Claudinei Oliveira vê Avaí forte no Estadual e realista para o Brasileiro
Alexandre Praetzel
O Avaí precisa de dois pontos nos dois últimos jogos do primeiro turno do Campeonato Catarinense para ser campeão do turno e garantir presença na final do Estadual. O time é treinado por Claudinei Oliveira, que assumiu a equipe ameaçada de rebaixamento na Série B do Brasileiro, em 2016. Após arrancada espetacular, Claudinei levou o Avaí ao acesso à Série A, surpreendendo todo mundo. Em entrevista exclusiva ao blog, Claudinei comemora o apoio do grupo e vê o Avaí em busca de subida de patamar, com uma boa campanha na Série A desta temporada. Leia abaixo.
Momento do Avaí como líder do primeiro turno
''A gente teve a vantagem de manter uma boa parte do grupo. Terminou a Série B e uma das preocupações que eu tive, conversando com o pessoal da direção do clube, é que foi a gente não rotular jogador. Ah, esse jogador é de Série B, aquele é de A, esse é de B. Então, a gente valorizou os jogadores pelo que eles fizeram ano passado, 75% do grupo de 2016. Perdemos alguns titulares, que a gente não queria ter perdido, por uma questão de mercado. Mas mantivemos uma base, os jogadores já conheciam a forma de jogar, trabalhar, o grupo já era bom, o ambiente também, e aqueles que foram chegando, se adequando a esse perfil do grupo. Em termos de iniciar bem o ano, o segredo foi esse. A manutenção da base, a forma de atuar da equipe, tudo facilitou e a gente saiu um pouquinho na frente das outras equipes, nesse sentido''.
Causa principal da retomada do Avaí, desde 2016
''Com relação ao ano passado, foi uma situação diferente. Eu já assumi no final de agosto e a expectativa não era muito positiva, o time tinha enfrentado quatro anos de rebaixamento. O objetivo ficou claro da manutenção na Série B, até por tudo que vinha acontecendo. Para surpresas de todos e minha também, os jogadores assimilaram muito bem aquilo que eu passei. Lógico, que nos primeiros jogos, não tem como você assimilar tudo, mas a gente procurou fazer de uma maneira bem simples e a receptividade co grupo foi muito boa. Encontrei o grupo com muita vontade de fazer acontecer, que estava sentindo as críticas que vinha recebendo. Foi muito bacana. A gente chegou e as coisas foram encaixando, acontecendo, os jogadores readquirindo aquela confiança que tinham perdido e conseguimos uma arrancada fantástica para conseguir o acesso. Negócio que era inimaginável quando eu assumi o clube, a gente conseguiu com o empenho de todos, jogadores e comissão técnica, torcida apoiando, conseguimos reverter um quadro que era muito negativo e terminar de uma maneira bem bacana, que foi o acesso''.
Avaí tem força para se manter na Série A do Brasileiro?
''A gente sabe que é bem complexo falar sobre esse assunto. Se for olhar para o poder econômico, a parte financeira, quanto os clubes têm a mais para investir, a gente fica bem preocupado. Mas eu acredito bastante no trabalho que a gente está fazendo, na postura dos atletas, com entrega e intensidade muito grande nos últimos jogos. Então, acredito que a gente vai fazer um bom Brasileiro. Lógico, que vamos esperar o fim dos estaduais, principalmente o Paulista, a gente vai tentar trazer mais algumas peças para que a gente consiga manter a equipe na Série A. Acho que o grande campeonato do Avaí é se manter na Série A, para que o clube possa subir de patamar, para melhorar na questão de cotas para que o clube possa ter uma receita maior e se colocar numa situação mais tranquila, nos próximos anos. Esse ano, a gente sabe que será bem difícil e temos feito junto com a diretoria, buscando fazer tudo com os pés no chão, para podermos honrar com todos os compromissos, durante todo o ano''.
Houve contato recente do Santos?
''Não, não. O Santos não me procurou não. Eu estive em Santos, no final do ano, tenho amigos dentro e fora do clube, mas ninguém me procurou não, até porque eu acho que o Dorival está fazendo um trabalho muito bom no Santos. Não tem nenhum motivo para isso, a gente sabe, conheço bem como são as coisas no Santos, as cobranças que têm lá. Mas eu acho que no momento, as cobranças em cima do Dorival, são até injustas porque ele fez um grande trabalho no ano passado. Está tendo um pouquinho de trabalho nos últimos jogos, mas vai encontrar o caminho dele. É um grande treinador e com certeza, vai fazer uma grande temporada com o Santos''.
Como o Avaí pode suportar o confronto com os adversários na Série A?
''A gente vai procurar montar uma equipe muito bem organizada, compacta, que se defenda beem, principalmente. O segredo é esse. Não adianta a gente achar que vai enfrentar as equipes da Série A, como franco-atirador, de peito aberto e sair para atacar todo mundo. Você tem que ter consciência e jogar com cuidados defensivos sim e buscar um jogo em transição. Hoje, eu vejo isso como um caminho para o Avaí. Haverá momentos em que tu vais ter que propor o jogo, independentemente de algumas situações da partida. Vejo que o Avaí tem que ser uma equipe muito bem definida e bem postada defensivamente porque na Série A se você der duas chances para os adversários com a qualidade dos jogadores que a maioria dos times têm, eles definem o jogo. Temos que ter bastante cuidado defensivo, errar muito pouco atrás e na frente contarmos com jogadores de velocidade com uma boa dinâmica de finalização para que a gente possa fazer os gols e vencer as partidas''.
Como defines o elenco do Avaí? Destacas alguém?
''Nosso elenco é muito interessado, muito aplicado nos treinamentos, jogos, todos têm se doado bastante e têm se superado até. Acho que no resultado do ano passado na Série B, a gente mostrou uma superação desses jogadores. Nesse ano, com aquela base que eu já falei, eles têm mantido o mesmo nível de concentração, a mesma competitividade do ano passado, isso aí que tem ajudado no sucesso da equipe. Dos jogadores mais conhecidos, temos o Betão, que jogou no Corinthians, Santos. Marquinhos, que jogou no São Paulo, Grêmio, Santos, é hoje o ídolo do Avaí, com várias passagens por aqui, tem uma história muito bonita aqui no clube. São os mais conhecidos do público em geral. O resto são jogadores querendo espaço. O que a gente está querendo é isso. Com ''fome'', que estão querendo buscar alguma coisa na carreira, para que todo mundo sempre queira algo mais. Não queremos jogadores que acham que já está bom. Marquinhos e Betão são exemplos disso. Jogadores que já têm um status e que estão se dedicando e se esforçando a cada dia para melhorar''.
Aos 47 anos, Claudinei apareceu como treinador, comandando o Santos, em 2013. Depois passou por Goiás, Paraná Clube, Atlético-PR, Vitória, até chegar ao Avaí, em 2016.