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Fluminense pode se reconstruir com o Palmeiras como exemplo
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Alexandre Praetzel

Em 1999, rebaixado para a Série C, o Fluminense ganhou o patrocínio da Unimed, para iniciar um projeto de reconstrução. O presidente da empresa, Celso Barros, foi o mentor da parceria, como tricolor fanático. Até 2014, o Fluminense ganhou três Cariocas, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil e foi vice-campeão da Libertadores, em 2008.

Em alguns anos, o Flu teve medalhões pagos pela Unimed e o restante por conta do clube. Nunca me esqueço quando Renato Portaluppi me confirmou que isso era normal no Flu, após uma derrota para o São Paulo, no Morumbi, em 2009. Ou seja, os salários dos mais caros estavam sempre em dia. Os demais, corriam o risco de atrasar.

Isso mudou depois, quando a Unimed passou a bancar todas as despesas do futebol, em 2007. E foi assim até o último ano, com a empresa ficando com percentuais de direitos econômicos de alguns atletas, em 2014. Em campo, o patrocínio foi muito bom, mas os dirigentes não aproveitaram para fortalecer a estrutura tricolor. Apesar do CT de Xerém e do novo CT profissional(com investimento próprio), o Fluminense não se preocupou com um novo estádio. Joga para pouco público e quase sempre tem prejuízo no Maracanã. Os valores de patrocínio também minguaram. Resultado esperado: crise financeira. Claramente, o Flu não se preparou para andar com as próprias pernas.

Agora, dispensou oito jogadores, com Diego Cavalieri e Henrique no bolo. Vai trabalhar com o que tem e pode pagar. Ora, já não deveria ter feito isso, quando a Unimed saiu? O ex-presidente Peter Siemsen contratou Henrique do Napoli, num momento delicado financeiramente, além de outros nomes sem o tamanho do Flu. A conta não fechou.

Em 2017, vimos o Flu com altos e baixos normais de um time com jovens jogadores. Lutou para não cair e fez uma Sul-Americana digna. Em 2018, é uma incógnita. Se Gustavo Scarpa for negociado, o Flu dá uma respirada. O que parece claro, é que o Fluminense começará um processo de reconstrução, já no segundo ano de gestão de Pedro Abad. Se não cair para a Série B, já será um avanço. Pelo menos, manteve o técnico Abel Braga.

Vimos cenários parecidos do Flu, com Palmeiras e Juventude, na época da Parmalat. Os dois tiveram dificuldades, depois da saída da empresa, na co-gestão, em 2000. Tiveram grandes elencos e títulos, quando havia o patrocínio. Depois, passaram por remodelações anuais e problemas financeiros, durante a década. Paulo Nobre salvou o Palmeiras, com dinheiro do bolso, para se manter competitivo em 2013, disputando a Série B.

Em 2015, a Crefisa chegou ao Palmeiras. O casamento com o Verdão é bem diferente. O Palmeiras tem um grande patrocinador e segue sua vida normalmente. Não depende da parceira. E faz isso muito bem. Está superavitário e tem ótimas receitas de todos os lados, com um grande estádio como o Allianz Parque. Também determina suas ações e escolhe seus reforços, sem interferência da Crefisa. Vai quitar a dívida com Nobre, até 2018. O Palmeiras aprendeu e adotou o modelo ideal. Financeiramente, é o clube do momento.

Que o Flu aprenda a lição e se transforme rapidamente. O futebol brasileiro não permite mais aventuras.


Corinthians ganhou tudo na década. E o clube, onde vai parar?
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Alexandre Praetzel

É inegável que o Corinthians se renovou, após ser rebaixado para a Série B, em 2007. Vinha de grandes títulos na era Alberto Dualib, mas as conquistas esconderam todos os problemas financeiros e administrativos. Acabou caindo. Voltou para a Série A sem sustos e se planejou a partir de 2009, ganhando a Copa do Brasil. De 2011 a 2017, os resultados de campo são indiscutíveis. Três títulos brasileiros, uma Libertadores, um Mundial de Clubes, uma Recopa Sul-Americana e dois Paulistas. Mas, e o clube? Para onde vai?

Em fevereiro, haverá eleição à presidência com cinco candidatos. Alguns dizem que a situação financeira é caótica e dias difíceis virão pela frente. Apesar dos troféus, crescimento do Fiel torcedor, melhores cotas de TV, gordos patrocínios  e o novo estádio, o Corinthians está sempre com os cofres vazios. O presidente Roberto de Andrade chegou a dizer que sempre foi assim, com dificuldades. Isso é inexplicável.

Ora, já era para o Corinthians comandar as ações no futebol brasileiro. Construiu sua nova casa e ninguém sabe onde ela vai parar. A dívida já chega a R$ 2 bilhões, segundo relatos de conselheiros. Os mesmos que aprovaram a aventura capitaneada pelo ex-presidente Andrés Sanchez, tentando voltar ao poder. Seu grupo político “Renovação e Transparência” enfraqueceu com a dissidência de vários membros. Não houve Renovação e Transparência, apesar do nome pomposo.

Claro que um clube de futebol vive de títulos. Mas, a que preço? Em 2007, as páginas policiais foram tomadas pelo Corinthians, com o caso MSI. Hoje, se noticiam falta de marmitas, dívidas com vários empresários, atrasos de premiações, problemas nas categorias de base e outras pendências fora de campo. Alguns torcedores acham que isso é “anti-corintianismo”, como se todos estivessem contra. Mas são os mesmos que esquecem de olhar para dentro da própria instituição.

Ganhar é bom e faz a felicidade de todos. Mas dizer que só o que interessa é a bola, é um pensamento atrasado e ultrapassado. A nova gestão(ou com as velhas práticas) pegará uma equipe na Libertadores e bem situada. Pelo quadro que se pinta, pagará mais títulos, ao invés de ganhá-los. E isso também faz parte do futebol.


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