Blog do Praetzel

Empresário brasileiro revela bastidores de Jadson, Luxa e Felipão na China

Alexandre Praetzel

O mercado chinês segue tirando os melhores jogadores das principais ligas do mundo. Na última janela de transferências, o Shanghai Shenhua tirou Carlitos Tevez do Boca Juniors e pagará a ele cerca de US$ 40 milhões anuais (cerca de R$ 136 milhões) por temporada, segundo informações da imprensa chinesa. O blog entrevistou o empresário gaúcho, Eduardo Ponticelli, radicado há dez anos na China. Ponticelli trabalha com importações no país asiático, mas também lida com o futebol no local. Ele falou sobre os planos e próximos passos da liga chinesa, jogadores brasileiros e a tentativa dos chineses em montar um grande time no Brasil. Leia abaixo.

Futebol na China

''O fenômeno do futebol na China se dá por alguns motivos. O primeiro é a vontade pessoal do presidente chinês em ver o esporte crescer. Ele visualiza que o futebol é um esporte popular e que chama a atenção das pessoas. O que é uma verdade, tu crias uma rivalidade entre os clubes, cria aquela vontade de ir para o estádio, ver o time dele com grandes jogadores, reúne amigos e também movimenta a economia do país, de uma certa forma – venda de camisas, marketing. Na China, o futebol era o quinto ou sexto esporte mais popular. Hoje, já é o quarto, mas tende a subir ainda mais. O outro motivo é completamente político. Eles levam os grandes jogadores para China para atrair a mídia para o país de uma forma positiva. Por exemplo, dizendo que um clube pagou 60 milhões pelo Oscar e que um time de lá quer ser campeão da Ásia e jogar o Mundial de Clubes. Eles têm um plano de tornar o futebol chinês o maior do mundo. Chegam ao delírio de dizer que existirá um modo chinês de se jogar futebol como já existiu o brasileiro e agora existe o alemão''.

Futuro do futebol chinês

''Na China, tudo é planejamento. Se amanhã a Fifa chegar e dizer: “precisamos fazer a Copa do Mundo aqui”, não tenha dúvidas de que a China é capaz disso. O país tem os melhores estádios e os melhores centros de treinamentos. Eles nunca se candidataram para receber a Copa porque estão esperando montar uma seleção capaz de fazer frente as melhores equipes do mundo. O país já fez tudo no esporte. Já recebeu Olimpíadas, X Games, Copa do Mundo de natação, Masters de tênis. O que você pensar ela já fez''.

Jogador brasileiro na China

''O jogador brasileiro se adapta em qualquer circunstância e visualiza sempre o dinheiro. Então ele vai para a China, se tiver que passar um ano lá, num ambiente que não é tão bom, o jogador vai pelo dinheiro e pela possibilidade da independência financeira, enquanto os jogadores europeus e argentinos não dão tão certo porque não se adaptam bem. Ele só entra em campo no domingo, mas o resto da semana é totalmente diferente''.

Jadson

''Ele e o Luís Fabiano faziam parte de um projeto do Tianjin Quanjian para subir para a primeira divisão. Para os chineses, jogador que joga na segunda divisão não pode jogar na primeira. Até pouco tempo, eles diziam que para jogar na primeira o cara não ia aguentar correr porque corria menos na segunda. Uma coisa tosca. Pelo que fiquei sabendo, já estava acertado com o Corinthians, quando saiu da China. Além disso, o Canavarro entrou no lugar do Luxemburgo e optou por tirar a maioria dos jogadores contratados pelo brasileiro''.

Luís Fabiano

''Foi um pedido do Vanderlei Luxemburgo. Tinha só um ano de contrato. Foi um dinheiro muito bem investido na minha opinião. Foi goleador da segunda divisão. Fez sua independência financeira. Agora, ele pode jogar onde quiser. Até mesmo de graça''.

Vanderlei Luxemburgo

''Ele enfrentou problemas culturais lá na China. Por exemplo, levou 15 profissionais do staff dele para a comissão técnica. O médico do Flamengo foi para lá, mas os caras não estavam acostumados. Isso causou estranheza. E isso começou a causar problemas para ele. Até porque todo mundo sabe que o Vanderlei não é uma pessoa fácil de lidar. Na verdade, os chineses fizeram um complô. As pessoas do segundo escalão derrubaram ele''.

Felipão

''Ele tem uma seleção de jogadores na mão. O time dele é hexacampeão na China. No entanto, ele teve um problema de relacionamento no clube. Vez e outra, surge um ranço, estilo Celso Roth no Felipão. Ele implicou com o Elkeson e tirou o jogador do time. O Felipão chegou a ser demitido do clube, que ia assinar com o Marcelo Lippi, mas aí veio a seleção chinesa e levou o italiano. Então por isso que o Felipão ainda está lá''.

Jadson já retornou ao Brasil, mas ainda não definiu seu futuro. Luís Fabiano aguarda pela sua liberação do Tianjin Quanjian para voltar ao futebol brasileiro. Dos novos negócios, Marinho é a principal novidade, desembarcando em solo chinês.

Assim como já é na Europa, o futebol chinês deve chegar ao Brasil nos próximos anos. Segundo Ponticelli, os planos dos empresários chineses são de comprar um clube por aqui. Times já são especulados no interior de São Paulo e também no Rio Grande do Sul. O objetivo é criar a melhor equipe do país. Além disso, os times e agentes FIFA licenciados na China têm um aplicativo para o acerto de transações. Para que uma proposta seja autorizada o agente tem que ter uma autorização assinada pelo jogador e enviar uma foto com o mesmo.

*colaborou João Praetzel.