Lucas Lima e a fragilidade dos clubes com a Lei Pelé
Alexandre Praetzel
Lucas Lima deixará o Santos de graça. Em 2017, o meia foi mais comentado sobre seu futuro do que pelo desempenho. Cada vez que se falava em Lucas Lima, as questões eram as seguintes: Para onde ele vai? Será que ele vai renovar com o Santos? Já tem tudo acertado com outro time?
Acho que Lucas Lima é mais um caso da fragilidade dos clubes brasileiros. Não se uniram para tentar mudar a Lei Pelé. O jogador é uma empresa que presta serviços. Ele tem empresário, assessoria de imprensa e auxiliares. Vira um parceiro das instituições. Mas se aproximando da hora de renovar contrato, ele decide não permanecer, vai embora e o clube fica de mãos abanando. Acho isso errado. A Lei só protege o atleta. Próximo do fim do contrato, o cara pode se encostar, se tiver a possibilidade de se transferir e ganhar mais em outro rival ou adversário. E já vimos casos assim, recentemente. E não há nada de escravidão nisso.
Claro que o Santos trabalhou mal a situação. Como só ficou com 10% dos direitos econômicos, atolado pelo mau momento financeiro, não quis negociá-lo. O empresário de Lucas, Wagner Ribeiro, surgia com ofertas astronômicas, mas sempre lembrava que Lucas Lima ficaria livre em seguida. Ou seja, não havia pressa. Agora, Lucas Lima vai fechar com o Palmeiras por cinco anos e receberá R$ 11 milhões de luvas, na assinatura do contrato, e R$ 800 mil mensais. E o Santos fica chupando o dedo. Como outros já viveram a mesma coisa.
Por que o jogador não pode avisar os dirigentes, seis meses antes, se vai renovar ou não? Se não renovar, indeniza o clube em cinco ou dez por cento do valor total do contrato anterior. Os clubes iriam diminuir seu prejuízo, pelo menos. Lucas Lima sai do Santos com a imagem arranhada e visto como sem comprometimento, tanto que foi liberado dos dois jogos finais da temporada. Suas atuações caíram bastante, com a proximidade do fim do contrato. A torcida reclamou bastante, mas ele ficou preocupado? Óbvio que não. Já está empregado novamente. E continuaremos assistindo casos parecidos nos próximos anos.
Ah, lembrando também que se o clube quiser romper o contrato com o atleta, no meio do vínculo, é obrigado a indenizá-lo com o valor total do acordo. Correto. Não era assim, mas isso foi mudado para proteger o trabalhador. Por que não fazer o mesmo com essa relação na hora de ir embora? Falta inteligência e união aos “dirigentes” brasileiros. E todos seguem com o pires na mão.