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Arquivo : Romeu Tuma Jr.

Tuma Jr. diz que é candidato. “Ninguém mais vai roubar o Corinthians”
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Alexandre Praetzel

Romeu Tuma Jr. será candidato à presidência do Corinthians. Aos 57 anos, o conselheiro revelou ao blog, o lançamento da sua candidatura para o próximo sábado, dia 19. Em entrevista exclusiva, Tuma Jr. revela seus planos para o clube, prometendo acabar com a falta de transparência nas gestões e na base corintiana (acusada de corrupção). Confira a seguir.

Por que o sr. quer ser presidente do Corinthians?

Me preparei durante anos para ajudar a construir um projeto que mude efetivamente o modelo de gestão no Corinthians. Não adianta mais mudar só nomes na administração, é preciso mudar a maneira de pensar o clube e a forma de agir dos dirigentes. O modelo de gestão, com um presidente centralizador que tutela as decisões, se esgotou e causa prejuízos irreparáveis ao clube, inclusive na área social que está abandonada. Ao ajudar a pensar nesse modelo de gestão democrática, várias pessoas entenderam, após inúmeras reuniões com postulantes ao cargo que nenhum provável candidato dito de oposição se pré-dispôs a mudar esse modelo presidencialista falido, por isso decidiram me confiar essa missão de comandar esse processo de mudança com o projeto participativo. É preciso um presidente que decida, mas tenha a capacidade de dialogar com todos, ouvir opiniões, aceitar sugestões, afinal as decisões afetam a nação corintiana, sejam elas boas ou não. Nesse sentido, por estar acostumado a trabalhar em equipe, por amar o clube e ver que estamos numa situação de alto risco com todos os problemas existentes, aceitei o desafio e a missão que me confiaram de pilotar esse movimento chamado Democracia Corinthiana Participativa.

Quais as ideias para o departamento de futebol?

Criaremos uma nova estrutura que integrará as diretorias de futebol profissional, de base, o feminino e o master, para que haja um planejamento estratégico, interação, acompanhamento e uniformização de procedimentos, com toda estrutura de apoio profissional isonômico. Já fui vice-presidente de futebol do Corinthians. Conheço bem essa área. Odirigente tem que se limitar às suas atribuições institucionais e às políticas administrativas. A questão tática e técnica é de exclusiva responsabilidade da comissão técnica. A diretoria impõe os parâmetros éticos e morais, discute o planejamento, estabelece os limites, cria estruturas, e no mais, dá a retaguarda.

Fábio Carille é o seu técnico?

Sem dúvida, apesar da atual diretoria não ter acreditado nele! Ele tem demonstrado uma capacidade de liderança impressionante. É um profissional estudioso, que tem mantido o grupo de atletas focado nos objetivos a que se propôs, deu qualidade técnica e tática ao elenco, enfim, faz um trabalho que deve ser respeitado, reconhecido e aplaudido.

Como pretende lidar com a situação do estádio?

Resolver definitivamente o imbróglio que criaram para o clube, que hoje não é dono do estádio e nada arrecada com ele, pior que isso, ainda gasta. Temos que mostrar que o Corinthians foi vítima de um esquema criminoso que se utilizou de seu nome e de sua marca para alimentar um projeto de poder e se beneficiou financeiramente do clube. Será preciso acertar as contas com a Odebrecht e a Caixa, numa negociação firme, homologada no âmbito da Lava-Jato, para que não se corra o risco de vermos a Arena ser confiscada para pagar a conta dos desvios já confessados por alguns dos delatores envolvidos nos crimes. A Odebrecht deve obras e ainda por cima já recebeu as CIDs. A Caixa não fiscalizou o cumprimento do contrato, portanto também tem sua responsabilidade nos desvios e superfaturamento que ocorreram. Tudo isso tem que entrar na conta. Nos propomos a pagar, mas com muito desconto, com uma boa carência e um valor que seja justo diante dos prejuízos que causaram ao clube. O que dizem ser a dívida hoje, é impagável. Não há a menor condição de se negociar nada acima de R$ 300 milhões, e eles que se conscientizem disso. Queremos a Arena desvinculada de todos eles, unicamente sob gestão do Corinthians.

O que pretende fazer para estancar a crise financeira?

Primeiro, estancar gastos irresponsáveis, não deixando mais ninguém roubar o Corinthians. De imediato, abrir a caixa-preta, pois o clube não tem transparência. Com isso, faremos uma revisão em todos os contratos já eliminando intermediários, gastos desnecessários e impróprios em todas as áreas. Paralelamente, precisaremos criar novas fontes de receitas com um departamento de Marketing efetivamente atuante. Além disso, vamos instituir a Diretoria de Licenciamentos no clube, aumentando a arrecadação que hoje vai para um terceiro e até quarteirizado, que acaba se enriquecendo às custas do Corinthians, além de afastar o consumidor corintiano.

Como vês Citadini e Andrés como adversários?

Tenho opinião formada sobre eles. Mas como ainda não se lançaram candidatos oficialmente, por questão ética e para não alimentar especulações, não vou opinar nesse momento.

Por que a base do Corinthians sempre tem notícias de corrupção?

Infelizmente, porque virou balcão de negócios que alimenta um projeto de poder e a banda podre da política no clube. É preciso mudar esse quadro lamentável. Sempre tivemos tradição na nossa base. Como mudaremos? Primeiro, impondo moralidade, fazendo uma faxina geral e uma total mudança nos métodos de administração e gestão da Base, que hoje serve para atender inúmeros interesses pessoais, acordos políticos espúrios, mercado pirata de jogadores, tudo em prejuízo do Corinthians. Ainda que se tenha lá, algumas pessoas de bem, elas acabam sucumbindo às ameaças que recebem, aos desmandos, a uma série de situações absolutamente inadmissíveis, justamente porque não têm respaldo da presidência, que ao contrário, é quem alimenta esse círculo vicioso ao distribuir cargos, vantagens e omitindo-se ao deixar a coisa correr solta, sem impor qualquer respeito por falta de autoridade. Aliás, sempre em detrimento do clube.

Como deve ser a relação do clube com a imprensa?

Institucional, ou seja, profissional, transparente e respeitosa.

Quem comandará o departamento de futebol?

O importante é o novo modelo de gestão administrativa que iremos implantar. O nome de quem vai comandar a área, surgirá no momento oportuno, já temos o perfil. A Diretoria, como já disse, cuida das questões administrativas, estruturais e do respaldo, para que os profissionais possam cuidar das questões técnicas e táticas.

O Corinthians é viável administrativamente nos próximos anos?

Se os associados permitirem que nosso projeto seja o eleito, eu tenho certeza que sim. Com a criação de um órgão de compliance, com governança na gestão, com novos paradigmas de Administração, sendo ela participativa e profissional com base na meritocracia, além de termos a coragem e a liberdade moral para enfrentarmos as mazelas, e os problemas que devem ser encarados por uma gestão séria que não tenha comprometimento com malfeitos, tenho certeza que o clube volta a ser viável administrativamente, e mais do que isso, será modelo no Brasil. O Corinthians é uma nação, portanto deverá ser administrado por um ministério integrado por pessoas competentes e conscientes dessa magnitude.

Tuma Jr. terá Ilmar Schiavenato como primeiro vice-Presidente. Ainda não definiu segundo nome da chapa, que será chamada de “Democracia Corinthiana Participativa”. Antonio Roque Citadini e Andrés Sanches ou Paulo Garcia, devem ser os outros candidatos. A eleição à presidência, será em fevereiro de 2018, para um mandato de três anos.


Tuma Jr. vê Corinthians em situação grave e impeachment como bom senso
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Alexandre Praetzel

Os Conselheiros do Corinthians definem, nesta segunda-feira, se o Presidente Roberto de Andrade deve sofrer processo de impeachment no clube. Roberto foi denunciado no Conselho de Ética por ter assinado documentos como presidente, antes de tomar posse como mandatário. A denúncia foi acolhida pelo presidente do Conselho, Guilherme Strenger, e vai à votação. São 344 conselheiros votantes, mas é possível que nem todos compareçam à sessão. A votação é fechada e para ser aprovada, precisa de metade dos conselheiros votantes mais um, passando à assembléia geral dos sócios. O blog entrevistou Romeu Tuma Jr., conselheiro de oposição e favorável ao impeachment. Acompanhem.

Admissibilidade do impeachment passa no Conselho Deliberativo?

“Se prevalecer o bom senso e o interesse institucional do clube no voto dos Conselheiros, tenho certeza que sim. Aliás, é importante deixar claro que o Conselho só vota a admissibilidade do afastamento, pois quem decide nessa hipótese, são os sócios. Nosso sistema é bem democrático, caberá a quem elegeu o presidente, decidir se ele deve ou não continuar”.

Concordas que o Clube ficará vulnerável com impeachment?

“É evidente que não, se você está vivenciando um problema atrás do outro. Constatando uma irregularidade sendo cometida a cada dia, fazendo com que o clube só produza noticiário negativo, gerando afastamento de potenciais patrocinadores, além de ficar exposto a inúmeras sanções no âmbito administrativo e legal, quer pela CVM, Receita Federal, Polícia e APFUT, como cruzar os braços e fingir que está tudo bem? Mais do que isso, pela legislação, os órgãos de controle e fiscalização interna(Conselho Deliberativo, Cori e Conselho Fiscal) têm obrigação de agir sob pena de respondermos pessoalmente pelos prejuízos causados pelos dirigentes à instituição Corinthians. Por isso, é justamente o contrário, ou seja, o clube está vulnerável e se não passar o impeachment, estaremos provando que os órgãos de controle não funcionaram ou foram coniventes”.

Com impeachment, quem será o melhor nome para assumir o Corinthians?

“Não se pode pensar em nomes, antes de se conscientizar que é preciso mudar o modelo de gestão que hoje impera no clube. Esse modelo de compadrio, toma lá-dá cá, falta de transparência e governança, é um modelo falido, um projeto de poder que prioriza interesses pessoais e de grupelhos. A sociedade e os sócios não aceitam mais esse tipo de Administração. Você tem que ter uma gestão compartilhada com os administrados, com Compliance, com trabalho em equipe, onde nomes de reconhecida competência e conhecimento específico das áreas, sejam os gestores. O Presidente deve apenas ser um comandante de um projeto de gestão que abarque os interesses maiores da coletividade corintiana e tenha capacidade de dialogar com todas as correntes que fazem do Corinthians, essa potência que é. Nome não é tão importante, o que importa é o modelo, é a gestão em equipe, é o compromisso com uma prática legalista, transparente e absolutamente calcada no espírito de servir ao clube e não dele se servir”.

Um impeachment abala o futebol ou não tem relação?

“O que abala o futebol e o próprio clube são os atos de gestão temerária e a total omissão do Presidente. O que abala o futebol é atraso de salários, bate cabeça em contratações e administração paralela, exercida por empresários. A partir do momento que isso se encerrar com afastamento do Presidente, você terá uma gestão calcada na legalidade, que dará segurança a todos os seguimentos e departamentos do clube. Até os investidores voltarão a ter interesse na nossa marca”.

Situação do Clube, institucionalmente

“É periclitante. Estamos efetivamente diante de uma situação muito grave com sérios riscos de punições, que trarão prejuízos imensuráveis. Mas de outro lado, como prevê a legislação, tudo isso pode ser evitado ou ao menos amenizado, se o Conselho Deliberativo agir como manda a Lei, ou seja, responsabilizando os dirigentes que causaram danos ao clube. A questão não é política, é legal, regimental, de ordem institucional, pelo bem do clube, de seus sócios e torcedores. Quem falar diferentemente disso, está fazendo proselitismo político ou por interesses pessoais”.

Caso o impeachment seja admitido pelo Conselho e assembléia geral de sócios, o vice-presidente André Luiz Oliveira assume por 30 dias e convoca eleição à Presidência, apenas com votação entre os conselheiros, para definir um novo presidente com mandato-tampão, até fevereiro de 2018.


“Corinthians se tornou fonte de renda ilícita para muitos”, diz Tuma Jr.
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Alexandre Praetzel

A situação financeira do Corinthians e o futuro da Arena preocupam muitos sócios, conselheiros e torcedores. Romeu Tuma Jr. é um deles. Tornou-se conselheiro do Corinthians em 1990 e virou vitalício, em 2003. É um dos principais opositores da atual gestão corintiana. O ex-Secretário Nacional de Justiça do Governo Federal do PT, advogado e delegado de polícia, disparou contra a atual gestão, bateu forte nos próprios conselheiros e acredita que existam focos de corrupção no clube. Tudo isso e mais um pouco em entrevista exclusiva ao blog. Não deixe de ler, abaixo.

Impeachment de Roberto de Andrade

“Precisamos esperar as investigações que já solicitei na Polícia e as informações que ele deve dar à respeito dos fatos. Não creio que tenha agido só nos episódios dos contratos. Portanto, é necessária uma ação no campo político, onde se dá o impeachment, que abranja todos os envolvidos. Neste sentido, creio que precisamos conhecer toda a extensão dos atos, beneficiários e os porquês”.

Atual gestão 

“Uma gestão que tem pago pelas promessas , desmandos e compromissos das anteriores nesse ciclo que se intitulou “Renovação e Transparência”, onde não tem qualquer mudança de métodos abominados no passado, além de muita obscuridade. Fizeram um discurso para se elegerem, o da continuidade, sem se falar em contenções de gastos, até para não expor os problemas que deveriam conhecer. Hoje vivemos essa situação de um clube sem atrativos e um time sem competitividade e sem investimentos, nem reposições. Aliás, têm contas que foram assumidas e estão sendo pagas, quando o atual presidente era o vice de outra administração. Exemplo maior é o caso Pato”.

Situação e gastos do estádio preocupam

“Preocupam e muito. Aliás, lá atrás, eu já advertia que não acreditava num negócio onde uma Empreiteira bancaria uma obra dessa magnitude, sem ter garantias ou alguma vantagem, investindo seu dinheiro na frente. Não existe isso!! Tudo pelos belos olhos de alguém? Alertei que isso um dia iria estourar e que o clube poderia se ver envolvido em mais um escândalo e ficar sem o Estádio ou com uma dívida impagável. Parece que estamos diante disso agora. Aparecem contratos com assinaturas indevidas, fraudadas, outras feitas às vésperas das eleições. Enfim, coisas extremamente nebulosas que devem gerar consequências muito ruins”.

Andrés Sanchez fez bem ou mal ao clube

“Fez um discurso do bem e agiu de forma contrária ao que parece. Ele se aproveitou de uma situação na qual não teve qualquer protagonismo, muito pelo contrário. Quando do impeachment do Dualib, assumiu como se fosse o pai da criança. Soube se utilizar das amizades que tinha no governo e no PT para supostamente beneficiar o clube, sem medir as consequências. O preço disso está aí. Muito do que seu grupo sempre repugnou nos discursos, eles acabaram repetindo na Administração”.

Há corrupção no Corinthians 

“Não tenho dúvida de que o Corinthians se tornou fonte de renda ilícita para muitas pessoas. A própria investigação da Lava-Jato prova isso, além das denúncias de crimes nas categorias de base”.

Futuro difícil pelas dívidas

“Sem dúvida. Há um buraco negro que ninguém consegue mensurar”.

Apoio na próxima eleição em 2018

“Vou avaliar no momento oportuno até porque não se trata só de nomes, mas de modelo de administração e comprometimento com alguns princípios, especialmente a ética e a moralidade”.

Temor da Lava-Jato no clube

“Eu mesmo fiz esse questionamento há muito tempo numa reunião do Conselho, diretamente ao Deputado Andrés e aos demais diretores. Devemos nos preocupar com a Lava-Jato no Corinthians? O Clube será envolvido ainda que moralmente nessa operação? Responderam que não. Eu tinha certeza que sim. Estamos novamente nas páginas policiais. O Corinthians é vítima nessa história. Tem que se livrar dos problemas da Lava-Jato com coragem, especialmente das pessoas e instituições envolvidas, que têm causado danos à imagem do clube e que por ventura romperam cláusulas contratuais. Elas que paguem a conta, não o clube, que é vítima”.

Conselheiros foram omissos na proposta do estádio

“Sempre me posicionei contra essas parcerias nebulosas. Os conselheiros do clube, muitas vezes, agem com paixão e sob influência dos dirigentes que nos acusam de “oposicionistas” para desviar e minimizar as críticas e esconderem a realidade. Além do que, raríssimas vezes o Conselho recebe as devidas informações sobre o que de fato vai decidir. Assim também ocorre com o CORI. Isso influencia e facilita para que a Diretoria faça suas vontades sem qualquer transparência e induza alguns conselheiros de boa-fé ao erro, forçando-os a votar com a emoção. Mas ainda assim, o Conselho é uma instância institucional do clube e tem suas responsabilidades estatutárias. O conselheiro precisa entender isso”.

Idéias para o clube, no geral 

“Uma efetiva renovação nas práticas de administração e nos conceitos do que é oposição e situação. O clube encontra-se numa situação que precisa efetivamente de pessoas com muita competência e disposição para torná-lo grande e viável novamente. É um enorme desafio conseguir administrá-lo sem compadrios e sem barganhas políticas com quadros desqualificados. Estamos falando do Corinthians, não de um clube de bocha do interior. O Corinthians tem sido administrado como uma agremiação político-partidária, para uso de pessoas e de grupos. Isso precisa acabar”.

Corinthians está perdendo espaço para os rivais

“Sem dúvida”.

Naming Rights virou utopia

“Não acho que seja utopia, mas hoje quem vai expor sua marca num estádio caindo aos pedaços ou ao menos que ninguém conheça a situação de fato e de direito? Quem vai expor sua marca num estádio à beira de uma operação Lava-Jato, discutindo sua construção? É preciso limpar a área, reestabelecer a credibilidade, a transparência e aí sim, se buscar atrair interessados em se associar com nossa marca, que é uma das maiores e melhores do Mundo”.

Em 2013, Romeu Tuma Jr. escreveu o livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, em que denuncia o que ele considera como aparelhamento do governo pelo PT para cometer crimes, em especial pedidos heterodoxos feitos a ele quando Secretário no Ministério da Justiça e que Lula teria sido informante do governo militar, em 1980.


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