O enterro do “Clássico dos Milhões”
Alexandre Praetzel
Admito que sou saudosista e acho que o futebol brasileiro dos anos 70 e 80 era muito melhor do que o atual. Fui a vários jogos com torcidas divididas e mais de 70 mil pessoas em clássicos. Por isso, não posso esconder minha tristeza e decepção com o público de 6.979 num Flamengo e Vasco, numa semifinal da Taça Guanabara.
Pasmem. Até a quarta-feira, não se sabia onde seria o confronto, 72 horas antes. Dirigentes e funcionários burocratas eram as ''estrelas'' com entrevistas enfáticas e atitudes ameaçadoras. Em nenhum momento, se pensou no torcedor, na organização do torneio e num jogo deste tamanho.
A FERJ sabia que as semifinais seriam no fim de semana do Carnaval. A Polícia Militar também. Todos conheciam a situação lamentável do Maracanã e deixaram tudo para a última hora. Trataram o produto como lixo, essa que é a realidade. Moral da história: o ''Clássico dos Milhões'' foi enterrado, antes da quarta-feira de cinzas.
Que saudades do Maracanã lotado com públicos de 150 mil pessoas em Vasco e Flamengo. Torcedores misturados na Geral e nas cadeiras azuis. Vi bastante pela TV e depois como profissional do jornalismo esportivo.
Por isso, lamento a falência dos Estaduais, capitaneados por federações que não difundem o futebol, não trabalham em benefício dos clubes e nem ajudam na parte financeira. Entidades poderosas e com mandatários realizados, enquanto o futebol agoniza nos Estados. É só olhar e constatar.
Flamengo e Vasco para 6.979 pessoas, em Volta Redonda, numa semifinal de Taça Guanabara? Não pode. Jamais. Foi a constatação da incompetência dos organizadores e da passividade de quem participa deste circo. Uma pena.