Blog do Praetzel

Arquivo : adversários

Bélgica mostra futebol de qualidade contra as ironias sobre sua geração
Comentários Comente

Alexandre Praetzel

A Bélgica confirmou o favoritismo e fez 5 a 2 na Tunísia, encaminhando a esperada classificação para as oitavas-de-final da Copa do Mundo. Antes, já haviam vencido o Panamá por 3 a 0. Desde a eliminação na Copa de 2014 e na Eurocopa de 2016, as ironias sobre a geração belga pipocaram como nunca entre torcedores adversários e adeptos das redes sociais. Cada falha ou gol tomado, surgia “olha a geração belga aí”, como se o time não pudesse errar, como vários outros.

Agora, parece que a coisa será diferente. A Bélgica fez oito gols em dois jogos, contra equipes menores, é verdade. Mas a própria Copa tem dado exemplos das dificuldades que as seleções maiores têm enfrentado. Então, não devemos tirar os méritos de um time que ataca muito, tem jogadores de qualidade muito boa e que não perdoa erros dos seus oponentes. Claro que a parada será diferente com a Inglaterra e a partir da próxima fase do torneio.

De Bruyne, Hazard e Lukaku formam o trio excelente. Courtois é bom goleiro, há dois zagueiros experientes e Meunier, Witsel, Mertens e Carrasco, são bons coadjuvantes. Desta vez, a Bélgica está quatro anos mais experiente e consciente de que tem bola para chegar longe. Futebol, que é o que interessa, está apresentando e bem.

Quem não respeitá-los, não pode ficar no meio do caminho. Isso está claro para mim.


Sérvia pode incomodar o Brasil. Costa Rica foi só uma lembrança de 2014
Comentários Comente

Alexandre Praetzel

A Sérvia manteve o nível da escola “iugoslava” e venceu a Costa Rica, com justiça. Belo gol de Kolarov, em cobrança de falta, sem chances para Navas. Aliás, se não fosse o goleiro do Real Madrid, a Sérvia teria vencido por mais gols.

Gostei da Sérvia. Um time forte fisicamente e com jogadores de boa técnica. Milinkovic-Savic, bom meia da Lazio, e Mitrovic, atacante do Newcastle da Inglaterra, são bons nomes. Nas laterais, os experientes Ivanovic e Kolarov(autor do belo gol de falta), sustentam bem as posições. O volante Matic e o meia Tadic também têm qualidades. Enfrentou uma Costa Rica, quadrifinalista da Copa 2014, quando só caiu nos pênaltis para a Holanda com mais futebol e organização. A Costa Rica tem a mesma base do Mundial passado, mas pareceu menos treinada e menos confiante.

Por isso, a Sérvia também ganhou. Mais atitude e pegada, aliadas a um bom sistema tático. Resultado importantíssimo para passar de fase. Pode pegar o Brasil, já classificada na última rodada, dependendo dos resultados. A Costa Rica vive um drama, porque terá o Brasil no segundo confronto e será eliminada, com uma provável derrota.

Observando as duas, acho que a Sérvia pode incomodar o Brasil, mas a Costa Rica continuará freguesa.


Palmeiras da Libertadores precisa aparecer no Brasileiro
Comentários Comente

Alexandre Praetzel

O Palmeiras passou tranquilo pela fase de grupos da Libertadores da América. Quando houve o sorteio, em dezembro de 2017, a chave palmeirense era considerada uma das mais difíceis da primeira fase, com o temido Boca Juniors, o bom time do Junior e o tradicional Alianza Lima, com várias presenças no torneio. Em 18 pontos, o Palmeiras fez 16, com aproveitamento de 88,9% e a melhor campanha da primeira fase. Isso deixa o Palmeiras com a certeza de decidir o mata-mata no Allianz Parque, caso vá ultrapassando as disputas, a partir das oitavas-de-final.

O futebol apresentado na Libertadores não foi de encher os olhos, mas mostrou um time bastante competitivo e com rodagem maior do elenco, batendo os três adversários fora de casa. O Palmeiras foi excelente contra o Boca, em Buenos Aires, e Alianza, em Lima. Nos jogos em São Paulo, ganhou na eficiência e na força.

Agora, por que esse desempenho da Libertadores não é visto no Brasileiro? O Palmeiras é quinto colocado com oito pontos em 15. Fez uma ótima atuação na vitória sobre o Atlético-PR e venceu o Inter, sem jogar bem. Empatou com Botafogo e Chapecoense e perdeu para o Corinthians, na sua pior performance neste início de Série A. E a derrota para o rival deixou dúvidas de novo sobre a atitude dentro de campo.

Para um clube que tem um elenco com boas opções em qualidade e quantidade, o Palmeiras deve ser cobrado para jogar mais no principal torneio nacional. Claro que o campeonato é longo e há espaço para reações. O Palmeiras pode conquistar Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro? Pode, mas parece que o foco dos atletas é a Libertadores. A diretoria gere e apresenta alternativas para a comissão técnica. Resta saber se Roger Machado conseguirá dar atenção devida para três competições simultâneas, deixando o grupo mobilizado. Serão mais sete partidas, até a parada para a Copa do Mundo.


Dunga: “Tite está no lugar certo. Brasil tem talento para ganhar a Copa”
Comentários Comente

Alexandre Praetzel

A seleção brasileira foi convocada pelo técnico Tite para os dois últimos amistosos antes da lista final para a Copa do Mundo. Entre as novidades, o meia Talisca e o centroavante Willian José. Próximo do Mundial, o treinador vai fazendo testes e observações finais, mesclando o time para enfrentar Rússia e Alemanha.

O blog conversou com Dunga, técnico anterior a Tite. Num bate-papo exclusivo, o ex-treinador opinou sobre o momento do Brasil, os critérios para uma convocação, preocupações, carreira e sua passagem no último ciclo pela CBF. Confira abaixo.

Como você analisa a seleção brasileira no momento? Tem chance de ganhar a Copa do Mundo?

Sem dúvida. O Brasil tem talentos, jogadores com grande experiência. Vai servir muito a última Copa do Mundo, onde o Brasil não teve sucesso, mas mostrou qualidade. Vai servir como grande ensinamento, esses jogadores irão querer mostrar ao mundo sua capacidade.

Como fica a cabeça do técnico na penúltima convocação antes da Copa? É um momento de escolhas, complicado para o treinador?

É, porque você tem que escolher, deixar fora alguns jogadores, bons talentos, tem que ter um grupo formado. Mas, por outro lado, você já vai preparado com as observações que talvez quem veja de fora não tenha. Você que está dentro tem a observação do dia a dia, o comportamento, rendimento, as opções que os jogadores podem te dar naquele momento. Então vai muito tranquilo a esse respeito.

Vale a pena você pegar um, dois jogos e fazer uma última observação com Talisca e Willian José?

Depende daquilo que o treinador está pensando. Tem uma ou outra posição que ele queira experimentar, dar oportunidade a esses jogadores, mas o que vai valer mesmo é a última convocação.

O que aconteceu em suas duas passagens como técnico da seleção e que você não repetiria?

Ah, depois fica fácil você dizer. Tem que ver no momento, na situação que você está ali, que tem que tomar decisão. Alguns percalços, problemas que acontecem, em algum momento você quer mudar tudo e não consegue, quer reestruturar e não pode. Mas depois isso fica muito fácil porque daí está com a cabeça muito mais fria, tem toda a experiência daquilo que passou. É como na vida, né. Você não estaria aqui se não tivesse cometido erros anteriores e não tivesse refeito.

Situação do Neymar preocupa, podendo voltar às portas da Copa do Mundo?

O Neymar terá tempo de preparação, quem sabe um mês. E aí tem a questão do pessimismo, o cara negativo. O negativo acha que está tudo errado, o otimista vai dizer “bom, ele não vai se desgastar tanto no PSG, vai entrar com muita vontade de jogar e terá um tempo de preparação ótimo”.

Por que você não voltou a trabalhar como técnico depois da seleção?

Eu tenho a vida tranquila em Porto Alegre. A minha família, a vida toda, foi em todas as partes onde eu estive. Japão, Alemanha, China. E agora, para mim, como ser humano, é muito mais importante dar uma estrutura para os meus filhos se realizarem profissionalmente do que eu próprio. A hora que pintar alguma coisa que eu achar que é interessante, que é bom para mim, vou trabalhar. Mas isso não está em primeiro lugar na minha vida, agora.

Os clubes têm te procurado aqui no Brasil?

Para dizer a verdade, muito mais fora do que dentro do Brasil. Tenho muitas ofertas de fora do Brasil, mas no momento não achei nada interessante ainda. Prefiro dar um suporte para que meus filhos se realizem nas suas profissões.

A gestão atual da CBF foi injusta com você?

Não, acho que não tem isso de justa ou injusta. É o momento, né. Tem momento que entre rolar minha cabeça e a tua, vai rolar a tua. E aí tem que estar preparado para isso.

Você acha que a Copa vai apresentar algo novo, taticamente?

O novo é quando você tem o talento que dribla e desequilibra. Hoje é muito bom para quem comenta falar em números, 4-4-3, 3-4-3, 4-5-1, não sei o quê. Mas isso aí, quando tiver um cara com talento, acaba com todos teus números, com toda tua questão tática.

É bom ter uma equipe organizada, trabalhar com tua equipe na hora de defender, atacar, mas é muito melhor quando você tem o talento. Jogadores que conseguem ter leitura do jogo, que estão num bom momento na hora da Copa, que estão em boas condições físicas, sem nenhuma lesão, aí as coisas se tornam mais tranquilas para você realizar isso.

Número, 4-4-2, o cara do meio foi para a frente, já não é mais 4-4-2, é 4-3-3. O futebol é dinâmico. Não tem a nomenclatura. É bom para você conversar com o público, explicar. Mas, durante o jogo, você vai jogar com todos os sistemas.

Tite é um bom treinador? Ele está no lugar certo, hoje?

Está, sem dúvida nenhuma. Tem um currículo dentro do futebol brasileiro, assim como outros treinadores também têm. É o momento dele, então tem que aproveitar.

Você aponta algum adversário mais perigoso para o Brasil?

Acho que a Argentina, porque quase ficou fora da Copa, não tem mais nenhuma responsabilidade e tem [bons] jogadores. Isso é o mais importante. Se o treinador conseguir orientá-los… Depois, tem as seleções tradicionais, como a Alemanha, que sempre tem uma regularidade.

Infelizmente a Itália ficou fora. Isso é bom, porque quando a gente conversa, fala que a camisa não manda se não tiver jogador dentro de campo. Mas, se tiver [bom] jogador, aí sim a camisa comanda. Estamos acostumados no futebol a falar sempre as mesmas coisas. “Ah, a camisa…” Senão o Inter, o Grêmio e tantos outros grandes não teriam caído. O que manda é o futebol, é o momento dentro do campo.

O futebol brasileiro está muito abaixo dos demais?

Se nós colocarmos os clubes, estamos abaixo. Só que temos que ver que os caras [times europeus] vêm aqui e pegam os melhores sul-americanos. Se nós pegarmos os melhores sul-americanos e trouxermos para o Brasil, fica maravilhoso. As pessoas querem que o Brasil seja uma máquina de produção de craques a todo o instante.

Um erro que o Brasil comete é o jogador subir com 17, 18 anos. Antes, quem subia era exceção. Hoje virou uma regra e os jogadores não estão prontos, fisicamente, tecnicamente, mentalmente. A gente perde muitos jogadores de talento porque coloca eles para jogar.

O Grêmio teve o Lincon, agora. Era uma promessa, mas a gente achou que com 17 anos tinha que jogar. E ele não estava pronto. O jogador de futebol é como piloto de Fórmula 1, tem que ter dez ou mil horas de trabalho para estar pronto.

Tem as exceções, os saudosistas vão dizer. Mas o Pelé era o Pelé, o Zico era o Zico. Mesmo o Zico começou com 23 anos, não com 18. Isso que a gente tem que rever um pouco. Exceções são uma coisa, regras são outras.

—-
Nota do blog: Dunga comandou a seleção brasileira de 2007 a 2010 e de 2014 a 2016. Foram 80 jogos e 55 vitórias. Como jogador, foi capitão do tetracampeonato mundial, nos Estados Unidos, em 1994.

 


Grandes se reforçam para bater o Palmeiras. Elenco do Verdão tem três times
Comentários Comente

Alexandre Praetzel

A semana começou com apresentações de reforços de São Paulo, Corinthians, Santos e Botafogo, além da provável chegada de Henrique Dourado ao Flamengo. Grandes times se mexendo para qualificar seus elencos. Mas quando listamos o grupo de jogadores do Palmeiras, a diferença aumenta bastante com a quantidade de alternativas para o técnico Roger Machado.

O Palmeiras pode montar duas equipes hoje e parte da terceira formação vestiria muitas camisas da Série A do Brasileiro, sim.

Com todos os atletas à disposição, hoje os titulares são: Jaílson; Marcos Rocha, Antonio Carlos, Edu Dracena e Diogo Barbosa; Felipe Melo, Tchê Tchê e Lucas Lima; Dudu, Borja e Willian.

O segundo quadro(para relembrar um termo antigo) tem Fernando Prass; Mayke, Luan, Thiago Martins e Victor Luiz; Thiago Santos, Moisés, Guerra e Gustavo Scarpa; Keno e Deyverson.

Ainda é possível escalar um time C com Weverton; Fabiano, Emerson Santos, Juninho e Michel Bastos; Bruno Henrique e Jean; Hyoran e Artur. E ainda tem João Pedro, Raphael Veiga e Roger Guedes emprestados.

Eu não sei se o Palmeiras vai ganhar algum título, em 2018. No ano passado, também era favorito e passou em branco, sem decidir o Paulista, Copa do Brasil e Libertadores. Foi vice-campeão brasileiro, mas distante do Corinthians.

Agora, é inegável que fez contratações pontuais e encorpou o grupo. São pelo menos duas boas opções para cada posição e possibilidades de variações táticas, de acordo com a preferência do treinador. Talvez mais um zagueiro, próximo do nível de Mina, fosse necessário.

Se houver gestão e controle competente do vestiário, o Palmeiras dificilmente não ganhará nada. Tudo se decide dentro de campo, obviamente, mas o Verdão é o candidato mais forte em todas as competições. Certamente, haverá bons jogos contra adversários do mesmo tamanho. Todo mundo vai querer bater de frente com quem tem mais qualidade. Sempre foi assim. 2017 foi um exemplo.


Palmeiras não é apenas o time, mas o Clube a ser batido
Comentários Comente

Alexandre Praetzel

Em dez anos e meio de trabalho no jornalismo esportivo de São Paulo, sempre acompanhei com muita atenção a trajetória dos três grandes times da capital. Vi o São Paulo ser tricampeão brasileiro consecutivo e ser exemplo de competência dentro e fora de campo. Vi o Corinthians ressurgir, após a queda para a Série B, com novo estádio e todos os títulos possíveis. De 2007 a 2015, os dois perderam ótimas oportunidades de assumirem o primeiro posto no futebol brasileiro. Ou por soberba, ou por aventuras impagáveis. Agora, vão assistir o Palmeiras como Clube dominante.

Em 2008, o Palmeiras foi campeão paulista com um time muito bom, mas não levantou troféus nacionais. Depois, ganhou a Copa do Brasil, em 2012, mas foi rebaixado no final do ano. Renasceu com Paulo Nobre e precisa agradecer eternamente ao ex-presidente pela recuperação financeira, com a volta à Série A e o começo de um modelo de gestão, a partir de 2015. Reconquistou a Copa do Brasil e o Brasileiro. Em termos de títulos, está atrás de Santos e Corinthians, na década, mas muito à frente como instituição. E isso vai pesar no futuro.

O Palmeiras tem um estádio lucrativo, na melhor parceria da história com uma empresa, iniciada em 2014. Lucra em todas as áreas, eventos e tem todas as rendas dos jogos. Daqui 27 anos, recebe o estádio zerado pela WTorre.

Tem o sócio Avanti crescendo e gerando ótimas receitas. Existe um estudo de que com 250 mil sócios, o Palmeiras custearia todo o futebol, só com o Avanti, durante a temporada. Óbvio que o número é muito difícil de alcançar, mas os dirigentes sabem que para manter o torcedor assíduo e pagante, é preciso ter time e elenco qualificados.

Tem um patrocinador forte, que gosta do Palmeiras e investe valores acima do mercado, aumentando a sua participação no mercado. Conseguiu fazer as últimas contratações, sem precisar do dinheiro da empresa.

Não está gastando mais do que arrecada e apresenta superávit. Investiu em estrutura física e tem um dos melhores Centros de Treinamento da América do Sul.

Claro que tudo isso não ganha jogo, mas ajuda. A realidade é que o Palmeiras se preparou e se planejou. Errou em 2017, com algumas escolhas equivocadas, um ambiente conturbado e uma certa arrogância. Parece que aprendeu a lição. Agora, é favorito sim, de novo. Se a bola não entrar, não pode destruir todo o trabalho.

O Palmeiras tem tudo para ser protagonista por muitos anos. Tem Corinthians e São Paulo como exemplos que deixaram passar o cavalo encilhado. Chegou a vez do Verdão. Se houver trabalho, dedicação e organização contra vaidade, politicagem e conflitos internos, vai amedrontar os adversários, certamente.

Afinal, já se fala até em “Fair-Play” financeiro no Brasil, para tentar frear o crescimento palmeirense. É o Clube a ser batido.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>