Santos poderia ser muito maior do que já é. Que os candidatos reflitam
Alexandre Praetzel
Em dezembro de 2007, com cinco meses de trabalho em São Paulo, fui escalado para cobrir a eleição presidencial do Santos. Na ocasião, Marcelo Teixeira concorria a mais uma reeleição contra Paulo Schiff. Teixeira venceu por mais que o dobro dos votos e foi para dez anos consecutivos de mandato. Em 2009, tentou permanecer e perdeu para Luís Álvaro Ribeiro. Lembro que disse a ele num programa de rádio, que ele deveria sair e permitir a renovação de ideias e novas cabeças comandando o Santos. O ex-diretor Adilson Durante Filho estava presente.
Os anos se passaram e o Santos teve um crescimento com a presença de Neymar, Ganso, a volta de Robinho e cia. Ganhou sete Paulistas, uma Libertadores, uma Copa do Brasil e uma Recopa Sul-Americana, de 2006 a 2017. Os resultados de campo foram bons, mas e as gestões?
O Santos não para de revelar novos jogadores e sempre está com problemas financeiros. Inexplicável.
Jogadores saíram do Santos em processos na Justiça, no final de 2014, no péssimo mandato de Odílio Rodrigues. Agora, a situação se repete com Zeca. Outros entraram em acordo, com respeito à Instituição. Quando isso se repete, alguma coisa está errada
A torcida cresceu, de acordo com as pesquisas, mas o público médio da Vila Belmiro é ridículo. Ah, com Pelé também era assim, dizem os santistas conservadores, como se a população não tivesse aumentado e o futebol não tivesse mudado.
Quando se fala na grandeza do Santos, torcedores locais lembram da tradição da Vila, mas as rendas são constrangedoras, em relação a seus rivais. O clube ficou para trás e seus conselheiros acham que isso não tem importância, na sua grande maioria. O pensamento é pequeno. Claramente, o Santos não pode fechar os olhos para a cidade de São Paulo.
Vejo os candidatos falarem muito bem de Pelé, mas o Rei nunca esteve tão distante. Como não conseguir fazer uma parceria com um ser humano com o tamanho comercial e histórico de Pelé? Muita incompetência.
Falta gestão ao Santos e os resultados futebolísticos escondem isso, muitas vezes. Agora, que o time passou em branco, muita coisa vem à tona. O presidente Modesto Roma Jr. é cheio de boas intenções, mas onde o Santos cresceu nos últimos três anos? Lembro que entrevistei os cinco candidatos, incluindo Modesto, antes da eleição em 2014. Três anos depois, três candidatos se repetem e as ideias são praticamente as mesmas.
O Santos é um caso a ser estudado no futebol. Um gigante do esporte, fora de uma capital. Grande torcida, com um patrimônio pequeno e sempre superando e incomodando os adversários. Imaginem se fosse bem gerido, com uma visão profissional e estratégica? Os santistas deveriam pensar nisso. Tem tudo para ser uma potência, mas parece que não quer. Já ouvi o seguinte quando fui à Santos: ''Está bom assim. Os adversários tremem quando vêm aqui''. Tremeriam muito mais, se o Santos soubesse usar seu gigantismo, com seu DNA ofensivo nas quatro linhas, utilizado também na forma de comandar o clube.
Em 2017, por exemplo, o Santos se distanciou da mídia. Atletas e dirigentes concederam poucas entrevistas. Concordo que parte da imprensa esportiva ironiza o Santos, burramente. Mas os gestores colaboram com esse distanciamento, por pura birra e bairrismo. Qualquer crítica é interpretada com revolta porque o Santos não é de São Paulo. Absurdos, que juntos e insistentes, acabam piorando o relacionamento.
Boa sorte aos quatro candidatos à presidência, neste sábado. Que o vencedor entenda que o Santos é muito maior que qualquer dirigente e o próprio Pelé, e entenda que o Santos não pode ficar perdendo espaço para adversários tão grandes quanto ele. Ah, e que tudo seja na PAZ, sem conflitos entre santistas.