Croácia “atropelou” o planejamento e está na final. Exceção à regra?
Alexandre Praetzel
A Croácia está na final da Copa do Mundo e chegou ao Mundial sem projeto nenhum. Apostou num técnico novo na última rodada da eliminatória, como interino, ganhou da Ucrânia e foi para os dois jogos da repescagem, eliminando a Grécia. O treinador Zlatko Dalic era um desconhecido e tinha trabalhado em equipes de menor expressão, com maior tempo de trabalho no Al Ain dos Emirados Árabes, onde ficou quase três anos.
Óbvio que projetos, planejamentos e estratégias são importantes, mas não significam títulos e vitórias. A Alemanha mudou tudo de 2002 a 2014, para ser campeã. Deu certo. Em 2018, caiu na primeira fase. O mesmo se repetiu com a Espanha e com a própria França, em anos anteriores.
A Croácia pode ser uma exceção à regra, mas confirma que uma boa campanha também se deve a uma série de fatores. Primeiro, o encaixe e a empatia do técnico com os convocados. Segundo, um bom time comprometido para comandar. Terceiro, um pouco de sorte. A Croácia foi à final, passando por três prorrogações e duas decisões em pênaltis. Isso gera e dá confiança extrema de que algo grande possa acontecer.
Mesmo que seja vice-campeã, a Croácia já é vitoriosa. Entrou para a história com um país de quatro milhões de habitantes, superando grandes potências e incomodando desde 1998, quando foi a terceira colocada. Esteve em cinco das últimas seis Copas, se ausentando apenas em 2010. Mérito gigante de uma geração qualificada com jogadores muito bons.
Vamos para a decisão. Aposto na vitória da França por 1 a 0 ou 2 a 1. Acredito que é mais equipe e está mais equilibrada, além de menos desgastada.
Agora, se a Croácia ganhar a Copa, o atropelamento no planejamento croata será sempre lembrado como algo que determina que o futebol não é uma ciência exata e pode ser definido por uma conspiração de fatores e, principalmente, pelo momento de um grupo, num curto prazo de 40 dias. Realmente, o futebol é fantástico.