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Zé Teodoro critica gestão do SP e não vê Rogério Ceni como técnico do time
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Alexandre Praetzel

Zé Teodoro foi ídolo do São Paulo, na década de 1980 e início de 90. O ex-lateral direito e hoje técnico, conquistou quatro Campeonatos Paulistas em 85, 87, 89 e 91 e dois títulos brasileiros em 86 e 91. Zé Teodoro conversou com o blog com exclusividade e não poupou críticas à atual gestão do São Paulo e ao elenco tricolor. Leia abaixo.

São Paulo hoje

“Muito turbulento, inconstante. Acho que o São Paulo precisa melhorar em todos os setores. Tem errado muito em relação às mudanças, principalmente treinadores e jogadores. Acho que era o momento de poder rever os conceitos, analisar, para ter uma margem de erro menor. É um clube que precisa voltar a botar os pés no chão e resgatar sua condição, não viver do passado, do que já conquistou, ganhou e já fez. Hoje já tem clubes que passaram à frente, que estão sendo bem superiores. As informações e as coisas têm vazado com muita facilidade, pelo o que a gente tem observado. O clube está muito desprotegido. Então, precisa sentar, o presidente Leco rever algumas situações e dar oportunidade ao pessoal que realmente conhece da função, da área indicada que é o futebol. Precisa melhorar o ambiente, o aspecto político, o clube precisa voltar a vender sua imagem de formar jogadores na base. Não ter receio e medo de lançar jogadores. De saber contratar e se informar como da época que me contratou do Goiás. Então precisa ter conceitos e critérios para não errar tanto como errou neste ano e ter tanta dificuldade para conseguir classificação e permanência na primeira divisão”.

Rogério Ceni deve começar como técnico no São Paulo

“Olha, acho que ele deve fazer uma experiência na base. Deve trabalhar com alguns treinadores mais experientes. Ser um auxiliar permanente do clube. Pegar um pouco mais de cancha e de experiência. Ele é um ídolo. Acho que é muito cedo para ele, principalmente, no clube que ele tem uma história muito bonita. Acho que ele poderia realizar um trabalho fora, começar na base, no interior, num clube de outro estado. Evitar essa situação de chegar e já assumir essa responsabilidade, que é muito difícil como ídolo. O torcedor não vai perdoar dois, três, quatro resultados negativos. Vai jogar tudo para baixo o que ele fez na carreira como jogador. Então acho que ele deve ser muito bem aproveitado no clube ou trabalhar em outra situação. Ficar assessorando como auxiliar técnico um Vanderlei Luxemburgo, que é um cara de peso, como qualquer outro de nível. Acho que é fundamental ele começar de baixo, aprender, para depois, realmente pegar uma situação, que é uma situação muito difícil. Eu tenho experiência e posso orientar de uma forma que ele deva pensar, analisar, para não jogar por água abaixo o nome que ele fez dentro do São Paulo”.

Falta de comprometimento da geração atual

“Olha, eu tenho notado, não só no São Paulo. Em geral, o nível do futebol brasileiro teve uma queda muito grande nas Séries A e B. Eu acho que o balcão de negócios, o jogador não tem mais aquele sentimento, não joga mais com o coração, com alma, com aquela vibração e espírito mesmo. Eu acho que o futebol está mudando muito para o outro lado. O jogador não tem mais o comprometimento necessário. Em dois, três meses, ele já sai de um clube. Não cria um vínculo, como nós tínhamos um sentimento mais de gostar do clube. Não jogar só pelo dinheiro, mas sim para dar espetáculo, mostrar que o futebol não vive só da parte financeira. Precisa melhorar em vários aspectos. O jogador tem que fazer uma reflexão e conscientização da produção e rendimento dele. Está aproveitando em outros sentidos, em outras áreas, esquecendo às vezes de dar o que o torcedor quer na parte técnica, física. Há uma oscilação muito grande dos jogadores de hoje. O jogador tem que ter um comprometimento maior, uma responsabilidade maior e principalmente, com o torcedor e com tratamento melhor com a imprensa. Tem faltado muito de humildade ao jogador brasileiro. Todos aqueles estão alcançando uma questão financeira, que dá uma estabilidade ao jogador, eles estão esquecendo das suas raízes, da humildade, de tratar bem as pessoas, imprensa, no bom relacionamento que nós tínhamos na época que jogávamos. O futebol mudou muito. As pessoas, jogadores, dirigentes mudaram. O ambiente do clube não é dos melhores. Então, precisa rever alguns conceitos para voltar a fazer um futebol com mais alegria”.

Zé Teodoro disputou 262 jogos com a camisa do São Paulo, marcando sete gols. Como técnico, vai assumir a Aparecidense-GO, a partir de janeiro de 2016.


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