Betão é destaque do Avaí, lembra de Tevez e critica o futebol brasileiro
Alexandre Praetzel
O Avaí pode confirmar o acesso à Série A do Brasileiro, neste sábado, contra o Londrina. Uma vitória garante a vaga. Um empate, vai depender de um tropeço do Náutico diante do rebaixado Tupi-MG. Um dos destaques do time é o zagueiro Betão, com 33 anos. Ex-Corinthians e Santos e com passagens pelo futebol europeu, Betão conversou com o blog com exclusividade e falou sobre a disparada do Avaí, futebol brasileiro e Corinthians. Leia abaixo.
Arrancada do Avaí rumo ao acesso
“Não consigo definir uma razão. A filosofia de trabalho e a forma de relacionamento do treinador Claudinei Oliveira com todos. A rápida aceitação e o comportamento dos atletas. Não temos nenhum tipo de vaidade no grupo e isso fez com que todos se entregassem a nossa missão”.
Avaliação da Série B
“É a primeira vez que disputo a Série B no Brasil. Para ser bem sincero e por aquilo que sempre ouvi dizer, esperava mais dificuldades. É verdade que os jogos são menos previsíveis em termos de resultados, porém, o nível técnico deixa um pouco a desejar”.
Futebol brasileiro atrasado em relação ao europeu
“Infelizmente, sim. Em todos os sentidos, em campo e fora dele. Se fosse enumerar, não teria espaço para essa matéria. Por exemplo, em campo, o comportamento dos atletas, arbitragem de baixo nível. Fora de campo, forma de gestão dos clubes, organização do calendário, clubes totalmente endividados, parte da imprensa deixando de noticiar para viver de “fofocas”. Estamos muito atrasados”.
Passagem pelo Corinthians durante a MSI
“Foi um momento difícil, pois gerou uma tensão desnecessária para o clube. Gerou uma pressão a mais do habitual no Corinthians, que já não é pouca. Criou-se uma crise política, uma divisão de idéias e pensamentos na diretoria e muitos queriam trazer essa divisão entre os jogadores, mas no meu ponto de vista, essa divisão em campo nunca ocorreu. Existia uma diferença salarial grande, mas isso não gerou “racha” no grupo”.
Corinthians novamente nas páginas policiais
“Acredito que o Corinthians é a marca esportiva da América do Sul e não vejo necessidade de passar por situações constrangedoras como essas. Vivi lá dentro por 14 anos de minha vida e sempre foi da mesma maneira. São muitas opiniões e a maior parte das decisões são tomadas pela emoção. O Corinthians é muito grande e não precisa passar por isso”.
Relação próxima com Tevez
“Ele era muito tranquilo. Para nós jogadores, era fácil e prazeroso trabalhar com ele, pois ele é um cara de grupo que trabalha pelos interesses comuns, batalha pelos menos favorecidos e ajuda muito dentro e fora de campo. Porém, com os diretores e imprensa foram relacionamentos difíceis porque além de extrovertido, ele tinha suas opiniões formadas e isso dificultava esse relacionamento. Todos nós sabemos que a vinda do Tevez ao Corinthians, foi um jogo de marketing e investimento para os envolvidos. Ele viria, atrairia os olhares dos torcedores, imprensa e patrocinadores para o clube, chamaria a atenção de grande europeus e pronto. Mas acredito que a intenção era ele permanecer mais tempo no clube. Creio que a saída dele aconteceu pelo desgaste da situação política e até mesmo com parte da torcida”.
Tevez voltaria ao Corinthians
“Conversei com ele algumas vezes, enquanto estávamos na Europa e seria muito improvável a volta dele. Estava muito bem por lá, foi destaque onde passou. Não posso afirmar, mas nesse momento acredito que seja improvável a volta dele”.
Planos para 2017
“Tenho contrato com o Avaí até o final do campeonato estadual. Como sempre, nessa época do ano sempre existem sondagens de outros clubes, empresários. Como meu contrato é curto aqui no Avaí, não tem como afirmar nada nesse momento. Mas espero continuar nesse bom momento, com boas atuações, onde quer que eu esteja”.
Surgimento do Bom Senso
“Quando surgiu a idéia, fiquei muito empolgado, motivado e cheguei a acreditar que seria um marco para as mudanças que o esporte necessita até hoje. Fiz parte, de maneira bem discreta, tentei ajudar, mas nós jogadores somos muito desunidos. A maioria se preocupa somente com aquilo em que pode ser afetado diretamente. Infelizmente, muitos são mal informados, outros não se interessam e o o movimento acabou perdendo forças. Sem contar com a forte oposição que enfrentou, onde muitos que perderiam seus privilégios se colocaram contrários ao movimento. Em algumas questões, foi ouvido e até atendido. Mas com tristeza, recebemos a notícia do fim do Bom Senso. Quem sabe as próximas gerações se interessem em buscar seus direitos e melhorias para o futebol”.
Betão fez 214 jogos pelo Corinthians de 2001 a 2007 e foi campeão brasileiro em 2005. Atuou no Dínamo de Kiev da Ucrânia de 2008 a 2015. Ainda passou pela Ponte Preta e pelo Evian da França.