Corinthians ganhou tudo na década. E o clube, onde vai parar?
Alexandre Praetzel
É inegável que o Corinthians se renovou, após ser rebaixado para a Série B, em 2007. Vinha de grandes títulos na era Alberto Dualib, mas as conquistas esconderam todos os problemas financeiros e administrativos. Acabou caindo. Voltou para a Série A sem sustos e se planejou a partir de 2009, ganhando a Copa do Brasil. De 2011 a 2017, os resultados de campo são indiscutíveis. Três títulos brasileiros, uma Libertadores, um Mundial de Clubes, uma Recopa Sul-Americana e dois Paulistas. Mas, e o clube? Para onde vai?
Em fevereiro, haverá eleição à presidência com cinco candidatos. Alguns dizem que a situação financeira é caótica e dias difíceis virão pela frente. Apesar dos troféus, crescimento do Fiel torcedor, melhores cotas de TV, gordos patrocínios e o novo estádio, o Corinthians está sempre com os cofres vazios. O presidente Roberto de Andrade chegou a dizer que sempre foi assim, com dificuldades. Isso é inexplicável.
Ora, já era para o Corinthians comandar as ações no futebol brasileiro. Construiu sua nova casa e ninguém sabe onde ela vai parar. A dívida já chega a R$ 2 bilhões, segundo relatos de conselheiros. Os mesmos que aprovaram a aventura capitaneada pelo ex-presidente Andrés Sanchez, tentando voltar ao poder. Seu grupo político ''Renovação e Transparência'' enfraqueceu com a dissidência de vários membros. Não houve Renovação e Transparência, apesar do nome pomposo.
Claro que um clube de futebol vive de títulos. Mas, a que preço? Em 2007, as páginas policiais foram tomadas pelo Corinthians, com o caso MSI. Hoje, se noticiam falta de marmitas, dívidas com vários empresários, atrasos de premiações, problemas nas categorias de base e outras pendências fora de campo. Alguns torcedores acham que isso é ''anti-corintianismo'', como se todos estivessem contra. Mas são os mesmos que esquecem de olhar para dentro da própria instituição.
Ganhar é bom e faz a felicidade de todos. Mas dizer que só o que interessa é a bola, é um pensamento atrasado e ultrapassado. A nova gestão(ou com as velhas práticas) pegará uma equipe na Libertadores e bem situada. Pelo quadro que se pinta, pagará mais títulos, ao invés de ganhá-los. E isso também faz parte do futebol.