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Arquivo : Fábio Carille

Carille sonha com dinastia no Corinthians. Forma de jogar é o segredo
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Alexandre Praetzel

Fábio Carille vai se consolidando como o melhor técnico do Campeonato Brasileiro. A campanha invicta do Corinthians impressiona críticos e adversários, com 47 pontos conquistados em 57 disputados. Para muitos, título encaminhado para o time, mas Carille pede calma. Nesta entrevista exclusiva ao blog, Carille mantém a humildade, fala sobre os critérios do seu trabalho e sonha com uma dinastia no Corinthians. Confira a seguir.

A pergunta que restou sobre o Corinthians. O time vai perder no Brasileiro?

Vamos fazer de tudo para que a gente continue desse jeito, com bastante trabalho, nos preparando a cada jogo, a cada decisão, para que a gente continue assim, sem perder, procurando jogar bem, vencer. Essa é a nossa busca do dia-a-dia.

Ser campeão invicto é uma realidade ou algo muito difícil de acontecer?

Muito difícil. Não é impossível, se ganhamos um turno. Mas a gente passa a ser o time a ser batido, olhado diferente pelos adversários. É muito difícil, mas não é impossível. Vamos trabalhando dia-a-dia, jogo a jogo, para ver até onde a gente vai.

Qual o segredo do trabalho em oito meses, depois de você ter sido tratado como aposta, em janeiro?

Eu acho que a grande sacada da comissão técnica, nós nos apresentamos dia 03 de janeiro e os atletas, dia 11 de janeiro. Então, ali com as contratações, o elenco que a gente tinha, a gente definiu o quanto antes a forma de jogar. Nosso primeiro treino com bola já foi com uma ideia de jogo. Então, hoje os atletas, sai um, sai outro, quem entra em campo, sabe realmente o que tem que fazer, com e sem bola. Por isso, é muito importante para todos os clubes, no início da temporada, já ter um grupo definido e colocar todo mundo para trabalhar com as mesmas ideias. Acho que isso é o grande motivo para a gente estar fazendo esse ano maravilhoso.

Muitos treinadores jovens acabam não tendo sequência nos trabalhos porque alteram demais suas ideias. Você corre o risco de entrar para esse grupo?

Não. Não quero. Dificilmente, vocês vão ver algo de diferente, algo que eu não treinei. Minhas coisas são muito definidas. Aprendi isso também, que vale ter as coisas bem definidas e quando você tem uma equipe muito organizada, com todos os jogadores muito atentos e determinados a fazer, você está mais perto da vitória. Então, espero que minha carreira seja assim, com ciência daquilo que o grupo pode me dar e daquilo que eu posso cobrar do grupo, para que eu consiga me manter entre os melhores do Brasil.

Você acredita no discurso de técnicos como Levir Culpi e Cuca, de que não dá mais para buscar o Corinthians ou não?

De alguns treinadores, se eu estiver falando que eu não estou acompanhando, eu acredito. Vindo de Levir e Renato Gaúcho, se eles estiverem falando isso, eu não acredito. Mas ficou difícil para Atlético-MG, Flamengo com 18 pontos atrás, também ficou difícil. A gente tem que ser realista. Não é fácil buscar num turno, essa diferença. Não é impossível, mas a gente sabe que é muito difícil. Mas essas equipes que estão oito, dez, 12 pontos atrás, têm muita coisa para acontecer.

Costumo dizer que com dez Romeros, é possível ser campeão. Você concorda com isso, que Romero conseguiu superar qualquer adversidade no Brasil?

Concordo. É um jogador que muito se fala sobre a entrega dele, porém, é um cara que tem um bom passe. Lembro de gols aqui, muito rapidamente, o primeiro gol contra a Ponte, na final do Paulista, que ele acha o Jô e o Jô coloca o Rodriguinho na cara do gol. Os dois gols contra o Palmeiras, agora, no estádio do Palmeiras. Participação dele no pênalti do Arana e no lançamento para o gol do Arana. Pensando rápido assim. É um cara com muita entrega, que o corintiano gosta, mas que também tem muita técnica, sabe finalizar, está jogando um pouquinho longe do gol, mas a gente vê no dia-a-dia, ele tem um poder de finalização. Concordo. Com dez Romeros, você fica com uma equipe muito forte, consistente, com qualidade técnica também.

Você tem conversado com Tite? Ele te elogiou pelo trabalho, deu alguma orientação, ou imagina que você tem luz própria, não entra em detalhes?

Eu conheço muito bem. Foram cinco anos e meio, trabalhando com ele. Nos falamos sempre, mas não se fala sobre futebol. Família, como você está. Eu também não gosto de perguntar porque sei qual vai ser a resposta dele. Fábio, vai ser difícil falar, porque quem tem está no dia-a-dia, é você. Mas ele me conhece bem. Considero um pai dentro do esporte, sou abençoado por ter trabalhado com ele e ter aprendido bastante. Conversamos bastante, mas sobre futebol, muito pouco.

Atlético-MG e Flamengo tentaram te contratar no ano passado?

Saíram matérias agora, que eu vi, mas não chegou nada a mim. Acho difícil que isso tenha acontecido. Na fase que o Corinthians está, nosso momento, mesmo que viessem atrás, dificilmente você vai sair. Você não pode quebrar(contrato). Eu sou um cara que dificilmente eu vou quebrar. Aconteceu sim antes do jogo contra o Grêmio, uma reunião com um pessoal da China, onde fiquei 15, 20 minutos. O cara queria me conhecer. Eu fui até ele, para ir agora, falei esquece, não saio desse sonho, porque é um sonho estar dirigindo o Corinthians. Tem muita coisa ainda para acontecer aqui no Corinthians e futebol brasileiro, do jeito que eu penso. A única coisa que eu participei foi essa questão da China e de imediato já cancelei a conversa.

Pode surgir uma “Era” Carille como houve uma Era Brandão e Era Tite no Corinthians?

É meu sonho hoje, cara. De ficar muito tempo. Com certeza, cada ano que passar, vou estar mais experiente. Estou num processo de aprendizado muito grande e quero aprender cada vez mais, ainda sendo técnico, tomando decisões, errando, acertando. É assim que a gente aprende. Sou uma pessoa muito tranquila e consciente de tudo que acontece. Meu sonho hoje é ficar por muito tempo no Corinthians, fazer um trabalho a longo prazo, participar de contratações futuras, estar envolvido mesmo para que a gente fique bem forte. Esse é meu grande sonho hoje.

Pode sair algum jogador na janela de agosto?

Acho difícil. Alguns dias atrás, eu tinha muito medo desta questão, mas hoje do jeito que a diretoria está trabalhando, vai ser muito difícil de acontecer. Não é impossível, mas estão trabalhando para que isso não aconteça.

Pablo continua?

Até dezembro, sim. Agora, não sei. Estou vendo aí que houve acertos, depois voltaram atrás, algumas coisas aí, mas até dezembro, com certeza, ele permanece.

Se o Corinthians não for campeão, o que você imagina que possa acontecer?

Nós somos sempre cobrados por resultados. Não imaginava terminar o turno com 47 pontos, não imaginava. Falo para todo mundo, um time totalmente desacreditado no início do ano. Mas tem um segundo turno que tudo pode acontecer. A gente está trabalhando muito para nos mantermos na frente, mas a gente sabe que as coisas não acontecem como a gente quer. Nos preparamos para coisas grandes, mas muitas vezes as coisas não acontecem. Decepção? Não vai acontecer porque a gente trabalha demais e sempre de cabeça erguida. Uma vaga na Libertadores, buscar isso o quanto antes, para depois a gente buscar e confirmar esse título, mas tem muita coisa para acontecer.

Teu trabalho pode virar parâmetro a clubes que estão gastando dinheiro, sem resultados?

Pode sim e espero que isso aconteça no futebol. Falando de nós, profissionais técnicos, talvez isso vá dar muita polêmica, mas eu não tenho problema nenhum em falar. É muito fácil você ficar pedindo contratações ao invés de olhar para o seu grupo e trabalhar com aquilo que você tem. A gente vê hoje. Chega jogador, pede jogador e muitas vezes você tira a moral de quem está ali com você, com quem você pode contar no dia-a-dia. Foi isso que eu fiz. Eu sabia das condições do Corinthians, que tinha que subir bastante garotos e me fechei dentro de campo e trabalhei dentro de uma ideia. Pode acreditar. Gostei muito da entrevista do zagueiro Felipe, esta semana, onde ele fala que o treinamento pode mudar um jogador, um jogador que trabalhou até os 20 anos e eu acredito demais nisso. Treinamento individual, coletivo, dá resultados. Falar que vai ser campeão, é muito difícil. São 20 equipes que se preparam, mas que vai ser um trabalho coeso, de muita organização, isso dá. É só ir para o campo, se fechar com aquilo que você tem e trabalhar bastante.

Chegará mais algum reforço? Zagueiro Emerson Santos do Botafogo?

A diretoria tem trabalhado. Não sei se chega agora. A gente tinha muita preocupação na questão do Balbuena, de sair, de pensar até no futuro, se o Pablo não continuar no ano que vem, a gente já ter alguém no grupo para trabalhar e já chegar o outro ano. Mas estou vendo que isso só deva acontecer no final do ano. Estamos trabalhando ainda, nem que venha da Série B. Você perde o Pablo, o Balbuena pode ir para a seleção, o Léo Santos tem idade de seleção Sub-20, a gente não pode ficar sem jogador no setor por ali. Bem provável que sim.

O Corinthians folga neste fim de semana e volta a jogar apenas dia 19 de agosto, recebendo o Vitória, na Arena Corinthians.


Corinthians é superior ao SP, também pelo seu treinador
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Alexandre Praetzel

A principal diferença entre Corinthians e São Paulo está no comando do time. Treinadores efetivos iniciantes e com a mesma idade, mas com estilos distintos. Fábio Carille tem mais experiência em comissões técnicas, iniciando como auxiliar, em 2009, no Corinthians. Rogério Ceni começou direto no profissional do São Paulo e ficou no campo, até 2015, com uma carreira muito superior como atleta. Carille parece bem mais simples na tomada das decisões. Rogério demonstra mais dúvidas na continuidade do trabalho. Ontem, o Corinthians venceu o tricolor de novo. São quatro clássicos entre os dois, com duas vitórias de Carille e dois empates. Avaliando os desempenhos, notamos algumas diferenças.

– Carille tem uma formação definida e um padrão de jogo. Rogério Ceni muda a escalação, de acordo com o adversário;

– Carille acertou primeiro a defesa, para alterar o estilo de jogo, aos poucos. Rogério Ceni priorizou o ataque e ainda      não consolidou o sistema defensivo. A escolha de Douglas parece equivocada;

– Carille não escala formações com pouco tempo de treino. Rogério Ceni arrisca mais. Contra o Palmeiras, funcionou. Ontem, não;

– Os substitutos do Corinthians mantêm a mesma forma de atuar. No São Paulo, isso ainda não acontece;

– Carille só faz treinos abertos e todos sabem como o time atua e, mesmo assim, o Corinthians é líder. Ponto para o técnico. Rogério Ceni fecha todos os treinos, mas apresenta pouquíssimas novidades nos jogos. Isso é fato;

– No início do ano, o Corinthians parecia ter menos elenco que o São Paulo. Hoje, isso mudou, em termos de aproveitamento. Carille conseguiu extrair mais do grupo do que Rogério Ceni.

Claro que são pequenas comparações do que eu vejo como futebol, na minha opinião. Isso não significa que Carille será um treinador espetacular e que Rogério Ceni não vingará na função. Nada disso. Acredito que Carille entenda mais onde tem que acertar e corrigir os erros que aparecem, ao contrário de Rogério Ceni. Mas Rogério mostra também que pode se tornar um ótimo profissional, na beira do campo. Tudo ao seu tempo. Hoje, Carille é superior.


Fábio Carille é melhor do que o time do Corinthians
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Alexandre Praetzel

No Brasil, ainda temos a cultura do “treinadorismo”. Dirigentes entregam o vestiário e aceitam um comando paralelo no departamento de futebol. O técnico indica, manda e desmanda e a diretoria só observa. O Corinthians, me parece, foge a essa regra, atualmente. Fábio Carille foi efetivado em dezembro, após serviços prestados por vários anos ao clube.

Óbvio que houve desconfiança. Afinal, a temporada de 2016 foi ruim, com quatro treinadores e maus resultados. Mas Carille chegou com seu jeito simples, sem reclamações, com um modelo de jogo definido e afirmação em pouco tempo, com a conquista do Campeonato Paulista. Todo mundo sabe que o Corinthians não tem dinheiro para grandes investimentos e ficou para trás na comparacão com os rivais. No entanto, Carille fez a diferença e ficou superior ao time.

Adaptou a tática ao que tinha no elenco. Padrão defensivo forte, força física, equilíbrio entre os setores e contando também com fases muito boas de Jô, Rodriguinho e Guilherme Arana e o espírito guerreiro de Pablo, Gabriel e Romero. Um feijão com arroz bem preparado, sem brilhantismo, mas com grande eficiência. Carille ainda é didático e resume cada desempenho com verdade, respeitando todo mundo.

O Corinthians tem dez pontos em 12 disputados, no Brasileiro. Por palpite, acho que não será campeão, mas certamente irá incomodar os adversários, como fez no segundo tempo contra o Santos, sem deixá-los respirar.

Carille é melhor do que o time do Corinthians. E tem o grupo na mão. Esse é meu resumo.


Jô me surpreendeu e virou o melhor jogador do Paulista
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Alexandre Praetzel

Quando o Corinthians anunciou a contratação de Jô, confesso que não fiquei muito entusiasmado. Ele vinha em queda técnica e sob muita desconfiança, após deixar o Brasil, depois de fazer parte do elenco da Seleção Brasileira, no fiasco da Copa do Mundo de 2014. Jô ficou marcado como um jogador pouco comprometido e com problemas disciplinares, fora de campo. Foi para o mundo árabe e voltou ao Corinthians, numa contratação sem badalação, com três anos de contrato e pagamento de R$ 1,5 milhão de comissão ao empresário. As críticas foram muito grandes, na mídia e entre os torcedores.

Em setembro de 2016, Jô começou a treinar e ganhou elogios de todos, prevendo um bom ano de 2017. Fábio Carille parecia enxergar longe ao apostar no desempenho do atacante. Jô ganhou confiança, teve boas atuações e marcou cinco gols em cinco clássicos. Despontou como o principal nome ofensivo do Paulista. Claro que o Estadual não é parâmetro para maiores desafios, mas Jô foi bem contra os grandes rivais corintianos e isso fortalece sua participação. Não o vejo convocado para a Seleção Brasileira porque há opções melhores e superiores na parte técnica. Agora, aqui na terrinha, Jô foi o melhor jogador do Paulista, na minha opinião. Se vai manter a eficiência num Brasileiro competitivo e difícil, prefiro aguardar. Como futebol é momento, deixo esta avaliação.

Estendo a análise para a Seleção do torneio. Cássio; Samuel Santos(Botafogo), Pablo, Edu Dracena e Guilherme Arana; Felipe Melo, Fernando Bob(Ponte Preta), Rodriguinho e Jadson; Pottker e Jô.

Técnico: Fábio Carille. Talvez, melhor do que todo o time do Corinthians.


Roberto de Andrade: “Carille é o meu técnico até o final da gestão”
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Alexandre Praetzel

O Corinthians está na final do Campeonato Paulista para enfrentar a Ponte Preta, em duas partidas. O time chega à decisão com um esquema tático baseado no conjunto e na força defensiva, trabalho determinado pelo técnico Fábio Carille. O blog entrevistou o presidente Roberto de Andrade, que garantiu Carille até o final da sua gestão, em fevereiro de 2018, e ainda previu Campinas e Itaquera, como locais das partidas. Acompanhem abaixo.

O Corinthians mereceu chegar na final?

“Muito merecido. Não é pouco não. Jogou, ganhou dentro de campo, se empenhou, mostrou, jogou com grandes. Não foi jogo fácil, nenhum jogo foi fácil, jogamos no Morumbi, enfrentamos o São Paulo no nosso estádio, tem um grande time, as dificuldades são imensas. Mesmo ao longo do campeonato, todo mundo sabe, o Paulista é dificílimo de jogar, basta ver que nos últimos anos, um time do interior chegou sempre na final, até conquistando título. Então, acho muito merecido”.

Decisão em Campinas e na Arena do Corinthians?

“É isso aí. Se tudo correr normal, é assim que tem que ser”.

Como o Sr. analisa o time da Ponte Preta?

“Vejo forte. É um time forte, muito difícil de jogar. Vocês viram o jogo com o Palmeiras. O Palmeiras ficou pratimente 50, 60 minutos com a bola no pé e não conseguia furar aquela defesa da Ponte. É um jogo bem difícil. Então, não dá para falar que a Ponte é favorita, nem o Corinthians. É um jogo que nós temos que esperar e ver o que vai acontecer, mas é difícil”.

A aposta no Fábio Carille foi certeira?

“Acho que sim. Acho que vem fazendo um bom trabalho. O grupo assimilou bem tudo o que ele quer, tudo o que ele pede. Os resultados estão aparecendo. Isso ajuda também, né. Isso deixa o treinador com um pouco mais de tranquilidade para trabalhar e o elenco também. Estou muito contente”.

O título paulista fortalece a sua gestão, por ser no último ano?

“Não precisa de título para fortalecer gestão nenhuma. Independentemente disso, aquilo que estou fazendo pelo Corinthians, tenho convicção de que é o melhor para o Corinthians. Se vier um título, óbvio que é melhor. Nós já temos um Brasileiro na minha gestão. Se vier um Paulista, será muito bem-vindo”.

Carille é o seu treinador até o final da sua gestão?

“É. Meu treinador até o final da gestão”.

Houve muito prejuízo com a eliminação na Copa do Brasil?

“Não é muito representativo financeiramente, a não ser que você seja campeão, aí você tem um prêmio. Pensando de outra forma, qualquer dinheiro é bem-vindo. Como terá o dinheiro do Paulista, acaba tendo uma compensação. Eu acho quer perder, nunca é bom. Nunca ninguém quer, mas não dá para ganhar tudo. Infelizmente, não conseguimos passar nos pênaltis e estamos fora, mas estamos na final do Paulista”.

Roberto de Andrade tem mandato até o final de fevereiro de 2018. Além de estar na decisão do Paulista, o Corinthians ainda disputa a Copa Sul-Americana e terá o Brasileiro, a partir de 13 maio.


Adauto elogia Carille, explica perda de Pottker e vê time com qualidade
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Alexandre Praetzel

O Corinthians terá um ano interessante, na visão do diretor de futebol, Flávio Adauto. Em entrevista exclusiva ao blog, o dirigente projetou um bom trabalho de Fábio Carille, a chegada de reforços pontuais e explicou o caso William Pottker, bastante criticado pela torcida, além de confiar na permanência de Roberto de Andrade como presidente do clube. Leia abaixo.

Início de temporada

“Vejo dentro do esperado. Um time que deverá alternar ainda alguns bons momentos com momentos de falta de equilíbrio. Uma equipe que está sendo reconstruída, outra vez pode parecer um velho chavão, pode parecer uma conversa mole, mas não é não. Um time que se reconstruiu e se reestruturou duas vezes, ano passado e em 2016. Em 2017, você começa praticamente tudo de novo. São oito peças novas, muitas mantidas que não vinham tendo grande rendimento também. Um começo com Flórida Cup razoável, um início de Campeonato Paulista também razoável. O mesmo se pode dizer em relação à estréia na Copa do Brasil, mas a expectativa nossa é positiva. Nós temos bons jogadores. Vários jogadores que ainda podem estrear e podem ser muito importantes na história do Corinthians”.

Corinthians é a quarta força do Paulista?

“Não. Você vai ver a quarta força com o campeonato em andamento. Pode ser terceira, segunda, pode ser primeira. Eu já vi muitas primeiras forças no futebol brasileiro, caindo e despencando. Uma tradicionalíssima força, por exemplo, é o Internacional. Todo ano começa como primeira força e terminou como décima-sétima, décima-oitava. Hoje, você tem equipes mais estruturadas, mais tarimbadas do que o Corinthians, e talvez até em estágio melhor, como o Santos, eu diria, que é uma equipe que tem um equilíbrio maior. Mas não é quarta força não e compete a nós provar que não somos a quarta força”.

Projeção de reforços para o Brasileiro

“Pontualmente, se aparecer alguma coisa, a gente não vai fechar os olhos, não. A gente tem a expectativa que este grupo renda o suficiente, mas dizer em fevereiro, que o que temos aí já está pronto para chegarmos até dezembro, é muita pretensão, até. Seria positivo demais se não precisássemos de mais ninguém, mas fatalmente a gente vai precisar de alguns contornos para ter uma obra final e estes contornos deverão vir ao longo do Campeonato Paulista, conjuntamente ou simultaneamente com os jogos da Copa do Brasil e você tem até maio para ter esta base que a gente pretende ter de um time bem mais forte que o ano passado”.

Potkker foi fiasco para o Corinthians?

“Quem não sabe da história, analisa assim. Quem se precipita, erra. Quem fala, se engana. Caso Potkker é rápido de dizer. O Corinthians aceitou uma proposta dos agentes do jogador, ofereceu uma quantia bastante elevada pelos 50%, acertou com o atleta através dos agentes e fechou-se o seguinte: o Corinthians tem 50% do jogador. Os outros 50% é problema do agente com a Ponte Preta, não é problema nosso. Nós estamos comprando uma parcela do jogador, com preço fechado, com salário acertado, com quatro anos de contrato definidos. Os dirigentes da Ponte se apressaram e disseram que estava fechado. Nós dissemos que enquanto não tiver assinado, não está fechado. Entregamos e vamos entregar sempre desta forma, o que eu vou te falar agora, tudo para o departamento jurídico resolver. A nossa parte é essa, agora tratem com os agentes do jogador. Não houve condição porque a prática do Corinthians não se adequava à prática dos empresários e agentes tentaram colocar. Para complicar, porque poderíamos negociar mais uns dois ou três dias e chegarmos até um acordo, não chegamos porque eles teimaram e não acreditaram que nós desistiríamos no caso dele jogar a Copa do Brasil. Isso ficou claro e patente para os responsáveis pelo jogador, aqueles que tutelam para o jogador, desde o início da sua carreira. Como não cumpriram um pedido nosso de que não poderia jogar e não chegou-se a um acordo jurídico porque as bases e as condições para serem colocadas no contrato não são as praticadas pelo Corinthians, chegou-se a um ponto final de forma negativa. Lamento porque acho um bom jogador, quem sabe até no futuro. Mas neste momento, quem falar diferentemente disso, está mentindo e está errando”.

Nico López foi tentado?

“Não. Hoje eu dei muita risada. Disseram que não só estávamos contratando como estávamos colocando cinco jogadores à disposição. Surgem algumas coisas que a gente não sabe do nada. Desde que eu assumi há quatro meses, vivo o futebol há 50 anos, vivo o Corinthians há seis décadas quase. Então, neste período que a gente está lá, apareceram exatamente entre 70 e 80 nomes. Plantam informações, semeiam jogadores, os meios de comunicação entram nessa semeadura, os empresários fazem a festa porque colocam nomes dos seus clientes em evidência, só que o Corinthians não sabe de nada. Hoje mesmo, o Alessandro deu uma gargalhada, eu dei outra. A não ser que alguém esteja contratando, sem que nós saibamos”.

Preocupa tirar dinheiro do futebol para pagar o estádio?

“Se tirar dinheiro do futebol, constantemente, preocupa sim. Houve um fato isolado, num momento isolado, que eu acredito que dificilmente vai se repetir e o Corinthians está fazendo uma renegociação da dívida para prorrogar o prazo e diminuir a prestação mensal e certamente o Corinthians vai dar conta desta missão, sim. O Corinthians é grande demais para temer que vai ter prejuízos constantes. Não vai ter não. Isso está sendo solucionado”.

Processo de impeachment do Presidente

“Preocupado eu não diria. A gente fica temeroso, fica triste com uma situação como essa. O Corinthians não precisaria passar por isso. As explicações todas foram dadas, o Corinthians não teve nenhum prejuízo em relação às decisões tomadas pelo Roberto e agora o Conselho vai decidir. É difícil você querer imaginar o que vai acontecer. Eu, particularmente, acredito que não vai vingar o impeachment e o Roberto vai fazer o seu mandato, até o final”.

Fábio Carille

“Um técnico que tem vivência no Corinthians, conhecimento das coisas do Corinthians, passou por grandes técnicos como Mano Menezes e Tite, principalmente. Para mim, dois dos melhores técnicos do país. Assimilou muita coisa e eu tenho visto no dia-a-dia. Ele está solto, não está preso, amarrado, na conversa com os jogadores, no vestiário, na entrada em campo, na hora de botar o time para jogar. Eu estou sentindo que ele é um técnico bastante promissor e eu acho que o Corinthians vai acertar em tê-lo mantido”.

Time Sub-23

“É outra coisa que nem existe porque a Federação pensa, a CBF imagina. Quando nos perguntaram, eu gostaria de ver um time Sub-23 para você aproveitar jogadores que normalmente ficam parados. Fim de semana, ficam em casa. Como tinham os aspirantes, antigamente. Eu acho que seria importante ter o Sub-23, mas não é uma decisão tomada. É uma decisão apenas pensada pelo Corinthians. Isso tem que ser decidido pela Federação, no caso do Sub-23 ser regionalizado. Ou pela CBF, em caso dele ser em termos nacionais. Então, um fato que nem existe, em se tratando de Corinthians, isso só foi pensado em ter uma categoria Sub-23, que nem sabemos se vai vingar”.

Flávio Adauto é conselheiro vitalício, mas não poderá votar a favor do presidente Roberto de Andrade porque ocupa cargo de diretoria. Se o Roberto for cassado no conselho, dia 20, o vice-presidente André Luiz Oliveira assume a presidência e convoca novas eleições para um mandato-tampão, até fevereiro de 2018.


Carille quer contrato como técnico e teme debandada do Corinthians
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Alexandre Praetzel

Fábio Carille terá o maior desafio da sua carreira, assumindo o comando técnico do Corinthians. Carille pretende assinar seu primeiro contrato como treinador efetivo, deixando o posto de interino. O acordo de um ano será acertado no retorno do presidente Roberto de Andrade, na próxima segunda-feira. Em entrevista exclusiva ao blog, Carille mostra convicção no apoio da diretoria e confiança num grande trabalho, mesmo temendo uma debandada de atletas, novamente.

Tem respaldo da diretoria

“Sim. Eu fico respaldado sim. Na verdade, eu sabia que era interino com a chegada do Cristóvão. Na chegada do Oswaldo, disse que eu ficaria até dezembro para não trazer um novo profissional antes e já começar o planejamento para 2017. Isso eu mesmo falei para o presidente na ocasião”.

Filosofia com o clube em dificuldades

“É o que passa a maioria do clubes do Brasil. Chegarão jogadores para fortalecer ainda mais o grupo, trazendo mais peças. O Corinthians passa por uma fase difícil sim, mas é meio que normal nos clubes brasileiros”.

Teme nova debandada de atletas

“Temo sim. Me preocupa bastante. Sei que isso faz parte por isso estamos de olho em vários jogadores. Nossa ideia é manter os principais atletas. Faz parte do futebol e corremos este risco. Já estamos atentos no mercado para repor, se perdermos jogadores. O quanto antes tivermos o grupo definido, melhor para alinhar”.

Estilo de jogo

“Vai ser a mesma linha de trabalho do Tite com aproximação, linhas compactas, buscando triangulações. Meu jeito de ser é parecido com ele. Foram cinco anos e meio juntos e irei buscar isso. A gente sabe que é repetição, trabalho e a minha linha será buscar comportamentos que tivemos na época dele”.

Erros de planejamento

“Não tinha muito o que fazer. Quando saíram Felipe, Elias e Bruno Henrique, perdemos demais dentro da competição. Não tinha muito o que fazer. Chineses vieram aqui e levaram”.

Política do Clube

“Não atrapalha o ambiente. Estamos muito bem blindados, mas estamos percebendo que estão mais próximos politicamente. Estive no Parque São Jorge numa reunião e isso será muito bom no geral para o clube e equipe”.

Reforços

“Contratações pontuais, três ou quatro fora os outros para fortalecerem o grupo, sem que percamos ninguém. Se perdermos, precisaremos de recomposições para qualificar estes setores”.

“Chegou e está treinando muito. Dedicado. Poder de finalização muito grande. Cabeça boa, trabalhando firme. Expectativa muito grande de um jogador deste peso, porte. Mostrou que vai ajudar e ajudar muito”.

Kazim

“Fez um bom Brasileiro pelo Coritiba. Estávamos observando. Tem bom poder de finalização e vai acrescentar”.

Cargo

“Me vejo como técnico efetivado. Desde 2001 venho fazendo cursos. O período que fiquei à frente do grupo me deu muita confiança porque fiquei em contato com os jogadores, com poder de decisão, comandando treinamentos e me senti muito bem. Meu contrato será acertado na volta do presidente. Minha vontade é seguir como treinador sim. Vamos ver agora em janeiro”.

Comparações com rivais

“Palmeiras e Santos estão mais preparados. Palmeiras reforçando e Santos mantendo a base. Nós e o São Paulo correndo atrás. Tem que ser assim no início, mas o quanto antes queremos o grupo fechado para acelerarmos o processo de trabalho da equipe”.

Ex-jogador X Acadêmicos

“Os dois são importantes. Não pode ser só ex-jogador e achar que está tudo bom. Só parte teórica não funciona também. Acho que quando consegue casar os dois profissionais o sucesso do trabalho fica mais perto”.

Ameaça de Impeachment do presidente

“Não sei te responder. Sei que é um profissional que está colocando o Corinthians no seu lugar. A fundo, como está esta situação, não sei te responder”.

O Corinthians contratou o atacante turco Kazim e o volante Paulo Roberto. Ainda busca dois volantes e dois zagueiros. Carille espera a renovação de contrato do meia Rodriguinho e as permanências dos principais nomes como Fágner, Marlone, Uendel e Marquinhos Gabriel.