Modelo de gestão se esgotou no futebol brasileiro
Alexandre Praetzel
O modelo de gestão atual do futebol brasileiro está esgotado. Clubes vivem ''amarras'' políticas, reféns de grupos e torcedores uniformizados. Um presidente é eleito num colégio eleitoral pequeno, com raríssimas exceções.
Conselhos deliberativos com 300 ou mais componentes decidem os caminhos de agremiações que faturam mais do que muitos municípios brasileiros. A profissionalização se resume a contratação de um executivo para o departamento de futebol. Trabalho bom é o que ganha. Tudo se baseia nisso.
Nos últimos dias, vimos São Paulo e Inter passarem por situações parecidas. O tricolor envolto em conflitos políticos e abalado pela invasão ao CT, patrocinada por grupos de oposição, segundo o presidente Leco. O diretor remunerado, Gustavo de Oliveira, é acusado de incompetente e despreparado por causa de seu salário graúdo. Enquanto o time estava nas semifinais da Libertadores da América, não se discutia nada disso.
No Inter, o presidente Vitório Píffero perdeu o vestiário e chamou o amigo e hoje empresário, Fernando Carvalho, para salvar a equipe do inédito rebaixamento para a Série B. Demitiu dois técnicos e foi pressionado fortemente por torcedores e sócios. Entregou a chave para Carvalho, considerado o maior dirigente da história colorada para a maioria. Quando foi líder por oito rodadas, o silêncio imperou nas arquibancadas.
São dois exemplos recentes, mas outros virão logo, logo. Ao invés de elaborarem planejamentos com metas, objetivos e resultados, profissionalizando as gestões e cobrando os funcionários pelos seus desempenhos, os dirigentes preferem a vaidade e o status dos cargos que ocupam, valendo-se apenas de faixas no peito e taças no armário.