Blog do Praetzel

Carpegiani sempre foi bom técnico, mas sofre com preconceito

Alexandre Praetzel

Paulo César Carpegiani foi um senhor jogador de futebol. Um grande meio-campista com passagens vitoriosas por Inter e Flamengo, os dois únicos times em que jogou. Virou técnico do próprio Flamengo, aos 32 anos, após encerrar a carreira por lesão. Tinha um timaço na mão e não decepcionou. Campeão da América e do Mundo, em 1981, e Campeão Brasileiro, em 1982. Seguiu sua vida como treinador.

Com rápidas passagens pelo Inter e Palmeiras, na década de 80 e início de 90, Carpegiani se firmou no Cerro Porteño do Paraguai. Fez bons trabalhos e assumiu a Seleção, em 1996, chamando a atenção de todos com a boa campanha paraguaia na Copa do Mundo da França, em 1998. Caiu na prorrogação com morte súbita para os donos da casa, num dos jogos mais dramáticos da história dos Mundiais. Sua equipe tinha Chilavert, Arce e Gamarra.

Em 1999, assumiu o São Paulo. Mudou jogadores de posições e tentou variações táticas diferentes. Foi rotulado de ''Professor Pardal'', o personagem de invenções mirabolantes da Disney. O grupo tricolor era muito bom. Foi eliminado pelo Corinthians, duas vezes, nas semifinais do Paulista e Brasileiro. O carimbo injusto pegou.

Carpegiani rodou por alguns clubes, mas não conseguiu mais grandes títulos, apesar de bons trabalhos. Treinou o Corinthians, em 2007, mas foi dispensado no meio do Brasileiro, depois de bom começo. Em 2010, voltou ao São Paulo, onde revelou Rodrigo Caio. Uma goleada para o Corinthians e a resistência em escalar Rivaldo, reduziram sua segunda passagem pelo Morumbi.

Agora, seis anos depois, ressurgiu no Bahia, contratado para tirar o tricolor da ameaça de rebaixamento. Em nove jogos, são cinco vitórias, três empates e uma derrota. Não só confirmou a permanência do Bahia, como colocou o elenco na briga por uma vaga à Libertadores da América, em 2018. O Bahia bateu Corinthians e Santos com autoridade, num esquema ofensivo e com velocidade.

Carpegiani parece que se renovou. Mostra alegria na área técnica, durante as partidas. Não fica esperando os adversários e joga um futebol para a frente, aproveitando as principais características do seu grupo. Seus detratores costumam dizer que Carpegiani é de ''tiro curto'' porque perde a paciência muito fácil com os jogadores mimados de hoje. Conheço Carpegiani há anos. Sempre foi um cidadão na sua postura e comportamento. Nunca o vi discutindo ou detonando algum atleta. Vejo isso como puro preconceito com um cara que ficou marcado por um trabalho sem resultados no São Paulo.

Alguns clubes estão buscando treinadores. Não entendo o porquê Carpegiani não é cotado. Acho que seria bom nome para Palmeiras ou Inter, por exemplo. Com 68 anos, tem experiência de vestiário e conhece futebol. E não é ''Medalhão'', como muitos gostam de definir profissionais mais antigos. Aprendi a não ser definitivo com ninguém. E Carpegiani prova que ainda tem lenha para queimar. Parabéns pelo trabalho no Bahia.