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Arquivo : Gustavo Oliveira

Gustavo Oliveira e a última entrevista, antes de cair no Santos. Confira
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Alexandre Praetzel

Gustavo Oliveira foi dispensado pelo Santos. O diretor executivo de futebol ficou um pouco mais de dois meses no comando da principal área do Clube. Gustavo sempre foi arredio com a imprensa, preferindo a discrição. O blog fez a última entrevista com Gustavo, antes da demissão no Santos. Ele parecia muito tranquilo e acreditando que o trabalho ganharia afirmação com os próximos resultados. Confiram.

O clássico diante do São Paulo serviu como um início de afirmação do trabalho?

Um jogo importante. A afirmação tem que ser feita toda semana no futebol. A gente não tem só um dia ou outro jogo. Óbvio que foi um jogo relevante, um clássico, de maior repercussão. Uma caminhada longa, de um caminho que a gente pretende que seja vitorioso, no final dele, evidentemente, para quem trabalha e vive o Santos.

Foram 14 pontos em 24 disputados. Dentro do agradável ou próximo do esperado?

É um processo no futebol. A gente não controla o todo e a gente tem adversários e conduz da melhor maneira possível. No futebol, muitas vezes, se faz o possível. O Santos vem enfrentando um momento novo, de nova gestão, novas pessoas, todos conhecendo o universo Santos e se reconhecendo como gestão. Acho que é um momento importante e um desafio. Só que o futebol também não pode esperar. Tem rodada quarta e domingo, quarta e domingo. Então, é um pouco nesse ambiente que a gente vai caminhando e se acertando. O importante é que tenha, num médio prazo, um horizonte favorável, esperançoso, que permita que o torcedor tenha orgulho daquilo que ele vê em campo. Isso é o que importa.

Lateral Dodô está contratado?

Sobre jogadores, eu não falo.

Você está se sentindo bem no Santos? Você foi muito identificado com o São Paulo. Para quem não é de Santos, é diferente?

Eu estou me reconhecendo. Eu fui recebido de forma muito calorosa. Isso me deixou feliz. A vida da gente, a gente tem que virar as páginas, as páginas vão sendo viradas e essa foi virada de uma forma muito relevante, muito categórica. A partir de agora, eu tenho uma página branca para escrever no Santos e eu pretendo escrever com toda minha paixão, carinho, coração, para fazer esse clube cada vez maior.

O blog tentou contato com Gustavo, após a demissão, nesta terça-feira, mas ele não respondeu às mensagens.

 


Sobrinho de Raí prevê sucesso do tio, pede gestão coletiva e defende Cueva
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Alexandre Praetzel

Gustavo Oliveira atuou como diretor-executivo de futebol do São Paulo por duas oportunidades. A primeira, em 2013, e depois, em 2016, deixando o clube em setembro do ano passado. Filho de Sócrates e sobrinho de Raí, Gustavo concedeu uma entrevista exclusiva ao blog. No bate-papo, Gustavo acredita no sucesso do tio, pede mais trabalho coletivo nas gestões e defende a contratação do peruano Cueva. Confira a seguir.

Como viste a efetivação de Raí como diretor de futebol executivo do São Paulo?

Muito feliz. Por ele e pelo clube. O clube tem buscado uma referência, um lastro, e o Raí tem todas as condições de sê-lo. Além das qualidades intelectuais e éticas, é um apaixonado pelo clube. Estou certo do sucesso deste encontro, tanto que tentei promover esta aproximação ano retrasado, mas naquela oportunidade não foi possível.

Achas que ele corre risco de não dar certo no cargo, mesmo tendo sido um grande ídolo?

A condição de ídolo lhe confere apoio inicial, mas também aumenta a expectativa e as cobranças. A história recente do clube já demonstra isso. No futebol, a percepção de qualidade de um diretor é muitas vezes desconectada da real qualidade do trabalho. O resultado, por exemplo, influencia demais na avaliação. Se a bola entra, o trabalho é excelente. Se a bola bate na trave, o trabalho é péssimo. E são coisas que não se controlam totalmente, ganhar ou perder também é imponderável. Desconsiderando o resultado, é certo que o trabalho será bom. Agora, se vai ganhar ou não, impossível prever.

São Paulo se perdeu um pouco e hoje está atrás dos rivais?

Isto é cíclico. Períodos de conquistas são sucedidos por períodos de baixa. Assim é a história de todos os clubes grandes brasileiros. Acredito que o clube necessita de uma reflexão. De todos os agentes. Diretoria, atletas, torcida, profissionais de suporte, etc. Em 2017, parece que o torcedor se propôs a esta auto-reflexão. É um bom início.

Por que oito dirigentes, incluindo você, não conseguiram grandes sequências de trabalhos no clube?

Enquanto se acreditar que somente uma pessoa é herói ou vilão, esta situação não muda. O clube funciona com vários personagens. E todos são importantes. Cada qual com suas atribuições e responsabilidades. É uma obra coletiva. Todos ganham e todos perdem. Se toda vez que perder duas partidas se cortar uma cabeça, nada será construído ao longo do tempo.

É difícil trabalhar com o presidente Leco?

O ambiente interno do futebol é repleto de conflitos. Quando se administra os conflitos com lealdade, o caminho é bom. E lealdade é uma qualidade do presidente Leco.

Você acredita que o Cueva valeu o investimento na contratação dele?

Fico satisfeito de ter viabilizado o Cristian(Cueva) para o torcedor são-paulino. O momento era desafiador, pois já sabíamos que dificilmente o Paulo Henrique Ganso ficaria conosco. Precisávamos substituí-lo com pouco ou nada de dinheiro. Quando assisti o Cristian pela primeira vez, pensei: temos uma chance. Além do Cristian, orgulho-me de ter montado o time semifinalista da Libertadores com zero de investimento. Calleri, Maicon, e outros, todos por empréstimos gratuitos. De montar, também com baixíssimo investimento, o elenco vice-campeão de 2014 com Souza, Pato, Kaká. Sem se falar nos garotos como Thiago Mendes, Lyanco, Shaylon. Esta era minha obrigação e tentei fazer da melhor maneira.

Você sempre foi muito elogiado pelas negociações e trabalho, mas acabou saindo. Ficaste decepcionado?

Frustrado por não ver o amadurecimento do modelo de gestão e das estratégias propostas.

A demissão do Rogério Ceni te surpreendeu?

Acompanhei pouco. Eu já estava fora. O volume de informação que o público toma conhecimento do lado de fora é muito pequeno diante de todos os elementos para uma decisão.

Como vês uma gestão moderna hoje?

Esta resposta merece um livro(risos). Em poucas palavras, uma gestão moderna, atualmente no Brasil, se faz dividindo responsabilidade com o comando técnico(e não demitindo treinador na primeira intempérie), envolvendo os profissionais do clube de forma colaborativa(tomadas de decisão de forma coletiva), definição clara de atribuições e responsabilidade no Departamento de Futebol, facilitando a cobrança de resultados de cada profissional. E o mais importante, estratégia.

Vais assumir algum clube? Ainda pensas em voltar ao São Paulo, um dia?

2017 foi para mim um período de reflexão e estudo, além de prestar consultoria. Meu caminho mais provável deve ser a Europa.

Em 2016, o São Paulo foi semifinalista da Libertadores da América, com Edgardo Bauza como técnico e Gustavo Oliveira como executivo. O peruano Cueva foi contratado do Toluca-MÉX, time eliminado pelo tricolor. Sua vinda gerou discordância do diretor de futebol, Luiz Cunha, contrário à aquisição, pelos valores desembolsados.

Cueva custou U$ 2,5 milhões. Aos 26 anos, disputou 69 jogos e marcou 17 gols pelo São Paulo. Vai disputar a Copa do Mundo pela Seleção do Peru. Foi a maior contratação da gestão de Gustavo Oliveira.

 


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