Carpegiani vê R.Veiga com grande futuro e deixa o Coritiba em dezembro
Alexandre Praetzel
Paulo César Carpegiani foi um grande jogador e sempre foi bom técnico. Campeão da Libertadores da América e do Mundo, em 1981, comandando o Flamengo, no seu primeiro trabalho. Se destacou também ao levar o Paraguai às oitavas-de-final da Copa do Mundo de 1998, num confronto histórico com a França, sendo derrotado na morte súbita, na prorrogação. Foi dono do RS Futebol e passou por vários clubes. Aos 67 anos, dirige o Coritiba. Pegou o time na zona de rebaixamento do Brasileiro e melhorou o rendimento do grupo. Carpegiani conversou com o blog, com exclusividade, admitindo que deve deixar o Coxa, após a temporada. Leia abaixo.
Coritiba e o risco de rebaixamento
''Isso já vem numa sequência de anos. Todo ano, a grande preocupação de todo grande time é sair o mais rápido possível dessa zona tão infeliz, que os clubes, geralmente, ocorrem. E o Coritiba não é diferente. Eu tive o privilégio de nunca entrar nessa zona, desde quando ingressei na 17ª rodada do campeonato, no primeiro turno. Não tive esse privilégio, mas andamos perto e é muito difícil você sair dessa sequência porque você vai ganhando jogos e quanto mais você ganha, os outros ganham também. Então, é uma dificuldade, um pensamento negativo que todos os clubes têm''.
Mudanças com tua chegada
''Hoje, são os números. Os números comprovam a própria campanha. Nós somos a sétima defesa menos vazada de todo o campeonato. Quando eu cheguei e assumi, era o 19º, se não me engano, e nós na primeira rodada estávamos na zona de rebaixamento. Eu assumi na zona de rebaixamento, ganhamos da Ponte Preta e imediatamente já saímos. Não conhecemos mais uma outra entrada nessa tão infeliz zona. Eu acho que os números e as próprias dificuldades que tivemos também ao longo desse período. Jogadores importantes que acabaram quebrando o pé, fraturando o tornozelo. Então, as dificuldades foram muito grandes e não é um grupo composto por mim, no início da temporada. Já vim, encaixei, não contratamos ninguém e trabalhei com os jogadores disponíveis. Essas foram as grandes dificuldades que nós tivemos''.
Tranquilo trabalhar com Kleber
''Sim. É um grande jogador. Aquele jogador de exceção, ele não te incomoda. Então, nós tivemos ao longo desse período, o Kleber jogou muito pouco comigo, nesse momento que estou falando contigo. Está retornando agora, estava lesionado há um bom tempo, mas é um jogador estritamente profissional, muito responsável e é uma satisfação trabalhar com ele''.
Raphael Veiga dará certo no Palmeiras
''É um menino que está sendo preparado, tendo oportunidades. Tem muita técnica, muita qualidade, aquela quebra de ritmo, arranque. Se vai dar certo ou não, é o futuro que vai dizer. Talvez, numa grande equipe, deslanche ainda mais. Ele é um ponto alto do Coritiba, hoje, sem sombra de dúvida''.
Modelo de gestão brasileiro
''Olha, são os mais variados. Eu acho que o futebol brasileiro, a maneira como os clubes são dirigidos, a maneira desse comportamento é muito ruim. Os clubes têm interesses em fazer o maior número de torneios. Tivemos essa experiência, esse ano, com os campeonatos apertados. Tivemos o esgotamento físico muito grande e em consequência, caiu o rendimento. Além da gestão que realmente, falta, na minha opinião, aquele homem abaixo da diretoria, o grande centralizador, aquela função de dirigente, aquele cara responsável por todas as contratações. Mostrar a cara na hora da contratação boa ou ruim. E isso os clubes escondem, quase todos, com alguma exceção, quando as contratações não acontecem. Tipo um Leonardo, que faz falta esse tipo. Não temos no futebol, essa pessoa que seria muito importante nos clubes''.
Preconceito com técnicos da tua geração
''Eu não estou tendo. Não saberia dizer. Trabalho onde eu quero. Dou um tempo, dou paradas e não sei responder. Não tenho essa condição de responder porque não tenho nenhum ponto negativo com relação a minha participação''.
Ex-jogador X Catedráticos
''É muito complexo. Você ser treinador tem que dominar todas as mais variadas condições. Você tem que saber dominar um grupo, trabalhar o momento de apertar e afrouxar. Acho que o mais importante é o pulso, é o comando. Isso você não pode abrir mão em qualquer circunstância. Um treinador ou um catedrático, eu não vejo dificuldade. O importante é você ter conhecimento. Para você ter sucesso, o sucesso são os teus títulos. Você não consegue as coisas por acaso. Então, as coisas caminham dessa forma. Pode dar certo um, pode dar certo o outro. Eu não saberia definir a diferença de um para o outro. Eu defino como bom profissional, o responsável que tem todas as condições que o futebol te exige''.
Projeção para 2017
''Vou fazer o Coritiba e vou dar uma paradinha. Essa que é a realidade. Vou aguardar porque eu já estava negociando com o futuro, lá fora. Vou aguardar. Tive para trabalhar nas eliminatórias, nós não definimos no próprio Paraguai. Então, vou esperar um pouquinho, vou dar um tempo, porque os campeonatos estaduais não fazem muito o meu feitio não''.
Carpegiani tem contrato com o Coritiba, até dezembro. O time é o 15º colocado com 42 pontos. Enfrenta o Santa Cruz, nesta quarta-feira, no Couto Pereira.