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Pimenta critica gestão de Leco, defende Ceni e promete fundo para reforços
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Alexandre Praetzel

José Eduardo Mesquita Pimenta quer voltar a presidir o São Paulo, após comandar o clube de 1990 a 1994. Aos 78 anos, o candidato da oposição é crítico da atual gestão, defende Rogério Ceni e promete um fundo de investimento para contratações de reforços. Acompanhe a entrevista exclusiva ao blog.

Por que o Sr. quer ser presidente do São Paulo novamente?

“Nos últimos anos o São Paulo Futebol Clube entrou em uma espiral de decadência. De 2008 para cá, ganhamos apenas uma Copa Sul-Americana. O clube, que já foi sinônimo de gestão profissional e vitoriosa, perdeu prestígio e protagonismo. Fico triste de vê-lo em tal situação. O São Paulo é o clube brasileiro com maior número de títulos internacionais de expressão. Em 1993, ano do nosso bicampeonato mundial, fomos eleitos o melhor time do mundo por publicações espanholasPor isso não fomos acostumados a se contentar com poucoVoltei porque quero devolver o São Paulo ao seu lugar. Quero vê-lo novamente nas capas dos jornais, levantando taças, enchendo o Morumbi e ganhando campeonatos contra os grandes da Europa. Chegou a hora de reconstruirmos o São Paulo e torná-lo gigante novamente”. 

Quais são suas ideias para o departamento de futebol?

“Nosso principal projeto será a criação de um fundo de investimento exclusivo para o futebolEsse fundo terá um aporte inicial estimado entre R$100 e R$150 milhões. Com esses recursos vamos reforçar o time. Será um dinheiro carimbado, que não será utilizado em outras áreasComo o futebol terá um caixa próprio, poderemos destinar receitas para pagar dívidas e investir em outras demandas do clube. Outra proposta é dar mais autonomia financeira e administrativa para a área social, tornando-a mais forte e independente. Vamos também promover uma maior integração entre a base e o profissional, aproximando ainda mais os CTs de Cotia da Barra Funda. Com isso vamos otimizar custos e realizar um intercâmbio maior entre nossos garotos e os profissionais”.  

O que tem achado do trabalho de Rogério Ceni e da gestão de Leco?

“Como você deve saber, o Rogério Ceni chegou ao clube na minha primeira gestão. Anos depois estreou em um torneio da Espanha. Ele é meu amigo pessoal, tanto que inclusive me convidou para seu jogo de despedida. Na minha opinião, além de ídolo, ele é um treinador com muito potencial e que pode ajudar muito o São Paulo. Ele só precisa de tempo e elenco para trabalhar. Por falta de planejamento da atual diretoria, o grupo tem algumas carências, principalmente nas laterais e meio-campo. Isso atrapalha o desempenho do time e, consequentemente, o próprio trabalho do Rogério. Sobre a atual gestão, só posso classificá-la como preocupanteNo último ano, as dívidas aumentaram 16%, beirando a casa dos R$ 300 milhõesIsso faz com que o clube tenha que vender cedo garotos promissores como David Neres e Lyanco. O marketing é outro ponto de grande preocupação. A atual gestão estimou faturar R$ 44 milhões em patrocínios este ano. Mas fez menos de R$ 14 milhões e ainda perdeu a Prevent Senior como patrocinadora master. Nos últimos jogos nossa propriedade mais valiosa foi cedida de graça para uma empresa por conta de uma negociação mal conduzida pela atual diretoria com a Comissão Técnica.  É uma sequência de erros e amadorismo que não são condizentes com o nome e a grandeza do São Paulo Futebol Clube”.

O Sr. promete contratações de reforços?

“O fundo de investimentos nos possibilitará contratar jogadores de ponta para o time. Não falarei de nomesMas teremos receitas e com elas contrataremos novos jogadores com nível para construirmos um time campeão”.

Qual seu plano de gestão no marketing e nas finanças?

Nós implementaremos uma gestão profissional no clube. O marketing e as finanças serão geridos por profissionais do mercado. Contaremos com o auxílio de headhunters para buscar profissionais capacitados para trabalhar a marca São Paulo, uma das mais valiosas e poderosas do futebol brasileiro, mas que está subvalorizada. Separaremos o marketing da área comercial. Isso dará autonomia e potencializará as possibilidades de cada área. Sobre as finançasdesde o primeiro dia nos concentraremos em equacionar as dívidas do São Paulo, que hoje beiram os R$ 300 milhões. O clube perdeu credibilidade no mercado. Até para pegar um empréstimo em um banco está difícil. Essa situação é inadmissível e precisa ser revertida o quanto antes possível”.

Consideras o Morumbi um estádio ultrapassado?

“O Morumbi não está ultrapassado. Precisamos fazer adequações para adaptá-lo às demandas e necessidades do século XXIO Morumbi é a nossa casa, o orgulho de todo são-paulino. Temos um projetpara melhorar a sua infraestrutura e garantir mais conforto para a nossa torcida. Esse plano prevê a construção de um novo estacionamento e a aproximação das cadeiras ao gramado. Vamos estudar também a questão da cobertura. O torcedor merece mais conforto em sua casa. Nos últimos tempos, vimos o Morumbi perder muitos shows para outras praças. Vamos torná-lo novamente a casa dos grandes eventos na cidade”. 

Há 24 anos o Sr. teve problemas como presidente no envolvimento com o empresário Todé. O Sr. acha que isso pode ser resgatado contra o Sr. na eleição?

Esse é um assunto superado, que só voltou à tona por conta da minha candidatura. Não há mais o que falar sobre esse caso. A acusação surgiu de uma fita manipulada e adulterada, conforme laudo assinado pelo renomado perito Ricardo Molina. No laudo não há uma menção sequer sobre a comissão de 5% que o empresário afirma que pedi. Isso foi dito apenas no depoimento dele ao juiz. E muito me espanta e indigna ver o magistrado afirmando que houve esse pedido de comissão baseado numa fita que ele próprio considerou como clandestina e ilícita. Isso não faz sentido para mim. De toda forma, o próprio Conselho Deliberativo tornou minha punição sem efeito e me reconduziu ao clube. Hoje sou presidente do Conselho Consultivo, órgão de notáveis que reúne todos os ex-presidentes. Aquele foi um episódio que me causou grande tristeza e sofrimento. Mas a minha inocência está mais do que comprovada”.  

Abílio Diniz terá que peso na sua gestão, caso o Sr. seja eleito?

“O Abílio Diniz é um grande são-paulino e um dos muitos apoiadores da nossa campanha. Ele entende que nossas ideias e propostas são as melhores para o futuro do SPFC. É uma pessoa bem-sucedida em sua vida profissional e que quer ajudar o clube. Será importante para a modelagem e constituição do fundo de investimento. Mas não terá participação direta na gestão e nas tomadas de decisão. O Abílio quer o bem do São Paulo e, assim como muitos outros conselheiros, sócios e torcedores, está seguro que o nosso projeto seja o melhor para o SPFC”.

A eleição à presidência do São Paulo será dia 18 de abril. Pimenta irá concorrer contra Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, atual presidente são-paulino.


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