Ricardo Gomes e a crueldade dos são-paulinos
Alexandre Praetzel
O São Paulo enfrenta o Fluminense, nesta segunda-feira, ameçado de rebaixamento no Brasileiro. Uma derrota deixará o tricolor com 36 pontos, um à frente do Vitória, 17º colocado. Se houver o resultado negativo, o culpado por esta situação já foi escolhido por muitos são-paulinos: Ricardo Gomes.
O treinador teve um AVC, em 2011, e ficou com pequenas sequelas. Nada que o limitasse a comandar uma equipe, mesmo com a pressão diária que esses profissionais sofrem. Ricardo estava bem no Botafogo. Vinha iniciando uma recuperação do alvi-negro e recebeu o convite para retornar ao São Paulo. No clube carioca ele tinha toda uma estrutura montada para desenvolver o trabalho e o respeito pela sua limitação. Ricardo topou o desafio, acreditando que voltaria ao São Paulo de 2009, multi-campeão, organizado em todos os setores e sem intrigas políticas.
Foi apresentado pelo presidente Leco como um amigo e com um contrato por tempo indeterminado. Ledo engano. Não foi aceito da forma esperada pelo grupo de atletas e pegou um grupo com vários componentes pouco comprometidos e dando de ombros para a situação preocupante. O que aconteceu? Estourou na conta do treinador. Chiliques e críticas das mais desumanas contra sua capacidade física e verbal, pela afasia que o acomete, admitida e revelada pelo próprio Ricardo.
A maioria dos são-paulinos quer um técnico que fique berrando e gesticulando à beira do campo. Ricardo não fazia isso e não fará. Não é milagreiro com um time medíocre e um grupo com opções carentes. A responsabilidade pela sua contratação é da DIREÇÃO. Mas o crucificado já foi determinado e será dispensado, se o São Paulo perder.
Torço por Ricardo Gomes. Um sujeito do bem e que tem encarado todas as perguntas e questionamentos com clareza e sinceridade, sempre de cabeça erguida. Algo que dói na mente perversa de muitos ''seres'' humanos. Torcedores ou não.