Presidente do Corinthians desvia o foco da crise financeira do clube
Alexandre Praetzel
Andrés Sanchez desviou o foco dos problemas financeiros do Corinthians. Chamou uma entrevista coletiva para comentar o banimento de Marco Polo Del Nero, as manobras políticas na CBF, ironizou o Palmeiras, falou sobre possibilidade de contratação, mas não explicou o fundamental, nem foi questionado. De onde o Corinthians irá tirar dinheiro para contratar reforços?
A pergunta cabe, depois da entrevista exclusiva do diretor financeiro, Wesley Melo, ao repórter Dassler Marques, no UOL Esporte. Wesley foi direto ao dizer que não dá para adquirir jogadores com o momento delicado das finanças. Ainda revelou um déficit mensal de R$ 8 milhões, uma dívida de R$ 26 milhões com o Fundo da Arena Corinthians e um endividamento bancário na faixa dos R$ 420 milhões, além de ter buscado ajuda com os empresários Carlos Leite e Giuliano Bertolucci, com empréstimos a juros entre 1,5% e 1,9%. Por acordo, todo o dinheiro de bilheteria dos jogos vai para o pagamento do Fundo da Arena. No elenco, o Corinthians ainda gasta cerca de R$ 13 milhões com a folha salarial.
O Corinthians era para ser uma potência financeira. Tem a maior cota de TV, um plano de sócio-torcedor consolidado e uma torcida apaixonada e consumidora. A Arena está quase sempre lotada. O time tem dado resposta dentro de campo, depois de uma gestão de futebol bem elaborada e produzida por Alessandro e Flávio Adauto, com o ótimo trabalho de Fábio Carille e comissão técnica. O Corinthians segue forte e tem chances de ganhar a Copa do Brasil ou a Série A do Brasileiro, até porquê a Libertadores foi colocada em segundo plano pelo presidente.
Andrés pegou tudo pronto de Roberto de Andrade. Até agora, não apresentou nada novo. Um clube do tamanho do Corinthians não tem patrocinador master. Em 2009, Ronaldo Nazário foi um grande lance, num momento de reconstrução. Hoje, passados nove anos, é inimaginável repetir algo parecido pela falta de recursos e nomes capazes de mudar o caos financeiro. Parece que o presidente não viu as palavras do seu diretor financeiro, um profissional do mercado. Gestões empresariais não suportam mais tanto amadorismo. Enquanto os resultados de campo forem bons e os títulos conquistados, tudo passa batido. Mas uma hora a conta chega.
Para quem disse que deixaria o mandato de deputado federal para se dedicar apenas ao Corinthians, Andrés não cumpriu a palavra. Em 2007, ele foi transparente, ao publicar no site do clube, os percentuais de cada ''dono'' dos atletas. Depois, voltou atrás. Será que agora fará o mesmo? Quem o reelegeu, que aguarde para conferir.