Títulos não acomodaram o Corinthians. Disciplina tática é mantida
Alexandre Praetzel
Trabalhei em Corinthians e São Paulo, no Pacaembu. Jogo bom na quarta rodada do Campeonato Paulista, num ano que começou com apenas 13 dias de treinos. O Corinthians saiu ganhando com um minuto de partida, numa jogada bem trabalhada e com facilidade para envolver o São Paulo. Juninho Capixaba, que chegou há poucos dias, teve participação importante no lance.
É isso que eu gostaria de destacar. O Corinthians negociou Guilherme Arana e Jô, baixas técnicas consideráveis, mas não perdeu sua disciplina tática. Juninho Capixaba ainda está se entrosando defensivamente e Kazim nunca chegará ao nível de Jô, mas trava as subidas dos zagueiros e ajuda na recomposição do time. O Corinthians levou o gol de empate numa jogada com mérito do São Paulo. Depois, fez o segundo gol em cabeceio de Balbuena, sozinho na área adversária, em lance repetido de outros jogos.
Com a vantagem, o Corinthians deu a bola para o São Paulo no segundo tempo e se recolheu. O tricolor teve duas chances nas costas de Juninho, mas em nenhum momento pareceu que conseguiria o empate. O Corinthians sabe jogar em vantagem, esperando o erro adversário. Já venceu assim em várias oportunidades. E compete os 90 minutos.
Romero é um faz-tudo, mesmo que não tenha qualquer brilhantismo técnico. Corre, marca, faz um dois com Fágner e ainda confere seus golszinhos. Virou um nome importantíssimo no esquema de Carille. Claro que muita gente torce o nariz para o jeito corintiano de jogar, mas é inegável que a equipe tem um estilo difícil de ser enfrentado. Ter posse de bola e rodar a bola, não significa muita coisa contra o Corinthians. As linhas e os posicionamentos defensivos são competentes e todo mundo trabalha. É preciso ter um driblador para romper a parede e criar algum aborrecimento aos corintianos. É verdade que o Corinthians perdeu para a Ponte Preta, no primeiro confronto da temporada, mas foi muito melhor e ainda desperdiçou um pênalti. O placar não refletiu os desempenhos.
Acho difícil o Corinthians ser bicampeão brasileiro, por exemplo, pelo equilíbrio do nosso futebol. Na Libertadores da América, existem adversários melhores, tecnicamente. Agora, em termos táticos, a postura segue a mesma de 2017. Com zero de acomodação, mesmo após duas conquistas importantes. Isso não é fácil de administrar. Mérito para a comissão técnica, liderada por Fábio Carille.
Certamente, continuará sendo uma parada dura para derrotá-los. Vamos conferir.