Espinosa admite supresa por jejum gremista e elogia o Atlético-MG
Alexandre Praetzel
O Grêmio decide a Copa do Brasil contra o Atlético-MG, a partir da próxima quarta-feira. O tricolor gaúcho busca um título nacional há 15 anos, após vencer o mesmo torneio, em 2001. Renato Portaluppi assumiu o comando do time e o Grêmio cresceu, também com o reforço de Valdir Espinosa como coordenador-técnico e sustentáculo para o amigo Renato, no vestiário. Espinosa foi o treinador campeão da América e do Mundo, em 1983, além de ex-jogador do clube, nos anos 70. Em entrevista exclusiva ao blog, Espinosa projetou confrontos equilibrados com o Galo, falou sobre o crescimento de Renato e elogiou a postura do Grêmio. Acompanhe abaixo.
Grêmio é mais time
“Não diria mais que o Atlético-MG. As duas equipes chegaram na decisão por somarem méritos e agora vão decidir realmente quem é o melhor. Vai depender dessa decisão para saber e você apontar, bom, esse foi o melhor dentro da Copa do Brasil. Isso nós vamos saber com esses dois jogos. O Grêmio está se preparando cada vez mais porque sabe a responsabilidade, sabe a importância que é acabar com o jejum de 15 anos e respeita o adversário, mas vai enfrentá-lo para vencer”.
Decidir em casa é melhor
“É muito relativo. Eu acho que vale para as discussões, quando você vai para sentar num barzinho, né. Aí começa aquele bate-papo, tal, pede um aperitivo, enfim, um tira-gosto. O bom é jogar fora. Não, o bom é jogar em casa, mas naquele jogo, naquela época, aí as histórias vêm e o salgadinho vai aumentando, o dono do bar fica satisfeito porque mais tempo você fica ali conversando. Enfim. Falando sério. Não tem essa. Lá fora, se você fizer um retrospecto, muitas vezes teve uma vantagem em jogar fora, muitas vezes jogar dentro de casa. O importante, eu sempre digo, é estar preparado para qualquer situação”.
Renato é bom técnico
“Está aprendendo cada vez mais. Eu acho que isso é que faz e o Renato me surpreende a cada dia porque ele busca aprender. Dentro desse aprendizado, ele vem num crescendo”.
Futebol mudou muito com jogadores mimados e pouco comprometidos
“Eu não diria isso. Diria até que se cobra pouco no futebol. A gente tem desculpa para tudo. A gente começa assim: eu quero disputar a Libertadores, depois reclama que está disputando. Eu quero disputar a Sul-Americana, depois reclama que está disputando. Chega em julho, estamos cansados. Estamos jogando muito. A gente só reclama, reclama, reclama, e o que é pior, eu tenho dito isso há anos, através dos meus vídeos. Vai terminando o campeonato brasileiro e a pergunta que se faz é a seguinte no Brasil inteiro em bate-papo, em debates na televisão, rádio e jornal. Como foi tecnicamente o campeonato brasileiro? A resposta sempre é a mesma: não foi bom, abaixo do nível. Olha que há anos é isso e esse ano foi de novo abaixo do nível. Só que a gente para para mudar? Não, a gente só reclama que foi abaixo do nível, mas não senta para dizer aonde está o erro, como temos que melhorar”.
Modelo de gestão brasileiro
“Eu não vou entrar nessa área. Eu vou ficar na minha área de campo, aquela que eu tenho entendimento, aquela que eu tenho experiência. É nessa área que eu busco aprender cada vez mais e nessa área que nós temos que buscar as correções. Entendo que fora de campo, muitas mudanças poderiam e deveriam acontecer, mas eu acho que a mais importante de todas ainda é dentro de campo. É dentro de campo que nós temos que melhorar mais, que nós temos que ter mais coragem, fazer mais cobranças. Vou puxar o Tite como exemplo. O que hoje e há um tempo atrás, muita gente não via jogo da seleção brasileira ou quando via, via com aquela coisa, que coisa chata que eu vou ver e quando terminava, dizia, que coisa chata que eu vi. Seis jogos do Tite e a gente ficou satisfeito. A gente viu uma coisa muito importante. Sorriso no rosto dos jogadores. Isso era alegria. Esse sorriso era um comprometimento de ajudar um companheiro e fez com que a gente sorrisse também, olhando o jogo e a gente sorrisse. Moral da história: havia um comprometimento de jogar bem. Nós temos que ter exatamente isso. O comprometimento de jogar bem. O resultado é consequência do que você fizer em campo e não buscar o resultado pelo simples fator de vencer de qualquer maneira como tem que acontecer. Acho que a maior esperança que eu estou vendo há anos no futebol foi esse momento do Tite na seleção. está fazendo a coisa com simplicidade. Outro detalhe. Num dia ele pegou, já estava treinando. Não teve tempo de treinar e não está reclamando. Simplesmente, ele está trabalhando. Essa é a seleção? Esse é o tempo de treino? Ok. Vou aproveitar bastante e não estou buscando desculpa. Até eu brinco, ele pode falar um pouquinho difícil, mas ele faz a coisa muito simples. É importante. Ele não está querendo ser o dono da verdade, nem o inventor da bola, porque a bola já foi inventada há muito tempo. Simplesmente, está fazendo a bola rolar no chão”.
Surpreso com jejum de 15 anos sem títulos nacionais
“Falo como torcedor. Claro que sim. Como torcedor, você não pode admitir que um time como o Grêmio fique um tempo desse sem ganhar título. Por isso, eu sei a importância, não só como torcedor, como profissional também, de acabar com esse jejum”.
Existe um grande jogador no Grêmio
“Eu acho que nós temos bons jogadores no Grêmio. Na defesa, Geromel, Kanneman que chegou. Grohe na seleção, Marcelo, enfim. Douglas no meio. Jogadores jovens que estão despontando, alguns que ainda não despontaram, mas são jovens, dentro de um aprendizado e buscando experiência. Acho que a equipe está bem e equilibrada”.
Atlético-MG
“Uma equipe que tem experiência, tem qualidade técnica. Uma equipe que tem qualidades e vai chegar na condição de disputante ao título por méritos conquistados. Não foi por fazer as coisas erradas, assim como o Grêmio. E como eu te disse no início. No final desses dois jogos, é que se vai dizer. Na Copa do Brasil, o melhor foi….Tomara que seja o Grêmio”.
Treinador novamente
“Serei sempre treinador”.
Além de treinar o Grêmio, Espinosa se destacou também no Botafogo, quebrando o jejum de títulos do clube, vencendo o campeonato carioca, em 1989, diante do Flamengo. Espinosa tem contrato com o Grêmio até dezembro, mas irá permanecer, se Renato ficar.