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Palmeiras não é apenas o time, mas o Clube a ser batido
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Alexandre Praetzel

Em dez anos e meio de trabalho no jornalismo esportivo de São Paulo, sempre acompanhei com muita atenção a trajetória dos três grandes times da capital. Vi o São Paulo ser tricampeão brasileiro consecutivo e ser exemplo de competência dentro e fora de campo. Vi o Corinthians ressurgir, após a queda para a Série B, com novo estádio e todos os títulos possíveis. De 2007 a 2015, os dois perderam ótimas oportunidades de assumirem o primeiro posto no futebol brasileiro. Ou por soberba, ou por aventuras impagáveis. Agora, vão assistir o Palmeiras como Clube dominante.

Em 2008, o Palmeiras foi campeão paulista com um time muito bom, mas não levantou troféus nacionais. Depois, ganhou a Copa do Brasil, em 2012, mas foi rebaixado no final do ano. Renasceu com Paulo Nobre e precisa agradecer eternamente ao ex-presidente pela recuperação financeira, com a volta à Série A e o começo de um modelo de gestão, a partir de 2015. Reconquistou a Copa do Brasil e o Brasileiro. Em termos de títulos, está atrás de Santos e Corinthians, na década, mas muito à frente como instituição. E isso vai pesar no futuro.

O Palmeiras tem um estádio lucrativo, na melhor parceria da história com uma empresa, iniciada em 2014. Lucra em todas as áreas, eventos e tem todas as rendas dos jogos. Daqui 27 anos, recebe o estádio zerado pela WTorre.

Tem o sócio Avanti crescendo e gerando ótimas receitas. Existe um estudo de que com 250 mil sócios, o Palmeiras custearia todo o futebol, só com o Avanti, durante a temporada. Óbvio que o número é muito difícil de alcançar, mas os dirigentes sabem que para manter o torcedor assíduo e pagante, é preciso ter time e elenco qualificados.

Tem um patrocinador forte, que gosta do Palmeiras e investe valores acima do mercado, aumentando a sua participação no mercado. Conseguiu fazer as últimas contratações, sem precisar do dinheiro da empresa.

Não está gastando mais do que arrecada e apresenta superávit. Investiu em estrutura física e tem um dos melhores Centros de Treinamento da América do Sul.

Claro que tudo isso não ganha jogo, mas ajuda. A realidade é que o Palmeiras se preparou e se planejou. Errou em 2017, com algumas escolhas equivocadas, um ambiente conturbado e uma certa arrogância. Parece que aprendeu a lição. Agora, é favorito sim, de novo. Se a bola não entrar, não pode destruir todo o trabalho.

O Palmeiras tem tudo para ser protagonista por muitos anos. Tem Corinthians e São Paulo como exemplos que deixaram passar o cavalo encilhado. Chegou a vez do Verdão. Se houver trabalho, dedicação e organização contra vaidade, politicagem e conflitos internos, vai amedrontar os adversários, certamente.

Afinal, já se fala até em “Fair-Play” financeiro no Brasil, para tentar frear o crescimento palmeirense. É o Clube a ser batido.


Reage Vasco! A ditadura está acabando
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Alexandre Praetzel

Sou gaúcho, mas desde criança ouvi muitas histórias do Vasco, através do meu pai, fanático por futebol. Ele me falava dos grandes times da história vascaína, como o Expresso da Vitória, marcante na década de 40, e o campeão brasileiro de 74, superando o grande Cruzeiro da época. Cresci e herdei a paixão pelo esporte e fui trabalhar com jornalismo esportivo.

Vi o Vasco ganhar o Brasileiro mais três vezes(89, 97 e 2000) e a Libertadores em 98. Sempre com ótimos times e jogadores. Respeitado e temido. Com uma grande torcida espalhada pelo Brasil. Mas a conta chegou, com o clube sendo vitimado pelas péssimas administrações de Eurico, Roberto Dinamite e Eurico. Três rebaixamentos e títulos para pagar, não ganhar. Teve uma Copa do Brasil e um vice brasileiro em 2011, mas com gastos fora da realidade. Todo mundo sabia que aquilo era irreal.

Agora, chegou a hora de reerguer o clube. Não conheço Júlio Brant, o próximo presidente. Me parece bem intencionado e pronto para a bomba que vai encontrar. No discurso, sabe da grandeza do Vasco e de como sócios, torcedores e simpatizantes devem ser tratados. A favor da instituição, sem se aproveitar dela. O palavreado euriquista de “Eu sou Vasco antes de tudo” foi para o espaço, depois dos últimos acontecimentos. A equipe voltará a disputar a Libertadores e o presidente está mais preocupado em atrapalhar a vida do próximo mandatário, vitorioso contra ele, nas urnas legítimas. Triste. Vergonhoso. Mas com data para terminar, finalmente.

O Vasco precisa ser arejado. Hoje, torcedores de vários estados torcem contra pela antipatia a Eurico. O cara que proibiu o repórter Lucas Pedrosa do Esporte Interativo de participar da entrevista coletiva porque ele revelou os desmandos da diretoria. O mesmo que proíbe o portal UOL de fazer a cobertura diária no CT de Vargem Grande. Caras que se acham donos do Vasco e têm alergia à verdade. Mas eles estão passando. O Vasco fica. A agenda positiva voltará.

Que Zé Ricardo consiga ter paz para levar o Vasco à fase de grupos da Libertadores e que o clube volte a ser admirado, e não ridicularizado, como nos últimos anos. Nem é preciso mais dizer “Fora Eurico”. Ele já é passado.


Luiz Cunha nega veto a Cueva e define Leco como mau presidente
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Alexandre Praetzel

Luiz Cunha, ex-diretor de futebol do São Paulo, concedeu entrevista exclusiva ao blog. O ex-dirigente criticou o presidente Leco, negou que tenha vetado a contratação do peruano Cueva e se mostrou esperançoso para uma mudança de rumo nas gestões futuras do tricolor. Acompanhe abaixo.

Ano do São Paulo

“Referindo-me ao time, defino como um ano para se tirar muitas lições, um ano em que por erros internos, deixamos de alcançar coisas boas que em certos momentos pareceu utopia, mas em outros estava ao nosso alcance, bastava-nos fazer o óbvio”.

São Paulo perdeu espaço para os rivais e deixou de ser referência

“Sim, de há muito, desde o golpe do terceiro mandato que nos rebaixou às piores ações eternizados de gestões dos co-irmãos da capital – quando eles chegaram a visitar a segunda divisão nacional – entregando-nos a um mandato espúrio, indevido, manchador das nossas tradições, por rasgar o Estatuto Social que em cláusula pétrea procurava evitar isto. Foi um ato tão ruim que a partir dali, naufragamos, vivendo apenas de pequenos lampejos”.

Veto à contratação de Cueva

“Não, absolutamente. Expliquei isto nas entrevistas das quais participei logo que deixei a diretoria, cheguei a fazer um paralelo que torceria muito para que o Cueva fosse tão importante para nós, quanto foi Romerito, por exemplo, para o Fluminense, em seu tempo. Voltei a explicar em todas as demais entrevistas que me solicitaram e agradeço a você por poder ratificar no seu Blog, o que se passou:

Assumi a direção de futebol quando o time estava apenas três pontos adiante dos que cairiam no campeonato paulista e, faltando o returno da fase de grupos da Copa Libertadores onde estávamos pessimamente colocados, virtualmente desclassificados para as fases de mata-mata. Vinha de uma gestão muito profícua no futebol de base. Tínhamos uma dívida monstruosa e aparentemente impagável, portanto sem recursos para contratações. Nas reuniões de diretoria era colocado que o objetivo institucional número um seria apertar os cintos e baixar o endividamento. Pensei: dentro de tais parâmetros, vou imitar o GRES Acadêmicos do Salgueiro que em tempos de vacas magras, num de seus enredos dizia: “Tira da cabeça o que no bolso não há”.
Tracei estratégias de relacionamento com o grupo de profissionais do futebol e com os funcionários. Gestão de futebol é basicamente lidar com pessoas, atender seus anseios e expectativas sem se afastar dos objetivos maiores da Instituição. Assegurei-me com o diretor financeiro de que colocaríamos em dia os salários e premiações em atraso e não voltaríamos a deixar de pagar a todos, em dia. Se necessário fosse, dentro das minhas disponibilidades, até colocaria recursos próprios para que isto ocorresse. Chamei os lideres dos jogadores para uma conversa e busquei ouvir deles o porque não rendiam tudo o que podiam. Com isto, tive um diagnóstico e agi, obtendo um sucesso tão grande e breve, quanto inesperado.
Considerando este preâmbulo e estando classificados para a semifinal da Copa Libertadores, o que nos trouxe receitas enormes em bilheterias, cotas da Conmebol e até no marketing, vislumbrando os benefícios de estar na final e até o título, voltei nossos recursos para a permanência do Maicon, coisa que era prioritária, além de renovar o contrato do Paulo Henrique Ganso, jogador reconhecido de rara qualidade e em grande fase. Estas eram ações inclusive, motivadoras dos jogadores em questão e de todo o time. Mas, notei alguns movimentos estranhos a estes objetivos e busquei saber do que se tratava. Estava empenhado com 100% do meu tempo a alcançar o titulo da Libertadores enquanto trabalhava no planejamento de médio e longo prazo. Soube que estavam, o presidente e o superintendente de futebol, armando à minha revelia uma contratação onerosa. Ordenei ao meu imediato que paralisasse tal processo, não que anulasse mas que desse um tempo, até que finalizássemos o planificado, após o que voltaríamos a ver com a diretoria financeira a possibilidade de finalizar aquela contratação.
Ora, a um diretor de futebol não comprometido com as finanças e sobrevida do próprio clube, bastava saber quem era o jogador, se era indicação e pedido do treinador e, sabendo que era bom, como de fato comprova o excelente Christian Cueva (se não houvesse oposição do presidente o que seria sua obrigação), contrata e pronto, mesmo estando o jogador em questão impedido de jogar conosco o primeiro objetivo da ocasião, a Copa Libertadores. Houve quebra de hierarquia, traição e quebra de planejamento financeiro. Isto foi a gota d’água para minha saída. Note: Foi a gota d’água e não o motivo principal”.
Michel Bastos foi um problema
“Para mim e no meu tempo, não. Foi, isto sim, solução. De jogador desmotivado e aberto a propostas para sair, transformou-se depois de uma conversa franca que tivemos, e da gestão próxima do elenco que tive, numa das nossas melhores e mais decisivas armas na campanha da Copa Libertadores”.
Jogadores reclamavam do ambiente político chegando ao vestiário
“Não recebi nenhuma queixa direta nesse sentido. Nem precisava pois era evidente que ambiente politico derramava contratempos no desempenho do time. Pior é que havia gente capaz de, sob uma liderança aberta e parceira, resolver os problemas como aliás, foi feito. Temos gente da melhor qualidade no CT”.
Leco é bom presidente
“Não. Leco é muito boa pessoa. Sério, educado, agradável, pai de família exemplar. Pessoa ideal para se relacionar com amizade. Mas o que fez comigo, traindo minha confiança e dedicação, bem como o desempenho totalmente irregular da equipe sob sua gestão, seus métodos antiquados e centralizadores, faz com que não o defina como um bom presidente para o nosso Clube”.
Modelo ideal para o clube e futebol
“A autonomia de cada setor, o social e o futebol. As receitas oriundas de cada um devem ser dirigidas ao próprio setor gerador. Por que o sócio não torcedor deve sustentar o time, se ele paga mensalidade para custear a sede social que frequenta? Por que o sócio torcedor tem que ter seus pagamentos utilizados na manutenção da sede social, se lhe é proibido frequentar?

Desde o início da internet e das redes sociais como os fóruns de discussão, apregoo que para fidelizar o sócio torcedor, deveríamos dar-lhe poder de voto, não para presidente porque aí ele estaria interferindo na parte administrativa e patrimonial. Mas sim, para a vice presidência de futebol, que comandaria a formação de jogadores e o time profissional, utilizando as receitas oriundas do futebol como: arrecadação dos jogos, patrocínios nos uniformes, cotas de TV e, receitas de cessão de jogadores, entre outras. Por seu lado, o associado elegeria o vice presidente social que nomearia o diretor social e os das diversas áreas e setores da sede, sempre em contato com os sócios para ouvir deles suas aspirações, inclusive de custo da mensalidade, oferecendo em troca tudo o que os sócios puderem custear.
O fato de serem cargos eletivos, os tiraria da ação direta do presidente da diretoria. Eles teriam que prestar contas ao grupo gestor e aos seus eleitores. O presidente teria a precípua atribuição de cuidar do patrimônio, dentre dos limites de suas atribuições, participando também do grupo gestor.
Aguardo com muita ansiedade a redação final do novo estatuto a ser submetida à apreciação e aprovação dos conselheiros e depois, finalmente, dos sócios. Ele deveria ser mais avançado do que parece ser e deveria entrar em vigor no primeiro dia útil de ano que vem, estando sob sua égide a próxima eleição para presidente, em abril próximo”.
Quem vai apoiar na próxima eleição
“Como ainda não há um quadro de candidatos, afirmo que apoiarei alguém comprometido com a modernidade administrativa, com a descentralização do poder e, com a responsabilidade para com o planejamento traçado. Alguém com preparo, preferencialmente com prática e conhecimento de gestão e governança corporativa”.
Rogério Ceni como técnico
“Acho que deve ser técnico. Ele tem declarado desejo de ser treinador (segundo leio) e tem muitas qualidades que o classificam como candidato a um dos melhores. Todavia penso que para ser técnico do SPFC deve galgar alguns degraus pós formação, como: dirigir equipes de base e depois, comprovar qualidade em equipes de menor expressão e exigências tão imediatas quanto são as nossas”.
O São Paulo terá eleição à presidência em abril de 2017. Leco será candidato à reeleição. O novo estatuto será votados nos próximos dias. Luiz Cunha ficou no cargo de diretor de futebol de março a junho deste ano.

 


Zé Teodoro critica gestão do SP e não vê Rogério Ceni como técnico do time
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Alexandre Praetzel

Zé Teodoro foi ídolo do São Paulo, na década de 1980 e início de 90. O ex-lateral direito e hoje técnico, conquistou quatro Campeonatos Paulistas em 85, 87, 89 e 91 e dois títulos brasileiros em 86 e 91. Zé Teodoro conversou com o blog com exclusividade e não poupou críticas à atual gestão do São Paulo e ao elenco tricolor. Leia abaixo.

São Paulo hoje

“Muito turbulento, inconstante. Acho que o São Paulo precisa melhorar em todos os setores. Tem errado muito em relação às mudanças, principalmente treinadores e jogadores. Acho que era o momento de poder rever os conceitos, analisar, para ter uma margem de erro menor. É um clube que precisa voltar a botar os pés no chão e resgatar sua condição, não viver do passado, do que já conquistou, ganhou e já fez. Hoje já tem clubes que passaram à frente, que estão sendo bem superiores. As informações e as coisas têm vazado com muita facilidade, pelo o que a gente tem observado. O clube está muito desprotegido. Então, precisa sentar, o presidente Leco rever algumas situações e dar oportunidade ao pessoal que realmente conhece da função, da área indicada que é o futebol. Precisa melhorar o ambiente, o aspecto político, o clube precisa voltar a vender sua imagem de formar jogadores na base. Não ter receio e medo de lançar jogadores. De saber contratar e se informar como da época que me contratou do Goiás. Então precisa ter conceitos e critérios para não errar tanto como errou neste ano e ter tanta dificuldade para conseguir classificação e permanência na primeira divisão”.

Rogério Ceni deve começar como técnico no São Paulo

“Olha, acho que ele deve fazer uma experiência na base. Deve trabalhar com alguns treinadores mais experientes. Ser um auxiliar permanente do clube. Pegar um pouco mais de cancha e de experiência. Ele é um ídolo. Acho que é muito cedo para ele, principalmente, no clube que ele tem uma história muito bonita. Acho que ele poderia realizar um trabalho fora, começar na base, no interior, num clube de outro estado. Evitar essa situação de chegar e já assumir essa responsabilidade, que é muito difícil como ídolo. O torcedor não vai perdoar dois, três, quatro resultados negativos. Vai jogar tudo para baixo o que ele fez na carreira como jogador. Então acho que ele deve ser muito bem aproveitado no clube ou trabalhar em outra situação. Ficar assessorando como auxiliar técnico um Vanderlei Luxemburgo, que é um cara de peso, como qualquer outro de nível. Acho que é fundamental ele começar de baixo, aprender, para depois, realmente pegar uma situação, que é uma situação muito difícil. Eu tenho experiência e posso orientar de uma forma que ele deva pensar, analisar, para não jogar por água abaixo o nome que ele fez dentro do São Paulo”.

Falta de comprometimento da geração atual

“Olha, eu tenho notado, não só no São Paulo. Em geral, o nível do futebol brasileiro teve uma queda muito grande nas Séries A e B. Eu acho que o balcão de negócios, o jogador não tem mais aquele sentimento, não joga mais com o coração, com alma, com aquela vibração e espírito mesmo. Eu acho que o futebol está mudando muito para o outro lado. O jogador não tem mais o comprometimento necessário. Em dois, três meses, ele já sai de um clube. Não cria um vínculo, como nós tínhamos um sentimento mais de gostar do clube. Não jogar só pelo dinheiro, mas sim para dar espetáculo, mostrar que o futebol não vive só da parte financeira. Precisa melhorar em vários aspectos. O jogador tem que fazer uma reflexão e conscientização da produção e rendimento dele. Está aproveitando em outros sentidos, em outras áreas, esquecendo às vezes de dar o que o torcedor quer na parte técnica, física. Há uma oscilação muito grande dos jogadores de hoje. O jogador tem que ter um comprometimento maior, uma responsabilidade maior e principalmente, com o torcedor e com tratamento melhor com a imprensa. Tem faltado muito de humildade ao jogador brasileiro. Todos aqueles estão alcançando uma questão financeira, que dá uma estabilidade ao jogador, eles estão esquecendo das suas raízes, da humildade, de tratar bem as pessoas, imprensa, no bom relacionamento que nós tínhamos na época que jogávamos. O futebol mudou muito. As pessoas, jogadores, dirigentes mudaram. O ambiente do clube não é dos melhores. Então, precisa rever alguns conceitos para voltar a fazer um futebol com mais alegria”.

Zé Teodoro disputou 262 jogos com a camisa do São Paulo, marcando sete gols. Como técnico, vai assumir a Aparecidense-GO, a partir de janeiro de 2016.


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