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Tuma Jr. vê Corinthians em situação grave e impeachment como bom senso
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Alexandre Praetzel

Os Conselheiros do Corinthians definem, nesta segunda-feira, se o Presidente Roberto de Andrade deve sofrer processo de impeachment no clube. Roberto foi denunciado no Conselho de Ética por ter assinado documentos como presidente, antes de tomar posse como mandatário. A denúncia foi acolhida pelo presidente do Conselho, Guilherme Strenger, e vai à votação. São 344 conselheiros votantes, mas é possível que nem todos compareçam à sessão. A votação é fechada e para ser aprovada, precisa de metade dos conselheiros votantes mais um, passando à assembléia geral dos sócios. O blog entrevistou Romeu Tuma Jr., conselheiro de oposição e favorável ao impeachment. Acompanhem.

Admissibilidade do impeachment passa no Conselho Deliberativo?

“Se prevalecer o bom senso e o interesse institucional do clube no voto dos Conselheiros, tenho certeza que sim. Aliás, é importante deixar claro que o Conselho só vota a admissibilidade do afastamento, pois quem decide nessa hipótese, são os sócios. Nosso sistema é bem democrático, caberá a quem elegeu o presidente, decidir se ele deve ou não continuar”.

Concordas que o Clube ficará vulnerável com impeachment?

“É evidente que não, se você está vivenciando um problema atrás do outro. Constatando uma irregularidade sendo cometida a cada dia, fazendo com que o clube só produza noticiário negativo, gerando afastamento de potenciais patrocinadores, além de ficar exposto a inúmeras sanções no âmbito administrativo e legal, quer pela CVM, Receita Federal, Polícia e APFUT, como cruzar os braços e fingir que está tudo bem? Mais do que isso, pela legislação, os órgãos de controle e fiscalização interna(Conselho Deliberativo, Cori e Conselho Fiscal) têm obrigação de agir sob pena de respondermos pessoalmente pelos prejuízos causados pelos dirigentes à instituição Corinthians. Por isso, é justamente o contrário, ou seja, o clube está vulnerável e se não passar o impeachment, estaremos provando que os órgãos de controle não funcionaram ou foram coniventes”.

Com impeachment, quem será o melhor nome para assumir o Corinthians?

“Não se pode pensar em nomes, antes de se conscientizar que é preciso mudar o modelo de gestão que hoje impera no clube. Esse modelo de compadrio, toma lá-dá cá, falta de transparência e governança, é um modelo falido, um projeto de poder que prioriza interesses pessoais e de grupelhos. A sociedade e os sócios não aceitam mais esse tipo de Administração. Você tem que ter uma gestão compartilhada com os administrados, com Compliance, com trabalho em equipe, onde nomes de reconhecida competência e conhecimento específico das áreas, sejam os gestores. O Presidente deve apenas ser um comandante de um projeto de gestão que abarque os interesses maiores da coletividade corintiana e tenha capacidade de dialogar com todas as correntes que fazem do Corinthians, essa potência que é. Nome não é tão importante, o que importa é o modelo, é a gestão em equipe, é o compromisso com uma prática legalista, transparente e absolutamente calcada no espírito de servir ao clube e não dele se servir”.

Um impeachment abala o futebol ou não tem relação?

“O que abala o futebol e o próprio clube são os atos de gestão temerária e a total omissão do Presidente. O que abala o futebol é atraso de salários, bate cabeça em contratações e administração paralela, exercida por empresários. A partir do momento que isso se encerrar com afastamento do Presidente, você terá uma gestão calcada na legalidade, que dará segurança a todos os seguimentos e departamentos do clube. Até os investidores voltarão a ter interesse na nossa marca”.

Situação do Clube, institucionalmente

“É periclitante. Estamos efetivamente diante de uma situação muito grave com sérios riscos de punições, que trarão prejuízos imensuráveis. Mas de outro lado, como prevê a legislação, tudo isso pode ser evitado ou ao menos amenizado, se o Conselho Deliberativo agir como manda a Lei, ou seja, responsabilizando os dirigentes que causaram danos ao clube. A questão não é política, é legal, regimental, de ordem institucional, pelo bem do clube, de seus sócios e torcedores. Quem falar diferentemente disso, está fazendo proselitismo político ou por interesses pessoais”.

Caso o impeachment seja admitido pelo Conselho e assembléia geral de sócios, o vice-presidente André Luiz Oliveira assume por 30 dias e convoca eleição à Presidência, apenas com votação entre os conselheiros, para definir um novo presidente com mandato-tampão, até fevereiro de 2018.


Adauto elogia Carille, explica perda de Pottker e vê time com qualidade
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Alexandre Praetzel

O Corinthians terá um ano interessante, na visão do diretor de futebol, Flávio Adauto. Em entrevista exclusiva ao blog, o dirigente projetou um bom trabalho de Fábio Carille, a chegada de reforços pontuais e explicou o caso William Pottker, bastante criticado pela torcida, além de confiar na permanência de Roberto de Andrade como presidente do clube. Leia abaixo.

Início de temporada

“Vejo dentro do esperado. Um time que deverá alternar ainda alguns bons momentos com momentos de falta de equilíbrio. Uma equipe que está sendo reconstruída, outra vez pode parecer um velho chavão, pode parecer uma conversa mole, mas não é não. Um time que se reconstruiu e se reestruturou duas vezes, ano passado e em 2016. Em 2017, você começa praticamente tudo de novo. São oito peças novas, muitas mantidas que não vinham tendo grande rendimento também. Um começo com Flórida Cup razoável, um início de Campeonato Paulista também razoável. O mesmo se pode dizer em relação à estréia na Copa do Brasil, mas a expectativa nossa é positiva. Nós temos bons jogadores. Vários jogadores que ainda podem estrear e podem ser muito importantes na história do Corinthians”.

Corinthians é a quarta força do Paulista?

“Não. Você vai ver a quarta força com o campeonato em andamento. Pode ser terceira, segunda, pode ser primeira. Eu já vi muitas primeiras forças no futebol brasileiro, caindo e despencando. Uma tradicionalíssima força, por exemplo, é o Internacional. Todo ano começa como primeira força e terminou como décima-sétima, décima-oitava. Hoje, você tem equipes mais estruturadas, mais tarimbadas do que o Corinthians, e talvez até em estágio melhor, como o Santos, eu diria, que é uma equipe que tem um equilíbrio maior. Mas não é quarta força não e compete a nós provar que não somos a quarta força”.

Projeção de reforços para o Brasileiro

“Pontualmente, se aparecer alguma coisa, a gente não vai fechar os olhos, não. A gente tem a expectativa que este grupo renda o suficiente, mas dizer em fevereiro, que o que temos aí já está pronto para chegarmos até dezembro, é muita pretensão, até. Seria positivo demais se não precisássemos de mais ninguém, mas fatalmente a gente vai precisar de alguns contornos para ter uma obra final e estes contornos deverão vir ao longo do Campeonato Paulista, conjuntamente ou simultaneamente com os jogos da Copa do Brasil e você tem até maio para ter esta base que a gente pretende ter de um time bem mais forte que o ano passado”.

Potkker foi fiasco para o Corinthians?

“Quem não sabe da história, analisa assim. Quem se precipita, erra. Quem fala, se engana. Caso Potkker é rápido de dizer. O Corinthians aceitou uma proposta dos agentes do jogador, ofereceu uma quantia bastante elevada pelos 50%, acertou com o atleta através dos agentes e fechou-se o seguinte: o Corinthians tem 50% do jogador. Os outros 50% é problema do agente com a Ponte Preta, não é problema nosso. Nós estamos comprando uma parcela do jogador, com preço fechado, com salário acertado, com quatro anos de contrato definidos. Os dirigentes da Ponte se apressaram e disseram que estava fechado. Nós dissemos que enquanto não tiver assinado, não está fechado. Entregamos e vamos entregar sempre desta forma, o que eu vou te falar agora, tudo para o departamento jurídico resolver. A nossa parte é essa, agora tratem com os agentes do jogador. Não houve condição porque a prática do Corinthians não se adequava à prática dos empresários e agentes tentaram colocar. Para complicar, porque poderíamos negociar mais uns dois ou três dias e chegarmos até um acordo, não chegamos porque eles teimaram e não acreditaram que nós desistiríamos no caso dele jogar a Copa do Brasil. Isso ficou claro e patente para os responsáveis pelo jogador, aqueles que tutelam para o jogador, desde o início da sua carreira. Como não cumpriram um pedido nosso de que não poderia jogar e não chegou-se a um acordo jurídico porque as bases e as condições para serem colocadas no contrato não são as praticadas pelo Corinthians, chegou-se a um ponto final de forma negativa. Lamento porque acho um bom jogador, quem sabe até no futuro. Mas neste momento, quem falar diferentemente disso, está mentindo e está errando”.

Nico López foi tentado?

“Não. Hoje eu dei muita risada. Disseram que não só estávamos contratando como estávamos colocando cinco jogadores à disposição. Surgem algumas coisas que a gente não sabe do nada. Desde que eu assumi há quatro meses, vivo o futebol há 50 anos, vivo o Corinthians há seis décadas quase. Então, neste período que a gente está lá, apareceram exatamente entre 70 e 80 nomes. Plantam informações, semeiam jogadores, os meios de comunicação entram nessa semeadura, os empresários fazem a festa porque colocam nomes dos seus clientes em evidência, só que o Corinthians não sabe de nada. Hoje mesmo, o Alessandro deu uma gargalhada, eu dei outra. A não ser que alguém esteja contratando, sem que nós saibamos”.

Preocupa tirar dinheiro do futebol para pagar o estádio?

“Se tirar dinheiro do futebol, constantemente, preocupa sim. Houve um fato isolado, num momento isolado, que eu acredito que dificilmente vai se repetir e o Corinthians está fazendo uma renegociação da dívida para prorrogar o prazo e diminuir a prestação mensal e certamente o Corinthians vai dar conta desta missão, sim. O Corinthians é grande demais para temer que vai ter prejuízos constantes. Não vai ter não. Isso está sendo solucionado”.

Processo de impeachment do Presidente

“Preocupado eu não diria. A gente fica temeroso, fica triste com uma situação como essa. O Corinthians não precisaria passar por isso. As explicações todas foram dadas, o Corinthians não teve nenhum prejuízo em relação às decisões tomadas pelo Roberto e agora o Conselho vai decidir. É difícil você querer imaginar o que vai acontecer. Eu, particularmente, acredito que não vai vingar o impeachment e o Roberto vai fazer o seu mandato, até o final”.

Fábio Carille

“Um técnico que tem vivência no Corinthians, conhecimento das coisas do Corinthians, passou por grandes técnicos como Mano Menezes e Tite, principalmente. Para mim, dois dos melhores técnicos do país. Assimilou muita coisa e eu tenho visto no dia-a-dia. Ele está solto, não está preso, amarrado, na conversa com os jogadores, no vestiário, na entrada em campo, na hora de botar o time para jogar. Eu estou sentindo que ele é um técnico bastante promissor e eu acho que o Corinthians vai acertar em tê-lo mantido”.

Time Sub-23

“É outra coisa que nem existe porque a Federação pensa, a CBF imagina. Quando nos perguntaram, eu gostaria de ver um time Sub-23 para você aproveitar jogadores que normalmente ficam parados. Fim de semana, ficam em casa. Como tinham os aspirantes, antigamente. Eu acho que seria importante ter o Sub-23, mas não é uma decisão tomada. É uma decisão apenas pensada pelo Corinthians. Isso tem que ser decidido pela Federação, no caso do Sub-23 ser regionalizado. Ou pela CBF, em caso dele ser em termos nacionais. Então, um fato que nem existe, em se tratando de Corinthians, isso só foi pensado em ter uma categoria Sub-23, que nem sabemos se vai vingar”.

Flávio Adauto é conselheiro vitalício, mas não poderá votar a favor do presidente Roberto de Andrade porque ocupa cargo de diretoria. Se o Roberto for cassado no conselho, dia 20, o vice-presidente André Luiz Oliveira assume a presidência e convoca novas eleições para um mandato-tampão, até fevereiro de 2018.


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