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Arquivo : Seleção Brasileira

Vanderlei não deve ter chances na Seleção. Trio de goleiros encaminhado
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Alexandre Praetzel

A questão dos goleiros da Seleção Brasileira é a única que tem gerado debate sobre as preferências de Tite. Contra o Chile, Ederson foi o titular, sob a alegação de que precisava ser testado, após bons desempenhos como titular do Manchester City e com boa dinâmica com os pés, inclusive com uma jogada combinada com Gabriel Jesus, companheiro no clube inglês.

Taffarel deixou claro que já tem os três preferidos: Alisson, Ederson e Cássio. Claro que a decisão final será de Tite, mas a opinião do ex-goleiro campeão mundial pesa demais. Taffarel foi o único remanescente da comissão técnica de Dunga porque Tite entende que ele é o grande especialista da função, pelo seu passado vencedor. E Taffarel visitou e acompanhou treinamentos de Cássio e Vanderlei. O corintiano é elogiado pela postura nos treinos e segurança com a camisa amarela, descentralizando apenas as atuações dentro de campo. Vanderlei ainda não foi convocado e acho que não será, mesmo que haja três amistosos pela frente. Tite indicou que deve mexer muito pouco no grupo, para as convocações futuras.

Ainda não foi explicado o motivo claro pela ausência de Vanderlei, com grande desempenho pelo Santos. Há quem diga que ele não atua bem com os pés e isso atrapalha, mas a causa principal nunca foi revelada por Taffarel. Vale lembrar que o goleiro das duas últimas Copas foi Júlio César, unanimidade para 2010, com grande ciclo de 2007 a 2010. Na Copa, falhou nos momentos cruciais diante da Holanda. Quatro anos depois, foi titular, mesmo trabalhando no canadense Toronto FC, na MLS norte-americana. Ficou marcado pelos 7 a 1, assim como muitos atletas.

Alisson está bem na Roma. Ederson é considerado o futuro e Cássio tem a experiência. Vejo Fábio e Fernando Prass como ótimos nomes e que ajudariam bastante, mas pela sequência de chamadas, os três nomes estão bem encaminhados. Só uma grande surpresa para Vanderlei ser testado. Até porque, se Vanderlei chega e fecha o gol, arrumaria um bom problema para todos. Mas muitos profissionais não querem debates, preferem apenas suas convicções. Cabe respeitar. Se é certo ou não, o tempo dirá.


Você torce para a Seleção Brasileira?
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Alexandre Praetzel

Em 1982, tinha 11 anos e foi a última vez que chorei por futebol na derrota do Brasil para a Itália por 3 a 2, na Copa da Espanha. Um jogo dramático e espetacular até o final, com vitória dos futuros campeões, infelizmente. Os anos passaram e eu sempre quis ser jornalista esportivo. Até concluir o curso e começar a trabalhar na área, via a Seleção Brasileira com grande impacto sobre os torcedores e imprensa. Convocações e jogos paravam o país, com amistosos e competições oficiais tendo muita importância para todos.

Depois, já como profissional, comecei a cobrir a Seleção. Minha estréia foi em Brasil e Polônia, em janeiro de 1997, com Romário e Ronaldo juntos. Placar de 4 a 2 para o Brasil, com o comando de Zagallo, em Goiânia. Foi muito legal, apesar de achar o ambiente em torno, bastante político. Muitos tapinhas nas costas de todos e bastante vaidade. Ainda assim, havia bastante proximidade entre jogadores e jornalistas. O tempo foi passando e a Seleção virou propriedade da CBF. Se distanciou da torcida e passou a mandar seus jogos longe do Brasil, por gordos cachês e filas de patrocinadores. O dinheiro superou a paixão. De Ricardo Teixeira a Marco Polo Del Nero, a Seleção se transformou num produto comercial. Até nas convocações, sempre houve controvérsias.

Com as quedas de Teixeira e Marin por corrupção e com Del Nero proibido de sair do país para não ser preso, a CBF conseguiu atrair uma oposição da opinião pública e uma antipatia pelo nosso selecionado. A Seleção foi muito vaiada e só ganhou apoio total, quando sediou a Copa do Mundo, em 2014. O 7 a 1 para a Alemanha foi a pá de cal, forçando mudanças no pensamento de futebol praticado por técnicos e dirigentes brasileiros. Del Nero segue no poder e o Brasil retomou sua importância, depois da chegada de Tite. Com Dunga como substituto de Felipão, corremos o risco de eliminação da Copa, algo contornado e corrigido com a contratação de Tite. Hoje, a Seleção pode não encantar, mas parece mais integrada e comprometida em relação a anos anteriores. Ainda assim, não houve um treino aberto para a torcida, mesmo com o Brasil classificado. Só convidados e patrocinadores tiveram acesso. Isso precisa acabar.

Claro que na Copa do Mundo, a história é outra. O país para e entra em campo, representado por 23 atletas. Mas fora isso, você torce para a Seleção Brasileira? Eu tenho respeito, mas fico profundamente irritado com a distância que existe entre Seleção e torcida. A maioria dos convocados vive no exterior e não faz nenhum esforço para agradar a massa brasileira. Ficou um abismo e isso causou um esfriamento na relação.

Não me surpreendi com a declaração do prefeito de Belo Horizonte, o ex-presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil. Perguntado sobre Seleção, no programa “Bola da Vez” na ESPN Brasil, Kalil disse que nunca ligou e nunca torceu para a Seleção. Uma resposta clara de quem eternamente prioriza o clube. E isso me parece cada vez mais frequente. Afinal, você torce para a Seleção Brasileira? Hoje tem jogo e com público de 40 mil pessoas, mas há um sentimento verdadeiro pela Seleção? Eu tenho minhas dúvidas. Quando eu era criança, achava que sim.


Fábio merecia ser lembrado para a Seleção Brasileira. Há muito tempo
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Alexandre Praetzel

Assisti atentamente ao primeiro jogo entre Flamengo e Cruzeiro, na final da Copa do Brasil. Um confronto de muita pegada e pouca emoção. Algo normal em partidas tão decisivas. E nas raras chances ou finalizações a gol, apareceram os goleiros. E aí, cito Fábio, titular do Cruzeiro, desde 2005. Há quem diga que ele falhou no gol impedido do Flamengo. Não achei. E ainda mostrou segurança quando exigido, aparecendo na hora certa.

Fábio começou 2017, retornando de lesão e foi reserva de Rafael, até recuperar-se totalmente. Mano Menezes não pensou duas vezes em retorná-lo à condição de titular, quando achou necessário.

Fábio tem 716 jogos pelo time mineiro e não foi mais convocado para a Seleção Brasileira, após estar nos grupos da Copa das Confederações, em 2003, e Copa América, em 2004. Nos dois torneios, o Brasil era comandado por Carlos Alberto Parreira. Dunga, duas vezes, Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari e Tite, chegaram ao selecionado e não chamaram o goleiro, mesmo com desempenhos em alto nível pelo Cruzeiro.

Sou defensor de Fábio e gostaria de vê-lo na Seleção, assim como Emerson Leão, técnico e especialista na função, com quatro Copas do Mundo no currículo. Sempre estranhamos tantas ausências. Um dia perguntei ao próprio Fábio, a razão de não ser lembrado e a resposta foi direta: “Não sei. Minhas atuações estão aí para mostrar”, afirmou, na ocasião, após um jogo contra o Corinthians, no Pacaembu.

Nos bastidores do futebol, já ouvi coisas como “muito religioso” e “complicado de vestiário”, versões e boatos que surgem para rotular alguém ou agradar a quem não gosta do atleta. Um profissional que tem mais de 700 partidas pelo mesmo clube e dono da posição em 12 temporadas, merece muito respeito e crédito.

Por isso, sigo sem entender. Por que Fábio não é chamado para a Seleção? Se jogasse num time de Rio-SP, a tolerância seria maior? Fato, é que Fábio é mais um injustiçado no futebol brasileiro. Azar da Seleção.


Brasil já tem time titular para a Copa. Não vejo ninguém diferente surgindo
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Alexandre Praetzel

A Seleção Brasileira fez 2 a 0 no Equador e manteve a ótima campanha nas Eliminatórias Sul-Americanas, confirmando o primeiro lugar, desde que Tite assumiu o comando do time, em setembro de 2016. Um ano depois, o Brasil mostra um esquema de jogo consolidado e eficiente, com intensa movimentação e boa qualidade técnica. Claramente, não é uma equipe dependente de Neymar.

Mesmo que estejamos a dez meses do início da Copa do Mundo, entendo que o Brasil já tem os seus onze titulares definidos pelo treinador: Alisson; Daniel Alves, Miranda, Marquinhos e Marcelo; Casemiro, Renato Augusto, Paulinho; Philipe Coutinho, Gabriel Jesus e Neymar. A formação que vinha atuando com Tite. Willian começou no lugar de Coutinho, porque o jogador do Liverpool não estava treinando, esperando sua transferência para o Barcelona e alegando dores nas costas. No segundo tempo, Coutinho entrou e melhorou a performance brasileira.

Não vejo nenhum grande nome surgindo para que Tite pense em alguma mudança na formação principal, como Neymar e Ganso apareceram, em 2010, e Dunga preferiu não convocá-los. Entre os 23 mundialistas, certamente há dúvidas, mas quem começa a Copa já está na cabeça de Tite.

Reconheço que temi pela ausência do Brasil da Copa, pela primeira vez, quando a Seleção era dirigida por Dunga. Tite pegou o trabalho na sexta posição e carimba o simbólico título das Eliminatórias, três rodadas antes do final. Tite e comissão técnica merecem os cumprimentos e recolocam o Brasil no patamar das grandes seleções candidatas a ganharem o Mundial da Rússia, em 2018. O Brasil voltou a ser respeitado, depois dos 7 a 1. Fato consumado.


O jogador de “Seleção” no Brasil
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Alexandre Praetzel

Os Campeonatos Estaduais terminaram no Brasil e reconhecemos que alguns jogadores acabaram se destacando. Mesmo enfrentando times com estruturas e qualificações menores. nomes de grandes clubes ganharam espaço na mídia e apoio nas redes sociais. Aí, começam a chegar pedidos públicos por convocações à Seleção Brasileira.

Por isso, pergunto. Como um jogador vira nome para a Seleção, no território nacional? A bola da vez é Rodriguinho. Ironizado como “Podriguinho” e “Ruindriguinho” pelos próprios corintianos, em 2015 e 2016, Rodriguinho foi destaque no Paulista e agora virou um jogador maravilhoso, pela maioria. Realmente, teve atuações de destaque, com gols e jogadas muito bonitas, como o ótimo lance na vitória de 2 a 1 sobre a Universidad do Chile, pela Copa Sul-Americana.

Mas qual o critério para se convocar para a Seleção? Será que um Paulista serve de parâmetro para determinar um chamado? Ou muitas vezes isso acontece, pela política ou embalo da opinião pública sobre um atleta ou pura preferência pessoal do treinador? Em 2001, Emerson Leão chamou o volante Leomar, que não era mau jogador, mas que não tinha bola para passar perto da Seleção.

Quando Dudu foi convocado por Tite, achei um exagero. Não pelos desempenhos do palmeirense, mas porque havia outros nomes bem melhores, à frente de Dudu. Me posicionei da mesma maneira sobre Diego Souza. Acredito que existem camisas 9 superiores ao protagonista do Sport. Então, o critério é o mesmo para Rodriguinho. Pode ser o principal corintiano do momento, mas não tem bola para a Seleção, pelo simples fato de termos vários meias superiores a ele. Se a Seleção é o conjunto dos melhores, Rodriguinho e Dudu não têm vez, na minha opinião. Vale o mesmo para Jô, participante do grupo do Mundial 2014.

E acredito que o futebol brasileiro nota 6 perdeu muito espaço para colocar alguém de destaque entre os convocados. É um bom assunto para debater.


Fred ainda tem lugar na Seleção Brasileira
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Alexandre Praetzel

Fred ficou marcado pelo 7 a 1 contra a Alemanha e o mau futebol apresentado pela Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 2014. Desde o pênalti cavado diante da Croácia até o atropelo no Mineirão, Fred fez um Mundial sem brilho e pouco à vontade no time de Felipão com apenas um gol, frente a Camarões. Foi convocado porque sempre foi um goleador nato e teve um ciclo muito bom de 2010 a 2013, chegando à Copa das Confederações. Comparado a um cone pela torcida brasileira, não foi mais convocado por Dunga e Tite, apesar de continuar sendo um 9 de muita capacidade e qualidade dentro da área.

É verdade que teve seus desentendimentos, polêmicas e algumas lesões no Fluminense, mas sempre respondeu com gols, a ponto de ser alçado ao posto de maior jogador da história do Flu pelo ex-presidente Peter Siemsen. Em 2016, deixou o clube, brigado com a diretoria e com o técnico Levir Culpi. Conquistou dois títulos brasileiros. Disputou 288 jogos e marcou 172 gols.

Chegou ao Atlético-MG para concorrer com Lucas Pratto, no ataque. Não pôde atuar na Copa do Brasil, até a decisão diante do Grêmio, porque havia jogado o torneio pelo Flu. Alternando com o argentino, Fred terminou a temporada como goleador do Brasileiro com 14 gols, repetindo o feito de 2012 e 2014.

Em 2017, Fred ficou como referência, após a ida de Pratto para o São Paulo. A titularidade absoluta fez bem ao centroavante. Em 13 jogos, já fez 16 gols, culminando com os quatro gols no Sport Boys-BOL, pela Libertadores da América. Quatro gols de oportunismo, posicionamento, qualidade e uma pitada de sorte. Ah, mas contra times fracos, qualquer um faz, é o que eu ouço para desmerecerem Fred. Pura antipatia contra um 9 que ainda é muito útil para o Galo e porque não, para a Seleção? Em junho de 2018, estará com 34 anos.

O esquema de Tite é móvel, mas quantos gols Fred poderá fazer, sendo acionado por Neymar, Coutinho e Renato Augusto? Já ouvimos vários treinadores afirmarem que é bom ter um 9 no grupo, porque são jogadores que podem mudar a característica da equipe e decidirem com um gol. Acho que há espaço sim e vale o debate.


Tite tem que vibrar com gol da Seleção Brasileira e vaga na Copa do Mundo
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Alexandre Praetzel

Defendo a tese de que o presidente de um clube de futebol deve chegar no carro oficial e subir à Tribuna de Honra para assistir aos jogos de seu time. É o cargo máximo de uma instituição e o comportamento deve ser adequado ao cargo que ocupa. Vejo e vi mandatários misturados aos boleiros e vindo nos ônibus das delegações, em partidas como mandantes. Acho um equívoco. Os funcionários devem saber quem comanda e respeitar a hierarquia.

Acho que vale o mesmo para o técnico da Seleção Brasileira. O responsável pelo principal cargo do futebol nacional  tem que ser independente, enquanto comandante do selecionado.

Conheço Tite há 22 anos e acompanhei seu surgimento e a carreira como treinador. Sempre pautou sua trajetória por princípios e tratamentos igualitários com atletas, companheiros de trabalho e imprensa. Mas, sábado, na Arena Corinthians, Tite errou. Deixou seu lado torcedor aflorar e se entregou à emoção e ovacão da torcida.

Acredito que não deveria ter passado pela massa corintiana e subido direto para um camarote da CBF ou Federação Paulista, na chegada ao estádio. Deixaria claro que ali estava um ídolo da história do Corinthians, mas hoje técnico da Seleção. Sem agrados e preferências, sabedor da função que exerce e sendo reverenciado justamente.

Não. Foi para o camarote do presidente Roberto de Andrade e ainda vibrou no gol da vitória corintiana, marcado por Jô. Foi muito torcedor e isso gera debate e controvérsia. O treinador da Seleção pode torcer por algum time? Eu acho que não. Neutralidade e independência precisam determinar o comando. Qualquer outra atitude pode abrir insinuações.  O lateral Fágner sofre críticas nas convocações, mesmo sendo bom jogador.

Usei este exemplo apenas para ilustrar algo que permeia a mente da maioria dos “torcedores”. Sempre foi assim e assim será. Mesmo com um grande profissional como Tite. Que também tem defeitos, como todo ser humano.

Num país onde se compara tudo e todos, imaginem Dunga fazendo a mesma coisa? Seria massacrado pela mídia e opinião pública. Fato.


Sub-20 do Brasil dá vexame com time individualista e pouco coletivo
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Alexandre Praetzel

A Seleção Brasileira Sub-20 conseguiu a proeza de não se classificar para o Mundial da categoria, terminando com a quinta colocação no hexagonal final do torneio Sul-Americano. Um vexame do tamanho do continente.

Acompanhei quase todos os jogos do Brasil e não houve nenhuma grande atuação ou evolução de uma partida para outra. O time sempre tentou jogar individualmente, com pouco trabalho coletivo. A dificuldade em criar alternativas no confronto decisivo contra a Colômbia, escancarou as deficiências brasileiras. Todos querendo decidir sozinhos, quando bastava vencer. Muito ruim.

A responsabilidade é do técnico Rogério Micale. Convocou uma seleção mais física e não conseguiu achar uma formação ideal. O técnico campeão olímpico naufragou no Sub-20, quando não teve o apoio e ajuda de Tite. Isso ficou claro. Foi mais um vexame de uma gestão pobre da CBF, que só pensa em faturar, sem revelar atletas e disseminar o futebol pelo país de maneira organizada.

Do ponto de vista individual, o volante Maycon do Corinthians, mostrou qualidade. O atacante David Neres, negociado pelo São Paulo ao Ajax, tem categoria, mas queria resolver os lances, sem apoio dos companheiros. Falta um planejamento mais consolidado, deixando o futebol na mão de que entende, realmente.

Tite disse que o Brasil tem equipe para mais duas Copas do Mundo, naturalmente. Essa geração eliminada não indica isso. Um fiasco.


Jogadores compraram a ideia de Tite com o melhor técnico no comando
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Alexandre Praetzel

Muita gente acha que o astral num ambiente não influencia no rendimento das pessoas. Penso diferente. Quando todos estão voltados para o bem-estar e puxando para cima, a tendência é crescer sempre.

Assim, também vejo a Seleção Brasileira de Tite. Nada contra Dunga, mas tomamos gol de mão do Peru e fomos eliminados da Copa América, com um futebol digno de esquecimento. Ontem, o Peru dominou os primeiros 15 minutos e acertou a trave, na cara do goleiro Alisson. Usei este exemplo porque tudo mudou em 60 dias. E com poucas alterações nas listas de convocados.

Ora, então havia muita coisa errada, sim. Quem faz a cobertura da seleção, alertava para o clima pesado entre jogadores e alguns membros da comissão técnica e staff da CBF. Em campo, o time parecia sempre travado, sem a leveza e fluidez da equipe atual. Será que o Brasil conquistaria 18 pontos em seis partidas, mantendo Dunga? Provavelmente, não. Saímos da sexta colocação para a liderança e a vaga na Copa do Mundo, ameaçada sim, anteriormente.

Tite foi fundamental, escalando os melhores e deixando a seleção jogar, com equilíbrio em todos os setores. Agora, o grupo comprou a ideia e isso também faz muita diferença. Viu que o melhor técnico assumiu o posto merecido. Em qualquer empresa, vestiário ou corporações, se o líder não for capaz de convencer seus comandados, pouca coisa vai mudar.


Sylvinho vê Tite na Europa e nega recusa ao Corinthians
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Alexandre Praetzel

O ex-lateral Sylvinho, é auxiliar de Tite na comissão técnica da Seleção Brasileira. Aos 41 anos, com muita experiência na Europa como jogador, Sylvinho concedeu entrevista exclusiva ao blog, falando sobre o trabalho na seleção, convite do Corinthians e a luta para chegar à Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Acompanhem abaixo.

Experiência européia ajuda na Seleção

“Sim. Minha experiência européia tem ajudado demais porque é uma experiência internacional e seleção brasileira é internacional. Muitos atletas nossos também jogam nesses grandes centros europeus, enfim, toda essa história e tudo aquilo também já como comissão técnica de ter a oportunidade de ter trabalhado na Inter de Milão, ajuda muito. Acredito que sim. Eu pelo menos me sinto assim, útil e em condições de estar ajudando nesta parte”.

Convite do Corinthians para assumir como técnico

“A palavra recusou ela ficou forte. Eu conversei com o Roberto de Andrade, depois evidentemente, ela sai e assim é. Houve uma aproximação por causa de uma tendência de pesquisa, uma situação que foi colocada e meu nome ganhou força. Foi muito ventilado, ecoou favoravelmente. Evidentemente que eu fiquei feliz por isso, mas como eu sabia que não havia a mínima condição porque eu tinha contrato na Inter de Milão. Eu saí do Corinthians para me graduar, estou no meio dos cursos da Uefa. Com contrato em vigor naquele momento, eu conversei diretamente com o Roberto de Andrade, uma pessoa que eu tenho um respeito enorme, muito grande, coloquei só minha situação que era toda essa, que quando ele estava entrando na gestão, ele sabia que eu estava saindo para a Inter para isso. O momento não era aquele, que eu tinha ainda um estágio a cumprir, não só profissional, de graduação, senão contratual, que eu não via aquele momento próprio para mim. Ele entendeu perfeitamente e sabia dessa situação, quando eu saí do Corinthians. Então, houve uma aproximação. O Corinthians sim, buscou, mas nem chegamos a falar em dinheiro e eu fiquei até satisfeito por isso”.

Geração brasileira e de laterais esquerdos

“O Brasil, por mais que a gente reclame ou que a gente tenha um nível de exigência altíssimo com relação aos atletas, a gente cobra mais e muitas vezes acaba exagerando ou pelo menos, de ter a opinião que a safra não é boa, a geração não é boa. Só que na Europa eles vêem justamente o contrário e eu acho que o olhar deles não está absolutamente errado. O que passou, passou. Vamos falar do que é atual, e mesmo atual a safra e a geração brasileira é boa, a nível geral e atual porque o europeu ele me diz, quantos laterais esquerdos vocês têm? Três, quatro, cinco. Temos que estar monitorando todos eles. Algumas grandes seleções européias, eles têm um, dois, de repente surge um terceiro, muito difícil. Olha que estamos falando de grandes centros, seleções, grandes países, e nós temos realmente. Então, por este lado, eu entendo que a nossa safra é boa, a geração sim é boa, atual e se pode trabalhar bem. Temos monitorado quatro a cinco laterais esquerdos com qualidade, jogando no exterior, alguns jogando no circuito nacional e atletas que a qualquer momento podem vestir a camisa da seleção. Acho muito boa”.

Sistema de gestão e organização brasileira

“Tudo isso não é pertinente à minha área de atuação. A minha área de atuação é campo. Sou auxiliar técnico, pretendo ser um treinador de futebol no futuro. O que eu vejo é que o Brasil evoluiu muito. CTs, as condições, fisioterapeutas, fisiologistas, preparadores físicos, médicos, treinadores cada vez mais inquietos, com seus sistemas táticos evoluindo. Óbvio que na Europa, a gente já tem tudo isso colocado. Times jogando bem colocadinhos no 4-3-3, 4-1-4-1, mas o Brasil na minha área, cresceu muito, tem muito para crescer e continua crescendo. A pergunta é pertinente mais a uma outra área, não é a minha. Eu posso opinar por opinar como uma pessoa normal, mas sem propriedade porque não é minha área de atuação”.

Tite em relação aos outros técnicos que trabalhou

“Acho difícil comparações e não por estar numa situação..Primeiro porque eu não acho justo em todos os sentidos, quando se faz de atletas também. A pergunta Zico foi melhor que Ronaldo? Para mim, são comparações que muitas vezes até não são justas, de cada um ter o seu valor. Eu tive a sorte de como jogador trabalhar com Wenger, Luxemburgo, Rijkard, Guardiola, o próprio Roberto Mancini, eu estava com ele na Inter de Milão, trabalhei com ele também. Depois, tive uma felicidade enorme também de reencontrar o Roberto Mancini já como treinador e o staff dele, Tite duas vezes no Corinthians e agora na seleção, Mano Menezes um ano no Corinthians, Vágner Mancini que me inseriu nesse mercado, em 2011, no Cruzeiro e são todos treinadores com as suas condições, os seus potenciais, diferenciados e que na verdade o que está absorvendo tudo de cada um deles, tem sido eu. Mais jovem, mais novo em tudo e que tem aprendido. Evidentemente, que o Tite, por todos estes títulos, pela sua metodologia e forma de trabalhar, que está alcançando, que chegou numa seleção brasileira com todos os seus méritos, realmente é um grande treinador como todos os demais que eu conheci, também são. Cada um com suas virtudes. suas qualidades e com suas metodologias de trabalho. Para mim, hoje, o Tite é muito completo e já falei para ele. Eu tenho condições de avaliar os trabalhos na Europa, não só como atleta, mas também como comissão técnica. O Tite tem amplas condições para assumir um time na Europa e tocar o trabalho dele com a metodologia, sem problema algum. Ele está num nível muito alto e quando eu falo isso, evidentemente que eu sei que tem algumas restrições de uma ou outras coisinhas, mas eu falo de metodologia de trabalho, trabalho de campo e gestão”.

Brasil corre risco de não ir à Copa 

“No futebol, tudo pode ocorrer. O que eu sei e são fatos, é que há duas rodadas atrás, estávamos numa sétima colocação, que não interessava. Passadas duas rodadas, estamos em segundo. A regra do campeonato, da situação, diz: são quatro que vão direto e um quinto para a repescagem. Nós queremos as quatro, depois uma quinta, já houve situações. O objetivo são os quatro. Em cima destes fatos e circunstâncias, a briga é buscar estas quatro. Eu sei que a pergunta não é assim. A resposta é que tudo pode ocorrer no futebol. A nossa visão é colocar a seleção neste nível que ela entrou de pontuação, jogando ainda melhor ou como algumas outras coisas que podem ser feitas e tentar manter estas quatro primeiras posições”.

Silvinho foi lateral do Corinthians, Arsenal, Barcelona e Manchester City, antes de se tornar auxiliar técnico. A Seleção Brasileira tem 15 pontos e ocupa a segunda colocação, nas Eliminatórias Sul-Americanas. Enfrenta a Bolívia, nesta quinta-feira e depois pega a Venezuela, dia 11 de outubro.