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Abel Braga quer Flu forte e vibrante e aponta o Fla como modelo financeiro
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Alexandre Praetzel

Abel Braga voltou ao Fluminense para um novo compromisso de dois anos, na gestão do presidente eleito, Pedro Abad. O técnico campeão brasileiro pelo Flu, em 2012, quer um grupo comprometido, com vibração e entrega, para brigar por títulos, em 2017. Em rápida conversa com o blog, antes de uma reunião com a diretoria, Abel fez a projeção para o ano que vem e apontou o Flamengo como referência de recuperação financeira. Leia abaixo.

Projeção para 2017

“De otimismo, confiança. Obviamente, se nós todos do clube, atletas, comissão, direção, funcionários, pensarmos em unidade, tudo ficará mais fácil. Não havendo curvas assim no futebol, as coisas tendem a correr dentro de uma forma bem razoável. Existem bons jogadores, não existe grande time. Fluminense sempre esteve brigando por G4 e quando chegou a encostar no G6, ficou nove jogos sem vencer. Isso precisa ser estudado. Ficou claro que é uma equipe sem brilho, vibração, alma. Muito estranho. Liguei para o Levir (Culpi) e conversei muito com ele para me ajudar nesta investigação. Não justifica. Clube centenário, com um CT que parece uma vila maravilhosa, um prédio fantástico. Quem entra aqui tem que saber que estará de corpo e alma”.

Gustavo Scarpa

“Acredito que ficará conosco. Foi feita uma prorrogação de contrato para aumentar o valor da multa. É um jogador importante. Esse aspecto será discutido. Não existe essa possibilidade agora. Mas o mercado é complicado. Abre a janela na Europa e complica”.

Reforços

“Ainda estamos discutindo, mas já estamos pensando em dois ou três nomes”.

Situação financeira

“Está na mesma situação que estava o Flamengo. Peter Siensem tentou fazer o clube andar com as próprias pernas, depois da saída da Unimed. Está se estruturando para bons anos pela frente. Quer caminhar com o que tem, investindo em estrutura e categorias de base. Isso é muito bom. O grande exemplo é o Flamengo, co-irmão. Tudo zerado. Aqui no Fluminense, está tudo em dia. Pelo menos, o Fluminense vai ter uma equipe forte, comprometida, sem dúvida”.

Fluminense X Inter

“Ainda bem que não estarei no Brasil. Claro que é um jogo importante, mas difícil para mim. Por tudo que o Inter representou. É difícil. Não tenho muito o que falar. O Inter ser rebaixado, é duro, mas fazer o quê? Futebol é assim. Difícil”.

Abel voltou ao futebol, após um período de descanso, depois de retornar do Al-Jazhera dos Emirados Árabes. O técnico sempre deixou claro que pretende começar um novo trabalho, ao invés de assumir um time no meio de uma temporada. O Fluminense encerra sua participação no Brasileiro, domingo, contra o Inter. Doze atletas já foram liberados para as férias.

 

 


Eduardo Baptista vê Seleção com modelo de jogo adotado por ele em 2014
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Alexandre Praetzel

Eduardo Baptista é apontado como um dos bons treinadores da nova geração. Aos 46 anos, o filho de Nelsinho Baptista renovou contrato com a Ponte Preta, admitindo a pressão sofrida para conquistar o primeiro título da história do clube. Em entrevista exclusiva ao blog, Eduardo também falou sobre a busca por novas idéias e seu modelo de jogo, parecido com a Seleção Brasileira. Acompanhem.

Pronto para comandar um time grande ou a passagem pelo Flu deixou dúvidas

“Eu aprendi uma coisa com meu pai. Trabalhei dez anos ao lado dele e fui criado por ele. Nessa profissão, você não pode ter dúvidas. Tudo o que eu faço no meu dia-a-dia, as decisões que eu tomo, a decisão de ter ido para o Fluminense, sempre foi com muita certeza, muito medido, ciente do que poderia acontecer. Então, se tiver um convite de um time grande e eu aceitar, é porque eu fiz um planejamento, fiz a minha programação, estudei a equipe que eu vou. Sei onde vou pisar. E no Fluminense eu fiz tudo isso. As coisas não deram certo. O que me acalenta é que está lá um treinador, que é uma das minhas referências, principalmente pelo seu estilo ofensivo e conduta. E as coisas também são difíceis. Eu vejo o Fluminense com os mesmos problemas de quando eu estava lá, em fevereiro. Naquela época, tinha um mês e meio só de trabalho e as coisas não aconteceram. Às vezes, foge um pouco do treinador, mas tudo o que eu queria fazer lá, o que eu acho certo, eu fiz. Coloquei minhas idéias em prática, estávamos conseguindo um trabalho. Por muito pouco, não chegamos a uma final de Copa do Brasil, perdemos para o Palmeiras nos pênaltis. Foi um trabalho que não deu certo, mas eu coloquei meu modelo de jogo, fiz experiências com Fred, Ronaldinho Gaúcho. Foram as melhores possíveis, principalmente com Fred, um cara excepcional, que me ajudou demais e eu respeito. Virou um amigo pessoal meu. Simplesmente as coisas não deram certo porque não eram para dar. A gente ainda vê o Fluminense com dificuldades também, os mesmos problemas que eu tinha, o Levir está encontrando lá”.

Comparações com Nelsinho atrapalham ou não

“É inevitável. Meu pai é um nome muito forte no futebol brasileiro, no Japão. Trabalhei no Sport, onde meu pai é considerado o treinador do século, num clube centenário. Então, é um nome muito forte. Estou na Ponte Preta hoje, onde ele começou aqui, tem uma história maravilhosa aqui como jogador e treinador. As comparações são inevitáveis, mas não me incomodam porque é um cara sensacional, taticamente é um dos três melhores que eu já conheci na atualidade, desta turma da geração dele. Tem uma leitura de jogo, um intervalo de jogo sensacional. Um cara que eu aprendi demais, me inspirei. O Eduardo vai crescendo. Isso não me incomoda. É um prazer porque é um cara sensacional. Ser comparado a ele é algo muito bom. Todos os clubes que eu enfrento, por onde ele passou, todos os funcionários vêm até mim dar um abraço, falar do bom caráter dele e do bom trabalho onde ele passou. Isso tem muito mais o lado positivo porque eu trabalhei dez anos ao lado dele, convivi com vitórias, derrotas, com felicidades e tristezas. Aprendi demais, principalmente, as tomadas de decisão, a parte tática. Até hoje, discutimos muito. Ele é um cara aficcionado por futebol e sempre me puxa. Quando tem jogo da Champions League, ele pede para eu ver e a gente discute depois. Então, ser filho do Nelsinho, é você ter um professor, mestre, dentro de casa. Me ajuda demais e não me atrapalha, em nenhum momento”.

Pressão por um título na Ponte Preta é igual num time grande 

“A Ponte Preta vive uma situação de não ter ganho título. O rival tem título brasileiro e a pressão aqui é grande para disputar uma Libertadores, ganhar um título. Você briga no campeonato paulista com times que têm um aporte financeiro muito maior. Times com R$ 10 milhões de folha salarial, enquanto a Ponte Preta tem um folha de R$ 1,8 milhão. Então as coisas se tornam difíceis. A pressão é grande. Você luta com todas as suas armas, mas é difícil. A gente busca e a pressão aumenta a cada ano. Mesmo você fazendo uma campanha como a Ponte Preta faz e chegar em oitavo lugar, não é bem visto aqui em Campinas porque o título é cobrado. No time grande, você tem a pressão e alto orçamento. Você pode buscar dois jogadores de altíssimo nível para cada posição. Mesmo com a pressão, você tem armas para lutar. A Ponte Preta vive essa pressão. A gente tem que buscar jogadores no mercado. No segundo semestre deste ano, acertamos em 100% as nossas contratações. Deu tudo certo, por isso, uma boa campanha. Nós perdemos bons jogadores por não conseguir cobrir ofertas de times maiores. A pressão é maior ou igual a um time grande, só que às vezes essa luta é desleal”.

Modelo de jogo e trabalho

“Meu modelo de jogo é muito parecido com o que o Tite colocou. Eu já tenho uma filosofia, desde o Sport, em 2014. Nós jogávamos com esse mesmo estilo apoiado, num 4-1-4-1, ora 4-3-3, mas sempre com uma trinca no meio. Jogava com Diego Souza, Rithely como primeiro e Danilo fazendo o terceiro homem, com uma chegada à frente, com um centroavante, ora fixo, ora flutuante e dois atacantes de velocidade pelos lados, também chegando à frente ou fazendo um apoio pelas beiradas, fazendo uma triangulação. Meu modelo é muito parecido com o que o Tite está tendo sucesso na Seleção Brasileira. Você pode ter uma chegada com mais gente à frente, uma formação de triângulo pelos lados, uma chegada na área com três jogadores, no mínimo. É um sistema bem parecido. Eu fico contente que é um modelo que eu já venho trabalhando, desde 2014, e a gente tem conseguido bons resultados. Conseguimos no Sport, estamos conseguindo na Ponte Preta e a gente tenta melhorar a cada dia, inovar, trazer coisas diferentes na maneira de marcar, jogar, mas sempre com a filosofia na hora de jogar, você ter um apoio pelas beiradas porque hoje os times jogam muito fechados por dentro e quando você defende, uma compactação no meio porque é onde o jogador brasileiro tem a criatividade. Você trava esse meio e joga o adversário para o lado, onde a gente procura roubar essa bola e jogar e sair pelo mesmo local. O modelo de jogo é esse. De trabalho, a gente procura sempre jogar, colocar a bola no chão, passe para frente, agressividade, explorando o talento do jogador brasileiro. Defensivamente, tentar diminuir os espaços, principalmente, na região central do campo. Tem que dar liberdade também. Se compara muito o futebol brasileiro ao europeu. Para o brasileiro, você tem que dar um pouco de liberdade a mais do que você dá ao europeu. O europeu não tem o talento, não tem o drible, a ginga, aquela saída inesperada que o brasileiro tem. Eu procuro não podar. Tem uma disciplina, mas na hora de jogar, tem uma liberdade criativa para um espaço para o jogador criativo pensar e tomar as decisões. O jogador brasileiro tem isso que ninguém tem. Por isso, os times das ligas européias estão lotados de jogadores brasileiros”.

Não ter sido jogador atrapalha no vestiário 

“É importante ter sido jogador, que viveu experiências e sentiu o calor do jogo. É um peso grande. Eu estive 20 anos dentro do vestiário, vendo o lado da comissão técnica, onde eu participei de decisões das mais variadas possíveis, momentos de vitórias, derrotas e você acaba aprendendo, tomando suas lições, criando a sua metodologia. Trabalhei com grandes treinadores. Nelsinho por quase dez anos, Geninho, Vágner Mancini, treinadores da nova geração também, onde tentei tirar o melhor deles. Ver o quê eles faziam de melhor, onde era o forte deles e tentei trazer para o meu dia-a-dia. Não joguei, mas tive essa vivência. Eu acho que isso é importante. Hoje, nós temos dois grandes treinadores mundiais: Guardiola, que foi um grande jogador e é um grande treinador e Mourinho, um cara ganhador e que era preparador físico, assim como eu. A grande diferença de você ter sido jogador ou ter vivido como eu vivi, independe. Eu acho que vale, se qualquer um desses lados estudar, procurar aprender, se especializar, coisas novas, se atualizar. Sou um cara que leio demais, faço meus cursos. Estou terminando meu nível A dentro da CBF. Sou instrutor da CBF para cursos de formações de treinadores para o nível B. Sempre procuro aprender e ajudar outros profissionais que também estão surgindo. Esse estudo qualifica o treinador. Lógico que se ele foi atleta, dá uma qualidade melhor. Se ele tiver a vivência que eu tive, dá um suporte muito bom. O importante é que ele estude, se atualize, se prepare, esteja aberto a coisas novas, estar pesquisando a Europa, Ásia, interior do futebol paulista, nordestino, antenado com tudo o que está acontecendo. Simplesmente, ter sido jogador ou ter uma vivência de 20 anos de vestiário, não te credencia a ser um grande treinador. O que vai te credenciar é tudo isso mencionado, mais uma especialização, estudo. Tem que buscar a preparação diária porque as coisas são novas, os jogadores são mais inteligentes, intelectualmente falando, do que eram há dez anos atrás. A evolução psicológica é uma realidade de uma nova geração e você tem que estar antenado a isso. Isso faz um grande treinador”.

Eduardo Baptista teve destaque no Sport, em 2014, começando sua carreira de treinador. Depois, passou pelo Fluminense, antes de chegar à Ponte Preta. O time é décimo lugar na Série A do Brasileiro com 45 pontos. Enfrenta o Sport, quinta-feira, em Recife.