Raí precisa de autonomia no SP. Risco de ser queimado é grande
Alexandre Praetzel
A saída de Vinícius Pinotti do departamento de futebol foi absolutamente normal, para o momento do São Paulo. O cargo de diretor era maior que o próprio Pinotti, um cidadão cheio de boas intenções, mas com pouca experiência de gestão e vestiário. Se demitiu, após divergências com o presidente Leco.
Ora, alguém acha que terá super poderes, tendo Leco como mandatário? Claro que não. Não sejam ingênuos. O regime dos grandes clubes brasileiros é PRESIDENCIALISTA, assim mesmo, com letras maiúsculas. Quem manda é o presidente e obedece quem precisa.
Quero ver se Raí vai aceitar essa condição. Os dirigentes amadores não pensam duas vezes em queimar grandes ídolos dos clubes. A ciumeira é geral porque o ex-jogador é muito mais aplaudido e valorizado pelos sócios e torcedores. E os dirigentes não suportam ficar em segundo plano. Eles precisam brilhar.
Raí está entre os maiores nomes da história são-paulina. Só terá serventia, se puder implantar o que ele acha ideal. Se aceitar ser um coadjuvante, acatando todas as determinações do presidente, vai se desgastar e sairá. Já vi ex-atletas serem torrados sem dó, porque ganharam espaço demais e recebiam créditos pelas vitórias. Leco não permitirá isso. Lembrando que Raí já faz parte do Conselho de Administração tricolor.
Figueroa sofreu no Inter, em 1996. Era gerente de futebol, passou a treinador e o Inter reagiu na ocasião, no Campeonato Brasileiro. Caiu logo depois por ciumeira da diretoria.
Em 2010, Zico foi executivo do Flamengo e foi defenestrado do clube por pressão de um ex-líder de organizada e com forte apoio no Conselho Deliberativo. Durou quatro meses no cargo.
Citei dois exemplos de monstros sagrados que foram expurgados. Será que Raí vai correr esse risco, como Rogério Ceni? Afinal, o ex-goleiro serve como grande parâmetro para quem não quer passar pela mesma situação. Vamos ver.