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Arquivo : gestão

Venda de Rodrygo dá início à gestão de Peres. Sem desculpas e “coitadismo”
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Alexandre Praetzel

Dia 15 de junho de 2018. O Santos anuncia a venda de 80% dos direitos econômicos de Rodrygo, ao Real Madrid da Espanha. Vai receber 40 milhões de euros pela sua parte. 20 milhões de euros serão à vista, direto no caixa santista. O clube espanhol pagará todos os impostos da negociação.

Assim, essa data marca o início da gestão de José Carlos Peres, como presidente do Santos. Ele foi eleito em dezembro de 2017, e assumiu em janeiro de 2018. Claro que estou sendo irônico, mas na prática, é isso mesmo. Se não, vejamos.

– Peres passou seis meses reclamando que o Santos não tinha dinheiro, atravessando um momento difícil. Agora, tem dinheiro em caixa e precisa utilizá-lo com inteligência.

– Reduziu despesas ao máximo e demitiu o diretor-executivo de futebol Gustavo Vieira, com dois meses de trabalho. Não fez a reposição e deixou o técnico Jair Ventura e atletas, expostos aos torcedores, sem nenhuma blindagem. Está na hora de arrumar o departamento de futebol.

– Voltou atrás nos jogos em São Paulo, atendendo um pedido dos jogadores pela Vila Belmiro. O estádio é deficitário e não impressiona mais nenhum adversário. A marca Santos segue diluída.

– Viveu às turras com o vice-presidente Orlando Rollo, tumultuando o ambiente político e gestor do clube. É necessário permanecer assim?

Sempre achei que Peres era o melhor candidato, por gostar das suas propostas e “promessas”. Ainda estou esperando ele ser um bom presidente. Parece bem intencionado, mas falta poder de decisão e arrojo para situações bem simples num grande clube. O discurso de “coitadismo” também afasta possíveis parceiros. É preciso olhar para a frente e agir.

Vamos ver, a partir de agora.

 


São Paulo já desvalorizou Diego Souza. Jogador também precisa se ajudar
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Alexandre Praetzel

O São Paulo gastou R$ 10 milhões para contratar Diego Souza, considerando o jogador um grande reforço para 2018. Ele recebeu a camisa 9 e chegou ao Morumbi com status de convocável para a Copa do Mundo, após atuar pelo Sport, com gols importantes e chamados do técnico Tite. Quatro meses depois, Diego Souza já é negociável. Perdeu espaço entre os titulares e viu o técnico Diego Aguirre dizer, após o empate contra o Ceará: “Conto com Diego Souza, mas ele tem ofertas. Será decidido dentro do clube. Ele é importante, mas depende da postura dele também”.

Aguirre foi apresentado no dia 12 de março. Quarenta e um dias depois, o treinador já não conta com Diego Souza. Já o deixou fora de uma partida por opção. Num curto prazo, Aguirre concluiu que Diego não serve. Ou quando negociava, já o avisaram que Diego Souza estava mal? Mas o que fazer para recuperar o investimento? A contratação foi uma convicção de Raí e cia, em dezembro. O blog lista a má administração do assunto e os erros cometidos, abaixo.

– Dorival Jr. não pediu a contratação de Diego Souza. Foi um nome contratado pelo clube. O treinador queria escalá-lo como meia, vindo detrás;

– Diego Souza foi trazido como centroavante, porque se vendeu a ideia de que ele poderia ir para a Copa do Mundo, como jogador de área. Chegou fora de forma;

– Aguirre já decretou que Diego Souza perdeu espaço no grupo. Assim, o São Paulo dificilmente vai recuperar o dinheiro investido na sua contratação;

– Diego Souza não se ajuda. Há quem diga que não interage com os companheiros, não treina com tanta disposição e mostra-se desanimado.

Agora, emprestá-lo para qualquer clube e ainda pagar boa parte do salário, mostrará que a diretoria do São Paulo está brincando com a gestão. O Vasco tentou, o São Paulo pediu o garoto Evander na troca. O Vasco não quis, num primeiro momento.

Neste instante, o papel do treinador não deveria ser a tentativa de recuperar o jogador, tecnicamente? O São Paulo era mais forte nas suas direções, recentemente. Parece que até isso perdeu, com decisões como essa.

Num futebol, onde os clubes brasileiros sofrem com a falta de dinheiro, diariamente, gastar R$ 10 milhões num jogador de 33 anos e desvalorizá-lo rapidamente, é valorizar a incompetência. De todos os lados.


Casares defende Raí e pede pacificação política urgente no São Paulo
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Alexandre Praetzel

O São Paulo estreia no Brasileiro contra o Paraná Clube, nesta segunda-feira. O tricolor não é considerado um dos favoritos ao título e muita gente vê o time ainda se formando e longe da disputa de títulos. Diego Aguirre chegou e começa a dar uma cara para a equipe. Fora de campo, conselheiros e dirigentes tentam dar respaldo e apoio a Raí e os demais integrantes do departamento de futebol para o trabalho dar certo a curto prazo. O blog entrevistou Júlio Casares, integrante do Conselho de Administração e homem do Marketing e Comunicação, na gestão de Juvenal Juvêncio. No papo exclusivo, Casares pede a pacificação política urgente no clube e defende o novo estatuto para fortalecer o São Paulo, nos próximos mandatos. Confira a seguir.

O São Paulo é anti-democrático, com um Conselho de muitos vitalícios e pouca renovação?

Eu não acho que o São Paulo é anti-democrático. Ele tem uma história em cima de muitos ilustres e abnegados são-paulinos que fizeram e construíram o patrimônio do São Paulo. Não é só o patrocínio físico com o Morumbi, área social, Cotia, Barra Funda. Construíram uma filosofia em que o São Paulo sempre teve um conselho e seus homens eram homens que discutiam internamente as questões e foi símbolo de uma postura muito importante dentro da sua história. O São Paulo, talvez, por uma contingência, não teve renovação à altura desses homens que sempre criaram princípios básicos de uma grande instituição. Mas eu sou muito otimista, porque hoje nós temos bons conselheiros, grandes lideranças, independentemente de lado, tanto na Situação quanto na Oposição. Nós temos são-paulinos com condições de sentar numa mesa e discutir o São Paulo. Aí a renovação acaba sendo uma coisa natural. Mais vale uma renovação de ideias e princípios e projetos do que apenas uma renovação etária, de idade. As vezes, você tem um jovem que pensa de forma retrógada e uma pessoa mais idosa que tem ideias avançadas. O que vale é uma renovação de princípios e o estatuto do São Paulo, que é moderno, que prevê governança, profissionalização e modernização, é um exemplo, foi um passo que foi construído pelos sócios, votado por unanimidade no Conselho Deliberativo. Teve aprovação de 84% dos sócios, foi questionado na Justiça porque judicializaram a discussão do estatuto e o estatuto teve seu vencimento judicial em todas as instâncias. Então, é um documento importante. Claro que vai passar por alguns ajustes. Isso é natural. O São Paulo está vivendo uma transição de estatuto novo, após ampla discussão, com equilíbrio, serenidade, envolvendo todos, através de um amplo debate. Toda e qualquer mudança de um documento como o estatuto, tem que ser feita como ele foi construído, de apresentação de propostas, de emenda, comissões legais que fazem parte do São Paulo, dando seu parecer. As figuras exemplares que o São Paulo tem no passado, não vou aqui nominar, se não acaba tendo injustiça, porque posso esquecer alguém, elas sinalizam um grande futuro para as pessoas que vêm adiante. É nisso que eu acredito. Tive condições de fazer um trabalho de marketing importante, numa filosofia, com Marcelo Portugal Gouveia. Lá atrás, tive uma atuação como colaborador de Fernando Casal De Rey, com o conselheiro Jaime Franco. Depois, com o Juvenal, nós contribuímos. É assim. Eu acredito que se, o Pimenta, que foi um dos presidentes mais campeões na história do São Paulo, se ele tivesse ganho, nós iríamos colaborar em nome da instituição para ajudar o São Paulo. Oposição você pode fazer na obrigação de conselheiro, que é fiscalizar, criticar de forma construtiva, equilibrada, mas garantir a governabilidade de quem quer que seja. O Leco é o presidente. Então, ele vai fazer essa transição no estatuto, e nós temos que apoiar, sem prejuízo de uma oposição que deve ser responsável e serena. O que passa para ter uma grande renovação de ideias e pessoas e uma renovação política até na gestão, é uma pacificação. Hoje, o São Paulo vive muita turbulência política e nós precisamos pacificar o São Paulo. O que é pacificar o São Paulo? É ter um projeto alicerçado, onde todos sentam à mesa e discutam o que é melhor para o São Paulo. E tentem uma convergência nessa ideia. Em cima disso, isso não significa que a Oposição não tenha que ser firme, forte, crítica, mas dentro de uma serenidade que garanta governabilidade de uma instituição tão séria como é o São Paulo. Eu já preguei isso no passado e vou continuar pregando. A pacificação é algo que todos têm que sentar desarmados. Temos que pensar menos em grupos políticos e mais num projeto. E aí vale o entendimento, sem o prejuízo das opiniões contrárias, que até é bom para a instituição. A pacificação do São Paulo é algo urgente porque é isso que vem tumultuando e não é a gestão A ou B, já vem tumultuando o São Paulo há muito tempo. Veja bem, o São Paulo tem uma eleição próxima marcada para 2020, estamos em 2018. Temos ainda uma história e o São Paulo sempre foi um time competitivo, precisa voltar a ganhar e conquistar títulos. Eu acredito muito no trabalho profissional que começa a ser delineado pelo Raí, que tem todo o nosso apoio, pelo preparo, pelo o que ele tem de preparo, qualidade no conhecimento no conteúdo de futebol. Eu acho que essa questão mais participativa e democrática, ela tem que vir com pessoas preparadas. Para isso, o São Paulo precisa pacificar, ter uma atuação política, mas não priorizando ela em cima do objetivo comum, que todos nós temos. Todos os são-paulinos que estão lá, têm a mesma intenção, o mesmo objetivo de fazer o São Paulo FC cada vez maior no patrimônio, em resultados, e, principalmente, competições esportivas. Queremos voltar a ganhar e isso depende muito de um entendimento e uma linha na área de futebol, que nós acreditamos muito, que agora está sendo trabalhada.

Quais tuas principais ideias, no caso de uma candidatura à presidência?

Fico feliz de um lado, quando sou lembrado no caso de uma eventual candidatura. Isso até aconteceu na última eleição, onde pessoas queriam que eu saísse candidato. Conselheiros, empresários até, o Abílio Diniz, uma pessoa que eu respeito muito. Acho que o São Paulo sai ganhando quando tem torcedores empresários, conselheiros tão importantes. Mas isso nunca foi a prioridade da minha atuação, até porque eu tenho compromissos profissionais, atualmente. Eu tenho 56 anos e ainda tenho uma missão para fazer nesse mundo publicitário, de marketing, e acho que esse é o objetivo, sem deixar de colaborar como estou colaborando como conselheiro e membro do Conselho de Administração. Portanto, eu acredito que quem quer ser candidato no São Paulo, não pode ter esse objetivo de querer. O candidato não escolhe ser candidato, ele deve ser escolhido. Isso deve ser um panorama natural, que conduz um projeto e ideias. Em cima de ideias, independente de eu ser candidato, gostaria muito que o São Paulo voltasse a ser a referência que foi no marketing, futebol, a ser uma instituição com suas discussões legítimas, dentro do foro adequado, que é o seu Conselho Deliberativo, mas nunca ganhar a imprensa com discussões através de blogs, que isso atrapalha, porque o São Paulo sempre se primou por ser um clube que discutia suas coisas intra-muros no Morumbi. E hoje não. Hoje é muito comum, qualquer coisa que aconteça, é o blog A, B ou C, discute o São Paulo, e pouco se importa se o São Paulo está negociando um contrato, uma parceria, e isso atrapalha. O São Paulo precisa ter no mundo financeiro e econômico, estabilidade até para que você consiga fazer grandes negócios e parcerias para o futuro. Então, eu reitero que fico lisonjeado quando sou lembrado, talvez pelo o que nós fizemos no passado, pela votação como conselheiro nas duas vezes como mais votado do São Paulo, mas eu digo que não sou candidato. Muita gente duvidava na última eleição, dizendo que eu entraria aos 48 minutos do segundo tempo. Eu garantia que se eu for candidato, eu renuncio ao meu cargo como conselheiro. Não sou. Eu tenho a minha prioridade que é hoje, trabalhar na minha área, na minha missão profissional, que ainda tem alguns anos de trabalho pela frente, eu acredito. Mas sem perder de vista, o amor da vida da gente que é o São Paulo. E isso, nós vamos colaborar, independente de cargo. Eu acho que isso é o importante. Ter um projeto, sim, para construir ao lado de tantos conselheiros, sócios e torcedores que realmente amam o São Paulo.

A política do Clube deixou o São Paulo para trás dos rivais e atrapalhou o futebol?

O excesso de atividade política atrapalha. Me lembro que o São Paulo que brilhou na década de 80, 90 e anos 2000, enfim, o São Paulo é cíclico, claro, a gente entende, mas o São Paulo e qualquer instituição precisa de uma tranquilidade e é legítima a discussão política. Mas quando a política, ela entra na questão do dossiê de uma pessoa, na questão de um ato que vai para a imprensa, blog, isso sim tumultua. O futebol não fica alheio a toda discussão do clube. A gente diz, ah, isso não chega no jogador…Chega sim. Hoje, o jogador está ligado com o celular e com as redes sociais em tudo o que acontece, principalmente, no seu clube. Não é importante para o São Paulo, não constrói você ter excesso de discussão política. Ela ocorre primeiro dentro das atribuições de cada conselheiro, diretor. Na questão puramente eleitoral, ela deve obedecer um calendário. Se você tem eleição num ano X, que a eleição seja acirrada naquele momento. Eu sempre falei. Acho que é importante a gente ter o “time” certo para discutir a questão política partidária e as pretensões. Repito. O São Paulo precisa de uma pacificação responsável e não é pacificação que anule opiniões contrárias. Pelo contrário. Nós precisamos ter a pacificação em cima de um projeto, um modelo, onde nós podemos sentar com várias pessoas, com vários segmentos porque tem gente boa de todos os lados e como tem gente que não contribui dos lados. O São Paulo precisa de um lado só e é isso que eu quero discutir com cada conselheiro que o São Paulo tem.

Um presidente remunerado pode ser dispensado por resultados ruins?

Não, não. O estatuto dá condição do presidente ser remunerado, que eu acho que é um avanço porque essa questão do presidente trabalhar e fazer do São Paulo, um bico, ou ele vai fazer do São Paulo uma gestão ruim ou ele vai ter outros interesses. Ele tem que priorizar o São Paulo. Então, ele tendo uma remuneração para sua sobrevivência, acho importante. Ele vai ser questionado em resultados ruins? Sim, mas você não tira um presidente por isso. Isso é uma questão de julgamento que ele pode ter o ônus numa renovação política, mas você tira um presidente por problemas ou atos previstos no estatuto. Claro que o resultado ruim traz um desgaste natural ao presidente e sua diretoria. Você tem que avaliar um presidente pelo seu mandato. O mandato do São Paulo é de três anos e a avaliação não pode ser feita por um, dois anos, sendo um conjunto da sua obra. Depois, ele vai ser julgado pelo que ele fez de bom ou ruim.

Como enxergas o futuro imediato do São Paulo como clube?

Eu sou otimista. Acho que o São Paulo saiu de um imobilismo. São Paulo teve muito sucesso e depois ele se afastou dos seus princípios básicos dentro do futebol, marketing, como time de vanguarda, nós já sabemos. E aconteceu isso mesmo. Com esse estatuto novo, começa a possibilitar que o São Paulo volte ao cenário da competição esportiva, sendo um clube de vanguarda. Nós estamos vivendo exatamente uma transição, de um estatuto antigo que cumpriu seu papel e de um estatuto novo, que requer mudanças a médio e longo prazo. Essa transição deve ser observada por todos os conselheiros para que no tempo certo, possa se fazer ajustes das coisas que não funcionaram bem. A profissionalização não tem volta, a governança de um clube de futebol é algo extremamente necessário e o São Paulo vai dar um passo para isso. Lá na frente, nós saberemos que o São Paulo vai ter muito orgulho de ter tido um estatuto moderno, corajoso, que discuta o futebol, sua área social e diferenciar essas ações dentro de uma gestão e, mais do que nunca, avance para que a modernização não fique apenas nos discursos e tenha resultados práticos. Eu tenho esperança e não tenho dúvida que o sócio do SP e o conselheiro que votou por unanimidade neste estatuto, ele espera o cumprimento fiel do estatuto e os ajustes necessários, mas dentro de um panorama de discussão e equilíbrio.

Eras do Marketing. O “Soberano” foi um erro?

O marketing do São Paulo teve grandes resultados. Claro que sempre ajuda o resultado positivo dentro de campo. Mas também tem que ser pró-ativo. Existe o marketing institucional, promocional e a venda pura de ativos e receitas. Na nossa época, o marketing conseguiu andar em consonância com o futebol e dá para a gente descrever inúmeras ações que fizeram o São Paulo uma referência, ganhando prêmios, fazendo grandes contratos e o futebol também ajudou. É claro que o futebol indo bem, tudo vai bem. Mas as vezes temos exemplos em alguns clubes que o marketing não corresponde a essa evolução do futebol. Essa questão do “Soberano”, muita gente faz confusão. O São Paulo ganhou tudo e ganhou através dos três títulos com o Muricy, o tri-hexa inédito, que a gente brinca. Aí foi feito um filme nos cinemas, algo na época muito inovador e o filme se chamou “Soberano”, para exatamente mostrar que o futebol do SP, naquele momento, foi o soberano em termos de resultados. Mas nunca que o São Paulo assumiu o slogan de forma taxativa. Foi um filme denominado Soberano como poderia ser “Clube da Fé”. Foi uma questão mais comercial de um DVD, mas o que interessa na ação e na prática, todos nós temos que ter a visão de que o SP não pode ter arrogância, prepotência, desequilíbrio. Tem que olhar para o futuro. E talvez isso passe um ensinamento, de quando você tem um slogan de filme, aquilo acaba ganhando o torcedor, as redes sociais. O São Paulo viveu aquele momento, mas deixou de fazer algumas lições de casa, em alguns momentos, na área de futebol, não foi feliz em algumas contratações e saiu um pouco do foco também no marketing e em outras atividades. Por isso, que o momento de agora é uma retomada necessária. O São Paulo precisa voltar a disputar títulos e para isso precisamos ter pilares e um dos pilares é a vanguarda no que ele vai produzir nas suas áreas de execução e gestão e um grande entendimento com situação e oposição responsáveis.

Como atrair mais sócios? Onde fica o Morumbi neste pensamento?

A questão do sócio-torcedor é uma questão que, infelizmente, no futebol o orçamento do torcedor no Brasil, está apertado. Ele compra camisa, paga ingresso, assina o pay-per-view, estacionamento, viaja para ver o time, come seu sanduíche no jogo, compra produtos licenciados e o dinheiro não dá. Quando o time vai mal, ele se torna inadimplente, as vezes, porque a emoção está embutida ou na adesão de um sócio-torcedor ou na regularidade do seu pagamento. Isso é uma realidade no Brasil. Eu acredito que o SP pode dar uma contribuição de ter avanços tecnológicos através de aplicativos, com bem funciona hoje o Uber da vida, o Waze na questão de trânsito e o que revolucionou a compra de ingresso e o SP tem que pensar nisso para que o torcedor possa fazer tudo pelo aplicativo, garantindo sua participação, através do uso do celular. Isso é uma ideia muito comum e o SP precisa dar esse passo. Nós não podemos mais depender de compra de ingressos por um sistema que trava ou ainda de bilheteria física. Hoje qualquer cidadão tem seu celular. Por que não comprar um ingresso pelo celular, uma camisa e ter outras inovações num plano de sócio-torcedor que revolucione a partir daí? E essa é a nossa esperança para que o Morumbi volte a ter um fluxo de pessoas nas arquibancadas, mas também que possa cada vez ter mais vida num estádio que é um patrimônio não só do SP, mas da capital e do país. A pessoa vai, pode assistir um jogo, ir no restaurante, com toda segurança. O Morumbi é um Colosso e vamos trazer mais gente, independente de dias de jogos.

Como conselheiro, quando achas que o São Paulo voltará a ganhar no campo?

Independente de conselheiro, todos nós somos conselheiros e fundamentalmente, torcedores. Eu que vi o São Paulo ganhar os primeiros títulos em 70 e 71, bicampeão paulista com Gérson, Toninho Guerreiro e Paraná. Comecei a ver o SP na década de 60, que foi uma década que o São Paulo estava construindo o estádio e ganhava muito pouco. Mas aquilo me fascinava porque eu sabia que o São Paulo estava preparando uma estrutura no Morumbi, que seria capaz de dar muitas glórias no futuro e foi isso o que aconteceu. Eu estou muito otimista porque a tão sonhada profissionalização no futebol tem acontecido. Raí, Ricardo Rocha e Lugano são pessoas que vivem o futebol. O Raí é uma pessoa extremamente preparada, que acreditamos demais. Primeiro, por ter convivido com ele como atleta e mais recente no Conselho de Administração, onde eu senti in loco e presente com ele, o conhecimento, experiência e participação efetiva dele. Raí no futebol é mais do que um simbolismo, é a esperança de que a gente retome o bom caminho. Isso não é feito do dia para a noite. O Raí assumiu há pouco tempo. A responsabilidade não é só dele, é todo um sistema que ele deve ter condições de implantar. É algo que a gente acredita que a médio e longo prazo, o São Paulo volte a disputar títulos. Acho que já houve uma melhora em alguns jogos, nas semifinais do Paulista, perdemos, com um gol nos acréscimos, mas o São Paulo jogou bem. O São Paulo está mostrando um novo conceito e uma forma de jogar, mais aguerrido, compacto e brigando pela bola. Está muito claro que é um caminho que nos dá esperança de que o São Paulo seja muito competitivo nos grandes campeonatos que nós teremos pela frente.


Alessandro nega divergência com Andrés e admite dificuldades para contratar
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Alexandre Praetzel

Alessandro Nunes foi vencedor como jogador do Corinthians e aumentou suas conquistas, também como executivo do clube. Homem forte do departamento de futebol do ex-presidente Roberto de Andrade, Alessandro seguirá no Corinthians, na gestão de Andrés Sanchez. Alessandro será o gerente de futebol, com Duílio Monteiro como diretor e o ex-vice-presidente Jorge Kalil, como diretor-adjunto. Em entrevista exclusiva ao blog, Alessandro negou qualquer tipo de problema com Andrés, admitiu dificuldades para contratar e que será muito difícil ser bicampeão paulista ou brasileiro. Acompanhem.

Apenas para deixar bem claro. Você fica no Corinthians, com a nova diretoria?

A gestão já está, talvez, completando um mês. Eu acho que as coisas estão bastante claras e se houver alguma mudança, também não compete a mim dizer. Mas está tudo tranquilo, graças a Deus. Está muito bem.

Você tem boa relação com o presidente Andrés? Sempre chegou para a mídia que vocês tiveram um estremecimento na gestão do Roberto de Andrade, quando você comandava o futebol.

Esse negócio de homem forte do futebol é meio estranho. Não existe isso. Existe uma equipe, um departamento, profissionais trabalhando. Eu, graças a Deus, tenho uma boa relação com todos eles, nesses dez anos que já estou aqui no Corinthians. Me sinto muito à vontade para dizer isso. O próprio tempo, por si só, já diz a relação que eu tenho e a identidade que eu tenho com o clube. Então, estou muito feliz, muito tranquilo, bem, acredito que eles também. A gestão está começando, um longo trabalho a ser feito nesses três anos, e que o melhor aconteça sempre para o clube, não tenha dúvida.

Está mais difícil contratar neste momento? A situação financeira do clube é boa, normal?

A situação financeira não pode ser um direcionamento para o lado positivo ou negativo na hora de contratar. As contratações vão sempre acontecer. Muitas delas, a gente vai acertar. Infelizmente, em algumas, erraremos. É normal no futebol. Nem tudo se conquista com bons resultados. A vida financeira do clube ainda não é muito boa, mas com certeza vai melhorar em algum momento. É o que a gente espera, no futuro. E também não vai ser isso o fato positivo nas contratações. Sempre estarão relacionadas com o resultado dentro do campo.

A contratação de um centroavante é prioridade ainda ou vocês estão esperando passar o tempo, um pouco?

Não. A gente não está esperando passar um pouco o tempo, não. Infelizmente, não dá para mais inscrever em algumas competições. A Libertadores já encerrou até a primeira fase. O Paulista, também traz pouquíssimo tempo para realizar alguma coisa nesse sentido, mas a gente estará sempre olhando, se houver alguma boa oportunidade. Infelizmente, não tem sido nada fácil você encontrar bons atacantes no mercado, estão muito valorizados, inclusive. O próprio presidente, recentemente, deu uma entrevista de que não dá para você pagar um salário estilo europeu. Isso aí você quebra os outros 30 jogadores que você tem no elenco. A gente tenta manter um padrão para que o relacionamento seja o mais saudável possível, não só financeiro, mas técnico também.

Vocês apostaram muito no Juninho Capixaba. O início dele não foi dos melhores. Preocupa?

Não, não preocupa. É normal. Só a gente buscar num histórico recente, quantos atletas que, infelizmente, tiveram um pouquinho de dificuldade no início. O sucesso foi um pouco mais tardio. É normal que um jovem como ele, que trocou uma camisa muito importante no cenário brasileiro a uma muito pesada, oscilar um pouquinho, ter suas dificuldades. Olhando para trás, a gente vê que grandes atletas que conquistaram títulos aqui dentro, também passaram por esse processo. Ele é um atleta muito promissor, muito técnico, jovem, ao seu tempo, as coisas se encaixarão para ele, com certeza.

Kazim pode deixar o Corinthians, a qualquer momento?

Ah, é uma pergunta muito vaga, né. Ele pode sair, se chegar uma oferta excepcional para ele, para o clube. Ele pode ficar, se não chegar nenhuma questão interessante. Está participando dos jogos, normalmente. Não participa da Libertadores por um aspecto que todos vocês já sabem(suspensão de cinco jogos). Então, está inserido normalmente dentro do contexto de trabalho do departamento de futebol.

Você foi vencedor como jogador. Como dirigente, é difícil ganhar um bicampeonato, mesmo que a base de trabalho mantida?

É difícil ser campeão. Bicampeão, então, é muito mais difícil ainda. As conquistas são bem difíceis, não tenha dúvida. Ano passado, foi um ano bem importante pelas conquistas que tivemos. Esse ano, é um ano de muito trabalho, mais ainda, do que o ano passado. É a afirmação para muitos profissionais. A gente espera que a gente consiga chegar aos nossos resultados. A gente sabe quais são eles, quais as dificuldades, os nossos desafios, mas chegar ao topo e levantar um caneco, a gente nunca consegue precisar.

No Paulista, o Corinthians é o primeiro do grupo A, com 17 pontos, e o terceiro na classificação geral. Na Libertadores da América, o time estreou com empate diante do Millonarios da Colômbia, em Bogotá.

 

 


Galiotte elogia torcida e não pensa na contratação de um novo zagueiro
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Alexandre Praetzel

O Palmeiras chegou a cinco vitórias em cinco jogos no Paulista. O time de Roger Machado é apontado como o principal favorito para conquistar o Estadual pela qualidade e variedade de opções do elenco. O blog conversou com o presidente Maurício Galiotte, começando seu segundo ano de gestão, depois de passar em branco, em 2017. Galiote avaliou o momento do clube e ressaltou o foco no trabalho para esta temporada. Confira.

O Sr. esperava cinco vitórias em cinco jogos neste início de temporada?

Estamos trabalhando. Nossos objetivos são sempre as vitórias. Trabalhando, agora nossos objetivos são os títulos, trabalhar cada vez mais. Sempre ganhar um clássico é importante. O trabalho continua. Vamos sempre em busca dos nossos objetivos.

O Palmeiras montou um grande elenco e o estádio está sempre cheio. Time forte leva a isso?

Leva a isso também, mas a torcida comprometida do Palmeiras, engajada que o Palmeiras tem é que também leva a isso. Nosso torcedor está sempre junto conosco, em todas as situações, no sócio Avanti, no Estádio, nos momentos difíceis. Então, nós temos que sempre agradecer ao torcedor do Palmeiras. É o torcedor do Palmeiras que faz a diferença.

Qual foi o resumo que o Sr. fez em 2017, do que não poderia errar em 2018?

Nós antecipamos todo o planejamento, começamos a trabalhar com antecedência. Nós fizemos uma avaliação do que a gente precisava em termos de elenco, o que a gente precisava fazer para suprir algumas necessidades. E foi exatamente isso que nós fizemos, com antecedência.

Palmeiras pensa em negociar alguém para equilibrar as contas ou não?

Venda e compra de jogador faz parte do futebol. O que nós temos que fazer é avaliar se nós precisamos contratar e se nós tivermos grandes propostas, também avaliar. Isso faz parte de uma gestão responsável, mas hoje a gente entende que o elenco do Palmeiras está bastante competitivo e esse é o nosso objetivo para todo o ano.

Precisa de um zagueiro?

Não. Hoje nós temos bons zagueiros no grupo. Estão jogando e nós vamos com esse grupo que está aí.

Chegou alguma proposta para algum dos jogadores que não foram inscritos no Paulista?

Não. Por enquanto, não.

Torcedor não gosta de ver o Palmeiras favorito. O Sr. gosta?

Eu acho que ser favorito é o fato de você ter uma grande equipe, o fato de você estar se preparando. Só que favoritismo são os três pontos. Você precisa ganhar. Se não a expectativa fica lá em cima e só ganha um. No ano passado, nós também tínhamos um elenco muito competitivo, um grupo muito forte. Nós não ganhamos. Faz parte. Nós temos que continuar com um grupo competitivo. Continuar trabalhando. E nós vamos ganhar.

Qual é o rival que mais lhe preocupa hoje em termos técnicos, não em gestão?

Nós temos que nos preocupar com o Palmeiras. Todos os times são grandes equipes, bem preparadas, todos trabalham. Então, nós temos que nos preocupar com o Palmeiras.

O Palmeiras volta a campo, sábado, contra o Mirassol, fora de casa. A estreia na Libertadores, será apenas dia 1º de março contra um adversário a definir.


Palmeiras não é apenas o time, mas o Clube a ser batido
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Alexandre Praetzel

Em dez anos e meio de trabalho no jornalismo esportivo de São Paulo, sempre acompanhei com muita atenção a trajetória dos três grandes times da capital. Vi o São Paulo ser tricampeão brasileiro consecutivo e ser exemplo de competência dentro e fora de campo. Vi o Corinthians ressurgir, após a queda para a Série B, com novo estádio e todos os títulos possíveis. De 2007 a 2015, os dois perderam ótimas oportunidades de assumirem o primeiro posto no futebol brasileiro. Ou por soberba, ou por aventuras impagáveis. Agora, vão assistir o Palmeiras como Clube dominante.

Em 2008, o Palmeiras foi campeão paulista com um time muito bom, mas não levantou troféus nacionais. Depois, ganhou a Copa do Brasil, em 2012, mas foi rebaixado no final do ano. Renasceu com Paulo Nobre e precisa agradecer eternamente ao ex-presidente pela recuperação financeira, com a volta à Série A e o começo de um modelo de gestão, a partir de 2015. Reconquistou a Copa do Brasil e o Brasileiro. Em termos de títulos, está atrás de Santos e Corinthians, na década, mas muito à frente como instituição. E isso vai pesar no futuro.

O Palmeiras tem um estádio lucrativo, na melhor parceria da história com uma empresa, iniciada em 2014. Lucra em todas as áreas, eventos e tem todas as rendas dos jogos. Daqui 27 anos, recebe o estádio zerado pela WTorre.

Tem o sócio Avanti crescendo e gerando ótimas receitas. Existe um estudo de que com 250 mil sócios, o Palmeiras custearia todo o futebol, só com o Avanti, durante a temporada. Óbvio que o número é muito difícil de alcançar, mas os dirigentes sabem que para manter o torcedor assíduo e pagante, é preciso ter time e elenco qualificados.

Tem um patrocinador forte, que gosta do Palmeiras e investe valores acima do mercado, aumentando a sua participação no mercado. Conseguiu fazer as últimas contratações, sem precisar do dinheiro da empresa.

Não está gastando mais do que arrecada e apresenta superávit. Investiu em estrutura física e tem um dos melhores Centros de Treinamento da América do Sul.

Claro que tudo isso não ganha jogo, mas ajuda. A realidade é que o Palmeiras se preparou e se planejou. Errou em 2017, com algumas escolhas equivocadas, um ambiente conturbado e uma certa arrogância. Parece que aprendeu a lição. Agora, é favorito sim, de novo. Se a bola não entrar, não pode destruir todo o trabalho.

O Palmeiras tem tudo para ser protagonista por muitos anos. Tem Corinthians e São Paulo como exemplos que deixaram passar o cavalo encilhado. Chegou a vez do Verdão. Se houver trabalho, dedicação e organização contra vaidade, politicagem e conflitos internos, vai amedrontar os adversários, certamente.

Afinal, já se fala até em “Fair-Play” financeiro no Brasil, para tentar frear o crescimento palmeirense. É o Clube a ser batido.


Fluminense pode se reconstruir com o Palmeiras como exemplo
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Alexandre Praetzel

Em 1999, rebaixado para a Série C, o Fluminense ganhou o patrocínio da Unimed, para iniciar um projeto de reconstrução. O presidente da empresa, Celso Barros, foi o mentor da parceria, como tricolor fanático. Até 2014, o Fluminense ganhou três Cariocas, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil e foi vice-campeão da Libertadores, em 2008.

Em alguns anos, o Flu teve medalhões pagos pela Unimed e o restante por conta do clube. Nunca me esqueço quando Renato Portaluppi me confirmou que isso era normal no Flu, após uma derrota para o São Paulo, no Morumbi, em 2009. Ou seja, os salários dos mais caros estavam sempre em dia. Os demais, corriam o risco de atrasar.

Isso mudou depois, quando a Unimed passou a bancar todas as despesas do futebol, em 2007. E foi assim até o último ano, com a empresa ficando com percentuais de direitos econômicos de alguns atletas, em 2014. Em campo, o patrocínio foi muito bom, mas os dirigentes não aproveitaram para fortalecer a estrutura tricolor. Apesar do CT de Xerém e do novo CT profissional(com investimento próprio), o Fluminense não se preocupou com um novo estádio. Joga para pouco público e quase sempre tem prejuízo no Maracanã. Os valores de patrocínio também minguaram. Resultado esperado: crise financeira. Claramente, o Flu não se preparou para andar com as próprias pernas.

Agora, dispensou oito jogadores, com Diego Cavalieri e Henrique no bolo. Vai trabalhar com o que tem e pode pagar. Ora, já não deveria ter feito isso, quando a Unimed saiu? O ex-presidente Peter Siemsen contratou Henrique do Napoli, num momento delicado financeiramente, além de outros nomes sem o tamanho do Flu. A conta não fechou.

Em 2017, vimos o Flu com altos e baixos normais de um time com jovens jogadores. Lutou para não cair e fez uma Sul-Americana digna. Em 2018, é uma incógnita. Se Gustavo Scarpa for negociado, o Flu dá uma respirada. O que parece claro, é que o Fluminense começará um processo de reconstrução, já no segundo ano de gestão de Pedro Abad. Se não cair para a Série B, já será um avanço. Pelo menos, manteve o técnico Abel Braga.

Vimos cenários parecidos do Flu, com Palmeiras e Juventude, na época da Parmalat. Os dois tiveram dificuldades, depois da saída da empresa, na co-gestão, em 2000. Tiveram grandes elencos e títulos, quando havia o patrocínio. Depois, passaram por remodelações anuais e problemas financeiros, durante a década. Paulo Nobre salvou o Palmeiras, com dinheiro do bolso, para se manter competitivo em 2013, disputando a Série B.

Em 2015, a Crefisa chegou ao Palmeiras. O casamento com o Verdão é bem diferente. O Palmeiras tem um grande patrocinador e segue sua vida normalmente. Não depende da parceira. E faz isso muito bem. Está superavitário e tem ótimas receitas de todos os lados, com um grande estádio como o Allianz Parque. Também determina suas ações e escolhe seus reforços, sem interferência da Crefisa. Vai quitar a dívida com Nobre, até 2018. O Palmeiras aprendeu e adotou o modelo ideal. Financeiramente, é o clube do momento.

Que o Flu aprenda a lição e se transforme rapidamente. O futebol brasileiro não permite mais aventuras.


Atlético-PR inova com Seedorf, mas clube tem boas ideias e práticas ruins
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Alexandre Praetzel

O Atlético-PR é um clube grande em estrutura e pensamento, médio em grandeza e pequeno nas suas práticas. Tem um estádio espetacular e um Centro de Treinamento dos melhores do mundo. Sim, não estou exagerando. Cada vez que converso com profissionais que passaram pelo Furacão, só ouço elogios a tudo que é oferecido para que possam fazer seu trabalho da melhor maneira possível. Isso é saudável para o crescimento, mas as decisões dos dirigentes não condizem com o discurso empresarial.

O Atlético-PR já teve treinadores como o alemão Lothar Matthäus, o uruguaio Juan Ramón Carrasco, o espanhol Miguel Ángel Portugal, o português Sérgio Vieira e o brasileiro Fabiano Soares, todos nomes diferentes para o mercado brasileiro e com cultura européia. Fugiu do lugar comum e foi elogiado por isso, mas nenhum desses técnicos conseguiu emplacar muito tempo porque foram dispensados com o resultadismo normal do Brasil. Ou seja, houve a tentativa de implantar algo diferente, mas sem a paciência necessária para se obter bons resultados e títulos.

O presidente Mário Celso Petraglia disse numa entrevista ao jornal Gazeta do Povo, em novembro de 2015, que o Atlético-PR seria campeão do Mundo, em 2024. “Nós queremos é continuar crescendo, cada vez mais forte, e chegarmos naquilo que nós almejamos. Que foi uma promessa nossa, e tenho certeza que vamos cumprir, que em 10 anos, até o nosso centenário [2024], nós botaremos a nossa estrela no peito de campeão do mundo. Podem me cobrar”, afirmou Petraglia, na ocasião.

Não é um sonho impossível, a longo prazo. Agora, não adianta contratar o holandês Seedorf, com mentalidade bem diferente dos presidentes de clubes, e demití-lo no primeiro revés. A ideia de trazê-lo como um diretor-geral de futebol é muito boa, mas será que Seedorf terá tempo de colocar em prática o que pensa? Difícil, pelas últimas decisões da própria diretoria.

Paulo Autuori é o exemplo recente. Passou de técnico a diretor e não ficou mais de um ano no cargo. Autuori defendeu Eduardo Baptista e Fabiano Soares. Os dois foram dispensados pelos dirigentes, contra o pensamento de Autuori. Se Seedorf não tiver autonomia, não vai adiantar.

Em 2018, o Atlético-PR irá disputar o Campeonato Paranaense, a Copa do Brasil, a Copa Sul-Americana e o Campeonato Brasileiro. Lanço uma aposta. Quanto tempo Seedorf ficará no cargo, se o Atlético-PR for eliminado nos torneios mais importantes? Acho que não dura 120 dias. Eu gostaria que ele tivesse sucesso, mas como sabemos, a Arena da Baixada é um verdadeiro caldeirão. Para os adversários e próprios funcionários.


Autuori reclama do futebol jogado no Brasil: “temos de parar e refletir”
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Alexandre Praetzel

Paulo Autuori não é mais técnico de futebol. Transformou-se em um gerente-executivo para coordenar e apoiar os trabalhos das comissões técnicas do Atlético-PR, em quatro categorias. Autuori entende que é uma função nova, mas totalmente distante de negociações e envolvimento com contratações. Em entrevista exclusiva ao blog, Autuori valoriza demais a gestão do Atlético-PR, prevê um futuro de protagonismo para o clube paranaense e critica os rumos do futebol brasileiro, longe do bom momento da seleção brasileira. Confira a seguir.

A qualidade duvidosa dos times brasileiros lhe incomoda, principalmente, no Campeonato Brasileiro?

Ano passado, mesmo fazendo uma boa campanha, eu cansei de falar que o campeonato estava em um nível para baixo. Aí as pessoas, infelizmente, criticam. É hora de nós fazermos uma auto-análise e vermos né. Então, a responsabilidade ela tem que ser compartilhada e nós temos a nossa. Não dá para se esconder disso. Não dá para as partes ficarem jogando, sacudindo a água do capote, umas para as outras. Temos, de uma forma geral, parar e refletir e pensar que o futebol brasileiro não é seleção brasileira, que está fazendo um excelente trabalho pelo ótimo e a excelência do Tite, inteligência dele de saber utilizar os jogadores de fora. Então, os treinos dele são nos clubes, trabalha com conceitos atuais. Esses jogadores já sabem exatamente aquilo que devem fazer porque fazem nos seus clubes. Então, é mérito total do Tite, mas o futebol brasileiro não é a seleção brasileira. Nós temos muitos problemas aqui, temos que parar, refletir, pensar. Agora, isso é uma responsabilidade de todos.

Essa função de diretor-executivo está lhe agradando?

Não, eu não sou diretor-executivo. Eu trabalho junto com as comissões técnicas Sub-15, Sub-17, Sub-19 e profissional. Eu não quero, não participo de negociações, né cara, não tenho essa figura. Não é para mim, é uma coisa que eu, particularmente, não quero fazer, deixei isso claro. Então, é muito mais na parte técnica, o que tem a ver com o futebol, aplicação naquilo que a gente entende que deve ser no clube, como um todo.

Foste convidado pelo Atlético-MG? Não tem nada?

Não, não. Não tem nada, Fico feliz porque não estou nem um ano nessa função. Acho que é a necessidade que tem de pessoas que são do futebol, que já estão no futebol, vivenciaram muitas situações positivas, negativas, que têm a ver com a gestão de pessoas, de saber lidar. Acho que é uma função carente no futebol brasileiro, estamos confundindo isso com diretor-executivo, é uma função completamente diferente de gerência, muito mais abrangente do que aqueles que têm que estar próximos, facilitando o trabalho dos técnicos, porque tudo cai no trabalho dos técnicos. Então tem que ter alguém que possa dar a cara também e dizer, pera aí a culpa não é do técnico não, se é dele, é minha também, entendeu. É isso que eu tento fazer, exatamente aquilo que sentia falta e que todos os técnicos brasileiros, no fundo, sentem.

Técnicos tiveram tempo para trabalhar na parada das eliminatórias e os times pioraram, na maioria. Isso incomoda também?

Eu acho que aí, nós temos que fazer uma reflexão mais profunda. Eu te digo isso pelo seguinte. Você joga, joga, quando você tem uma semana ou dez dias cheios, dois dias é para você recuperar da quantidade de jogos que se teve, na primeira semana livre que se teve. E ao aproximar o jogo, na véspera você não faz muito. Não vamos dizer que em sete dias, você vai ajeitar, entendeu? E a outra coisa é a falta de rotina de você ter uma semana toda. Então, há uma necessidade grande de dar uma relaxada em relação a sequência de jogos que é a realidade, na maior parte do calendário brasileiro. A partir do momento que isso for uma constante ao longo de todo o campeonato, só agrupar em alguns momentos como acontece na Europa, porque às vezes muita gente fala, lá na Europa também se joga. Se joga, mas você sabe exatamente onde esses jogos irão se acumular e você se prepara minimamente, para isso aí. Então, é uma análise profunda, é isso que a gente precisa, refletir com todos os segmentos do futebol. Não é que um tenha razão, outro não. E a gente fica brigando entre nós. No fundo, como é que o espetáculo fica? Fica desta maneira que está com cada um tentando passar uma imagem que não é o responsável e deveríamos todos com humildade, refletir. Uma coisa para ficar muito clara. A Alemanha sempre foi muito vitoriosa em relação a clubes e seleções e parou para refletir. Pera aí, cara. Mesmo ganhando títulos, não é assim que a gente quer. E por que a gente não faz a mesma coisa? Porque somos arrogantes , não temos a humildade necessária de entender. Nós queremos dizer a Venezuela não é nada. Comparar com a gente? É covardia comparar com a Venezuela. Tem que comparar a Venezuela com eles mesmos. Estou dando apenas um exemplo. Então, eles evoluíram porque a comparação é deles com eles mesmos. Então, a gente tem que comparar conosco mesmo, o que fazemos hoje e o que fizemos ao longo da nossa história.

O ex-presidente Petraglia disse que em dez anos, o Atlético será campeão do mundo. O Atlético ainda é um time médio? Falta alguma coisa?

Quando ele falou, ele falou claramente que quer preparar a equipe para poder estar envolvida na disputa por um título mundial. E isso aí é um desafio com essa excelência que o clube tem em termos de infraestrutura, organização e metodologia, é fazer o futebol do clube ser feito com essa excelência. Mas isso é muito complicado, é um processo. Até porque as equipes do Atlético sempre se caracterizaram por jogar defendendo e saindo. E agora a ideia, de trabalhar o futebol todo, é para ter uma equipe que possa ter o controle do jogo, ser protagonista e não ser coadjuvante. Esse é o grande desafio dos profissionais que lá trabalham e da gestão. A gestão é exemplar. Eu posso assinar embaixo que é a melhor que eu já vi, em relação a trabalho. Em 20 anos, deixou de ser praticamente um clube de bairro para ter hoje um patrimônio espetacular, o único clube que tem uma arena própria. Amanhã, posso sair do Atlético, mas vou continuar falando exatamente isso. O futebol brasileiro precisa de gestões dessa maneira. O que se passa dentro de campo, aí é jogo de futebol, é outra situação.

Fabiano Soares foi uma indicação tua?

Fabiano é um treinador que foi bem na Europa e eu estou, como estava para o Eduardo Baptista, por isso me afastei um período do clube, porque acho que você deve começar e acabar um ciclo. Depois, se analisar e ver se foi bom ou se foi mau. Acho que isso não acontece no futebol brasileiro. Então, desde que o Eduardo assumiu, eu falei: na hora que ele saísse, eu sairia. Foi o que eu fiz, né. Saí, fiquei fora, tive alguns convites, o próprio presidente Petraglia e o presidente Salim souberam, alguns clubes entraram em contato com eles. Não havia motivo para eu sair do clube, estava bem, apenas em uma situação, prometi a mim mesmo quando eu estivesse nessa função, se o técnico saísse, eu sairia também, porque acho que é uma covardia jogar a culpa sempre nos técnicos.

Paulo Autuori está com 61 anos e treinou o Atlético-PR, em 2016. Mudou de função e apoiou a chegada de Eduardo Baptista, saindo do clube, quando Eduardo foi dispensado. Voltou em seguida, em um acordo com a diretoria. Como técnico, foi campeão brasileiro pelo Botafogo, ganhou duas Libertadores da América por Cruzeiro e São Paulo e foi campeão mundial interclubes pelo tricolor, em 2005.


O fiasco do Galo em 2017
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Alexandre Praetzel

O Atlético-MG é uma das maiores decepções da temporada. No início do ano, o Galo foi cotado como favorito para a Libertadores da América e candidato ao título do Campeonato Brasileiro. Roger Machado chegou com grande cartaz e teve um grupo qualificado à disposição. Ganhou o Mineiro, mas o time nunca convenceu nas competições mais importantes.

Roger alegava desgaste pelo calendário e os jogadores reclamavam da maratona de partidas, esquecendo que todo mundo estava passando pelo mesmo problema. Roger foi demitido dia 20 de julho, após a derrota para o Jorge Wilsterman-BOL, no primeiro confronto das oitavas-de-final. Foi a quarta vítima do presidente Daniel Nepomuceno, degolador de técnicos, desde o começo da sua gestão, em janeiro de 2015. Antes caíram Levir Culpi, Diego Aguirre e Marcelo Oliveira.

Rogério Micale assumiu dia 24 de julho e caiu dois meses depois. Foi eliminado da Libertadores e não conseguiu boa sequência na Série A. Não aguentou a pressão de comandar uma equipe principal e também sucumbiu como o quinto dispensado por Nepomuceno. Veio Oswaldo de Oliveira para fechar o ano e segurar o Galo na primeira divisão. Estreou com vitória fora de casa, mas perdeu o título da Primeira Liga para o Londrina, 10º colocado na Série B do Brasileiro. Mais um vexame de um elenco com ares de descomprometimento.

Não venham dizer que a Primeira Liga não importava. Oswaldo escalou força máxima e não conseguiu vencer nos 90 minutos. Uma formação com Victor; Alex Silva, Gabriel, Fellipe Santana e Fábio Santos; Adilson, Elias, Cazares(Marlone) e Valdívia(Clayton); Robinho e Fred(Rafael Moura) deve e pode jogar mais, mas parece que o ano terminou e os atletas estão cumprindo meras formalidades. Um fiasco para um time caro e desinteressado.

Depois de Alexandre Kalil, seu discípulo e sucessor não deixará saudades. Tanto que não irá concorrer à reeleição. A torcida do Galo merece ver mais gestão, organização, trabalho e competitividade. Provavelmente, o Atlético mudará bastante em 2018.