Palmeiras não merecia avançar. Há várias causas para o ano perdido
Alexandre Praetzel
A eliminação do Palmeiras na Libertadores da América tem várias causas e isso certamente será discutido entre diretoria, comissão técnica e jogadores. O time fez uma primeira fase razoável e não conseguiu jogar mais que o Barcelona de Guayaquil, em 180 minutos. A queda acabou sendo justa pelo mau desempenho da equipe. Em janeiro, o Palmeiras era candidato a ganhar tudo, mas terminará o ano sem conquistas, pelo quadro atual do Brasileiro.
Acompanhando o dia-a-dia, penso que há causas visíveis para a frustração.
-Dia 09 de agosto e o Palmeiras ainda não tinha um time definido e organizado;
-Planejamento inicial quebrado com a troca do treinador. Se havia convicção em Eduardo Baptista, poderia ter tido mais tempo;
-Cuca chegou como ''Salvador da Pátria'' e mudou muita coisa. A curto prazo, isso dificilmente traz resultados imediatos;
-Contratações em meio à temporada, quando o elenco já está inchado. Ou você traz nomes indiscutíveis ou só aumenta a insatisfação interna;
-Borja veio por uma fortuna, após ótimo desempenho pelo Nacional-COL. Aqui, virou cabeça-de-bagre e foi desvalorizado publicamente. Faltou esforço para recuperá-lo;
-Felipe Melo foi trazido como líder e xerife da Libertadores. Acabou afastado porque não se enquadrava no esquema tático do time. O vazamento do áudio do jogador contribuiu, mas o caso foi muito mal administrado;
-Em 2016, o clube era blindado por Paulo Nobre. Em 2017, foi aberto a questões políticas e informações internas chegaram com mais velocidade e facilidade à imprensa;
-Maurício Galiotte é sério e bem intencionado, mas pareceu acuado com o tamanho do cargo. O discurso de que o time avançou um pouquinho na Libertadores, foi patético. Se mostrou ausente em momentos importantes;
-Alexandre Mattos tem crédito pelos títulos de 2015 e 2016, mas as vitórias duram 90 minutos. Este ano, está visivelmente pressionado pelos investimentos que foram feitos, com a falta de resultados.
Claro que o Palmeiras segue forte e poderá ser ainda mais, em 2018. Mas depois de uma grande conquista, é preciso ter humildade para seguir o trabalho e um mínimo de planejamento. Isso não feito, talvez por uma soberba da direção e pelos fartos recursos à disposição. O Palmeiras precisa rever alguns conceitos para a gestão Galiotte não ser esquecida rapidamente. Afinal, ano que vem, o mandato termina e o futebol é um moedor de carne para quem não tem um pingo de convicção.