Blog do Praetzel

Ceará se declara ao Inter e vê time na final da CBrasil e sem rebaixamento

Alexandre Praetzel

O Inter abre as semifinais da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, contra o Atlético-MG, no Beira-Rio. Em condições normais, seria um momento de comemoração, mas o Inter luta ainda para escapar do rebaixamento à Série B do Brasileiro com 37 pontos, na 15ª colocação. O blog conversou com o lateral Ceará, campeão da América e do Mundo, em 2006, sobre essas duas situações e as causas que levaram a equipe a enfrentar dias difíceis, recentemente.

Por que o Inter chegou nesta situação complicada no Brasileiro

''Na verdade, o Inter se colocou nesta situação devido aos maus resultados acumulados, durante várias rodadas. Foram 14 ou 15 rodadas sem vencer e isso acarretou neste momento, nesta situação que nos encontramos. Você ficar tanto tempo assim sem vencer um jogo, é muito difícil. Para qualquer outra equipe seria uma situação bem complicada. O ponto positivo é que a equipe começou nesta descendente, quando estava ali em primeiro lugar, no topo, e depois começou com os maus resultados. Mesmo ficando tanto tempo sem vencer, ainda a gente conseguiu não se afundar tanto e tendo possibilidade de sair desta situação adversa, tanto é que nós estamos fora da zona de rebaixamento, no momento, com possibilidades concretas e palpáveis de deixarmos esta zona da degola e nos distanciarmos cada vez mais. Então, é focar realmente no que vem pela frente e esquecer as coisas ruins que passaram. Infelizmente, a gente não poderá mudar o passado. Estamos olhando para a frente para que a gente possa mudar o futuro, que são os jogos que virão para que o Inter permaneça na primeira divisão''.

Pressão maior sobre Ceará e Alex pelas vitórias no clube

''Eu e o Alex temos uma história vitoriosa no clube. A minha primeira passagem foi vencedora com três conquistas relevantes como Libertadores, Mundial e Recopa Sul-Americana e o Alex esteve presente nessas conquistas e voltou em outros momentos. Realmente, é uma história gratificante. Porém, a pressão é distribuída, mesmo que não seja de uma forma igual, mas é uma pressão coletiva e nós por sermos mais experientes e por termos histórico positivo no clube, a gente se pressiona demais. Nós atletas, temos auto-análise, nos pressionamos e cobramos por rendimento dentro ou fora de campo, no vestiário. Então, nós tentamos ser participativos de uma forma mais assídua nos bastidores para que o coletivo, os jogadores, de uma forma geral, estejam aptos para jogar, dando o melhor de cada um. Nos sentimos nessa responsabilidade de contribuirmos tanto dentro de campo com nosso talento e fora com experiência e comando, com a experiência que a nossa carreira nos concedeu''.

Inter tem time para ganhar a Copa do Brasil

''Nós temos um elenco qualificado. Já demonstramos isso nas duas etapas anteriores da Copa do Brasil contra Fortaleza e Santos. Mesmo tendo jogado a Copa do Brasil e, paralelamente, os jogos do Brasileiro, nem por isso a equipe teve uma perda de rendimento. Pelo contrário, houve um período que a equipe cresceu de uma forma geral. Começou a demonstrar um pouco de confiança e conseguiu os resultados positivos. Então, dentro desta perspectiva, do momento atual da equipe, nós acreditamos que temos qualidade no grupo para conquistarmos a Copa do Brasil e iremos em busca disso. Os jogadores que entrarão em campo neste jogo contra o Atlético-MG, certamente vão se doar ao máximo com o objetivo de vencer e fazer um grande jogo para tentarmos passar à final, algo que faz um bom tempo que o Inter não disputa, desde que foi campeão, em 1992, e vice, em 2009. Nós queremos continuar marcando história no clube e se Deus quiser, com mais uma conquista significativa''.

Dez anos depois, principais mudanças para melhor ou pior no clube

''Depois de dez anos da minha primeira passagem, a primeira mudança foi o tamanho que o clube alcançou em nível de estrutura, respeito dos adversários, a grandeza que o clube tomou nacional ou internacionalmente, isso é notório e foi a grande mudança depois das conquistas, que eu tive o privilégio de participar. Outra coisa é a montagem de equipe. Hoje, o clube tem muito mais recurso para montar uma equipe qualificada. Financeiramente, tem mais respaldo para cumprir com seus compromissos e lutar com outras equipes do Brasil por um jogador ou outro e muitas vezes, ganhar essa concorrência. É relevante e importantíssimo para um grande clube que quer realmente conquistar títulos. Negativo, não vejo nada importante. Obviamente, que todo crescimento exige que todos os departamentos acompanhem esse crescimento e o clube cresceu, então os departamento precisam estar à altura do clube. Isso é uma exigência que o crescimento traz para o clube, funcionários. É o que tem ocorrido. Uma vez que os títulos nacionais e internacionais não aparecem, existe a cobrança muito grande, segundo o tamanho da instituição. A pressão e a cobrança exagerada por título é o ponto negativo que a gente vê. Então, são esses dois lados da moeda que eu destacaria''.

Permanece no Inter na Série A ou B

''Eu tenho convicção de que permanecerei no clube. Tenho contrato até o final de 2017 e fiz esse contrato com a perspectiva de permanência. Eu não cogito a possibilidade de rebaixamento. Eu creio que o Inter permanecerá na Série A e eu estarei com o Inter porque o meu coração está inclinado para ele, não só na questão profissional, mas realmente a paixão. Tenho a paixão por esse clube, sou torcedor do Inter e permanecerei, independentemente, das circunstâncias, situações favoráveis ou não. Vou cumprir o meu contrato e pretendo encerrar minha carreira aqui no clube. Não sei quando isso acontecerá, mas no tempo oportuno, adequado, eu vou encerrar minha carreira. Pretendo e creio que isso vai acontecer aqui no Internacional''.

Ceará está com 36 anos e voltou ao Inter, no início do segundo turno do Brasileiro, contratado do Coritiba. Sua permanência só ocorreu, após a chegada de Fernando Carvalho à diretoria, impedindo a saída do lateral, depois de ter sido reprovado nos exames médicos com um problema muscular leve. Até hoje, Ceará é lembrado pela grande atuação contra o Barcelona, marcando Ronaldinho Gaúcho, na final do Mundial de Clubes, em 2006.