Blog do Praetzel

Qual o momento de dispensar um técnico?

Alexandre Praetzel

Rogério Ceni é idolatrado pela torcida do São Paulo por tudo que conquistou como goleiro do clube, com mais de mil jogos e 100 gols. Foi anunciado como treinador, no seu primeiro desafio na boca do túnel, e reverenciado pelos tricolores. Ponto.

Passados cinco meses de trabalho, a euforia e o amor acabaram. Ontem, após a eliminação vexatória na Copa Sul-Americana, são-paulinos perderam a paciência e pediram a saída do ídolo, nas redes sociais. Palavras como despreparado, sem humildade e com prazo de validade vencido foram rotineiras num intervalo de 30 minutos, depois da partida. A diretoria banca a permanência de Rogério Ceni, mesmo sem avanços da equipe dentro de campo e três quedas consecutivas em torneios importantes. Agora, fica a pergunta. Qual o momento de dispensar um técnico?

Sou defensor de 120 dias de trabalho para se iniciarem as cobranças, no imediatismo brasileiro. Rogério Ceni teve esse tempo com promessas inovadoras, mas nunca vimos evolução, apesar dele despejar números positivos a cada entrevista coletiva. Uma mudança pode ocorrer quando:

– Não houver crescimento do time e dos jogadores. O trabalho é considerado bom no dia-a-dia, mas os resultados e os desempenhos são regulares ou ruins. Eduardo Baptista caiu por isso no Palmeiras;

-Atletas perderem a confiança no treinador com críticas públicas e falta de comprometimento. Isso não é visto no São Paulo, apesar de Thiago Mendes ter dito que o grupo está se adaptando ao treinador, algo normal numa nova filosofia;

– Derrotas consecutivas. Rogério Ceni só não foi demitido porque é o Mito Rogério. Qualquer outro nome, já estaria fora. Agora, a voz das arquibancadas pode influenciar nos gabinetes do Morumbi;

-Mau relacionamento interno. Acredito que isso não existe, mesmo depois da polêmica do fair-play de Rodrigo Caio no jogo contra o Corinthians e o desconforto no vestiário.

Se eu fosse dirigente são-paulino, não trocaria. O time não é fraco, mas precisa de reforços e de uma revisão do trabalho do treinador. Pode haver uma conversa para expor os erros e tentar ajustar a equipe para um Brasileiro dificílimo, melhorando o coletivo. O São Paulo é espaçado demais e não tem compactação. Ainda dá para segurar por cinco partidas. Agora, se as vitórias não vierem, a situação ficará insustentável. Como já aconteceu em outros casos no futebol mundial.