisas que ajudaram nessa queda brusca e no jejum de troféus.

-Em 2009, o ex-presidente Juvenal Juvêncio deu um ''golpe'' no Conselho Deliberativo e ganhou de presente um terceiro mandato. Vários conselheiros apoiaram. Foi péssimo para o clube e vemos consequências até hoje. Tive oportunidade de dizer isso ao ex-presidente, na ocasião;

-O São Paulo não tem renovação de dirigentes. 124 conselheiros vitalícios dão as cartas e definem os rumos são-paulinos. Mudaram o estatuto com a promessa de profissionalizar as diretorias, mas os resultados são pífios. A oposição é fraca e inconsistente;

-O São Paulo era referência por saber contratar e ter se adequado mais rápido às mudanças da Lei Pelé. Contratava com critério e antecedência, sempre com time e elenco fortes. Hoje, contrata a rodo. Vários nomes chegaram e saíram, sem dar resposta e retorno ao São Paulo;

-Havia uma comissão técnica fixa com profissionais de altíssima qualidade. Na falta de resultados, a culpa caiu sobre eles. O São Paulo virou um moedor de técnicos. Nem Rogério Ceni aguentou;

-Uniformizados ganharam espaço. O São Paulo se gabava de não ceder às pressões. Só discurso. Hoje, a diretoria é parceira dos torcedores. Subsidia ingressos e abre as portas do CT, para constranger atletas e funcionários. Como se isso fizesse o time vencer. Falência diretiva;

Agora, Muricy Ramalho virou solução. Conversei há 15 dias com Muricy. Se prontificou a ajudar, mas deixou claro que não ocuparia cargo nenhum. Será uma espécie de consultor, próximo a Dorival Jr. Se ele não conviver com os atletas, pouco adiantará. O próprio Muricy é contra palestras motivacionais e auxílios de psicólogos. Acho pensamento mágico.

Acredito que o São Paulo precisa trabalhar e jogar bola. Dorival Jr. pode deixar o time mais forte defensivamente e mais competitivo. O fundamental é terminar em 16º lugar. Do jeito que está, nada indica que isso irá acontecer. Ah, e silêncio não traz futebol. De uma hora para outra, as entrevistas viraram culpadas. Tudo é um problema, menos os dirigentes. E eles não olham para eles mesmos.


Aranha elogia Sheik por futebol de 600 mil e não vê absurdo em queda do SP
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Alexandre Praetzel

A Ponte Preta abre hoje as oitavas-de-final da Copa Sul-Americana, enfrentando o Sport, em Recife. Será mais uma tentativa de buscar o primeiro título da sua história. Ao mesmo tempo, o time não descuida do Brasileiro, onde tem 28 pontos, dois acima do Vitória, 16º colocado na classificação. O blog entrevistou o goleiro Aranha sobre o momento da Ponte, a pressão por uma conquista, a disputa com o São Paulo e a presença de Emerson Sheik no elenco. Confira.

Pelos jogadores que a Ponte tem, é correto afirmar que não tem como o time ser rebaixado?

Ninguém pode cravar isso, né. Mas a gente tem caminhado bem. Durante o campeonato inteiro, a gente não entrou em momento algum na zona de rebaixamento. Isso é muito importante. Se a Ponte fizer o dever de casa, as coisas continuam tranquilas. Eu acho que é bom quando o treinador tem muitas opções para usar no elenco. Então, as vezes acaba faltando isso para a Ponte. A Ponte tem um grupo de bons jogadores, mas a gente sabe que tem momento que alguém vai machucar, sentir uma lesão, tomar cartão, estar mais cansado. É bom você ter mais peças à altura para repor. Mas a gente está sendo feliz, no critério de contratações da Ponte. São jogadores que brigam bastante o tempo todo, que têm qualidade e isso tem nos mantido vivos no campeonato.

É difícil disputar o Brasileiro com a desvantagem financeira e estrutural, em relação aos maiores adversários?

É bem complicado. A Ponte, graças a sua diretoria, tem feito um trabalho muito bom. Isso não é da boca para fora. Tem salário em dia. É uma obrigação? É, mas a gente sabe que alguns clubes não procedem assim. Tem um CT bom, estádio bom. Agora, não estamos em nível de disputar em igualdade com as outras equipes como São Paulo. Mas a gente conseguiu o empate, contra muito mais torcedores e num gramado rápido, onde o São Paulo está acostumado a jogar. Isso é de se exaltar.

A cobrança por um título atrapalha demais? Todos carregam isso?

Com certeza. Quem assimila o que é a Ponte Preta, quem está aqui há mais tempo, sabe que esse peso a gente carrega, sim. Estivemos próximos várias vezes de conseguir, mas não foi esse ano. Quem sabe o ano que vem, a gente consegue tirar esse fardo aí e aliviar essa pressão e a Ponte possa dar mais um passo. Que venham mais investimentos para que a Ponte tenha maiores chances durante o campeonato.

Você acha que o São Paulo vai cair? Hoje, parece ser um concorrente direto da Ponte.

Eu não sei se é um concorrente direto, hoje, porque a gente tem uma certa distância(28 pontos contra 24). Vamos jogar em casa, a gente tem tudo para poder fazer o dever de casa, que é o que todo o clube pensa, sem desmerecer ninguém, mas quando o time joga em casa, se espera vitória e trabalha-se para isso. Mas eu acho que, como outras grandes equipes do futebol já caíram para a Série B, isso mostra o equilíbrio do campeonato. Não seria nenhum absurdo, se isso vier a acontecer com o São Paulo. Lógico, que entristece o torcedor, a gente que gosta de futebol, sabe da grandeza desse clube, do que representa. Não é bom para o nosso futebol, para o nosso país, para aquele que gosta de ver um grande jogo, um grande espetáculo, não é legal. Mas o futebol é assim. As vezes, você tem tudo certo e as coisas não acontecem.

Emerson Sheik tem sido importante, depois de estar livre no mercado? Você concorda?

Concordo. Vem vindo muito bem. Como eu disse, a Ponte tem um orçamento curto para fazer esse tipo de contratação. A gente sabe que existe o respeito de um jogador com o outro, quando ele tem bagagem, história no futebol, quando ele é conhecido, isso atrai torcedor. A garotada gosta mais do clube e os adversários respeitam. Ele está jogando em alto nível, não está ''roubando'' como a gente diz, na gíria do futebol. Está jogando com prazer, se dedicando muito. Com certeza, é um jogador diferenciado e talvez, em outra circunstância, a Ponte não teria dinheiro para contratá-lo. Então, ele veio, está jogando futebol para quem ganha 500, 600 mil.

Depois do confronto com o Sport, a Ponte recebe o Atlético-GO, sábado, pelo Brasileiro. Todos consideram a vitória fundamental, para escapar um pouco mais da ameaça de rebaixamento.


Corinthians sob dúvida pela primeira vez. E jogadores sentem
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Alexandre Praetzel

O Corinthians fez apenas três pontos em 12 disputados, no segundo turno do Brasileiro. É verdade que a diferença para o Grêmio continua em sete pontos, número ainda confortável, depois da queda de rendimento do tricolor gaúcho. Se é verdade que o Corinthians caiu de produção, a situação se repete com seu principal adversário.

Agora, é inegável que as coisas mudaram um pouco. No primeiro turno, o Corinthians não precisava jogar bem para ganhar. Se fechava e matava os jogos por uma bola, um contra-ataque ou nos erros das outras equipes. Venceu algumas vezes com eficiência nas chances criadas e com forte suporte defensivo. Nos últimos quatro confrontos, viu três times atuarem de forma parecida e perdeu três vezes. Na vitória sobre a Chapecoense, conseguiu os três pontos nos acréscimos, após um nível técnico muito ruim, nos 90 minutos.

Jogadores mudaram o discurso, claramente. Pressão, sopa para o azar, decepção, foram termos utilizados por alguns nomes importantes como Cássio, Jadson e outros integrantes do elenco. Com 50 pontos, ainda parece claro que o Corinthians é franco favorito para conquistar o título, mas o time passou de indiscutível a comum, em menos de 30 dias. E isso incomoda. Gera dúvidas. Alimenta debates e põe esperanças nos outros participantes, entregues ao pessimismo, a cada triunfo anterior corintiano.

As duas próximas rodadas falarão muito sobre o andamento da competição. O Corinthians terá Vasco em casa e o São Paulo, muito pressionado, no Morumbi. Se os comandados de Fábio Carille tropeçarem novamente, é bem provável que Grêmio e Santos se aproveitem e encostem. De ambiente tranquilo, o Corinthians sente na pele, pela primeira vez, uma sequência ruim e questionamentos que determinam uma reação. Se isso não acontecer, o Corinthians pode sim, ser o primeiro time a perder um campeonato virtualmente ganho como esse, na era dos pontos corridos. E isso era impossível de dizer, há 40 dias. O futebol é impressionante.


Marcos Guilherme admite momento difícil, mas nega ambiente ruim no SP
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Alexandre Praetzel

O São Paulo tropeçou na Ponte Preta e permaneceu na penúltima colocação do Campeonato Brasileiro com 24 pontos. O tricolor tinha a vitória parcial de 2 a 0, na mão, mas permitiu o empate do adversário. Um péssimo resultado pelas circunstâncias da partidas e pela situação da equipe. O blog entrevistou Marcos Guilherme. O atacante chegou há pouco no clube, mas já sente os efeitos negativos do momento e da pressão sobre o elenco. Confira a seguir.

O que está faltando para o time? Parece que em alguns momentos, dá um apagão.

Sim, concordo. Acho que o psicológico está muito abalado porque estávamos com 2 a 0 no placar, um jogo extremamente controlado, a Ponte dando espaços… Então fizemos 2 a 0, era ficar com a bola e trabalhar, mas quando fizemos o segundo recuamos, demos campo para a Ponte e eles foram chegando, chegando. Aí com a expulsão, ficou mais difícil correr atrás. A gente estava um pouco cansado. Infelizmente, tomamos o empate.

O que dá para projetar com uma sequência contra Vitória e Corinthians?

Ah, o tempo está passando. Rodada a rodada a gente vem falando a mesma coisa, mas o tempo está passando. Então a gente tem de levantar a cabeça. O Lugano falou uma coisa bem legal no vestiário. Ou a gente abaixa a cabeça e deixa eles pisarem na nossa cabeça ou a gente levanta a cabeça, coloca o peito à frente e sai dessa. A gente tem duas opções. Cabe a nós decidir qual delas é a melhor.

O ambiente está ruim no vestiário, com a troca de farpas entre Cueva e Rodrigo Caio?

Não estou sabendo disso que você falou. Tem de ver o que aconteceu, mas o ambiente não é ruim. A gente tem conversado dia-a-dia, é palestra, é tudo, é mudança de treinamento. Então, é no jogo que está o problema. Tem de se doar mais, tem de vencer, vencer.

O problema do São Paulo não é emocional?

Eu acho que sim, um pouco que sim, porque 2 a 0 na frente, o jogo controlado, a gente não podia ter tomado dois gols da forma que foram. Então, o emocional pesou um pouquinho e isso não pode acontecer num momento como esse. Nós sabemos que quando a fase é ruim, as coisas ruins vêm de uma forma muito intensa. Não creio que o São Paulo vá viver o ano inteiro numa fase ruim. Nunca vi disso. Tem uma fase, mas passa. Nossa fase vai passar, creio nisso. Tem de treinar e trabalhar para sair logo.

Você vê sinais hoje de que o São Paulo está mais próximo do rebaixamento?

Não, claro que não. A preocupação é que, rodada a rodada, o campeonato está passando e a gente tem de vir aqui explicar todo jogo. Então, não pode. A gente tem de vencer o quanto antes para poder mudar o discurso, subir, sair dessa, para poder respirar. Realmente, é preocupante.

Marcos Guilherme tem dado conta do recado. Disputou sete jogos e marcou três gols. O São Paulo volta a atuar, domingo, contra o Vitória, em Salvador. É um confronto direto porque os baianos têm 26 pontos, dois a mais que o tricolor.

 


Só a força da torcida, não salvará o SP. Time não reage na pressão
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Alexandre Praetzel

Estive no Morumbi para acompanhar São Paulo e Ponte Preta. Novamente, a torcida tricolor deu um show, apoiando o time, durante os 90 minutos. O São Paulo fez um bom primeiro tempo e mereceu a vantagem, com bonito gol de Hernanes, cobrando falta. A Ponte Preta não ameaçou em nenhum momento.

No segundo tempo, quando o São Paulo fez 2 a 0, em gol de Bruno Alves, na falha do goleiro Aranha, o jogo parecia liquidado. Comentei com um colega, que o resultado poderia determinar a saída de Gilson Kleina, pressionado na Ponte. Afinal, o São Paulo estava encostando na própria Ponte Preta, na parte de baixo da classificação.

Aí, num lance, tudo mudou. A Ponte descontou no pênalti cometido por Jucilei e cresceu com a expulsão do volante. Com um a mais, a Macaca tomou conta da partida e transformou o Morumbi num cenário de apreensão e temor para os são-paulinos. O empate parecia questão de tempo e chegou com cabeceio fatal de Léo Gamalho. Antes, o centroavante já tinha exigido grande defesa de Sidão.

O resultado acabou sendo justo pelo que as duas equipes fizeram, quando tiveram oportunidades. Agora, com dez, Dorival Jr. demorou a recompor o meio-campo e ficou sem velocidade para o contra-ataque. Marcinho entrou, quando Gomez deveria ser o escolhido, para fortalecer a marcação e impedir o domínio da Ponte. O São Paulo ficou acuado e não teve saída de jogo.

Já vi grandes times serem rebaixados e o São Paulo mostra sinais claros de queda. A equipe tropeça contra concorrentes diretos e é forçada a buscar pontos diante de adversários muito mais qualificados. Hernanes carrega o São Paulo nas costas e os demais parecem anestesiados em momentos de pressão.

Para piorar, a troca de farpas entre Rodrigo Caio e Cueva, só revela como o ambiente interno não é legal, mesmo que Dorival e Hernanes tenham minimizado o episódio. Nestas horas, bons jogadores viram mais ou menos e os razoáveis se transformam em ruins. Fato é que o São Paulo luta, corre, mas empaca no Z4. Tem time para não cair, mas outros também tinham e foram rebaixados. Parece que chegou a hora do tricolor. Só a força do torcedor, não salvará. A ver.


Cueva é supervalorizado. Meia peruano precisa provar que é útil ao SP
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Alexandre Praetzel

Cueva virou debate no São Paulo, após atuações irregulares no segundo semestre de 2017. O peruano chegou ao Tricolor depois de ter bons desempenhos pelo Toluca-MÉX, na Libertadores da América, em 2016. Custou quase R$ 9 milhões e determinou a saída do ex-diretor de Luiz Cunha, contrário ao investimento na ocasião. O negócio foi encaminhado pelo ex-gerente de futebol, Gustavo Oliveira.

Particularmente, sempre achei Cueva supervalorizado. A carência no surgimento de novos valores no futebol brasileiro transformou jogadores sul-americanos em grandes reforços. E nem sempre é assim. Cueva foi bem no começo e se destacou no time médio do São Paulo, no Paulista de 2017. Depois, com confrontos mais difíceis pela frente, caiu muito de produção. Os torcedores que o defendiam passaram a vaiá-lo e o peruano mostrou falta de comprometimento em algumas partidas. Na seleção nacional, Cueva mostrou muito mais dedicação em relação à sua postura no clube.

Nesta semana, Rodrigo Caio elogiou o companheiro, mas lembrou que ele ''também precisa se ajudar'', num claro recado de que o grupo não passará a mão na cabeça caso Cueva não demonstre vontade em campo. Dorival Jr. o relacionou e deve confirmá-lo na reserva para enfrentar a Ponte Preta, neste sábado. É uma boa hora para Cueva calar a minha boca e a de outros críticos, caso seja utilizado.

Cueva já disputou 57 jogos e marcou 15 gols pelo tricolor. A média não é ruim, mas as últimas atuações deixaram muito a desejar. Quando Rogério Ceni foi demitido, o auxiliar Pintado deixou Cueva de fora do jogo seguinte, contra o Santos, por deficiência técnica. O empresário do atleta chegou a dizer que havia a possibilidade de Cueva ser negociado, por estar insatisfeito com o tratamento recebido.

Agora, veremos se Cueva tem capacidade de dar uma resposta positiva e retomar o futebol que chamou a atenção dos dirigentes são-paulinos. Hoje, é apenas mais um, num momento onde todos precisam aparecer.


Fábio merecia ser lembrado para a Seleção Brasileira. Há muito tempo
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Alexandre Praetzel

Assisti atentamente ao primeiro jogo entre Flamengo e Cruzeiro, na final da Copa do Brasil. Um confronto de muita pegada e pouca emoção. Algo normal em partidas tão decisivas. E nas raras chances ou finalizações a gol, apareceram os goleiros. E aí, cito Fábio, titular do Cruzeiro, desde 2005. Há quem diga que ele falhou no gol impedido do Flamengo. Não achei. E ainda mostrou segurança quando exigido, aparecendo na hora certa.

Fábio começou 2017, retornando de lesão e foi reserva de Rafael, até recuperar-se totalmente. Mano Menezes não pensou duas vezes em retorná-lo à condição de titular, quando achou necessário.

Fábio tem 716 jogos pelo time mineiro e não foi mais convocado para a Seleção Brasileira, após estar nos grupos da Copa das Confederações, em 2003, e Copa América, em 2004. Nos dois torneios, o Brasil era comandado por Carlos Alberto Parreira. Dunga, duas vezes, Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari e Tite, chegaram ao selecionado e não chamaram o goleiro, mesmo com desempenhos em alto nível pelo Cruzeiro.

Sou defensor de Fábio e gostaria de vê-lo na Seleção, assim como Emerson Leão, técnico e especialista na função, com quatro Copas do Mundo no currículo. Sempre estranhamos tantas ausências. Um dia perguntei ao próprio Fábio, a razão de não ser lembrado e a resposta foi direta: ''Não sei. Minhas atuações estão aí para mostrar'', afirmou, na ocasião, após um jogo contra o Corinthians, no Pacaembu.

Nos bastidores do futebol, já ouvi coisas como ''muito religioso'' e ''complicado de vestiário'', versões e boatos que surgem para rotular alguém ou agradar a quem não gosta do atleta. Um profissional que tem mais de 700 partidas pelo mesmo clube e dono da posição em 12 temporadas, merece muito respeito e crédito.

Por isso, sigo sem entender. Por que Fábio não é chamado para a Seleção? Se jogasse num time de Rio-SP, a tolerância seria maior? Fato, é que Fábio é mais um injustiçado no futebol brasileiro. Azar da Seleção.


Filho de Dorival Jr. prevê carreira solo e nega atritos com jogadores
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Alexandre Praetzel

O São Paulo trocou a comissão técnica para livrar o time da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Rogério Ceni e seus auxiliares estrangeiros deixaram o clube e Dorival Jr. assumiu, com o filho Lucas Silvestre como seu braço direito. Em entrevista exclusiva ao blog, Lucas falou do desafio de trabalhar com o pai, as cobranças da função, relacionamentos no vestiário e o futuro provável como treinador. Confira a seguir.

Como é trabalhar com o pai? O nível de cobrança aumenta ou diminui?

Como tudo o que acontece conosco, tem os dois lados. Se por um lado, eu pude ter uma facilidade maior para entrar no futebol e Trabalhar com o pai, me dá uma liberdade muito grande para poder introduzir pensamentos e exercícios, que eu não teria com outro treinador. Além de termos uma proximidade muito grande para podermos trocar ideias e fazer correções. Por outro lado, muitas vezes sofro com uma cobrança absurda que um profissional normal, na mesma área, não sofreria. Porém, eu sou uma pessoa que me cobro muito e busco um aprimoramento e aperfeiçoamento a cada dia, fazendo com que esteja sempre me corrigindo e melhorando sempre.

Existem prioridades diferentes no trabalho? Tu cuidas de alguma área específica?

Nós temos uma comissão técnica muito forte. Somos em quatro pessoas e cada um é muito forte em uma área importante para que a engrenagem funcione, sendo que todos são muito bons na parte mais importante do futebol, que é o relacionamento. Lidar com pessoas. O Celso(Rezende, preparador físico) é muito bom na parte física. O Leonardo(Porto, auxiliar técnico e analista) é o melhor que eu trabalhei, juntamente com o Maurício Dulac(ex-analista da Seleção Brasileira), na parte de análise de adversários e montagem dos treinamentos. Eu gosto da montagem dos treinamentos, planejamento da semana e execução dos treinamentos. Dorival consegue englobar todas essas características e com o diferencial na parte tática. E o diferencial da comissão do Dorival, acaba sendo o relacionamento com atletas e funcionários do clube, onde ele cobra e preza muito por isso. Minha função e do Leonardo é programar a semana, buscar exercícios que se encaixem no ponto que queremos dar ênfase e melhorar na semana, levando ao Dorival para que ele aprove ou altere alguma coisa. Durante os treinamentos, todos supervisionados por ele, eu atuo na execução do exercício e ele observa o trabalho e pontua as correções. Até no livro do Ferguson, ele fala que a partir do momento que ele saiu da execução, ele passou a enxergar os treinamentos de uma outra maneira e se atentar ainda mais ao que os jogadores necessitam. É exatamente isso que acontece conosco.

Como os jogadores te tratam? Alguém já te enxergou como o ''filho'' e evitou grande contato?

Eu sempre tive um relacionamento muito bom com os jogadores. Obviamente que quando você chega ao clube, o fato de você ser filho do treinador, acaba gerando uma desconfiança. Mas ela logo se acaba, pois os jogadores percebem que eu sou alguém como eles, que não existe sacanagem da minha parte e que minha função não é ser ''leva e traz'', e sim, alguém que irá ajudá-los a serem atletas e seres humanos melhores, após a minha chegada. Hoje, sete anos após minha primeira oportunidade, a desconfiança inicial é muito menor. É normal que quando você chega em um novo clube, os atletas que aqui estão, já conversaram com os amigos do clube anterior, e graças a Deus, até hoje as referências que os atletas passam, são boas e acabam fortalecendo ainda mais o trabalho.

Qual tua especialização?

Sou formado em Educação Física, tenho diversos cursos no currículo e estou aguardando algum dos nossos cursos para treinador de futebol serem reconhecidos pela UEFA, para que eu possa fazê-lo. Infelizmente, o treinador brasileiro está muito atrás dos treinadores dos outros países, por esse motivo. Não temos um curso no Brasil, que seja válido na Europa, onde até os treinadores argentinos possuem e nós, não. Mas minha maior especialização e que nenhum curso nunca me dará, é a prática no campo, a vivência no dia-a-dia, que cria situações diferentes para serem resolvidas em todos os momentos. Mas sou uma pessoa que busco conhecimento e estou o tempo todo pesquisando novas informações, como treinamentos novos, táticas diferentes, tentando encaixar no nosso trabalho.

Como vês o ambiente no São Paulo? Petros citou ''mudança de caráter''

Primeiro gostaria de falar como eu vejo o São Paulo FC. Um clube com uma organização absurda, onde tudo funciona. Com uma comissão técnica e um grupo de apoio disposto a fazerem tudo para o trabalho funcionar. Quando isso acontece, as coisas não podem dar errado. O presidente nos deu total apoio e respaldo, junto com o Vinícius, que na minha visão, é um dos melhores executivos do Brasil hoje, mesmo com pouco tempo de profissão. O ambiente aqui é de indignação com o momento do clube, as pessoas sabem que um clube como esse não pode viver a situação que está vivendo e eu garanto que nós vamos tirar o São Paulo FC dessa situação. O Petros é um profissional exemplar, de um caráter imenso e está sentindo demais esse momento, e certamente será com esse espírito que saíremos juntos dessa situação.

Como auxiliar, em quanto tempo uma comissão técnica deve apresentar resultados?

Pergunta difícil essa. Porque meu pensamento é diferente do que acontece no Brasil. O mínimo que você consegue avaliar o trabalho de um treinador, são seis meses e não consigo entender como os dirigentes podem ter convicção na contratação do treinador em janeiro e em março ele ser demitido do clube. E o pior, os treinadores são contratados pelo momento que estão no mercado e não pela filosofia e DNA do clube, ou pela maneira como a equipe atua, ou até pela característica dos jogadores contratados. Por isso, a questão é difícil de ser respondida e vejo hoje um momento preocupante do futebol brasileiro. O Brasil sempre teve dificuldade defensiva e sempre teve na criatividade dos atletas, o seu grande diferencial. Hoje, as coisas mudaram, melhoramos nossa parte defensiva e estamos tendo uma dificuldade muito grande para propor o jogo. Tanto que no Campeonato Brasileiro, a maioria das equipes tem jogado esperando o erro do adversário e poucas buscando propor o jogo. Fico preocupado com o que irá nos acontecer em alguns anos.

Houve legado dos auxiliares estrangeiros de Rogério Ceni? Notaste alguma diferença?

Sempre há um legado quando algum treinador passa por um clube. O legado varia de acordo com o ponto de vista de cada profissional, com a maneira que você pensa o futebol. Eu não tenho capacidade para avaliar o legado que o Michael Beale e a comissão anterior deixaram, porque não fazia parte do trabalho deles, mas certamente, pelo que ouvimos, deixaram muitas coisas no São Paulo FC.

São Paulo escapa com antecedência do Z4 ou lutará até o final do Brasileiro?

Para esse ano, a luta do São Paulo FC, será contra o rebaixamento. Porém, saindo dessa condição este ano, os atletas que aqui estão, sairão muito fortalecidos e com uma ''bagagem'' muito grande para 2018. Os próprios meninos que estão subindo agora e vivendo essa situação de adversidade, estarão preparados para qualquer situação que aconteça no ano que vem. Não tenho dúvidas que sairemos dessa situação. Não sei precisar quando, mas sairemos e estaremos fortalecidos para 2018.

É verdade que já tiveste desentendimentos com Vecchio no Santos e Jucilei no São Paulo?

Essa pergunta é muito importante, porque a pior coisa que existe é você ser honesto e ter que provar sua honestidade. Como eu respondi anteriormente, Dorival preza muito pelo bom relacionamento por parte dos membros da comissão técnica. Quem tem que dar bronca ou se indispor com atletas é o treinador, e não o auxiliar. Em sete anos de futebol profissional, eu nunca tive nenhum desentendimento com atleta e valorizo muito isso. Mas, infelizmente, pessoas desonestas usaram isso para prejudicar o trabalho no Santos, que vinha sendo tão bem feito e alguns jornalistas, sem confirmarem as ''notícias'' que foram dadas a eles, sem ao menos telefonar para mim, para dar um direito de resposta. Soltaram essas informações mentirosas, onde no início, eu tive que ficar desmentindo e com o tempo, eu percebi que o melhor a se fazer é deixar que falem. O meu trabalho tem que ser reconhecido pelos atletas, é com eles que eu passo a maior parte do meu dia. O que mais me impressiona são as pessoas que compram essas ''notícias'' mentirosas e dão sequência na ''informação'', sem ao menos confirmar com a pessoa envolvida. Mas, respondendo a pergunta, não tive problemas com Vecchio, não discuti com Jucilei, o Renan não veio tirar satisfação comigo. Até o Renan, que é meu amigo desde 2010, conseguiram inventar uma discussão. Está na hora do jornalismo esportivo parar de ser programa de fofoca de bastidores e começarmos a discutir um pouco mais do que é o jogo em si.

Pretendes seguir carreira solo?

Pretendo seguir e vou seguir. Sempre tive o sonho e o desejo de ser treinador e minha busca todos os dias é por isso, aprendizagem e aprimoramento, buscando no futuro, seguir minha carreira como treinador. Porém, não tenho pressa para que isso aconteça. Estou em fase de preparação e preciso ainda vivenciar algumas situações importantes para que esteja preparado para assumir a função. Não coloco prazo e não vou passar por cima de ninguém para que isso aconteça. Tenho os pés no chão para deixar as coisas acontecerem.

Aos 29 anos, Lucas Silvestre foi auxiliar de Dorival Jr., na comissão técnica do Santos. O São Paulo é penúltimo colocado no Brasileiro, com 23 pontos. Precisa de oito vitórias em 16 jogos, para escapar do rebaixamento, sem precisar de resultados paralelos.


Tinga: “Final entre Cruzeiro e Fla foi um presente para a Copa do Brasil”
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Alexandre Praetzel

O Cruzeiro está pronto para decidir a Copa do Brasil, a partir desta quinta-feira, contra o Flamengo. O time treinado por Mano Menezes chegou à final, após eliminar São Paulo, Chapecoense, Palmeiras e Grêmio, adversários da Série A do Brasileiro. O blog entrevistou o gerente de futebol, Paulo César Tinga, a respeito do ambiente do grupo, a gestão atual e as comparações com o Flamengo. Acompanhem a seguir.

Cruzeiro está pronto para ser campeão?

A gente está pronto como o Flamengo também está. Quem chega numa final, é por mérito. Nós temos méritos porque tivemos uma caminhada maior. Ganhamos de São Paulo, Chapecoense, Palmeiras e Grêmio. Todas equipes que chegam numa final têm méritos, mas é natural que seja 50% para cada um, numa final.

Como defines o Flamengo hoje?

Uma equipe forte, que chegou forte na final, assim como o Cruzeiro. São duas equipes extremamente vencedoras por todas suas histórias. Sempre com muita história de títulos. Jogaram só a primeira divisão. Foi um presente para a própria competição, chegar com duas equipes de qualidade e tradição no mundo todo, reverenciadas por todas suas histórias.

Achas que o Flamengo tem desvantagem, por Rueda ter chegado agora?

Não vejo desvantagem. Não gosto de analisar time e clube dos outros. Como trabalho, não tenho como analisar. Posso falar do meu treinador, que chegou mais uma vez por méritos, com bom trabalho. Não quero entrar em detalhes. Seria injusto comparar, porque um está há um mês aqui e o outro teve o trabalho integral.

Houve uma acomodação no clube, após o bicampeonato brasileiro em 2013 e 14?

Eu acabei saindo, não vivi 15 e 16. É muito difícil de falar. Com experiência de gestão, ganhar um ou dois brasileiros, é muito difícil. É natural que no terceiro ano, haja uma queda de rendimento. Tem que ter um cuidado muito grande. É importante saber ganhar. Nas vitórias, temos a tendência de estarmos estagnados. Pode ter acontecido, porque acharam que era o suficiente para ganhar. Nove meses trabalhando na gestão, é mais difícil fazer futebol pós vitórias, porque pode haver um relaxamento. Viver na vitória é como educar os filhos. É mais fácil educar o filho na falta das coisas. Quando está sobrando, você tem mais dificuldade em educar.

A gestão joga o ano no torneio?

Não costumo ver desta forma. Você pode estar gerindo tudo errado, de repente ganha e acha que tudo está resolvido. O inverso pode acontecer. A gestão tem que ser analisada no final da temporada, pesar na balança e ver os frutos. Tem que ver no final e comparar com o ano anterior. Estamos numa final da Copa do Brasil e brigando para chegar na Libertadores, pelo Brasileiro. Chegar numa final, no mínimo, é porque o trabalho está sendo bem feito.

Tinga foi bicampeão brasileiro como jogador, em 2013 e 2014. Hoje, ocupa a função executiva, desde o início do ano. O Cruzeiro venceu a Copa do Brasil em quatro oportunidades: 1993, 1996, 2000 e 2003. Na última vez, bateu o próprio Flamengo. Na ocasião, era treinado por Vanderlei Luxemburgo.