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Rodrigo Caetano acredita no tropeço do Palmeiras e banca Zé Ricardo em 2017
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Alexandre Praetzel

O Flamengo disputa o título do Campeonato Brasileiro com o Palmeiras. O rubro-negro tem 57 pontos, três atrás do Verdão. O blog conversou com o diretor-executivo de futebol do Flamengo, Rodrigo Caetano, sobre a luta pela taça, gestão do clube carioca, Zé Ricardo e a difícil convivência entre dirigentes profissionais e amadores no futebol. Acompanhem a entrevista exclusiva.

Flamengo X Palmeiras 

“Tenho a expectativa do Flamengo chegar na frente do Palmeiras. A gente sabe que é difícil porque o Palmeiras não está somente três pontos à frente, na verdade está quase a quatro pontos por conta do saldo de gols. O que anima o Flamengo, como está muito equilibrado, é como se fosse o jogo dos erros. Não só você tem que ter a performance de fazer o seu resultado, mas na esperança do teu concorrente em algum momento ter um deslize, um tropeço. Da mesma forma que o Palmeiras espera isso do Flamengo para também distanciar, nós esperamos isso do Palmeiras para que nos aproximemos deles. Claro, a gente não pode esquecer nunca do Atlético-MG também, Santos, mas no caso do Palmeiras a esperança de que em algum momento haja o deslize e nós tenhamos daqui até o final da competição, foco 100%, aproveitamento 100%. Essa é a idéia”.

Flamengo chegou pela gestão ou montagem do elenco

“Eu acho que os dois. Passou por um período de muita dificuldade porque a gestão sempre teve como objetivo sanear as dívidas, recuperar o clube, recuperar a credibilidade. O que eu vejo desse ano, principalmente, é que houve um investimento que para muitos não aparece. Investimento na tecnologia e nos equipamentos no Centro de Treinamento. Então, isso fez com que, mesmo com todas essas viagens, o Flamengo tivesse uma performance de poder bater uma liderança. Eu acredito somada à montagem de elenco e a boa performance de jogadores, viabilizada pela melhoria da infraestrutura, acho que é um somatório que vem dando resultado”.

Zé Ricardo é realidade

“Na minha visão, ele é uma realidade, dentre os bons técnicos do futebol brasileiro. Se você perguntar, ele está totalmente formado, num processo de formação porque é óbvio vem enfrentando situações as quais ele não enfrentava quando treinava as divisões de base, mas a nível de conteúdo, de metodologia de trabalho, de conhecimento, ele está preparado e se preparou para esse momento. Então, todas as demais questões, eu acredito que ele conta também com uma equipe altamente qualificada que dá o suporte que auxilia ele nessa questão da formação das outras características que um técnico tem que ter e que adquire isso com a experiência. Mas eu vejo ele sim como um dos futuros técnicos de ponta do futebol brasileiro num curto espaço de tempo”.

Zé Ricardo vira o ano como técnico ou depende do título 

“Vira, sem dúvida. Quando você consegue identificar um profissional dessa qualidade, que conhece o Flamengo, que tem conteúdo e que também se coloca como parte integrante de uma equipe multi-disciplinar e interdisciplinar, não tem porquê você modificar, já que a filosofia do Flamengo é essa”.

Flamengo vai dominar o futebol brasileiro num futuro próximo

“Olha, se tiver uma capacidade de investimento maior, é claro que a nível de mercado, vai ter uma vantagem, mas isso vai depender muito das escolhas, vai depender muito de manter essa política, não digo da austeridade, mas da responsabilidade. O Flamengo hoje tem 35% do seu orçamento destinado ao futebol. A esperança é que, com o passar dos anos, com a situação financeira mais equilibrada, reinvestimento no patrimônio, que o Flamengo consiga atingir 50%. Isso que o Profut limita em 70% ou 80%. O Flamengo trabalha com metade disso. Então, por conta justamente da oportunidade e momento de sanear o clube. Se bem gerenciado, não dá para dizer que o Flamengo vai nadar de braçada, mas se tiver uma gestão competente daqui para a frente, a possibilidade de ter equipes mais competitivas, ela óbvio que aumenta”.

Diego sobra no futebol brasileiro

“Diego não é só apenas um grande jogador tecnicamente. Ele é um grande profissional, uma surpresa altamente positiva, um dos grandes exemplos daqueles atletas que vão para a Europa e retornam. Você ter atletas como Diego, Ederson, Paolo Guerrero, eu como gestor não me limito a avaliá-lo somente pelo que ele me dá dentro de campo, mas fora dele. Exemplos positivos como comprometimento, foco, o cuidado que ele tem na parte física, clínica, o entendimento do jogo, querendo sempre estar atualizado. Isso passa um exemplo altamente positivo para os demais do elenco e facilita demais a questão da gestão do técnico e minha também”.

Reforços para 2017 e vendas de atletas

“Temos alguns jogadores no radar. A gente pretende ter uma mudança muito menor de elenco porque a gente vem se preparando para isso, mas é óbvio que o momento não é de falar sobre isso. Nós temos aí uma disputa em aberto, mas a gente vem planejando as conversas internas em relação as nossas necessidades, é o que nós projetamos para 2017 e os possíveis nomes, isso a gente já vem fazendo, mas o momento de atuar mais firmemente no mercado não é agora porque senão eu acredito que o prejuízo seria muito maior. Temos coisa grande em disputa”.

Flamengo e seu histórico de arrancadas finais para o título 

“Não tem nada disso. É claro que tem esse estigma, é o que o torcedor acredita, mas eu acredito em trabalho e os nossos concorrentes vêm realizando um grande trabalho também. A esperança, como eu disse no início, possa haver um desequilíbrio, um deslize dos nossos concorrentes para que o Flamengo possa subir. Da nossa parte, nós faremos de tudo para que não ocorra conosco, a nível de concentração, de comprometimento, de foco, não vai haver. Vão haver sim jogos dificílimos daqui para a frente, as dificuldades elas vão ser tanto para nós como Palmeiras, Atlético, Santos, principalmente, mas o Flamengo vai tentar fazer a sua parte. No que eu acredito é que se o Flamengo fizer a sua parte, em algum momento é muito difícil você manter esse índice de aproveitamento e a gente espera que o Flamengo mantenha e os nossos concorrentes não”.

Executivos X Dirigentes amadores

“Eu penso que tem papéis distintos. O grande dilema é um profissional entender a sua função, sua atribuição e da mesma forma o dirigente estatutário, amador. Quando nós vimos muitas vezes esse suposto conflito é por justamente a falta de entendimento. O dirigente profissional ou executivo, ele não vislumbra ter mais ou menos poder. Nós não queremos poder. Nós queremos as informações, digamos, o que nós temos de ferramentas para a melhor tomada de decisão seja realmente levada em consideração. Da mesma forma que no nosso entendimento, o dirigente estatutário, ele existe para estabelecer as diretrizes, cobrar as metas estabelecidas dos profissionais que vão executar. Quando esses papéis muitas das vezes se invertem ou na verdade eles se confundem, aí é que o problema na gestão do futebol brasileiro. Para isso aí realmente não há mais espaço, o sistema está falido. Enquanto determinados clubes não entenderem que o dirigente amador estabelece as diretrizes, cobra e exige que as metas sejam atingidas e quiser entrar para dentro da operação do negócio sem o devido conhecimento e a devida preparação, aí nós vamos retomar e encontrar os motivos pelos quais muitos clubes enfrentaram problemas e construíram essa dívida astronômica que a maioria deles, infelizmente enfrenta”.

Rodrigo Caetano tem contrato com o Flamengo até dezembro de 2018. Foi ex-jogador e se tornou executivo no RS Futebol Clube. Depois, trabalhou no Grêmio, Vasco e Fluminense, até chegar ao Flamengo à convite do atual presidente Eduardo Bandeira de Melo.

 


Ex-diretor do SP defende Leco e Ricardo Gomes e critica formação do elenco
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Alexandre Praetzel

O São Paulo vive situação instável dentro e fora de campo. A gestão do presidente Leco é muito criticada por alguns conselheiros e sócios e o time está ameaçado de rebaixamento na Série A do Brasileiro. O blog conversou com o ex-vice presidente de futebol, João Paulo de Jesus Lopes, sobre estas e outras questões. Leiam abaixo.

Gestão de Leco

“O presidente Carlos Augusto recebeu o clube em situação muito difícil, técnica e financeiramente falando. As finanças estão sendo colocadas em ordem, graças ao bom trabalho dos responsáveis pelo financeiro, administrativo e também pelo marketing, que está conseguindo ampliar sensivelmente as receitas de patrocínios e licenciamentos. Acredito que a partir de 2018, estaremos totalmente equilibrados financeiramente, como, aliás, é nossa tradição. Quanto ao futebol, é óbvio que as coisas não estão indo bem. Nosso elenco tem posições que não estão convenientemente ocupadas, mas acho que a vinda do Marco Aurélio, que apoiei totalmente, nos ajudará a sair do difícil momento em que nos encontramos. Em suma, creio que o presidente, dentro das circunstâncias que recebeu o clube, está fazendo o possível para recuperar a instituição”.

Saída de Roberto Natel foi traição

“De maneira nenhuma foi traição, na medida que ambos conversaram, previamente. sobre suas divergências e também porque o Roberto Natel continua na situação apoiando a gestão. O que há são divergências de opinião e condução do clube. Tenho firme convicção que em breve serão superadas e não haverá nenhuma divisão na situação. Ambos são cidadãos sérios e bem intencionados, muito bem quistos dentro do clube, que convergirão seus pontos de vista em benefício da instituição”.

Ricardo Gomes e elenco

“Ricardo Gomes, juntamente com Cuca, Paulo Autuori e Tite, são os melhores treinadores deste país, na minha opinião. Está fazendo o possível e sou testemunha disso. Não é fácil receber um time no meio da temporada, treinado recentemente por dois profissionais com estilos completamente diferentes e, ainda por cima, contando com um elenco insuficientemente competente para disputar um campeonato difícil como o Brasileiro. Acho que aos poucos está conseguindo melhorar a qualidade e competitividade do time. Quanto ao elenco, não é o que nós são-paulinos esperamos. Há deficiências em muitas posições e precisará sofrer grande reformulação para o próximo ano”.

Preocupação com o rebaixamento

“Como todo são-paulino, é óbvio que me preocupo. Mas continuo achando que sairemos dessa situação”.

João Paulo de Jesus Lopes foi o comandante do futebol no terceiro mandato do ex-presidente Juvenal Juvêncio. O São Paulo é 14º colocado do Brasileiro com 36 pontos, três à frente do Inter, 17º e primeiro na zona de rebaixamento. O tricolor enfrenta Santos no Pacaembu e Fluminense no Rio de Janeiro, nas duas próximas rodadas.


Modelo de gestão se esgotou no futebol brasileiro
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Alexandre Praetzel

O modelo de gestão atual do futebol brasileiro está esgotado. Clubes vivem “amarras” políticas, reféns de grupos e torcedores uniformizados. Um presidente é eleito num colégio eleitoral pequeno, com raríssimas exceções.

Conselhos deliberativos com 300 ou mais componentes decidem os caminhos de agremiações que faturam mais do que muitos municípios brasileiros. A profissionalização se resume a contratação de um executivo para o departamento de futebol. Trabalho bom é o que ganha. Tudo se baseia nisso.

Nos últimos dias, vimos São Paulo e Inter passarem por situações parecidas. O tricolor envolto em conflitos políticos e abalado pela invasão ao CT, patrocinada por grupos de oposição, segundo o presidente Leco. O diretor remunerado, Gustavo de Oliveira, é acusado de incompetente e despreparado por causa de seu salário graúdo. Enquanto o time estava nas semifinais da Libertadores da América, não se discutia nada disso.

No Inter, o presidente Vitório Píffero perdeu o vestiário e chamou o amigo e hoje empresário, Fernando Carvalho, para salvar a equipe do inédito rebaixamento para a Série B. Demitiu dois técnicos e foi pressionado fortemente por torcedores e sócios. Entregou a chave para Carvalho, considerado o maior dirigente da história colorada para a maioria. Quando foi líder por oito rodadas, o silêncio imperou nas arquibancadas.

São dois exemplos recentes, mas outros virão logo, logo. Ao invés de elaborarem planejamentos com metas, objetivos e resultados, profissionalizando as gestões e cobrando os funcionários pelos seus desempenhos, os dirigentes preferem a vaidade e o status dos cargos que ocupam, valendo-se apenas de faixas no peito e taças no armário.