Atlético-PR inova com Seedorf, mas clube tem boas ideias e práticas ruins
Alexandre Praetzel
O Atlético-PR é um clube grande em estrutura e pensamento, médio em grandeza e pequeno nas suas práticas. Tem um estádio espetacular e um Centro de Treinamento dos melhores do mundo. Sim, não estou exagerando. Cada vez que converso com profissionais que passaram pelo Furacão, só ouço elogios a tudo que é oferecido para que possam fazer seu trabalho da melhor maneira possível. Isso é saudável para o crescimento, mas as decisões dos dirigentes não condizem com o discurso empresarial.
O Atlético-PR já teve treinadores como o alemão Lothar Matthäus, o uruguaio Juan Ramón Carrasco, o espanhol Miguel Ángel Portugal, o português Sérgio Vieira e o brasileiro Fabiano Soares, todos nomes diferentes para o mercado brasileiro e com cultura européia. Fugiu do lugar comum e foi elogiado por isso, mas nenhum desses técnicos conseguiu emplacar muito tempo porque foram dispensados com o resultadismo normal do Brasil. Ou seja, houve a tentativa de implantar algo diferente, mas sem a paciência necessária para se obter bons resultados e títulos.
O presidente Mário Celso Petraglia disse numa entrevista ao jornal Gazeta do Povo, em novembro de 2015, que o Atlético-PR seria campeão do Mundo, em 2024. “Nós queremos é continuar crescendo, cada vez mais forte, e chegarmos naquilo que nós almejamos. Que foi uma promessa nossa, e tenho certeza que vamos cumprir, que em 10 anos, até o nosso centenário [2024], nós botaremos a nossa estrela no peito de campeão do mundo. Podem me cobrar”, afirmou Petraglia, na ocasião.
Não é um sonho impossível, a longo prazo. Agora, não adianta contratar o holandês Seedorf, com mentalidade bem diferente dos presidentes de clubes, e demití-lo no primeiro revés. A ideia de trazê-lo como um diretor-geral de futebol é muito boa, mas será que Seedorf terá tempo de colocar em prática o que pensa? Difícil, pelas últimas decisões da própria diretoria.
Paulo Autuori é o exemplo recente. Passou de técnico a diretor e não ficou mais de um ano no cargo. Autuori defendeu Eduardo Baptista e Fabiano Soares. Os dois foram dispensados pelos dirigentes, contra o pensamento de Autuori. Se Seedorf não tiver autonomia, não vai adiantar.
Em 2018, o Atlético-PR irá disputar o Campeonato Paranaense, a Copa do Brasil, a Copa Sul-Americana e o Campeonato Brasileiro. Lanço uma aposta. Quanto tempo Seedorf ficará no cargo, se o Atlético-PR for eliminado nos torneios mais importantes? Acho que não dura 120 dias. Eu gostaria que ele tivesse sucesso, mas como sabemos, a Arena da Baixada é um verdadeiro caldeirão. Para os adversários e próprios funcionários.