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Executivo da Chape prevê “loucura” no primeiro jogo e time “forte” em 2017
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Alexandre Praetzel

Vinte dias depois da tragédia aérea que vitimou a Chapecoense, o clube tenta se reestruturar o mais rápido possível. Um novo presidente foi escolhido e o técnico Vágner Mancini contratado para comandar a nova equipe. Na execução do departamento de futebol, o responsável será Rui Costa. O ex-diretor do Grêmio conversou com o blog com exclusividade e expôs as dificuldades e desafios para recolocar a Chapecoense em campo, com um calendário recheado de grandes competições, em 2017, e com o forte apelo da comunidade, esperando rever o time do coração. Acompanhem abaixo.

Modelo de reestruturação da Chape

“É um modelo voltado para a identificação do perfil do trabalho do clube, implantado há quatro anos. Orçamento, contratações. Sempre respeitei bastante esta filosofia. É preciso fazer uma integração muito grande. Puxar um ex-jogador para a gerência e ter como convicção o que eu penso e manter o padrão competitivo. É um grande desafio que nunca foi enfrentado no Brasil. Uma reconstrução para contratar mais de dez atletas em 20 dias. Muito complicado. Não tem que contratar só um jogador para cada posição. São dois ou mais por posição. Trabalho muito próximo com o jurídico pelos grandes números de contratos, também”.

Ajuda de outros clubes

“Alguns clubes estão ajudando concretamente. Não na quantidade que muitos anunciaram. É um processo do nosso lado. Estamos escolhendo o que nós queremos e não abrimos mão disso. Não estamos com qualquer lista de jogador que não será aproveitado em outros clubes. Se fosse assim, já teríamos 25 reforços. Terão que se enquadrar num orçamento muito rígido. Cruzeiro, Palmeiras, Sport e Atlético-MG estão com gestos diferentes de apenas ceder jogadores. O São Paulo também com a possibilidade de nos emprestar o meia Daniel, mas não podemos esperar muito tempo. Quando tem ajuda, é de qualidade a partir do nosso planejamento”.

Jogadores querem atuar na Chape

“Sinto que sim. Tenho falado com jogadores de todos os patamares. Jovens, de certa experiência no futebol, de mais idade, até na Europa. Tem que discutir tudo na parte financeira. Estão falando comigo com sinceridade. Quase todos mostram entusiasmo em jogar aqui. São profissionais e levam em conta algumas situações financeiras, algo que acho normal”.

Será difícil não ser rebaixado

“Te diria que vamos lutar muito para montar uma equipe competitiva. Com esse cenário, devemos ficar longe disso. Agora, toda reestruturação é complicada. Você chega no vestiário com vários jogadores que nunca jogaram juntos em três meses. Não será fácil para o Mancini. A prioridade é sermos competitivos. Gostaria de conquistar títulos, mas temos a racionalidade de sabermos que precisamos ter um time capaz de fazer uma boa pré-temporada e termos um grupo competitivo de qualidade e quantidade”

Clima na cidade

“No primeiro dia que eu entrei na cidade foi impressionante. Percebia a tristeza das pessoas na rua. Convivendo mais, as pessoas conversam contigo com esperança. Começam a sorrir, pensar no time, falar de futebol. Volta a fazer parte da rotina de uma forma mais participativa. A memória e honra ficarão eternizadas. Os sentimentos estão migrando para ver o time voltar à campo. A vida tem que continuar e a mudança para uma energia maior vai nos ajudar bastante”.

Primeiro jogo em 2017

“O jogo será uma loucura. Estádio cheio, uma emoção que eu nunca tenha sentido no futebol. Só o fato de o time entrar em campo, fardados como profissionais da Chape, será uma loucura. Será a primeira vitória, sem dúvida”.

Traumas

“Não podemos confundir entusiasmo com a capacidade de fazer a leitura correta das coisas. Nunca vamos comparar jogadores que se foram com os próximos. Esse é um ano de transição em que a gente pode ser submetido a grandes desafios, grandes provas. Início complicado. Acho que conseguiremos passar por esses desafios, mas a partir da entrada em campo, a cobrança será a mesma. Não pode achar que está tudo errado. É preciso entender o que está sendo reconstruído”.

A Chapecoense contratou o zagueiro Douglas Grolli, do Cruzeiro, até o momento. O meia Daniel do São Paulo deve ser o próximo reforço. A diretoria pediu à Federação Catarinense o adiamento da sua primeira partida no Estadual para a segunda semana de fevereiro. A Chape vai disputar o catarinense, Libertadores da América, Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil, Primeira Liga e Série A do Brasileiro, em 2017.

 


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