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Treinador de goleiros do Corinthians vê Cássio igual a Alisson e Ederson.

Alexandre Praetzel

Cássio estará na Copa do Mundo, como um dos goleiros pelo técnico Tite. O titular do Corinthians vem em bom nível, desde que virou titular, em 2012. Quem está com ele há seis anos, é o treinador de goleiros, Mauri Lima. Profissional da comissão técnica, desde 2008, Mauri define Cássio como um goleiro que melhora a cada dia e foi merecedor da convocação para a Seleção Brasileira. Em entrevista exclusiva ao blog, Mauri falou da metodologia de trabalho, a relação diária com os goleiros e a comparação com quem joga na Europa. Confira.

Como defines Cássio, neste momento?

Um grande goleiro, um grande momento. Uma qualidade e um crescimento individual muito bom. Tem crescido e melhorado a cada dia mais, mesmo sabendo que a gente ainda tem que tirar alguma coisa. As vezes, essa alguma coisa ainda demora um pouquinho, mas é merecedor de tudo isso que está acontecendo com ele, dentro do clube, daquilo que está fazendo. Dentro desse crescimento e trabalho, está tendo as conquistas individuais e é considerado um dos melhores goleiros do Brasil.

Achas que houve justiça com a convocação de Cássio?

Acho que foi justa, sim. Nós temos vários goleiros que poderiam estar no mesmo lugar. Não tem como enumerá-los aqui. As vezes, a gente acaba errando e deixando outros nomes fora. Mas eu acho que por aquilo que ele apresentou, cresceu, em 2016, quando tivemos um problema que estava num nível baixo e depois ele retomou, deu essa guinada na sua vida, acreditando no trabalho e mudando por si só, ele foi merecedor. E por tudo aquilo que já passou, a nível de conquistas, títulos internacionais, campeão do mundo e sendo o melhor goleiro. Então, ele era merecedor disso sim, talvez até em outras convocações anteriores. Mas cada um tem uma forma de pensar, cada treinador tem seu jeito de ver as coisas. Mas chegou a vez dele. Acho que isso valoriza muito o trabalho dos profissionais da área de preparação de goleiros do Brasil, porque não são só os da Europa que têm que ir para a Seleção. Tem um grande número de goleiros que pode ir para a Seleção, devido a preparação, ao trabalho que é feito, o crescimento, porque a escola de preparação de goleiros do Brasil não perde para nenhuma escola européia, isso eu posso te garantir. A escola brasileira cresceu muito, melhorou muito e chegou a esse nível de excelência, onde você pode chegar e ter até três goleiros numa Seleção Brasileira. Isso eu posso garantir por todos que têm disputado o Brasil, já algum tempo. A gente vê numa condição boa, Fábio, Vanderlei, Weverton, o próprio Jaílson, Victor. Fico até meio sem jeito de falar, porque a gente esquece nomes. Sim, merecedor dessa oportunidade.

Qual tua metodologia de trabalho para mantê-lo em alto nível?

Trabalho é diário, cobrança, exigência, nível de perfeição que você todo dia, que tenta colocar em prática. Mudança de trabalho que você possa desenvolver da melhor maneira possível uma valência que está em menor condição. É um goleiro alto que você tem que trabalhar velocidade, agilidade, repetições para que possa ter um nível técnico altíssimo. Ele sabe disso. Trabalhar percentual de gordura, muscular, o peso para ficar mais leve, rápido, mais ágil. Dentro disso, você coloca o trabalho e esse trabalho é feito para que o nível altíssimo seja mantido. Ele tem feito isso, tem cuidado, melhorado a cada dia e graças a Deus, ele tem colhido esses frutos. As vezes, a cobrança não é tão boa para eles porque é uma coisa diária, chata e você se passa até por um cara chato, da exigência, mas é para o bem dele e de todos. O que nós fazemos no Corinthians com a parte de goleiros é isso.

Acreditas que ele poderá jogar alguma partida da Copa?

É complicado dizer isso. Se você foi convocado como um terceiro goleiro, ainda tem o primeiro. O número de jogos é pequeno e se acontecer essa possibilidade, é alguma mudança da comissão. Já está praticamente certo que o Ederson é o segundo, eventual substituto, dentro daquilo que já teve a chance de jogar. Mas nada é impossível. Você tem que estar sempre preparado para tudo. Nós tivemos o Caíque, que era quarto goleiro e acabou sendo campeão brasileiro, jogando no ano passado. E estava pronto e mostrou qualidades. As coisas podem acontecer sem a gente esperar. Se aparacer a chance, vai jogar e está bem. A gente torce para que ele possa ter essa chance, mas o mais importante é ele estar nesse trio de goleiros, representando o país.

Como vês Cássio em relação a Alisson e Ederson?

A diferença é porque eles jogam fora, simplesmente. Se o Cássio também estivesse fora, no nível europeu que não é diferente do nosso. Se você ganhar um Brasileiro, um dos campeonatos mais difíceis do mundo, é porque você tem qualidade, teu goleiro e teu time. Então, só mudaria isso. As vezes, é o fato de não ter tido chance maior do que os outros. Tem que ter chances para que você possa avaliá-los e vê-los. Em amistosos, é mais complicado. Tem que ser em jogo valendo. Se tiver oportunidade, pode colocar para jogar, porque vai bem, está preparado, motivado e está pronto para poder jogar. As vezes, um é um pouquinho melhor do que o outro, em alguma parte específica. Diferencia nesse sentido, mas se colocar todo mundo no mesmo nível, é isso que eu vejo. Alguns jogando mais nos seus campeonatos, mas todos no mesmo nível.

Quem joga na ausência de Cássio? Caíque ou Válter?

Na realidade, temos feito um revezamento com os dois. Se encontram em mesmo nível. Válter teve aquela lesão, ficou um pouco afastado, voltou depois. Mas ainda não chegamos a pensar sobre isso não. Vamos sentar, conversar com o Fábio e ver qual é a possibilidade, analisar e ver. Dentro da condição de cada um, para depois decidir. Acho que qualquer um dos dois que definir, a gente passa para o Fábio, ele vê a condição de cada um, estará pronto no mesmo nível e da mesma forma.