Vágner Mancini critica modelo de gestão e quer curso qualificado no Brasil
Alexandre Praetzel
Vágner Mancini é o presidente da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol. Após 15 meses à frente do Vitória da Bahia, Mancini conversou com o blog sobre a situação complicada da categoria no futebol brasileiro com demissões em massa e sem uma carreira definida para os profissionais. Acompanhem abaixo.
Federação inexiste para os profissionais pelo alto número de demissões
''A FBTF, Federação Brasileira de Treinadores de Futebol, existe graças a cinco treinadores: Zé Mário, Alfredo Sampaio, Marcos Bocatto, Dorival Jr. e eu. Os treinadores são dispensados em grande quantidade por dois motivos: primeiro porque os dirigentes que comandam nosso futebol não suportam pressão e mudam projetos anunciados a qualquer momento e segundo porque nossa cultura aponta para a troca do treinador quando um time não obtém sucesso, mesmo sabendo que o mesmo muitas vezes não é o culpado''.
Modelo de gestão brasileiro se esgotou
''Todos sabem que o modelo é ultrapassado, mas somos impotentes para mudar esse panorama. Precisamos de apoio, principalmente da imprensa, e muitas vezes não temos''.
Há renovação ou um grupo comanda as vagas disponíves nos clubes
''Como teremos renovação se não há limites de transferências para treinadores para a mesma série no Brasileiro. Isso está errado. Ninguém pode impedir ninguém de trabalhar, mas esse profissional deveria terminar um limite de transferências e depois ir para outra série. Seria uma forma de oxigenar o mercado''.
Brasileiros inferiores a estrangeiros e por que não há espaço na Europa
''O treinador brasileiro é muito competente. Temos um grupo no Brasil altamente qualificado, porém perdemos espaço no exterior porque não temos um curso que seja respeitado e aceito no exterior. Temos poucos espaços na Europa, primeiro por causa do idioma. Segundo por causa da falta de qualificação profissional e terceiro porque nossos atletas que brilham por lá, quando param, retornam ao Brasil''.
Disputas entre ex-jogadores e acadêmicos
''Jogador respeita quem conhece e sabe comandar, seja ele ex-jogador ou não. O ex-jogador leva vantagem por ter vivido dentro de campo situações que ele compartilha com o atleta, mas temos ótimos técnicos que não jogaram e se deram bem na carreira. Não é porque o cara jogou futebol que se dará bem na carreira de treinador. O bom profissional sempre terá espaço''.
Vágner Mancini foi jogador nas décadas de 80 e 90. Passou por clubes como Atlético-MG, Guarani e Grêmio. Como técnico, seu maior título é a Copa do Brasil 2005, conquistada pelo Paulista de Jundiaí contra o Fluminense.