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Jovem técnico da Ponte Preta busca sonho de conquista no Paulista
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Alexandre Praetzel

A Ponte Preta é time da Série A do Brasileiro e entra no Paulista como candidata a desbancar os quatro grandes clubes do torneio. Para isso, apostará num jovem treinador. Felipe Moreira, 36 anos, filho do ex-jogador e técnico Marco Aurélio Moreira, foi o escolhido para levar o time à tentativa de conquistar o primeiro grande título de sua história centenária. Em entrevista exclusiva ao blog, Felipe comentou o desafio que terá pela frente, a pressão por uma boa campanha e seu modelo de trabalho. Leia abaixo.

Desafio de assumir a Ponte Preta

“Um grande desafio, mas eu me sinto preparado. Comecei aqui em 2004, como auxiliar do Sub-20, além de ter jogado na categoria de base daqui. Me tornei treinador do Sub-20 no meio de 2004 e subi para o profissional, em 2005. Depois passei por Cruzeiro, Atlético-PR, Figueirense, Vitória, Fortaleza, Bragantino, entre outros. Terminei minha faculdade, estágio no exterior, curso de treinador. Percorri um caminho grande, me preparando para este momento”.

Pressão para comandar um time que não foi campeão em mais de 100 anos

“Acho que todo clube grande, torcida, anseia por título e a Ponte está se preparando para isso. Há algum tempo, vem se preparando internamente, fortalecendo seus departamentos. Fez a base, estrutura, nos aproximando deste grande sonho, que é o título. Isso que é importante. A gente conquistar este título com uma estrutura grande, para depois deste título, se manter no cenário nacional”.

Projeção para o Paulista

“É um campeonato muito competitivo, difícil, mas a projeção da Ponte e o sonho da Ponte é grande, nosso também de trabalho. Primeiro, buscamos o primeiro jogo com a Ferroviária, que é estréia, depois a classificação, assim por diante. Vamos passo a passo, nos preparando para atingir aquele grande objetivo da Ponte Preta”.

Reforços

“A gente conseguiu trazer reforços pontuais este ano, por ter deixado uma base boa do ano passado. Veio o Marlon, que subiu com o Atlético-GO. O Ramon, que foi artilheiro pelo Brasil-RS. Trouxemos o lateral Artur do Inter. Veio o volante Jadson, que apesar da campanha ruim do Santa Cruz, se destacou e está se destacando na pré-temporada. O Lins já teve uma passagem boa por aqui, jogou o Brasileiro pelo Figueirense. O Erik foi destaque do Bragantino, na Série B, a gente observou. Então, são grandes reforços que a gente conseguiu trazer pontualmente. O Lucca chegou agora do Corinthians. Ainda estamos buscando alguns mais para completar nosso elenco”.

Saída de William Pottker

“O William tem contrato com a Ponte Preta até 2019. Isso que a diretoria me passou. Está totalmente focado aqui na Ponte Preta, fazendo uma pré-temporada no limite. Não está deixando faltar nada e a gente sente que ele está se preparando muito bem para o Paulista”.

Time mais fraco em relação a 2016

“Não. Conseguimos manter uma base do time titular do ano passado, que fez uma grande campanha. Estamos em busca dos que já chegaram e uns mais para fortalecer o elenco”.

Modelo de jogo e trabalho

“Filosofia de trabalho é mais importante do que o sistema de jogo que será utilizado. Primeiro que hoje em dia, o futebol requer compactação, o time estar perto, uma intensidade muito grande, pressão em cima da bola o tempo todo. Isso é importante. O jogador entender que, independentemente do sistema, ele tem que ser agressivo na marcação, ter o passe para frente, sair em velocidade, compactar rápido tanto na transição defensiva quanto na ofensiva. O sistema a gente usa com aquilo que a gente tem no elenco. Terminamos o ano passado com o 4-1-4-1 ben definido pelo Eduardo. Começamos a pré-temporada neste sistema, mas em alguns jogos usamos o 4-3-3, o 4-2-3-1, fizemos um treino contra o Palmeiras, terminando com as duas linhas de quatro e dois. Então, a gente trabalha nestes sistemas até para as substituições, poder trocar peça por peça neste sistema”.

Marco Aurélio Moreira é referência

“Representa uma base de tudo, né. É um cara que, como jogador de futebol, foi excelente profissional. Como treinador, conseguiu ser campeão, trabalhar em grandes equipes, estruturar a família com este trabalho. Um excelente pai, conseguiu criar os três filhos no caminho certo, família. Então, é um cara que me dá estrutura para tudo. Tanto na parte do esporte, quanto na parte familiar”.

A Ponte Preta está no grupo D do Paulista com Audax, Mirassol e Santos.


Mattos escolhe Eduardo Baptista. Técnico busca liberação da Ponte Preta
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Alexandre Praetzel

Alexandre Mattos recebeu carta branca do presidente Maurício Galiotte e escolheu Eduardo Baptista como novo técnico do Palmeiras. Entre Palmeiras e o treinador está tudo acertado para um contrato até dezembro de 2018.  Falta Eduardo definir sua saída da Ponte Preta, acertando ou não o valor de uma multa rescisória. O Palmeiras não pagará nada.

Mattos está apalavrado com Maurício para uma renovação de contrato com o Palmeiras por mais um ou dois anos, mas ainda não assinou.

Eduardo Baptista está com 46 anos e treinou Sport e Fluminense. Chegou à Ponte Preta no início do Brasileiro deste ano. A Ponte Preta já está sondando técnicos no mercado. Marcelo Cabo, campeão da Série B pelo Atlético-GO, e Sérgio Soares, ex-Ceará, foram comentados.


Eduardo Baptista vê Seleção com modelo de jogo adotado por ele em 2014
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Alexandre Praetzel

Eduardo Baptista é apontado como um dos bons treinadores da nova geração. Aos 46 anos, o filho de Nelsinho Baptista renovou contrato com a Ponte Preta, admitindo a pressão sofrida para conquistar o primeiro título da história do clube. Em entrevista exclusiva ao blog, Eduardo também falou sobre a busca por novas idéias e seu modelo de jogo, parecido com a Seleção Brasileira. Acompanhem.

Pronto para comandar um time grande ou a passagem pelo Flu deixou dúvidas

“Eu aprendi uma coisa com meu pai. Trabalhei dez anos ao lado dele e fui criado por ele. Nessa profissão, você não pode ter dúvidas. Tudo o que eu faço no meu dia-a-dia, as decisões que eu tomo, a decisão de ter ido para o Fluminense, sempre foi com muita certeza, muito medido, ciente do que poderia acontecer. Então, se tiver um convite de um time grande e eu aceitar, é porque eu fiz um planejamento, fiz a minha programação, estudei a equipe que eu vou. Sei onde vou pisar. E no Fluminense eu fiz tudo isso. As coisas não deram certo. O que me acalenta é que está lá um treinador, que é uma das minhas referências, principalmente pelo seu estilo ofensivo e conduta. E as coisas também são difíceis. Eu vejo o Fluminense com os mesmos problemas de quando eu estava lá, em fevereiro. Naquela época, tinha um mês e meio só de trabalho e as coisas não aconteceram. Às vezes, foge um pouco do treinador, mas tudo o que eu queria fazer lá, o que eu acho certo, eu fiz. Coloquei minhas idéias em prática, estávamos conseguindo um trabalho. Por muito pouco, não chegamos a uma final de Copa do Brasil, perdemos para o Palmeiras nos pênaltis. Foi um trabalho que não deu certo, mas eu coloquei meu modelo de jogo, fiz experiências com Fred, Ronaldinho Gaúcho. Foram as melhores possíveis, principalmente com Fred, um cara excepcional, que me ajudou demais e eu respeito. Virou um amigo pessoal meu. Simplesmente as coisas não deram certo porque não eram para dar. A gente ainda vê o Fluminense com dificuldades também, os mesmos problemas que eu tinha, o Levir está encontrando lá”.

Comparações com Nelsinho atrapalham ou não

“É inevitável. Meu pai é um nome muito forte no futebol brasileiro, no Japão. Trabalhei no Sport, onde meu pai é considerado o treinador do século, num clube centenário. Então, é um nome muito forte. Estou na Ponte Preta hoje, onde ele começou aqui, tem uma história maravilhosa aqui como jogador e treinador. As comparações são inevitáveis, mas não me incomodam porque é um cara sensacional, taticamente é um dos três melhores que eu já conheci na atualidade, desta turma da geração dele. Tem uma leitura de jogo, um intervalo de jogo sensacional. Um cara que eu aprendi demais, me inspirei. O Eduardo vai crescendo. Isso não me incomoda. É um prazer porque é um cara sensacional. Ser comparado a ele é algo muito bom. Todos os clubes que eu enfrento, por onde ele passou, todos os funcionários vêm até mim dar um abraço, falar do bom caráter dele e do bom trabalho onde ele passou. Isso tem muito mais o lado positivo porque eu trabalhei dez anos ao lado dele, convivi com vitórias, derrotas, com felicidades e tristezas. Aprendi demais, principalmente, as tomadas de decisão, a parte tática. Até hoje, discutimos muito. Ele é um cara aficcionado por futebol e sempre me puxa. Quando tem jogo da Champions League, ele pede para eu ver e a gente discute depois. Então, ser filho do Nelsinho, é você ter um professor, mestre, dentro de casa. Me ajuda demais e não me atrapalha, em nenhum momento”.

Pressão por um título na Ponte Preta é igual num time grande 

“A Ponte Preta vive uma situação de não ter ganho título. O rival tem título brasileiro e a pressão aqui é grande para disputar uma Libertadores, ganhar um título. Você briga no campeonato paulista com times que têm um aporte financeiro muito maior. Times com R$ 10 milhões de folha salarial, enquanto a Ponte Preta tem um folha de R$ 1,8 milhão. Então as coisas se tornam difíceis. A pressão é grande. Você luta com todas as suas armas, mas é difícil. A gente busca e a pressão aumenta a cada ano. Mesmo você fazendo uma campanha como a Ponte Preta faz e chegar em oitavo lugar, não é bem visto aqui em Campinas porque o título é cobrado. No time grande, você tem a pressão e alto orçamento. Você pode buscar dois jogadores de altíssimo nível para cada posição. Mesmo com a pressão, você tem armas para lutar. A Ponte Preta vive essa pressão. A gente tem que buscar jogadores no mercado. No segundo semestre deste ano, acertamos em 100% as nossas contratações. Deu tudo certo, por isso, uma boa campanha. Nós perdemos bons jogadores por não conseguir cobrir ofertas de times maiores. A pressão é maior ou igual a um time grande, só que às vezes essa luta é desleal”.

Modelo de jogo e trabalho

“Meu modelo de jogo é muito parecido com o que o Tite colocou. Eu já tenho uma filosofia, desde o Sport, em 2014. Nós jogávamos com esse mesmo estilo apoiado, num 4-1-4-1, ora 4-3-3, mas sempre com uma trinca no meio. Jogava com Diego Souza, Rithely como primeiro e Danilo fazendo o terceiro homem, com uma chegada à frente, com um centroavante, ora fixo, ora flutuante e dois atacantes de velocidade pelos lados, também chegando à frente ou fazendo um apoio pelas beiradas, fazendo uma triangulação. Meu modelo é muito parecido com o que o Tite está tendo sucesso na Seleção Brasileira. Você pode ter uma chegada com mais gente à frente, uma formação de triângulo pelos lados, uma chegada na área com três jogadores, no mínimo. É um sistema bem parecido. Eu fico contente que é um modelo que eu já venho trabalhando, desde 2014, e a gente tem conseguido bons resultados. Conseguimos no Sport, estamos conseguindo na Ponte Preta e a gente tenta melhorar a cada dia, inovar, trazer coisas diferentes na maneira de marcar, jogar, mas sempre com a filosofia na hora de jogar, você ter um apoio pelas beiradas porque hoje os times jogam muito fechados por dentro e quando você defende, uma compactação no meio porque é onde o jogador brasileiro tem a criatividade. Você trava esse meio e joga o adversário para o lado, onde a gente procura roubar essa bola e jogar e sair pelo mesmo local. O modelo de jogo é esse. De trabalho, a gente procura sempre jogar, colocar a bola no chão, passe para frente, agressividade, explorando o talento do jogador brasileiro. Defensivamente, tentar diminuir os espaços, principalmente, na região central do campo. Tem que dar liberdade também. Se compara muito o futebol brasileiro ao europeu. Para o brasileiro, você tem que dar um pouco de liberdade a mais do que você dá ao europeu. O europeu não tem o talento, não tem o drible, a ginga, aquela saída inesperada que o brasileiro tem. Eu procuro não podar. Tem uma disciplina, mas na hora de jogar, tem uma liberdade criativa para um espaço para o jogador criativo pensar e tomar as decisões. O jogador brasileiro tem isso que ninguém tem. Por isso, os times das ligas européias estão lotados de jogadores brasileiros”.

Não ter sido jogador atrapalha no vestiário 

“É importante ter sido jogador, que viveu experiências e sentiu o calor do jogo. É um peso grande. Eu estive 20 anos dentro do vestiário, vendo o lado da comissão técnica, onde eu participei de decisões das mais variadas possíveis, momentos de vitórias, derrotas e você acaba aprendendo, tomando suas lições, criando a sua metodologia. Trabalhei com grandes treinadores. Nelsinho por quase dez anos, Geninho, Vágner Mancini, treinadores da nova geração também, onde tentei tirar o melhor deles. Ver o quê eles faziam de melhor, onde era o forte deles e tentei trazer para o meu dia-a-dia. Não joguei, mas tive essa vivência. Eu acho que isso é importante. Hoje, nós temos dois grandes treinadores mundiais: Guardiola, que foi um grande jogador e é um grande treinador e Mourinho, um cara ganhador e que era preparador físico, assim como eu. A grande diferença de você ter sido jogador ou ter vivido como eu vivi, independe. Eu acho que vale, se qualquer um desses lados estudar, procurar aprender, se especializar, coisas novas, se atualizar. Sou um cara que leio demais, faço meus cursos. Estou terminando meu nível A dentro da CBF. Sou instrutor da CBF para cursos de formações de treinadores para o nível B. Sempre procuro aprender e ajudar outros profissionais que também estão surgindo. Esse estudo qualifica o treinador. Lógico que se ele foi atleta, dá uma qualidade melhor. Se ele tiver a vivência que eu tive, dá um suporte muito bom. O importante é que ele estude, se atualize, se prepare, esteja aberto a coisas novas, estar pesquisando a Europa, Ásia, interior do futebol paulista, nordestino, antenado com tudo o que está acontecendo. Simplesmente, ter sido jogador ou ter uma vivência de 20 anos de vestiário, não te credencia a ser um grande treinador. O que vai te credenciar é tudo isso mencionado, mais uma especialização, estudo. Tem que buscar a preparação diária porque as coisas são novas, os jogadores são mais inteligentes, intelectualmente falando, do que eram há dez anos atrás. A evolução psicológica é uma realidade de uma nova geração e você tem que estar antenado a isso. Isso faz um grande treinador”.

Eduardo Baptista teve destaque no Sport, em 2014, começando sua carreira de treinador. Depois, passou pelo Fluminense, antes de chegar à Ponte Preta. O time é décimo lugar na Série A do Brasileiro com 45 pontos. Enfrenta o Sport, quinta-feira, em Recife.