Com Raí e Ricardo Rocha, SP terá comprometimento. Ainda precisa de futebol
Alexandre Praetzel
O São Paulo anunciou Ricardo Rocha, ex-zagueiro do time, como Coordenador de futebol. Será uma espécie de auxiliar de Raí, no principal departamento do clube. Teve uma trajetória como atleta de 1989 a 1991, com dois títulos Paulistas e um Brasileiro, atuando na mesma época de Raí, tornando-se grande amigo do ídolo são-paulino.
É interessante a mudança de postura do presidente Leco, nas decisões do futebol. Apostou num cara indiscutível perante o torcedor para contratar e comandar, evitando a centralização de poder. Afinal, a última palavra é sempre do presidente, mas nesse caso, Raí assumiu com carta branca e traz para seu lado, um companheiro de confiança.
É bom lembrar que a geração de Raí e Ricardo Rocha viveu outra época, com muito mais comprometimento e identificação. Hoje, muitos jogadores só enxergam o lado deles, num individualismo cada vez mais constante. O profissional assina por cinco anos e acha que não deve prestar tantas contas à instituição, dentro e fora de campo.
A ideia de Raí é boa. O que não pode é o São Paulo virar uma confraria. A cobrança precisa existir. Nos últimos anos, vimos alguns times tricolores sem alma e entrega, com postura irritante. Raí e Lugano(cotado para permanecer) sabem que o futebol mudou e devem ter visto essa realidade nas duas últimas temporadas, internamente.
O São Paulo ganhou três Brasileiros seguidos(o único a conseguir isso), um Mundial de Clubes, uma Libertadores e um Paulista, de 2005 a 2008. Deixou passar a oportunidade de mandar no futebol interno, como um clube organizado e inovador. Ficou mais do mesmo, pelas questões políticas dos seus conselheiros, interferindo no futebol. Agora, Leco deixou as decisões para quem tem experiência com a boleirada. Se vai dar certo, veremos.
O elenco é razoável e precisa de reforços. A permanência da comissão técnica foi uma atitude correta. O goleiro Jean chegou e Jucilei foi mantido. Buffarini foi negociado. Raí tem um perfil discreto e trabalha sem alarde. Ele sabe das necessidades da equipe. Hoje, se o São Paulo entrar em campo, terá Jean; Militão, Rodrigo Caio, Arboleda e Reinaldo(Edimar): Jucilei, Petros, Hernanes(até junho de 18) e Cueva; Marcos Guilherme e Pratto. Praticamente, a mesma formação do segundo semestres de 2017. É suficiente? Claro que não. E isso, todos devem ter essa consciência. Do presidente Leco aos ídolos tricolores. Só nome, não ganha mais.