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Osório ou Zé Ricardo no Santos. Medalhão x Emergente voltam ao debate
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Alexandre Praetzel

O Santos pretende anunciar seu novo técnico até este domingo. Após muitas consultas e conversas, dois nomes foram definidos como preferenciais. Juan Carlos Osório e Zé Ricardo.

O colombiano já treinou o São Paulo com bom trabalho e forma de jogar e deixou a Seleção do México, nesta semana, depois de levá-la às oitavas-de-final. É um profissional valorizado e conhecedor de futebol. Tem proposta da Seleção colombiana e nunca escondeu o desejo de treiná-la.

Zé Ricardo surgiu como tantos no Brasil, de forma emergencial, após bom trabalho na base do Flamengo. Foi campeão estadual em 2017, mas caiu porque o Fla foi eliminado na Libertadores e tinha caído de rendimento. Recuperou o Vasco no Brasileiro e pediu demissão, antes da Copa do Mundo. Já mostrou que é bom treinador.

Vejam bem, dois perfis diferentes. Um medalhão e um emergente. Dois competentes, acredito. Agora, Zé Ricardo é bem parecido com Jair Ventura, em quase tudo. Talvez, Zé seja mais ofensivo no padrão tático. Osório seria mais impactante, ainda mais vindo de um Mundial, e com gosto pelo ataque, algo que os santistas adoram.

Acredito que o debate Medalhão x Emergente, voltou ao futebol brasileiro. Felipão é o principal exemplo, depois de Eduardo Baptista e Roger Machado não darem certo. Cuca funcionou, na primeira passagem. Os dirigentes adoram estas discussões e decidem, de acordo com as redes sociais, na maioria das vezes.

No modo Medalhão, temos Felipão, Abel Braga, Mano Menezes, Tite, Luxemburgo, Marcelo Oliveira, Dorival Jr., Cuca, Fábio Carille, Levir Culpi, Oswaldo de Oliveira, Dunga, Carpegiani, Geninho e Renato Gaúcho. Todos com títulos importantes e currículos.

No modo Experiência, temos Diego Aguirre, Roger Machado, Eduardo Baptista, Jorginho, Vagner Mancini, Gilson Kleina, Claudinei Oliveira, Enderson Moreira, Adilson Batista, Marcos Paquetá, Guto Ferreira, Cristóvão Borges, Milton Mendes, Ney Franco, Antonio Carlos Zago e Fernando Diniz. Alguns com títulos estaduais.

No modo Emergente, temos Zé Ricardo, Jair Ventura, Alberto Valentim, Rogério Ceni, Thiago Larghi, Maurício Barbieri, Tiago Nunes, Osmar Loss, Odair Hellmann, Milton Cruz e Lisca.

Muitos são contratados por trabalhos recentes ou alguns resultados rápidos. Outros, porque viram sustentação das diretorias, nos vestiários. Muitos seguram o ambiente e conseguem controlar os elencos, cada vez mais mimados e super protegidos. Tudo para dar um “choque” e tentar reagir no curto prazo. Criaram a ideia de que os emergentes precisam assumir só no início dos trabalhos, porque não aguentam momentos de pressão.

E assim, segue a roda. Tudo na base do perfil, esquecendo competência e trabalho. É o que eu penso e vejo, com 26 anos de profissão no dia a dia.

 


O mundo encantado de Jair Ventura X A passividade de Roger Machado
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Alexandre Praetzel

Comentei Santos e Palmeiras, no Pacaembu. Um primeiro tempo razoável, com domínio do Palmeiras e um Santos afobado e querendo resolver tudo na base da pressa. Hyoran teve a bola para matar o jogo, mas desperdiçou. No segundo tempo, o Santos continuou veloz, desorganizado e atacando mais. O Palmeiras recuou e pareceu satisfeito com a vantagem de 1 a 0. Até levar o gol de empate, num lance de bola aérea. Aí, Roger fez tudo que deveria ter feito, quando vencia a partida. Sacou os atletas cansados e foi para cima. Só não venceu, porque faltou qualidade na definição da jogadas e Vanderlei apareceu na hora certa. Resultado final: um empate com um ponto ganho para o Santos e dois perdidos para o Palmeiras.

Agora, o que mais chamou a atenção, foram as posturas dos técnicos, após o clássico. Jair Ventura elogiou a formação da equipe e disse que o time foi organizado até chegar ao empate. Muito pelo contrário. Durante todo o jogo, o que mais faltou ao Santos, foi organização. Jair escalou o Santos num 4-1-5, com o setor de meio-campo “vazio” e deixando o Palmeiras trabalhar por ali, naturalmente. Quando fez as substituições, encheu o time de atacantes e não fechou os espaços. Jair tem que agradecer o empate ao Palmeiras, que não manteve a força do primeiro tempo. O treinador enxerga um jogo que só ele vê. É o “mundo encantado de Jair Ventura”. O Santos segue sem padrão, sete meses depois dele assumir. Ele poderia testar outras formações, mas não nunca tentou. E o elenco conta com bons nomes.

Do outro lado, Roger disse que sempre espera mais do Palmeiras. Mas, quando teve a chance de mudar a equipe, não fez. Deixou Scarpa e Hyoran, desgastados em campo, e demorou a mexer. Quando o Santos empatou, aí Roger se mexeu e mudou a equipe. Claro que os atletas perderam os gols, mas Roger poderia ter aumentado a vantagem, se o Palmeiras tivesse um time mais descansado, a partir dos 15 minutos do segundo tempo. O Santos estava no desespero para chegar ao empate, visivelmente. O Palmeiras marcou passo e está sete pontos atrás do líder Flamengo. Foi um mau resultado, sem dúvida, pelo que foi o confronto.

Serão mais três rodadas, antes do decisivo mês de agosto, com mata-matas de Copa do Brasil e Libertadores da América. No final de julho, teremos uma boa noção do que Santos e Palmeiras farão no Brasileiro. Por enquanto, os dois estão devendo bastante e o Santos é a grande decepção da Série A.


Jair Ventura e Odair Hellmann merecem críticas. Trabalhos são fracos
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Alexandre Praetzel

A cultura de dispensar treinadores voltou a ser debate neste momento. No futebol brasileiro resultadista, basta uma sequência ruim para as atenções voltarem aos técnicos. Particularmente, avalio trabalho e resultado e os dois devem caminhar juntos. Após o último domingo, dois nomes ficaram na berlinda: Jair Ventura e Odair Hellmann.

O Santos foi goleado impiedosamente pelo Grêmio, escancarando sua deficiência tática e a insistência equivocada de Jair, num esquema de jogo sem padrão e cheio de buracos, facilitando para os adversários. Jair insiste em três atacantes, com um meio-campo aberto e apenas um marcador de ofício. Tem um bom goleiro e boa defesa, que sucumbem com tanta pressão do outro lado. O Santos lidera seu grupo na Libertadores, é verdade, mas não teve nenhuma grande atuação. Está vivendo de brilhantismos individuais, com o menino Rodrygo resolvendo em alguns lances. Coletivamente, o Santos não funciona. Acho que não é a hora de demitir Jair Ventura, mas ele precisa rever conceitos e deixar claro que gosta de times defensivos, sem querer agradar a torcida, distante das suas convicções. Até agora, não soube armar a equipe de forma compacta e competitiva. Já pode ser cobrado, sim

Em Porto Alegre, o Inter apostou em Odair Hellmann, funcionário do clube e auxiliar fixo. Assumiu no final da Série B do Brasileiro, em 2017. Em 2018, foi sexto colocado no Campeonato Gaúcho, caiu para o Vitória na quarta fase da Copa do Brasil e tem início fraco na Série A. São quatro pontos em 12 disputados e desempenhos apenas razoáveis. Contra o Grêmio, foi facilmente batido em dois clássicos e venceu um, quando o Grêmio tinha vantagem de três gols. Pouco. O Inter tem uma folha salarial altíssima, fez várias contratações e não tem um time formado. Dentro de campo, é uma equipe de cabeça baixa e preocupada só em não perder. Quando isso acontece, olha-se para o comando técnico. Odair é bem intencionado, mas suas observações pós-jogos, muitas vezes não condizem com a realidade. Teve dias livres de trabalhos e o Inter não apresentou nada de novo. Acredito que o Inter precisa de alguém mais experiente para convencer e controlar um vestiário recheado de nomes experientes e resistentes a novidades. A tendência é o Inter lutar para não cair e ser derrotado facilmente pelo Grêmio, no próximo sábado. Aí, Odair não resistirá.

Antes que alguém venha dizer que Fábio Carille não ganha há quatro jogos com o Corinthians, ele é o técnico campeão brasileiro e bi paulista. Não dá para comparar as situações.

 


Santos e Corinthians fizeram bom clássico. Árbitro prejudicou o Santos
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Alexandre Praetzel

Santos e Corinthians fizeram um bom jogo no Pacaembu, para mais de 35 mil torcedores. Apesar do apagão no estádio pela quinta vez em 2018, prejudicando o clássico, os dois times mantiveram o ritmo e fizeram uma disputa até o último minuto.

No primeiro tempo, o domínio foi corintiano. O time de Carille marcava pressão e forçava o erro santista. Em duas vezes, saiu na cara do gol e não abriu o placar por detalhes. Renê Jr., Jadson e Rodriguinho dominavam o meio-campo e criavam oportunidades de gols. Renê Jr. fez 1 a 0 em chute de longe com desvio em Léo Citadini, superando Vanderlei. Estava atrás do gol e me pareceu falha do goleiro santista. Justa vantagem corintiana diante de um Santos tímido e pressionado. A única chance santista foi com Eduardo Sasha de cabeça, em saída errada de Cássio.

Veio o segundo tempo e o Santos mudou a partida. Arthur Gomes substituiu Copete e deu novo ânimo à equipe. O Santos aumentou a velocidade, equilibrou as ações no meio e avançou os laterais. Foram 20 minutos de domínio, até a falta de luz.

Depois da paralisação de 49 minutos, o jogo recomeçou. Jair Ventura mexeu bem de novo e o Santos seguiu em cima. Vitor Bueno armava, com Alison e Citadini como guardiões. Daniel Guedes e Jean Mota apoiavam e cruzavam bastante para a área. O empate veio após erro de Cássio e Diogo Vitor enchendo o pé na grande área. Resultado correto pelo desempenho santista, ainda que Jadson tenha perdido a chance de marcar o segundo do Corinthians. O Santos teve a chance da vitória, mas o árbitro Luiz Flávio de Oliveira não marcou um pênalti claro a favor do Santos, no final do jogo.

O blog deu suas notas para os jogadores e técnicos. Primeiro o Santos. Confira abaixo.

Vanderlei – Impressão de falha no gol do Corinthians. Depois, foi seguro como de costume. Nota 6.

Daniel Guedes – Sofreu com Clayson e Romero. Forte no apoio e erros nos cruzamentos. Evitou o segundo gol do Corinthias. Nota 5,5.

Lucas Veríssimo – Alguns erros nas saídas de bola. Depois, melhorou. Nota 5,5. 

David Braz – Melhor que o companheiro. Líder do time. Nota 6,5.

Jean Mota – Boa atuação. Cruzou a bola do gol santista. Nota 6,5.

Alison – Jogou bastante e marcou forte. O melhor santista. Nota 7,5.

Léo Citadini – Errou muito no primeiro tempo. Melhorou no segundo. Nota 5,5.

Vecchio – Tem habilidade, mas é lento. Regular. Nota 5.

Copete – Caiu muito de rendimento. Lutou, mas foi mal. Nota 4,5.

Eduardo Sasha – Competiu muito e perdeu um gol. Nota 6.

Rodrygo – Tem talento e incomodou. Sentiu o ritmo do jogo. Nota 5,5. 

Arthur Gomes – Mudou o time do Santos. Ganhou quase todas da defesa corintiana. Nota 7. 

Vitor Bueno – Entrou bem. Tem qualidade e será titular novamente. Nota 6,5.

Diogo Vitor – Entrou e empatou o jogo. É bom jogador. Nota 7.

Jair Ventura – Escalou a formação que todos queriam. Mexeu bem. Nota 6,5.

Corinthians

Cássio – Duas saídas erradas pelo alto e uma boa defesa. Nota 5,5.

Fagner – Bom primeiro tempo. Sofreu com Jean Mota e Arthur Gomes no segundo. Nota 6.

Balbuena – Seguro como sempre. Espanou todas as bolas. Nota 6.

Henrique – Atrapalhou Cássio no gol do Santos. Nota 5,5. 

Maycon – Se firmou na lateral, mas passou trabalho com Rodrygo e Arthur Gomes. Nota 5,5.

Gabriel – A regularidade de sempre. Nota 6. 

Renê Jr. – Bom jogador. Parece que está há anos no time. Fez  o gol. Nota 7. 

Rodriguinho – Dominante no primeiro tempo, caiu no segundo. Nota 6. 

Jadson – Podia ter matado o jogo no segundo tempo. Atuação equilibrada. Nota 6.

Clayson – Bom primeiro tempo. Depois, sumiu. Bem substituído. Nota 5,5.

Romero – Aplicação tática e perigoso nos contra-ataques. Nota 6,5.

Fábio Carille – Manteve a força máxima e dominou a primeira etapa. No segundo tempo, poderia ter reforçado o meio-campo. Nota 6.


Qual o critério para contratar um técnico? Galo e Botafogo parecem perdidos
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Alexandre Praetzel

Nos últimos cinco dias, Atlético-MG e Botafogo demitiram seus técnicos. Oswaldo de Oliveira caiu pelo mau desempenho do time e a briga com o repórter Léo Gomide, da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. Felipe Conceição perdeu o emprego pelas eliminações na Copa do Brasil e Taça Guanabara. A curiosidade é que esses dois nomes foram bancados por dois novos presidentes. Sérgio Sette Câmara preferiu não mexer em Oswaldo e Nelson Mufarrej efetivou Felipe, achando que teria o mesmo sucesso de Jair Ventura, ex-auxiliar e técnico do time.

Um início de temporada capenga acabou com as convicções dos dois mandatários. Agora, buscam novos profissionais no mercado. E aí eu pergunto. Qual o critério para contratar um treinador?

Para mim, valem currículo, títulos, competência e, principalmente, trabalho. Oswaldo tinha os dois primeiros, mas perdeu os outros dois quesitos. Felipe só tinha o último e precisava de respaldo.

Hoje, existem vários nomes disponíveis, mas onde Galo e Botafogo fizeram contatos? O Galo sondou Cuca e Abel Braga e ouviu dois nãos. Dois nomes vitoriosos e com lastros para comandar vestiários e elencos experientes. Com as recusas, parece que o Galo ficou sem opções.

O Botafogo consultou Cuca e Marcelo Oliveira, de trajetórias recentes ruins, mas com três brasileiros e uma Copa do Brasil, de 2013 a 2016. Nessa, os currículos falaram mais alto, mas Cuca recusou e Marcelo pediu um salário fora da realidade botafoguense. Cuca indicou Alberto Valentim, ex-auxiliar do Palmeiras. Valentim é um pouco mais experiente do que Felipe. Será que vão apostar em outro auxiliar? Soaria bem incoerente, aos olhos da torcida.

E nessas horas, o torcedor tem muita influência nas decisões diretivas. Alguns jogam nomes na rede social para ver a repercussão. Dependendo do barulho, positivo ou negativo, contatos avançam ou não. O mercado oferece todo tipo de treinador. Adilson Batista, Vanderlei Luxemburgo, Jorginho, Dunga, Celso Roth, Felipão, Milton Mendes, Cuca, Marcelo Oliveira, Falcão, Jorginho “Cantinflas” e outros, estão à espera de propostas. A maioria já passou por vários clubes e querem grandes salários e garantias de trabalho.

Quantos desses nomes, a galera aprovaria? Alguns têm história, títulos e competência, mas esqueceram do trabalho. Outros trabalham muito, mas não conseguem resultados. Então, a escolha do técnico depende muito hoje da simpatia dos torcedores, uma certa identificação com o Clube e muito mais resultados do que trabalhos. É assim que eu vejo.

Se não houver nenhuma opção livre, vai da intuição do presidente ou do valor que ele pode pagar. Carille e Jair Ventura surgiram assim, com paciência e respaldo. Sem isso, podem colocar qualquer um, que permanecerá se vencer ou será mais um na conta dos demitidos, se acumular derrotas. Esse é o Brasil.


Auxiliares viraram solução. A maioria não será um Carille ou Jair Ventura
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Alexandre Praetzel

Em dezembro de 2016, o Corinthians efetivou Fábio Carille como técnico do time. O ex-auxiliar chegou ao cargo principal, depois de ser interino no mesmo ano. Obviamente, Carille assumiu com desconfiança, após o Corinthians passar em branco naquela temporada, mas tinha uma trajetória de nove anos de clube, acompanhando Mano Menezes e Tite.

Veio 2017 e o Corinthians foi campeão paulista e brasileiro com autoridade e um jogo coletivo muito bom. Carille foi escolhido o melhor treinador, merecidamente, e renovou contrato por mais dois anos.

Jair Ventura não ganhou títulos no Botafogo, mas viveu a mesma condição. De número dois na comissão técnica de Ricardo Gomes, Jair passou à função principal, quando Ricardo foi para o São Paulo. Levou o Botafogo à Libertadores e seguiu com o bom trabalho até às quartas-de-final do torneio e às semifinais da Copa do Brasil. Hoje, comanda o Santos.

Citei os dois porque eles viraram referências para dirigentes efetivarem alguns auxiliares como treinadores principais, pelos salários menores e conhecimentos dos clubes. O próprio Botafogo promoveu Felipe Conceição, ex-jogador do time. Elogiado e querido pelo grupo, Felipe levou o Botafogo à semifinal da Taça Guanabara, mas deixou sua situação delicada com a eliminação para a Aparecidense-GO, na primeira fase da Copa do Brasil. O resultado pode ser a origem de uma demissão, caso caia para o Flamengo também. Se tivesse ganho a vaga no torneio mais rentável do Brasil, teria muito mais tranquilidade.

No Inter, Odair Hellmann substituiu Guto Ferreira. Abriu o ano com três vitórias, um empate e duas derrotas. Passou pelo Boavista-RJ com um futebol pobre e um empate na Copa do Brasil. Até agora, não definiu uma formação titular e o time não mostra padrão de jogo. Precisa de paciência, mas vem sendo criticado pela torcida. Se não passar pelo Remo, pode abreviar sua passagem. Lembrando que o Inter esteve na Série B, em 2017.

No Palmeiras, Alberto Valentim trabalhou nos últimos dez jogos de 2017. Largou bem, mas a derrota para o Corinthians e escolhas equivocadas, técnica e taticamente, liquidaram suas chances. O Verdão o dispensou e preferiu trazer Roger Machado.

No Sport, Daniel Paulista foi e voltou como interino e salvou o Leão do rebaixamento, quando Vanderlei Luxemburgo foi demitido. O Sport preferiu contratar Nelsinho Baptista e não o efetivou. Antes, o Sport apostou em Eduardo Baptista, que pulou da preparação física para a boca do túnel. Está fazendo carreira e dirige a Ponte Preta, pela segunda vez.

No São Paulo recente, Milton Cruz era o funcionário-tampão, quando a direção dispensava um treinador. Nunca quis assumir o tricolor. Saiu e virou técnico do Figueirense.

Zé Ricardo e Claudinei Oliveira foram bem nos times Sub-20 de Flamengo e Santos. Alçados às posições principais, se firmaram e foram para o mercado. Zé está no Vasco e Claudinei comanda o Avaí.

Novos nomes surgem por emergência e falta de dinheiro, também. A maioria não confirma porque sofre com o resultadismo e imediatismo dos clubes. Se começar ganhando, vai ficando, mas na primeira sequência negativa, pode cair, por não haver lastro e experiência. No fim do ano, teremos novos exemplos, sem dúvida. Nem todos serão como Carille e Jair Ventura. A caminhada é árdua e longa, e muitas vezes, ingrata.


Treinadores x Clubes. Fernando Diniz é mais um exemplo
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Alexandre Praetzel

Sou fã de Fernando Diniz. O futebol apresentado pelo Audax, sob seu comando, foi uma das últimas novidades que vimos no futebol brasileiro. Um time com constante toque de bola e ofensividade, superando grandes adversários. O Audax foi vice-campeão paulista em 2016, jogando mais que o campeão Santos, depois de passar por São Paulo e Corinthians. Em 2017, a equipe foi rebaixada para a Série A2. Parece que o modelo se esgotou.

Sempre quis ver Fernando Diniz comandando um clube grande e sempre fiquei em dúvida, se ele conseguiria implantar o mesmo modelo de jogo numa equipe com muito mais pressão. Ele sempre respondeu que sim. Só precisava de uma oportunidade.

Agora, apareceu o Atlético-PR. Uma instituição com grande pensamento e estrutura, mas práticas ruins. Diniz chegará num lugar que estava sendo guardado para Seedorf, num projeto expurgado pelo “Coronel” Mário Celso Petraglia, irritado com a demora do holandês em responder à oferta atleticana. Tomara que Diniz receba o crédito e a paciência merecida, algo que é bom ver para crer.

O detalhe é como Fernando Diniz desembarca no Furacão. Deixou o Guarani às portas da estreia na Série A2, num projeto protagonizado por ele. O elenco foi montado de acordo com a característica de Diniz. E ele saiu de uma hora para outra. Ok, o Atlético tem um calendário maior e integra a Série A do Brasileiro. Mas Fernando Diniz volta ao noticiário mais pelo fato de ter largado o Guarani do que ter assumido o clube paranaense. Já o rotulam de intempestivo, por algumas atitudes com atletas. Agora, terá que matar um leão por dia, sem dúvida.

A decisão de Diniz expõe um velho debate. Treinadores reclamam que são dispensados com pouco tempo de trabalho, mas não hesitam em abandonar o barco, na primeira proposta superior que aparece. Alguns recusam e preferem terminar trabalhos. Outros, ficam pulando de clube em clube, em troca de um reajuste salarial. Não dá para reclamar. Não faça com os outros, o que eu não gostaria que fizessem comigo, é a máxima dessa relação. E isso não vai acabar. Criaram a Federação Nacional dos Treinadores e como a entidade pretende se posicionar? Se fosse o inverso, a gritaria seria grande.

Torço pelo sucesso de Fernando Diniz, mas acho que nessa situação ele poderia ter mantido o trabalho no Guarani, em respeito ao clube que o recolocou no mercado. A conferir.


Você torce para a Seleção Brasileira?
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Alexandre Praetzel

Em 1982, tinha 11 anos e foi a última vez que chorei por futebol na derrota do Brasil para a Itália por 3 a 2, na Copa da Espanha. Um jogo dramático e espetacular até o final, com vitória dos futuros campeões, infelizmente. Os anos passaram e eu sempre quis ser jornalista esportivo. Até concluir o curso e começar a trabalhar na área, via a Seleção Brasileira com grande impacto sobre os torcedores e imprensa. Convocações e jogos paravam o país, com amistosos e competições oficiais tendo muita importância para todos.

Depois, já como profissional, comecei a cobrir a Seleção. Minha estréia foi em Brasil e Polônia, em janeiro de 1997, com Romário e Ronaldo juntos. Placar de 4 a 2 para o Brasil, com o comando de Zagallo, em Goiânia. Foi muito legal, apesar de achar o ambiente em torno, bastante político. Muitos tapinhas nas costas de todos e bastante vaidade. Ainda assim, havia bastante proximidade entre jogadores e jornalistas. O tempo foi passando e a Seleção virou propriedade da CBF. Se distanciou da torcida e passou a mandar seus jogos longe do Brasil, por gordos cachês e filas de patrocinadores. O dinheiro superou a paixão. De Ricardo Teixeira a Marco Polo Del Nero, a Seleção se transformou num produto comercial. Até nas convocações, sempre houve controvérsias.

Com as quedas de Teixeira e Marin por corrupção e com Del Nero proibido de sair do país para não ser preso, a CBF conseguiu atrair uma oposição da opinião pública e uma antipatia pelo nosso selecionado. A Seleção foi muito vaiada e só ganhou apoio total, quando sediou a Copa do Mundo, em 2014. O 7 a 1 para a Alemanha foi a pá de cal, forçando mudanças no pensamento de futebol praticado por técnicos e dirigentes brasileiros. Del Nero segue no poder e o Brasil retomou sua importância, depois da chegada de Tite. Com Dunga como substituto de Felipão, corremos o risco de eliminação da Copa, algo contornado e corrigido com a contratação de Tite. Hoje, a Seleção pode não encantar, mas parece mais integrada e comprometida em relação a anos anteriores. Ainda assim, não houve um treino aberto para a torcida, mesmo com o Brasil classificado. Só convidados e patrocinadores tiveram acesso. Isso precisa acabar.

Claro que na Copa do Mundo, a história é outra. O país para e entra em campo, representado por 23 atletas. Mas fora isso, você torce para a Seleção Brasileira? Eu tenho respeito, mas fico profundamente irritado com a distância que existe entre Seleção e torcida. A maioria dos convocados vive no exterior e não faz nenhum esforço para agradar a massa brasileira. Ficou um abismo e isso causou um esfriamento na relação.

Não me surpreendi com a declaração do prefeito de Belo Horizonte, o ex-presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil. Perguntado sobre Seleção, no programa “Bola da Vez” na ESPN Brasil, Kalil disse que nunca ligou e nunca torceu para a Seleção. Uma resposta clara de quem eternamente prioriza o clube. E isso me parece cada vez mais frequente. Afinal, você torce para a Seleção Brasileira? Hoje tem jogo e com público de 40 mil pessoas, mas há um sentimento verdadeiro pela Seleção? Eu tenho minhas dúvidas. Quando eu era criança, achava que sim.


O fiasco do Galo em 2017
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Alexandre Praetzel

O Atlético-MG é uma das maiores decepções da temporada. No início do ano, o Galo foi cotado como favorito para a Libertadores da América e candidato ao título do Campeonato Brasileiro. Roger Machado chegou com grande cartaz e teve um grupo qualificado à disposição. Ganhou o Mineiro, mas o time nunca convenceu nas competições mais importantes.

Roger alegava desgaste pelo calendário e os jogadores reclamavam da maratona de partidas, esquecendo que todo mundo estava passando pelo mesmo problema. Roger foi demitido dia 20 de julho, após a derrota para o Jorge Wilsterman-BOL, no primeiro confronto das oitavas-de-final. Foi a quarta vítima do presidente Daniel Nepomuceno, degolador de técnicos, desde o começo da sua gestão, em janeiro de 2015. Antes caíram Levir Culpi, Diego Aguirre e Marcelo Oliveira.

Rogério Micale assumiu dia 24 de julho e caiu dois meses depois. Foi eliminado da Libertadores e não conseguiu boa sequência na Série A. Não aguentou a pressão de comandar uma equipe principal e também sucumbiu como o quinto dispensado por Nepomuceno. Veio Oswaldo de Oliveira para fechar o ano e segurar o Galo na primeira divisão. Estreou com vitória fora de casa, mas perdeu o título da Primeira Liga para o Londrina, 10º colocado na Série B do Brasileiro. Mais um vexame de um elenco com ares de descomprometimento.

Não venham dizer que a Primeira Liga não importava. Oswaldo escalou força máxima e não conseguiu vencer nos 90 minutos. Uma formação com Victor; Alex Silva, Gabriel, Fellipe Santana e Fábio Santos; Adilson, Elias, Cazares(Marlone) e Valdívia(Clayton); Robinho e Fred(Rafael Moura) deve e pode jogar mais, mas parece que o ano terminou e os atletas estão cumprindo meras formalidades. Um fiasco para um time caro e desinteressado.

Depois de Alexandre Kalil, seu discípulo e sucessor não deixará saudades. Tanto que não irá concorrer à reeleição. A torcida do Galo merece ver mais gestão, organização, trabalho e competitividade. Provavelmente, o Atlético mudará bastante em 2018.


Quando Rueda deve ser cobrado por resultados?
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Alexandre Praetzel

Fábio Carille se mostrou a favor da vinda de técnicos estrangeiros para o Brasil, mas questionou por que eles precisam de tempo para trabalhar e a mesma tolerância não é praticada com os profissionais daqui? É um bom debate. Acho que treinadores de fora têm mais dificuldades de adaptação ao nosso calendário e encontram outra cultura de trabalho, assim como ocorreria se algum brasileiro fosse para o exterior.

Em 2005, Vanderlei Luxemburgo foi para o Real Madrid e foi saudado por todos. Ficou um ano. Luiz Felipe Scolari trabalhou no Chelsea, em 2009, mas acabou dispensado, sem completar uma temporada. Os dois foram reféns de resultados, mesmo com currículos consagrados.

Para mim, é preciso dar tempo a todos os treinadores. Sou adepto da continuidade e entendo que as cobranças devam começar, após seis meses de trabalho. Com 180 dias, é possível apresentar um time definido, ideias de jogo e sistemas táticos. Óbvio que se a equipe for última colocada de um torneio ou estiver muito ameaçada de rebaixamento, uma mudança pode ocorrer. E isso vale em qualquer país. Em dezembro de 2015, José Mourinho caiu no Chelsea, porque estava nessa situação, mesmo tendo sido campeão, seis meses antes.

Reinaldo Rueda chegou ao Flamengo e estreou num mata-mata diante do Botafogo, numa semifinal de Copa do Brasil. É campeão da Libertadores da América e participou de duas Copas do Mundo, dirigindo Honduras e Equador. Tem experiência e qualidade, mas sua vinda gerou críticas e comparações com outros estrangeiros, que tiveram passagens rápidas pelo Brasil. Evidente que ele será cobrado, mas isso deve ser feito, a partir de 2018. Pegou o Fla mais para o fim do ano, em meio a três campeonatos importantes. Pode ser campeão? Pode, mesmo que isso seja bem difícil, com pouco tempo de trabalho.

Ninguém é milagreiro e Rueda sabe disso. A cultura imediatista precisa ser evitada e cabe a nós, jornalistas, também incentivar mais tolerância com nossos compatriotas e com quem vem de fora. E tapar os ouvidos para quem é definitivo com frases como “estrangeiros não ajudam, não sabem nada e não deixam legado nenhum”. Pura xenofobia.