Blog do Praetzel

Arquivo : Belluzzo

Belluzzo quer ressarcimento financeiro, após Simon admitir erro de 2009
Comentários Comente

Alexandre Praetzel

Carlos Simon se formou comigo em Jornalismo, em janeiro de 1992. Nos tornamos amigos, quando trabalhei como estagiário no departamento de árbitros da Federação Gaúcha de Futebol, em 1991. Na época, Simon começava a carreira e já se destacava. Apitou três Copas do Mundo, em 2002, 2006 e 2010, além de inúmeras finais de Brasileiro e outras competições importantes.

Em 2009, um erro de Simon, num Fluminense e Palmeiras, no Maracanã, o perseguiu por um longo tempo. Simon anulou um gol legítimo de Obina, quando o Palmeiras fez 1 a 0 e liderava o Brasileiro. Sempre manteve sua posição. O Flu ganhou o jogo e lutava contra o rebaixamento. Nove anos depois, Simon admitiu o erro no programa “Jogo Sagrado” da Fox Sports, nesta segunda-feira, ao lado de Obina.

“Só mostram uma parte. Não foi escanteio (para o Palmeiras), era tiro de meta (para o Fluminense). Depois, foi cobrado o escanteio, o zagueiro afastou, deu rebote e o Obina fez. Apitei antes. Hoje, assumo que errei. Era tiro de meta, fiquei com a pulga atrás da orelha. O cara dá perigo de gol. Muitas vezes dá certo, essa não. Eu via a fita para ver onde errei. Vi que a gritaria era enorme. De fato, o lance era tiro de meta, foi um equívoco. Tentei acertar e acabei errando. Se acontece o gol, o outro lado iria reclamar, pois era tiro de meta”, revelou Simon.

Simon foi chamado de ladrão e xingado pelo ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, naquele momento. Foi processado pelo árbitro e perdeu R$ 60 mil.

O blog conversou com Belluzzo, nesta terça-feira, relembrando o episódio e a atitude atual de Simon, admitindo o erro. Belluzzo admite até pedir ressarcimento do valor perdido. Confira abaixo.

“Naquele dia foi uma coisa terrível. Ele não pode dar um escanteio e corrigir com outro. O Obina foi puxado por trás por um jogador do Fluminense. Paguei 60 mil por danos morais para ele e estou pensando em pedir ressarcimento. Em 2013, me lembro que estava em Porto Alegre fazendo uma palestra sobre globalização, logo depois saiu a decisão dando ganho de causa a ele. Me perguntaram o que eu achava. Reagi com ironia. Numa outra ocasião no Rio Grande do Sul, numa palestra, me perguntaram se eu acharia ruim que ele fosse. Disse que não, mas que iria dizer na frente dele o que eu achei sobre o lance. Um prejuízo enorme para o Palmeiras. Se ele reconheceu hoje, imagine no momento que ele demorou para apitar. O Obina não fez nada. Foi puxado por um jogador do Fluminense. Um erro desses estraga uma campanha inteira. No jogo seguinte, o Palmeiras empatou com o Sport no Parque Antártica. Estava um clima ruim. O time estava muito abalado e comentei isso com o Muricy. Aquilo sugeriu que o Fluminense estava prestes a cair, o Flamengo acabou virando o líder do campeonato. O presidente da CBF era o Ricardo Teixeira e muita gente ficou com a suspeita de que era um favorecimento ao Fluminense. Esse conjunto de circunstâncias criou algumas coisas desagradáveis. Pareceu que houve um arranjo para o Fluminense”, concluiu Belluzzo.

O Palmeiras terminou o Brasileiro na 5ª colocação e acabou ficando fora até da Libertadores da América. O Flamengo foi o campeão, após grande arrancada, vencendo o Palmeiras, no Parque Antártica. O Fluminense escapou do rebaixamento na última rodada, diante do Coritiba, no Couto Pereira.


Belluzzo elogia Paulo Nobre e ironiza Mustaphá sobre Allianz Parque
Comentários Comente

Alexandre Praetzel

O ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, não gosta de dar pitaco na gestão de outros mandatários do clube. No entanto, gentilmente, Belluzzo aceitou conceder uma entrevista exclusiva ao blog, onde elogiou a gestão de Paulo Nobre e o novo presidente, Maurício Galiotte. Acompanhem.

Gestão do Paulo Nobre

“Olha, eu já disse várias vezes que eu acho que ex-presidente não deve ficar dando pitaco na gestão do outro. Esse é um hábito péssimo, mas eu acho que ele teve dificuldades no primeiro mandato e depois ele foi muito bem. Conseguiu montar um elenco. Trouxe um técnico que foi capaz de organizar direito o time. O Palmeiras tem um grupo de jogadores qualificados dentro do padrão do futebol brasileiro. O Cuca soube montar bem o time, usando bem o Gabriel Jesus, Dudu, Tchê Tchê e Moisés. Montou bem a defesa. O Palmeiras teve a capacidade de contratar jogadores que se encaixaram. Só posso cumprimentar o presidente que vai me dar a alegria de ser campeão brasileiro. Apesar de eu não ter uma relação pessoal com ele, isso não tem nada a ver. Você tem que olhar sobretudo o que está acontecendo com o clube e o clube está indo muito bem”.

Maurício Galiotte

“Eu conheço o Maurício. Ele foi diretor social na minha gestão. É um sujeito muito equilibrado, gentil, empenhado nas coisas do Palmeiras. Foi ótimo diretor social. Ele tem uma qualidade de conciliador, daquele que é capaz de administrar os conflitos porque o Palmeiras é muito inçado de conflitos, às vezes de mesquinharias, o que não é bom você sustentar. Isso o Maurício é muito capaz de fazer e eu torço muito por ele. Que ele faça uma ótima gestão porque o Palmeiras precisa avançar, além do que já avançou. Eu acho o Maurício capaz de fazer isso”.

Oposição sem candidato à presidência

“Exatamente porque a oposição não queria criar um clima de excessiva hostilidade. Tem que terminar com isso. Eu acho que a oposição tomou uma decisão muito correta, sobretudo porque a eleição vai ser agora e o clube ainda está disputando o campeonato. É melhor apaziguar. Não que a oposição deva deixar de ser crítica. Fazer crítica é uma coisa. Fazer picuinha destrutiva é outra coisa. Eu briguei no Palmeiras para terminar com isso. Não fui capaz de fazer porque ali, às vezes, há uma fermentação de alguns egos um pouco exagerados. Acho que a oposição tem que continuar sendo crítica, crítica mesmo, se qualificando para fazer a crítica e ao mesmo tempo, contribuindo para a paz interna do clube”.

Palmeiras x WTorre

“Eu acho que isso não é necessário. Não é a primeira vez que o Palmeiras demonstra uma certa dificuldade de lidar com os parceiros. E isso parece que continua até mesmo com o patrocinador atual. O que eu acho ruim porque isso na verdade vai tirando o entusiasmo das empresas, dos parceiros, do mundo empresarial, para trabalharem com o futebol. Outro dia eu estava conversando com um construtor sobre a possibilidade de ele seguir fazendo empreendimentos com outros clubes e ele falou: olha, depois de uma experiência que eu tive, ele falou de outro clube, não vou repetir isso. Entendo que isso é muito movido pela paixão, mas não pode. Você tem que tratar seu parceiro de maneira digna e vice-versa. Não é difícil isso, mas parece também que não é fácil”.

Permanências de Cuca e Alexandre Mattos

“Sou muito a favor. Eles fizeram um bom trabalho e para usar um velho jargão: Em time que está ganhando não se mexe”.

Mustaphá não acha Allianz Parque lucrativo

“Eu acho que o Mustaphá tem dificuldade de aceitar o que os outros fazem. Fundamentalmente, é isso. O que ele disse eu considero de fato, para ser gentil, uma impropriedade. Muita gente me diz e as pessoas me telefonam. Falam que isso é ridículo. Isso é visão de torcedor. De fato, isso é contra-factual. Se choca frontalmente com os fatos. Então, eu acho que nem vou comentar. O que ele falou já se desfaz por si mesmo”.

Suspensão do conselho deliberativo por um ano

“Eu não vou gastar meu estoque emocional com mágoas em relação às pessoas com as quais, eu tenho muitos amigos no conselho do Palmeiras. Eu não dispensaria um esforço para ter mágoa deles, entendeu. Para mim, não fez nenhuma diferença. Eu já disse que eles não podem cassar minha condição de torcedor do Palmeiras. Então, isso eles não podem cassar. Esse negócio do conselho, para mim, é absolutamente irrelevante. Eu não vou lá mesmo. A minha intenção é não frequentar mais a política do clube. Eu já fiz o que tinha que fazer. Não vou ficar lá incomodando, digamos, os desconfortos das pessoas comigo. Eu não me interesso por isso. Eu tenho outras coisas. Na verdade, estou escrevendo mais dois livros. Sobre economia, sobre as coisas contemporâneas como complexidade, etc. Eu me distraio muito com minha atividade intelectual. Me distraio com o Palmeiras e com minha atividade intelectual. O conselho do Palmeiras não me interessa nem um pouco”.

No dia 24 de maio, Belluzzo foi suspenso por um ano pelos votos de 119 conselheiros contra 70, por má gestão do clube, em 2010. Belluzzo é considerado por muitos palmeirenses, como o mentor do projeto do Allianz Parque. O estádio rendeu R$ 87 milhões brutos em bilheteria, nos jogos de 2015, e deve aumentar esses números na atual temporada.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>