Blog do Praetzel

Arquivo : Copa do Mundo

Argentina previsível, como esperado. Islândia merece elogios
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Alexandre Praetzel

O empate da Argentina deve ter derrubado muitos bolões e apostas pelo mundo. Um time com Messi, Agüero, Di María e Mascherano, sempre será favorito contra a novata Islândia. Claro que o pênalti desperdiçado por Messi, provavelmente, daria a vitória para a Argentina. Mas é impossível não registrar a comovente estratégia islandesa, como seleção estreante em Copas do Mundo.

Uma formação forte, física e taticamente. Cada jogador guardando seu espaço e cumprindo sua função. Quando Messi tocava na bola, havia três marcadores em cima dele. Nas raras vezes que Messi conseguiu escapar, não conseguiu acertar o gol. A Islândia também levou perigo. Saiu atrás, não se desesperou e buscou o empate. Ainda teve chances para fazer o segundo gol, mas Caballero evitou, depois de ter falhado no gol. Cansados, os islandeses se retraíram na defesa e foram segurar o resultado. Um esforço comovente contra um adversário bicampeão mundial e com um grande astro do outro lado. Um futebol feio, mas quem pode reclamar? A proposta foi exatamente essa. Afinal, estamos numa Copa do Mundo.

A Argentina foi previsível e segue com sua super dependência de Messi. Não há uma equipe formada, com padrão tático. A classificação para a próxima fase é um ponto de interrogação, pelo que a Argentina não vem jogando. Os argentinos devem torcer por um empate entre Croácia e Nigéria, seus dois próximos adversários. Será que o filme de 2002, pode se repetir? Na ocasião, com um time bem melhor, a Argentina caiu na primeira fase.

A Islândia, com um pontinho somado, pode sonhar com uma vaga nas oitavas-de-final.


A tecnologia foi a melhor em campo na vitória francesa sobre a Austrália
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Alexandre Praetzel

Em 2008, entrevistei o ex-presidente da Fifa, João Havelange, falecido em 2016. Na ocasião, perguntei sobre a implantação da tecnologia no futebol, para acabar com erros de arbitragens decisivos nas partidas. Havelange respondeu que o erro fazia parte do futebol e permitia discussões e debates, após os jogos. Que a tecnologia iria acabar com isso.

Dois anos depois, vimos que Havelange estava errado. Se não fosse a tecnologia, a Austrália venceria a França por 1 a 0, com prejuízo enorme para os franceses. A França ganhou por 2 a 1, porque houve um pênalti claro em Griezmann(auxiliado pelo VAR), e a bola entrou, no segundo gol de Pogba, com a criação do chip na bola. Investimentos altos, mas muito necessários para dar lisura ao esporte. O que adiantaria falarmos sobre uma possível vitória da Austrália, se a França tivesse perdido por falhas da arbitragem? A injustiça seria muito mais comentada nos bares e residências.

Com o passar do tempo, o futebol não poderia viver do passado. Outros esportes já tinham adotado a tecnologia e a Fifa demorou a implementá-la. Em 2010, durante a Copa da África do Sul, a Inglaterra chegou a empatar o jogo contra a Alemanha em 2 a 2, quando a bola entrou um metro num cabeceio de Lampard, no confronto das oitavas-de-final. O árbitro uruguaio Jorge Larrionda mandou seguir e não deu o gol. Um minuto depois, o telão mostrou o lance para indignação de todos no estádio e nas próprias delegações. A arbitragem terminou ali e a Alemanha foi favorecida, vencendo por 4 a 2. Só citei um momento, entre centenas que terminaram assim.

Ah, sobre o jogo. A França jogou bem menos que o esperado e o resultado foi melhor que o desempenho. A Austrália surpreendeu com forte marcação e chegadas perigosas ao ataque. Na bola, o empate seria mais justo. Os franceses tiraram o peso da estreia. A Austrália pode complicar Dinamarca e Peru.


Uruguai venceu pela defesa. Suárez ficou devendo
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Alexandre Praetzel

A máxima dos uruguaios em estreias de Copa do Mundo, foi mantida. Eles sempre dizem que todos os primeiros jogos são muito sofridos. E contra o Egito não foi diferente. Vitória por 1 a 0, com gol do zagueiro Giménez, próximo do final da partida. Algo que não acontecia desde o Mundial de 1970, quando o Uruguai fez 2 a 0 em Israel.

Tabarez escalou um time mais leve, com Betancourt e Arrascaetta como meias, para a bola chegar mais vezes a Suárez e Cavani. Não funcionou. Um time travado no primeiro tempo, facilitando a marcação do Egito e criando poucas chances. Suárez teve uma oportunidade, mas bateu de tornozelo na bola.

Na segunda etapa, o Uruguai voltou mais ligado e Suárez parou no bom goleiro El Shenawy. Sánchez e Rodríguez entraram e o Uruguai melhorou, permanecendo mais tempo no ataque e próximo à área. Cavani recuou um pouquinho para servir Suárez. A dupla funcionou e El Shenawy fez uma defesaça em chute de Cavani. Depois, uma bola na trave e o gol de cabeça de Giménez, tirando o Uruguai do sufoco. Festa uruguaia e decepção de Salah, que só assistiu a tudo, do banco de reservas.

Foi uma pena Salah não ter atuado. Se ele não foi escalado num jogo tão importante, sua presença está em risco, certamente, nos próximos confrontos. Com Salah em campo, a história poderia ser outra, claramente.

O Uruguai tem uma defesa consistente, mas precisa melhorar a transição do meio-campo para o ataque. Qualquer seleção gostaria de ter Suárez e Cavani, como dupla ofensiva. Mas a bola tem que chegar. Resultado importantíssimo para terminar em primeiro, e escapar da Espanha, nas oitavas-de-final.


Se camisa pesa, lá vem o Uruguai. Suárez X Salah é grande duelo
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Alexandre Praetzel

O Uruguai estreia contra o Egito, nesta sexta-feira. E quando as seleções estiverem perfiladas para o protocolo inicial, será impossível para qualquer amante do futebol não associar a camisa celeste com muita tradição e história. O uniforme com essa camisa, calção e meias pretas, tem um bicampeonato mundial longínquo, é verdade, mas que recuperou o respeito e revelou bons jogadores, nos últimos anos. Tem um bom goleiro, uma dupla de zaga competente e uma dupla de ataque que dispensa comentários. Não vive mais só do “Maracanazo” de 1950. Essa geração foi semifinalista em 2010, passou às oitavas em 2014, e pode surpreender, em 2018.

A cada quatro anos, o Uruguai sofre para se classificar, mas nunca desiste. Em 2010 e 2014, chegou pela repescagem sul-americana. Tem um país com apenas três milhões de habitantes, e está  sempre incomodando os adversários. Por isso, o espírito uruguaio atrai tantos torcedores de outros países, inclusive o Brasil. Eu sou um que vou torcer também pelo Uruguai.

O jogo promete ser equilibrado porque o Egito conta com um nome diferente. Salah foi monstro do Liverpool, na temporada européia, e poderia ter sido campeão do continente, se não tivesse se machucado numa entrada de Sérgio Ramos, na final da Champions League. Sua escalação está coberta de mistério, mas a tendência é que jogue, pela importância da partida. Afinal, o Egito não disputa uma Copa do Mundo, desde 1990, quando caiu na primeira fase. Imaginem Suárez X Salah, num grande duelo? E acho que tem tudo para acontecer, com Suárez contando com a inestimável ajuda de Cavani.

Em novembro de 2017, encontrei Lugano numa entrevista e brinquei com ele, antes do sorteio dos grupos, que o Uruguai teria duas seleções pequenas como adversárias. Ele disse que o  sofrimento é maior quando o Uruguai surge como favorito, nesse tipo de confronto. Por isso, Lugano prefere o Uruguai quietinho, sem chamar a atenção e fazendo grandes jogos contra todos. Em 2014, perdeu para a Costa Rica, mas passou por Inglaterra e Itália, na fase de grupos.

Agora, parece ser a melhor equipe para ficar com a primeira posição. Tomara que confirme. O blog aposta em vitória por 2 a 1.


Projeção para a Copa. 4 favoritos, duas incógnitas, uma supresa e 5 azarões
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Alexandre Praetzel

A Copa do Mundo vai começar nesta quinta-feira com Rússia e Arábia Saudita. Os donos da casa foram muito mal nos amistosos preparatórios e vão levantar as mãos para o céu, se conseguirem passar da primeira fase, num grupo que ainda tem Uruguai e Egito. Como sempre, o blog faz suas projeções para o torneio. Cobri três Copas do Mundo e acho que esse Mundial deverá ser mais tático e ofensivo, em relação aos três anteriores.

Favoritos 

Brasil – chega em alta. Time bom no individual e coletivo. Neymar está recuperado e faz a diferença.

Alemanha – defende o título e renovou um pouco. Passeou nas eliminatórias e tem um conjunto fortíssimo. Seu técnico terá que quebrar o tabu de vencer dois mundiais consecutivos.

Espanha – jogadores muito bons e uma forma de jogar diferente. Talvez, a seleção mais técnica da Copa. Quer apagar o vexame de 2014, quando caiu na primeira fase.

França – jogo físico muito forte e time dinâmico. Tem menos experiência do que os adversários, mas pode compensar com a vitalidade. Treinador não empolga.

Incógnitas

Argentina – depende demais de Messi. Se ele estiver bem, pode chegar, mas ficou enfraquecida em relação a 2014. Defesa não ajuda e Sampaoli não acerta.

Portugal – campeão europeu e com boa geração. Mas também vive de Cristiano Ronaldo. Será seu último Mundial e isso pode ajudar. Em 2014, foi um fiasco.

Supresa

Bélgica – muita gente ironiza a geração belga, mas o time tem jogadores talentosos e mais experientes. Hazard é o nome. Uma hora, eles vão acertar. Pode ser agora.

Azarões

Uruguai – sempre tradicional e competitivo. Suarez e Cavani têm bons coadjuvantes. Dependendo do caminho, pode surpreender, repetindo 2010.

Polônia – volta ao Mundial, após duas Copas. Time tem nomes experientes e bem colocados no futebol europeu, com destaque para Lewandowski. Deve passar em primeiro lugar.

Colômbia – teve sua melhor colocação em 2014 e tem bom grupo, com jogadores talentosos. James Rodriguez é o destaque. Falta tradição e isso pode pesar.

Senegal – seleção com quase todos os convocados atuando na Europa. Tem bons meias e atacantes, como Mané. Terá que superar Polônia e Colômbia na primeira fase.

Inglaterra – promete uma nova mentalidade e bom futebol. Geração boa, mas inexperiente. Quer apagar últimos vexames.

O blog também escolhe seus classificados para a segunda fase, pela ordem de colocação, e projeta os craques da Copa. Confira a seguir.

Grupo A – Uruguai e Rússia

Grupo B – Espanha e Portugal

Grupo C – França e Dinamarca

Grupo D – Argentina e Croácia

Grupo E – Brasil e Sérvia

Grupo F – Alemanha e Suécia

Grupo G – Bélgica e Inglaterra

Grupo H – Polônia e Senegal

Candidatos a craques da Copa: Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Iniesta e Hazard.

 

 

 


Os 23 de Tite X Minha lista. Poucas diferenças
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Alexandre Praetzel

A convocação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo, será nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro. A lista final de Tite, terá 23 jogadores. Num exercício, vou postar os 23 que o blog levaria para o Mundial e os que eu acho que Tite vai confirmar. O critério do blog envolve o ciclo de quatro anos, preferências e o momento. Tite assumiu a Seleção, em setembro de 2016. Confira abaixo.

Goleiros 

Tite – Alisson, Ederson e Cássio

Blog – Fábio, Alisson e Cássio

Laterais 

Tite – Fagner, Danilo, Marcelo e Filipe Luís

Blog – Rafinha, Danilo, Marcelo e Filipe Luís

Zagueiros

Tite – Marquinhos, Miranda, Thiago Silva e Geromel

Blog – Marquinhos, Miranda, Thiago Silva e Geromel

Meio-campistas

Tite – Casemiro, Fernandinho, Fred, Paulinho, Renato Augusto, Philipe Coutinho, Willian e Giuliano(Rodriguinho)

Blog – Casemiro, Fernandinho, Arthur, Paulinho, Renato Augusto, Philipe Coutinho, Willian e Luan

Atacantes

Tite – Neymar, Douglas Costa, Gabriel Jesus e Roberto Firmino

Blog – Neymar, Douglas Costa, Gabriel Jesus e Roberto Firmino

Alguns desses jogadores também estarão no Qatar, em 2022. O Brasil ainda tem mais uma geração boa, chegando para o próximo ciclo.


Zico prevê dificuldades na Copa e pede calma ao Flamengo na Libertadores
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Alexandre Praetzel

Arthur Antunes Coimbra, o Zico, foi um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Hoje, como comentarista esportivo dos canais Esporte Interativo e ainda técnico, Zico acredita que o Brasil não terá facilidades na Copa do Mundo, apesar de ter um grupo qualificado de jogadores. Em entrevista exclusiva ao blog, Zico vê uma chave dura para a Seleção na Copa, admite preocupação com Neymar e pede calma ao Flamengo, na primeira fase da Libertadores. Acompanhem o bate-papo exclusivo.

O que você achou da convocação do Tite? O treinador tem dificuldades para escolher?

Não. Eu acho que, você, quando tem esses jogos assim, que já não contam mais nada, às vezes você procura dar uma olhada em termos de comportamentos de alguns jogadores, que você viu que, talvez, possam estar tendo um grande rendimento, principalmente, lá fora. E aí, quer observá-los no grupo da Seleção, ainda mais em jogos importantes. Então, o Tite está com credibilidade porque eles fazem um grande trabalho de observação, de olhar, estar presente. Tem um grupo no staff muito bom. A margem de erro acaba sendo muito menor. Tomara que ele acerte mais uma vez, como tem acertado até o momento.

Vale a pena convocar alguém que nunca havia sido chamado, só para ter uma impressão?

Se o convocado estiver bem, estiver com bom aproveitamento no time dele, a gente aceita.

A lesão do Neymar te preocupa?

Preocupa. Qualquer lesão que você acaba tendo que fazer cirurgia, cirurgia é sempre problemática. Depende de uma série de fatores. Às vezes, uma coisa mínima pode gerar um problema maior. É jovem, é um cara que está com tesão de chegar na Copa do Mundo. Então, isso pode influenciar bastante na recuperação dele.

Você imagina alguém que possa fazer frente ao Brasil?

Futebol hoje está tão nivelado que, sabe, uma retranca lá, principalmente, da Suiça ou de uma Costa Rica, que a gente não pode nunca achar que vamos ter facilidades. Então, em Copa do Mundo, tudo pode acontecer. Tomara que não aconteça para o Brasil, que o Brasil possa passar bem. Mas não é um grupo fácil não.

Flamengo passa da primeira fase da Libertadores ou vai sofrer?

Ah, acho que vai ser difícil até o final. Tanto é que está tudo empatado no grupo. Não tem facilidades. Não pode é desesperar. Ter a obrigação de ter que ganhar fora de casa. É bom, se ganhar um jogo, mas como já empatou um jogo, agora ficou nessa situação de jogar com regulamento, dependendo dos próximos jogos.

Carpegiani ainda é um bom técnico?

É um bom técnico, sim. Tem um bom conhecimento de futebol. Eu não gosto desta filosofia dos técnicos do Brasil, que estão com essa coisa de poupar jogadores, ainda mais no início do ano. Então, negócio de poupar não é comigo não. A gente jogava todos os jogos, de três em três dias, quatro dias, e hoje, eu acho que há um relaxamento muito grande, até mesmo por parte dos jogadores, que não têm tesão de estar em campo, toda hora.

Por que não surgem mais grandes craques aqui no Brasil?

Surgem, mas estão saindo muito cedo. A gente não está vendo isso. Você vê que hoje tem grandes jogadores que estão fazendo sucesso lá fora como Neymar, Gabriel Jesus, Coutinho, Willian, e não tiveram muita oportunidade de jogar por aqui.

 

 


Dunga: “Tite está no lugar certo. Brasil tem talento para ganhar a Copa”
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Alexandre Praetzel

A seleção brasileira foi convocada pelo técnico Tite para os dois últimos amistosos antes da lista final para a Copa do Mundo. Entre as novidades, o meia Talisca e o centroavante Willian José. Próximo do Mundial, o treinador vai fazendo testes e observações finais, mesclando o time para enfrentar Rússia e Alemanha.

O blog conversou com Dunga, técnico anterior a Tite. Num bate-papo exclusivo, o ex-treinador opinou sobre o momento do Brasil, os critérios para uma convocação, preocupações, carreira e sua passagem no último ciclo pela CBF. Confira abaixo.

Como você analisa a seleção brasileira no momento? Tem chance de ganhar a Copa do Mundo?

Sem dúvida. O Brasil tem talentos, jogadores com grande experiência. Vai servir muito a última Copa do Mundo, onde o Brasil não teve sucesso, mas mostrou qualidade. Vai servir como grande ensinamento, esses jogadores irão querer mostrar ao mundo sua capacidade.

Como fica a cabeça do técnico na penúltima convocação antes da Copa? É um momento de escolhas, complicado para o treinador?

É, porque você tem que escolher, deixar fora alguns jogadores, bons talentos, tem que ter um grupo formado. Mas, por outro lado, você já vai preparado com as observações que talvez quem veja de fora não tenha. Você que está dentro tem a observação do dia a dia, o comportamento, rendimento, as opções que os jogadores podem te dar naquele momento. Então vai muito tranquilo a esse respeito.

Vale a pena você pegar um, dois jogos e fazer uma última observação com Talisca e Willian José?

Depende daquilo que o treinador está pensando. Tem uma ou outra posição que ele queira experimentar, dar oportunidade a esses jogadores, mas o que vai valer mesmo é a última convocação.

O que aconteceu em suas duas passagens como técnico da seleção e que você não repetiria?

Ah, depois fica fácil você dizer. Tem que ver no momento, na situação que você está ali, que tem que tomar decisão. Alguns percalços, problemas que acontecem, em algum momento você quer mudar tudo e não consegue, quer reestruturar e não pode. Mas depois isso fica muito fácil porque daí está com a cabeça muito mais fria, tem toda a experiência daquilo que passou. É como na vida, né. Você não estaria aqui se não tivesse cometido erros anteriores e não tivesse refeito.

Situação do Neymar preocupa, podendo voltar às portas da Copa do Mundo?

O Neymar terá tempo de preparação, quem sabe um mês. E aí tem a questão do pessimismo, o cara negativo. O negativo acha que está tudo errado, o otimista vai dizer “bom, ele não vai se desgastar tanto no PSG, vai entrar com muita vontade de jogar e terá um tempo de preparação ótimo”.

Por que você não voltou a trabalhar como técnico depois da seleção?

Eu tenho a vida tranquila em Porto Alegre. A minha família, a vida toda, foi em todas as partes onde eu estive. Japão, Alemanha, China. E agora, para mim, como ser humano, é muito mais importante dar uma estrutura para os meus filhos se realizarem profissionalmente do que eu próprio. A hora que pintar alguma coisa que eu achar que é interessante, que é bom para mim, vou trabalhar. Mas isso não está em primeiro lugar na minha vida, agora.

Os clubes têm te procurado aqui no Brasil?

Para dizer a verdade, muito mais fora do que dentro do Brasil. Tenho muitas ofertas de fora do Brasil, mas no momento não achei nada interessante ainda. Prefiro dar um suporte para que meus filhos se realizem nas suas profissões.

A gestão atual da CBF foi injusta com você?

Não, acho que não tem isso de justa ou injusta. É o momento, né. Tem momento que entre rolar minha cabeça e a tua, vai rolar a tua. E aí tem que estar preparado para isso.

Você acha que a Copa vai apresentar algo novo, taticamente?

O novo é quando você tem o talento que dribla e desequilibra. Hoje é muito bom para quem comenta falar em números, 4-4-3, 3-4-3, 4-5-1, não sei o quê. Mas isso aí, quando tiver um cara com talento, acaba com todos teus números, com toda tua questão tática.

É bom ter uma equipe organizada, trabalhar com tua equipe na hora de defender, atacar, mas é muito melhor quando você tem o talento. Jogadores que conseguem ter leitura do jogo, que estão num bom momento na hora da Copa, que estão em boas condições físicas, sem nenhuma lesão, aí as coisas se tornam mais tranquilas para você realizar isso.

Número, 4-4-2, o cara do meio foi para a frente, já não é mais 4-4-2, é 4-3-3. O futebol é dinâmico. Não tem a nomenclatura. É bom para você conversar com o público, explicar. Mas, durante o jogo, você vai jogar com todos os sistemas.

Tite é um bom treinador? Ele está no lugar certo, hoje?

Está, sem dúvida nenhuma. Tem um currículo dentro do futebol brasileiro, assim como outros treinadores também têm. É o momento dele, então tem que aproveitar.

Você aponta algum adversário mais perigoso para o Brasil?

Acho que a Argentina, porque quase ficou fora da Copa, não tem mais nenhuma responsabilidade e tem [bons] jogadores. Isso é o mais importante. Se o treinador conseguir orientá-los… Depois, tem as seleções tradicionais, como a Alemanha, que sempre tem uma regularidade.

Infelizmente a Itália ficou fora. Isso é bom, porque quando a gente conversa, fala que a camisa não manda se não tiver jogador dentro de campo. Mas, se tiver [bom] jogador, aí sim a camisa comanda. Estamos acostumados no futebol a falar sempre as mesmas coisas. “Ah, a camisa…” Senão o Inter, o Grêmio e tantos outros grandes não teriam caído. O que manda é o futebol, é o momento dentro do campo.

O futebol brasileiro está muito abaixo dos demais?

Se nós colocarmos os clubes, estamos abaixo. Só que temos que ver que os caras [times europeus] vêm aqui e pegam os melhores sul-americanos. Se nós pegarmos os melhores sul-americanos e trouxermos para o Brasil, fica maravilhoso. As pessoas querem que o Brasil seja uma máquina de produção de craques a todo o instante.

Um erro que o Brasil comete é o jogador subir com 17, 18 anos. Antes, quem subia era exceção. Hoje virou uma regra e os jogadores não estão prontos, fisicamente, tecnicamente, mentalmente. A gente perde muitos jogadores de talento porque coloca eles para jogar.

O Grêmio teve o Lincon, agora. Era uma promessa, mas a gente achou que com 17 anos tinha que jogar. E ele não estava pronto. O jogador de futebol é como piloto de Fórmula 1, tem que ter dez ou mil horas de trabalho para estar pronto.

Tem as exceções, os saudosistas vão dizer. Mas o Pelé era o Pelé, o Zico era o Zico. Mesmo o Zico começou com 23 anos, não com 18. Isso que a gente tem que rever um pouco. Exceções são uma coisa, regras são outras.

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Nota do blog: Dunga comandou a seleção brasileira de 2007 a 2010 e de 2014 a 2016. Foram 80 jogos e 55 vitórias. Como jogador, foi capitão do tetracampeonato mundial, nos Estados Unidos, em 1994.

 


Brasil pegou um grupo parecido com 2014. Alemanha não terá facilidades
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Alexandre Praetzel

O Brasil caiu num grupo parecido com o Mundial de 2014. Suiça se equivale com a Croácia. México hoje é superior a Costa Rica, mas os costa riquenhos foram até às quartas. Sérvia é superior a Camarões e passou em primeiro lugar na chave européia da Eliminatória. A diferença é que o time atual do Brasil é muito mais organizado e técnico que o anterior. Por isso, acredito que o Brasil passará na primeira colocação. Apostaria em suiços e sérvios decidindo a segunda vaga e Costa Rica fora.

Agora, se der uma zebra com a Alemanha, poderemos ter Brasil e Alemanha, nas oitavas-de-final. Será uma supresa, se isso acontecer, mas o grupo da Alemanha é chato, com México, Suécia e Coreia do Sul, apesar do favoritismo dos atuais campeões do Mundo.

Nas outras chaves, o Uruguai deu sorte.

A Argentina tem dois europeus e a Nigéria, mais uma vez. É candidata ao primeiro lugar, mas sem facilidades.

Portugal e Espanha é o jogo mais esperado da primeira fase. Cristiano Ronaldo X Iniesta e cia.

França, Bélgica e Inglaterra estarão nas oitavas.

A Colômbia pegou adversários parelhos: Polônia, Senegal e Japão. Esse, talvez, seja o grupo mais equilibrado do Mundial.

É aguardar a bola rolar e lamentar as ausências de Itália e Holanda.


Eu quero ver a Argentina na Copa do Mundo
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Alexandre Praetzel

A Argentina pode ficar fora da Copa do Mundo, após o empate de 0 a 0 com o Peru, em Buenos Aires. O selecionado é sexto colocado nas eliminatórias com 25 pontos, o mesmo número de pontos do Peru. Chile e Colômbia têm 26 pontos e o Paraguai, 24 pontos. A última rodada marca Equador(eliminado) e Argentina, em Quito. Vencendo, a Argentina estará classificada, no mínimo, para a repescagem, porque Peru e Colômbia se enfrentam em Lima.

Particularmente, eu quero ver a Argentina na Copa do Mundo. Um Mundial de quatro em quatro anos tem que ter os melhores times. Numa medida radical, acho que os oito campeões do mundo deveriam estar garantidos, quando o torneio chegar a0s 48 participantes, mas reconheço que isso é bastante discutível.

Como achar interessante, Messi não disputar a Copa? Uma seleção bicampeã ausente? Diminui sim, o brilho da competição. Não torço nem para a Seleção Brasileira, que dirá para os argentinos. Agora, um craque como Messi merece jogar, provavelmente sua quarta e última Copa, com 31 anos. E ganhar uma Copa de Messi, também dará muito valor para a conquista.

Tenho ouvido colegas meus vibrando com a possibilidade do Brasil entregar o jogo para o Chile, prejudicando a Argentina. Não acredito nisso, conhecendo Tite e a comissão técnica e Neymar liderando a equipe. Certamente, o Brasil vai com tudo para ganhar, em respeito ao futebol. Até porquê a bola pune e um dia poderemos ficar nos pés dos nossos rivais.

Então, terça-feira, às 22h20, quero ver a Argentina classificada novamente, ao lado de Brasil, Uruguai, Paraguai e Peru. Que me perdoem colombianos e chilenos, mas na reta final, o futebol deles caiu bastante. Que rodada! Todos os jogos valendo bastante.