Blog do Praetzel

Treinador de goleiros do Corinthians vê legado positivo e confiança em Loss

Alexandre Praetzel

Mauri Lima está deixando o Corinthians. O treinador de goleiros vai integrar a comissão técnica de Fábio Carille, no Al Wedha, da Arábia Saudita . Aos 53 anos, com dez anos de Corinthians, Mauri resolveu aceitar o desafio de trabalhar numa escola diferente e implantar uma nova filosofia de trabalho. Em entrevista exclusiva ao blog, Mauri falou sobre seu legado, o desafio de Osmar Loss no clube e a vida que o espera no mundo árabe, além de escolher seus dois goleiros preferidos na Copa do Mundo. Confira a seguir.

Qual é o legado que deixas no Corinthians?

Acho que é um legado de um trabalho bem feito, vitorioso, um trabalho que não foi feito só dentro de campo. Toda uma equipe com funcionários, torcida, a interação, o conhecimento, o carinho de todos. Tudo aquilo que eu vivi aqui dentro desse CT. As pessoas me ajudando a construir as formas de trabalho, meio malucas, mas sempre comprando a ideia. De ter feito um trabalho bom com aqueles goleiros que passaram por aqui. A gente tem vários goleiros que estão jogando, que saíram e passaram por aqui. De ter deixado esses que aqui estão. Cássio numa seleção brasileira, Walter já mostrou a qualidade que tem, Caíque foi campeão brasileiro jogando, tem o Felipe e os demais que estão subindo da base, que a gente sempre traz para cá para poder fazer um trabalho no revezamento. Um legado de um trabalho grande, vitorioso, honesto e que procurou o máximo possível, colocar e fazer com que todos tivessem a condição de melhorar e crescer como profissional e homem, também.

O que mais pesou para seguir com Carille?

Na verdade, o Carille, no dia que ele saiu, ele disse que se tivesse possibilidade, queria que eu fosse com ele e perguntou o que eu achava. Falei para ele que a gente ia esperar. Aconteceu, ele fez o convite, houve a proposta. O lado financeiro é um lado que pesa, por caausa do tempo que nós temos também. Do profissional, da vida útil. Então, eu tenho 53 anos, posso trabalhar mais uns dez anos em alto nível e a vida que a gente leva, é essa. Um pouco desgastante. O treinador de goleiros, todos sabem. Também tenho minha família, minhas filhas. Então, uma filha já se formou em Arquitetura esse ano. A outra já entrou para a faculdade. É o começo para a minha filha mais nova. Então, nesse momento, a gente tem que pensar na família, naquilo que a gente pode fazer, porque as vezes a gente não faz as coisas pela gente, faz pelos nossos filhos e quem é pai, mãe, sabe disso. Foi uma coisa que optei, também para poder buscar uma escola diferente, aprender lá fora e tentar implantar o que nós fizemos aqui, na expectativa de que eles possam gostar. Nós sabemos que é uma vida diferente, mundo diferente, um trabalho que vai ser implantado. E por aquilo que o Carille disse pelo projeto, o que o mundo árabe está pensando, de quando começaram as contratações, abrindo a janela para várias contratações e, inclusive, para goleiros.

O que dizer de Osmar Loss no desafio de substituir Carille?

Osmar já é um profissional de qualidade, experiência, é um cara muito bom mesmo no trato com as pessoas e dentro de campo. Trabalho perfeito de fazer as partes que necessita para você colocar em prática, dentro do campo de jogo. É um desafio grande para ele, mas tenho certeza que ele vai conseguir alcançar esse objetivo dele, que é merecedor. As pessoas que estão com ele, sempre procurando ajudar, os atletas também. As vezes, as coisas não acontecem do jeito que a gente quer. A gente torce para que ele possa ter a felicidade de conseguir os objetivos dele. Pelo trabalho que ele está fazendo, os frutos serão colhidos. Pode ter certeza disso. As vezes, fica um peso pelo Carille ter saído, ter sido campeão paulista, brasileiro, e fica um pouco pesada essa parte. Eu acho que tem tudo para dar certo sim. Pela qualidade que ele é, como pessoa, profissional, e acredito que aos poucos ele vai implantar a filosofia dele e os atletas também vão entendendo aquilo que ele quer. A partir daí, as vitórias virão e os títulos também continuarão surgindo. Ele tem capacidade sim para seguir como comandante do clube.

Vais trabalhar com goleiros árabes. Como é a escola deles?

A escola deles é de dificuldades, por aquilo que a gente vê em alguns jogos, até na própria Copa também. Mas como abriu brecha lá, até para poder contratar um goleiro estrangeiro, foi contratado um egípcio para o nosso time. Um goleiro de 25 anos. Então, a gente tem uma possibilidade de trabalhar com ele de uma forma, com uma idade boa, onde dá para corrigir e poder aprender. Primeiro ver como será a maneira de como cada um vai se encontrar, a qualidade técnica de cada um depois do começo do trabalho. Procurei ver vídeos de alguns que estão no clube para que a gente possa ter uma noção. Para falar a verdade, só chegando lá para a gente saber e ver o que nos espera. mas é uma parte que a gente vai ter que começar, praticamente do zero, mas de uma forma geral é bom, porque você vai implantando, o crescimento de cada um a cada dia e isso te dá uma tranquilidade grande do trabalho que você está fazendo. É procurar fazer, implementar trabalhos diferentes para que eles possam se sentir bem, dentro das condições de cada um. Sabemos também que existe todo um processo por causa da religião, dos horários das suas rezas. Então, a gente tem que adaptar tudo, para que nada saia do normal daquilo que é a vida deles lá, tanto na parte particular como na ligada ao futebol.

Quem é o melhor goleiro da Copa?

Está recheada de grandes goleiros, desta vez. Eu vi vários jogos. Gostei muito do Muslera, do Uruguai. Está sobressaindo e fazendo uma grande Copa. Gosto muito do Courtois, da Bélgica. Baita de um goleiro. Frio, qualidade técnica dele muito boa. Então, eu colocaria os dois, que estão se destacando de uma forma melhor. Têm outros com boas participações, mas esses dois eu tenho visto, acompanhado, com grandes atuações. O próprio Ochoa, do México, também. Acho que o nível está muito alto, em relação aos goleiros. A gente sabe que tem aqueles com qualidade inferior, mas no geral, o nível está altíssimo.

Mauri Lima participou de todos os títulos importantes do Corinthians, de 2009 a 2018. Chegou ao clube, em 2008, numa indicação de Antonio Carlos Zago, que havia trabalhado com ele, no Juventude.