Borja sempre brilhou dentro da área, mas atacante pode e deve se ajudar
Alexandre Praetzel
Sou um defensor de Borja. Acho que o atacante tem faro de gol e bom posicionamento perto e dentro da grande área. É bom jogador e merece tempo para se adaptar. Na sua última entrevista, admitiu que o futebol brasileiro é mais rápido e pegado do que o colombiano. Ainda sente a dificuldade do calendário, com pouco tempo de descanso e adversários difíceis toda a semana. A sequência Chape, Tucumán, São Paulo e Inter, não se encontra em outro país sul-americano, num intervalo de 11 dias.
Mas Borja também precisa se ajudar. Deve ter calma porque uma hora a bola vai entrar, como aconteceu diante do Vasco. Já vimos filmes parecidos, anteriormente, com outros goleadores. Não adianta resmungar e gesticular, a cada substituição. Isso só contribui para aumentar a ansiedade e a desconfiança da torcida. São quatro meses da chegada triunfal para um ponto de interrogação entre os palmeirenses. Já li e ouvi que ''Borja não serve. Não acerta um chute'' ou ''Como se enganaram num cara ruim assim''. Frases imediatistas e cheias de emoção, sem nenhuma razão e até desconhecimento. São seis gols em 17 jogos. A média não é ruim. Há quem entenda que o custo-benefício não é bom.
Agora, pesquisem como Borja ficou letal e goleador. O repórter Rodrigo Fragoso, do Esporte Interativo, foi buscar informações e descobriu que Borja, antes de chegar ao Palmeiras, nos últimos 35 gols que marcou, em apenas três foram de chutes de fora da área. Reparem bem. Os outros 32 gols foram dentro da área.
Em 26 gols dos 35, Borja não deu mais que dois toques na bola. Confira como o colombiano decidiu, abaixo.
- Chutes de primeira: 16 gols
- Domínio rápido seguido de conclusão: 10 gols
- Gols de pênaltis: 5 gols
- Gols de cabeça: 3 gols
- Gols de falta: 1 gol
Está claro que Borja tem uma característica de área e o Palmeiras precisa aproveitar a força física e o poder de conclusão. Com Eduardo Baptista, Borja atuava de costas para os zagueiros ou vinha buscar a bola na intermediária. Não foi bem. Pelo menos, Cuca está com mais paciência e vai com ele, até o fim.
Óbvio que o Palmeiras não pode ficar refém de uma maneira de jogar por causa de um atleta, mas é bom aproveitar o que Borja tem de melhor. E o colombiano também pode contribuir, participando mais da partida e fazendo o feijão com arroz, tabelando e chutando. Só vai melhorar, mas precisa se ajudar.