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Arquivo : Giovani Luigi

Presidente que trabalhou com Loss no Inter o elogia e prevê sucesso
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Alexandre Praetzel

O Corinthians enfrenta o Inter, neste domingo, no estádio Beira-Rio. Será o segundo jogo de Osmar Loss, no comando técnico da equipe. Loss começou suas atividades como treinador da base, no próprio Inter. Quem trabalhou com ele, foi o ex-presidente Giovani Luigi. Avesso a entrevistas, Luigi concordou em falar com o blog, elogiou Loss, projetou uma boa carreira para ele e ainda comentou sobre o momento de reconstrução do Internacional. Confira a seguir.

O Sr. conhece Osmar Loss dos tempos do Inter e trabalhou com ele. O Sr. acha que ele está pronto para o desafio de comandar o Corinthians?

Ele trabalhou comigo quando eu era vice-presidente e um pedaço de quando eu estava iniciando na presidência. É um jovem, que se preparou muito, dedicado, passou por todas as esferas do futebol, desde os meninos. Isso, sem dúvida, ajuda muito. Trabalhou sempre num clube grande. Daqui do Inter acabou indo para o Corinthians, também passando pela base e conquistando a Copa São Paulo Júnior. Tem feito um grande trabalho. Posso dizer que é de caráter e como pessoa para lidar com o grupo, excepcional. Acredito que nesses anos que se passaram, eu já convivo mais com ele há cinco, seis anos, deve ter se aperfeiçoado mais. Está pronto, na minha avaliação. De longe, vejo que ele tem todas as condições de fazer um grande trabalho no Corinthians.

O Sr. acha que um clube grande do Brasil consegue sustentar um profissional tão jovem no comando?

Isso depende muito de dois fatores fundamentais. Um, que o presidente do clube e o vice de futebol não deixem entrar opiniões de conselheiros, outras pessoas, dentro do vestiário. O vestiário deve ser comandado pelos profissionais que estão ali e pelos cargos políticos normais e o presidente do clube. Também o grupo de jogadores, que tem uma cultura de reagir de formas diferentes. O Loss já vinha trabalhando com o Carille, tem convivido com o grupo, o tempo todo. Tempo suficiente para que a diretoria do Corinthians pudesse fazer uma avaliação do trabalho dele. Portanto, não tenho dúvidas de que a diretoria do Corinthians avaliou todas as questões. Mas eu vejo que ele tem potencial enorme para vencer e trabalhar no Corinthians.

Transportando para o Inter, com a história do Sr., o Odair Hellmann lhe agrada?

Odair também não tem tanta bagagem como o Osmar Loss, se eu fosse fazer uma comparação, mas são desses novos treinadores que estão surgindo. Nada contra os experientes, mas o mercado de treinadores estava exigindo o surgimento de novos nomes. Então, vejo que o Odair, Loss, Carille e outros, são uma safra de treinadores importantes para o futebol brasileiro. O mercado estava muito inflacionado, se repetindo, e vejo que o Odair também tem potencial. Espero que, quem está lá, tenha feito a avaliação correta e veja potencial no Odair. Na época que eu trabalhei com ele, ele era um profissional extremamente dedicado.

Como o Sr. vê a investigação do Ministério Público do RS, sobre a gestão passada do Inter, financeira e administrativamente?

Faz três anos e meio que eu saí. Então, é difícil fazer uma avaliação. Eu não tenho condições de poder dar um depoimento falando sobre questões que saem algumas coisas na imprensa. Mas eu tenho certeza que o clube tem condições muito grande, uma torcida extraordinária, foi campeão do mundo há 12 anos, já ganhou duas Libertadores, Sul-Americana, tantos títulos. Tem um estádio quitado, tinha 100 mil sócios pouco tempo atrás, agora deva ter 80, 70 mil, tem uma torcida exuberante. Tenho certeza que o Internacional, quem sabe já nesse Brasileiro, possa fazer uma grande campanha, pelo menos, chegando na Libertadores.

Na sua opinião, por que o clube caiu tanto e foi rebaixado para a Segunda Divisão?

É difícil fazer essa reflexão do por que caiu para a segunda divisão. Estou há bastante tempo fora. Talvez, qualidade do grupo, falta de união, não sei como estava a preparação física. São variáveis assim que pesam. A questão da presença da diretoria. Várias questões que podem juntas, num determinado momento, levarem o clube a esse ponto. Mas o mais importante, nesse momento, o Inter já subiu para a primeira divisão e quem está lá, tenha consciência da grandeza do clube e faça com que a gente volte, novamente, a produzir jogadores nas categorias de base. Me lembro que em 2001, nem vou falar nos tempos recentes quando surgiram Daniel Carvalho, Nilmar, Rafael Sóbis, Pato, Fred, que vai para a Copa do Mundo. Em 2001, o Inter vendeu o volante Fábio Rochembach para o Barcelona e o zagueiro Lúcio para a Europa. Dois jogadores negociados no mesmo ano. O Inter sempre foi um celeiro de ases, um clube que conseguiu produziu jogadores. Sem dúvida nenhuma, clubes da grandeza do Inter precisam produzir atletas, constantemente, para dar retorno esportivo por um, dois anos, e depois trazer retorno financeiro. O Inter possui um déficit financeiro e precisa suprir isso, vendendo ativos, e o único ativo é o direito econômico do jogador.

O Sr. é a favor da reeleição do presidente Marcelo Medeiros?

Eu vejo que o Marcelo pegou o clube numa situação dramática, em vários aspectos. Conseguiu no primeiro ano, fazer o dever de casa, que era subir o Inter para a Série A. Entendo, que nesse momento, se ele for candidato, seria justo ele buscar a reeleição e fazer com que o Inter participe de Libertadores e grandes competições internacionais.

O Sr. sempre o novo Beira-Rio com o projeto que foi aprovado. O Sr. já imaginou se o Inter tivesse reformado o estádio com recursos próprios?

Com recursos próprios, hoje, entendo que os clubes brasileiros não têm condições. Até porque nós tínhamos a Copa do Mundo. Não dava para fazer com recurso próprio, fazendo aos poucos, daqui sete, oito, dez anos, estaria tudo pronto. Nós tínhamos um prazo muito curto. Não vejo fluxo de caixa para poder honrar o clube. No final, o Inter, no meu entender, fez um grande contrato, onde hoje tem domínio total do estádio. O estádio é quitado no seu nome. O Inter deu para a construtora todas as áreas que o Inter não tinha antes. O Inter não tinha edifício-garagem, a construtora explora por 20 anos. Não tinha “Sky box”, cadeiras vips, vários restaurantes e bares, e isso foi cedido para a construtora por 20 anos. Já se passaram três anos, faltam 17. O Inter ainda tem aquele estacionamento térreo de 2.200 vagas. Isso é receita do clube, mas tem um edifício-garagem que nunca ia fazer e sempre foi uma coisa, independente de Copa do Mundo, que era super necessária. Todo mundo que ia ao estádio, reclamava que isso era importante. Então, o Inter hoje tem um edifício-garagem com três mil vagas que é explorado pela construtora, em contra-partida como ressarcimento para aquilo que ela investiu. Então, vejo que o Inter fez um grande negócio. Não fui só eu, chamei uma comissão de obras e várias pessoas ajudaram. Encontramos um modelo e se formos comparar com outros estádios pelo Brasil, o nosso negócio foi melhor ainda.

Por que o Sr. parou de frequentar o Inter e ir ao estádio? Ficou uma mágoa na sua gestão?

Eu entendo que, principalmente, naquele período que eu estive na presidência(2011/2014), houve muitas brigas políticas, muitas convocações extraordinárias do Conselho, busca incessante para tentar provar que o clube estava mal gerido, mal administrado. Essas coisas assim, fizeram com que eu talvez perdesse o romantismo. Aquilo que eu tinha desde jovem, que era torcer pelo clube, time, quando jogava fora, a gente ficava num radinho escutando. Com esse desgaste que passei, pela construção do estádio, acabou realmente me fazendo perder o romantismo daquela coisa que o torcedor tem. Agora, fico em casa, vendo os meus jogos pela TV, não preciso estar convivendo e cumprimentando certas pessoas que, quando presidente, eu tinha a obrigação pelo status do cargo. Hoje, eu sou um mero torcedor e portanto, eu posso me dar a certos luxos.

O Vitório Píffero seria uma dessas pessoas que o Sr. não gostaria mais de cumprimentar?

Não, não entro no mérito no nome de pessoas. Não é essa situação. Sempre tive um bom convívio com ele e outras pessoas. Aliás, quando eu estava na presidência, ele nem ia nas reuniões do Conselho. Enfim, são coisas que já passaram. O Inter é muito grande. Tomara que faça um grande Brasileiro e, quem sabe, chegue à Libertadores. E que no ano que vem, produza mais jogadores e seja postulante a grandes títulos.

Luigi era o presidente, quando Osmar Loss estava na base do Inter. Presidiu o clube de 2011 a 2014, com quatro títulos gaúchos e uma Recopa Sul-Americana. Enfrentou oposição forte no conselho e foi o antecessor da péssima gestão de Vitório Píffero, investigada pelo Ministério Público e que causou o rebaixamento do time para a Série B do Brasileiro.

 


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